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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização

O assoreamento do rio Mondego é um problema antigo e complicado.
Mas, para a Figueira, esse assoreamento nem sempre foi desvantajoso.
Antes do século XI, o Mondego navegável era a estrada natural para o comércio existente nos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-o-Velho, eram então importantes praças comerciais e influentes portos fluviais no centro do país. Por sua vez, a Figueira limitava-se a ser um pequeno ponto localizado na foz do Mondego.
A partir do século XII, porém, o assoreamento do Mondego, com a natural perca da navegabilidade que daí resultou, fez com que um pequeno povoado pertencente ao concelho de Tavarede viesse a ganhar actividade e importância e se desenvolvesse até à cidade na moda, cosmopolita, mas ainda provinciana, dos dias de hoje.
E tudo começou, em boa parte, por há cerca de oitocentos anos o rio ter começado a ficar impraticável para a navegação. Como em tantos outros casos, o mal de uns foi a sorte de outros.
O rio e o porto estão associados ao crescimento da Figueira e são factores de desenvolvimento concelhio, pelo que deveria ter havido o máximo de cuidado e planeamento na execução e expansão das obras portuárias.
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto na margem norte é um condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.
Duas razões simples:
1ª. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro na ponte da Figueira.
2ª. Principalmente no inverno, os navios atracados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda de navios à barra da Figueira.
Tempo é dinheiro no competitivo mercado dos transportes marítimos. O mal, está feito, mas não pode ser escamoteado, até porque a vinda para a margem sul do porto de pesca não foi inocente. Era poluente...
Contudo, também podemos aprender com os erros. E erro estratégico foi, igualmente, a implantação da zona industrial logo a seguir à zona habitacional da Gala, quando teria sido perfeitamente possível e fácil a sua deslocação mais para sul, possibilitando assim a criação de uma zona tampão entre as fábricas e as residências.Com erros, ou sem erros, porto comercial e zona industrial são estruturas complementares no progresso e desenvolvimento do nosso concelho. Contudo, convém que o planeamento seja devidamente sustentado, pois erros já foram cometidos bastantes. Apesar dos alertas feitos em devido tempo.Historicamente, é conhecido que a ocupação espanhola dos Filipes foi penosa para Portugal. Na Figueira, conforme pode ler-se no Manifesto do reino de Portugal “nos séculos XV e XVI até as pescarias não eram seguras, porque nos nossos portos tomavam mouros e turcos as mal defendidas barcas de pesca; cativavam e faziam mercadoria humana dos miseráveis pescadores; e ainda se atreviam licenciosa e insolentemente ao mesmo nos lugares marítimos, como senão tiveram rei que os pudesse defender; e proibida a pescaria faltava ao reino uma considerável parte do seu sustento”.
Isto aconteceu na dinastia dos ocupantes Filipes. Nesse tempo, mouros, turcos e habitantes do norte da Europa, todos piratas, saquearam e flagelaram Buarcos e a Figueira. Essa realidade só veio a mudar com a independência, a partir de 1640.
Todavia, só em meados do século XVIII o porto da Figueira conheceu o esplendor, beneficiando, é certo de factor exógeno: a quase inutilização da barra de Aveiro. Mais uma vez, o mal de uns foi a sorte de outros.
A região interior centro passou a processar o movimento de importação e exportação das mercadorias pelo porto da Figueira da Foz, a tal ponto que embora com demoras, dificuldades e riscos, a nossa cidade “foi considerada a terceira praça comercial e marítima do país do século XIX”.
De então para cá aconteceram períodos mortos, avanços, recuos, estudos e mais estudos técnicos, ilusões, desencantos, mentiras, mas, nas últimas dezenas de anos, apesar de tudo, avançou-se desde o cais de madeira obsoleto e podre, o chamado Trapiche, apenas equipado com uma grua a vapor, tempos esses aliás ainda presentes na nossa memória.
Pena foi o cais comercial ter morto e enterrado as memoráveis regatas de outros tempos.
Também por isso, não teria ficado melhor na margem sul o cais comercial?

segunda-feira, 20 de março de 2023

Questão estruturante para o desenvolviemnto planificado do concelho: se a Marina pode crescer para sul, porque é que o Porto Comercial não pode?

Segundo o Diário as Beiras de hoje, "a administração portuária está a refletir sobre a expansão da marina para o Cabedelo, na margem Sul. Este é um assunto que o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, tem vindo a defender, argumentando que, numa extensa faixa costeira atlântica ibérica, incluindo as regiões Norte e Centro portuguesas, não existe uma infraestrutura com dimensões semelhantes àquelas que se encontram no Sul de Portugal e na vizinha Espanha. Estão previstos investimentos na melhoria das condições de navegabilidade e aumento do calado do Porto Comercial da Figueira da Foz (aprofundamento do canal de navegação, da barra e da bacia de manobras) de cerca de 23 milhões de euros. Os utilizadores privados deverão contribuir com 4,5 milhões de euros. O lançamento da empreitada, que foi adiada pelo Governo no início da pandemia, aguarda pela Declaração de Impacte Ambiental."
Sendo este um assunto importante, não é, contudo, na opinião deste modesto escriba, estruturante para o desenvolvimento planificado do concelho.
Estruturante para o desenvolvimento planificado do concelho, na opinião do mentor deste OUTRA MARGEM, é a questão do Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização.
 
Em 18 de Junho de 2001, publiquei no jornal Linha do Oeste, uma crónica que continua actual. 
O assoreamento do Rio Mondego é um problema antigo e complicado. Mas, para a Figueira, nem tudo sempre foram desvantagens.
Antes do século XI, o Mondego navegável era a estrada natural para o comércio existente nos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-O-Velho eram então importantes praças comerciais e influentes portos fluviais no centro do país. Por sua vez, a Figueira limitava-se a ser um pequeno ponto localizado na foz do Mondego.
A partir do século XII, porém, o assoreamento do Mondego, com a natural perda da navegabilidade que daí resultou, fez com que um pequeno povoado pertencente ao concelho de Tavarede viesse a ganhar actividade e importância e se desenvolvesse até à cidade na moda, cosmopolita, mas ainda provinciana, dos dias de hoje.
E tudo começou, em boa parte, por há cerca de oitocentos anos o rio ter começado a ficar impraticável para a navegação. Como em tantos outros casos, o mal de uns foi a sorte de outros.
O rio e o porto estão associados ao crescimento da Figueira e são factores de desenvolvimento concelhio, pelo que deveria ter havido (e continuar a haver) o máximo de cuidado e planeamento na execução e expansão das obras portuárias.
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto comercial na margem norte é um factor condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.

Duas razões simples:

1º. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro da ponte da Figueira.
2º.  Principalmente no inverno, os navios acostados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda dos navios à barra da Figueira.

Tempo é dinheiro no competitivo mercado dos transportes marítimos. O mal, contudo, está feito, mas não pode ser escamoteado. Até porque a vinda para a margem sul do porto de pesca não foi inocente. Era poluente ...
Também podemos aprender com os erros. E erro estratégico foi, igualmente, a implantação da zona industrial logo a seguir à zona habitacional da Gala, quando teria sido perfeitamente possível e fácil a sua deslocação mais para sul, possibilitando assim a criação de uma zona tampão entre as fábricas e as residências.
É uma questão pertinente, apesar do optimismo que aí vai com a notícia da implantação de uma fábrica que, segundo a responsável pela gestão do Parque Industrial, “é o maior projecto”, desde que a câmara tomou posse dos terrenos da zona industrial.
Com erros, ou sem erros, porto comercial e zona industrial são estruturas complementares no progresso e desenvolvimento do nosso concelho. Contudo, convém que o planeamento seja devidamente sustentado, pois erros já foram cometidos bastantes. Apesar dos alertas feitos em devido tempo.
Historicamente é conhecido que a ocupação espanhola dos Filipes foi penosa para Portugal. Na Figueira, conforme pode ler-se no Manifesto do Reino de Portugal, “nos séculos XV e XVI até as pescarias não eram seguras, porque nos nossos portos tomavam mouros e turcos as mal defendidas barcas de pesca; cativavam e faziam mercadoria humana dos miseráveis pescadores; e ainda se atreviam licenciosa e insolentemente ao mesmo nos lugares marítimos, como senão tiveram rei que os pudesse defender; e proibida a pescaria faltava ao reino uma considerável parte do seu sustento”.
Isto aconteceu na dinastia dos ocupantes Filipes. Nesse tempo, mouros, turcos e habitantes do norte da europa, todos piratas, saquearam e flagelaram Buarcos e a Figueira. Essa realidade só veio a mudar com a independência, a partir de 1640.
Todavia, só em meados do século XVIII o porto da Figueira conheceu o esplendor, beneficiando, é certo, de um factor exógeno: a quase inutilização da barra de Aveiro. Mais uma vez, o mal de uns foi a sorte de outros.
A região interior centro passou a processar o movimento de importação e exportação das mercadorias pelo porto da Figueira, a tal ponto que embora com demoras, dificuldades e riscos, a nossa cidade “ foi considerada a terceira praça comercial e marítima do país do século XIX”.
De então para cá aconteceram períodos mortos, avanços, recuos, estudo e mais estudos técnicos, ilusões, desencantos, mentiras, mas, nas últimas dezenas de anos, apesar de tudo, avançou-se desde o cais de madeira obsoleto e podre, apenas equipado com uma grua a vapor, tempos esses aliás ainda presentes na nossa memória.
Pena foi o cais comercial ter morto e enterrado as memoráveis regatas de outros tempos. Também por isso, porque é que não o implantaram na margem sul?

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Planeamento do concelho: Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização

O primeiro acto público de Pedro Machado, na qualidade de candidato do PSD à câmara da Figueira da Foz, aconteceu ontem.
Sob o signo Figueira do Futuro, Pedro Machado apresentou as primeiras 12 propostas do programa eleitoral, tendo no horizonte um “ciclo de 12 anos”, o que corresponde ao limite de três mandatos autárquicos consecutivos. 
As “alavancas” anunciadas abrangem áreas como o desenvolvimento económico, mobilidade, turismo, ambiente, demografia, políticas sociais ou coesão territorial. Uma das propostas chamou-me particularmente a atenção, pois é um tema que me diz muito e há muitos anos: a mudança do porto comercial para a margem sul e o aproveitamento da actual infraestrutura para fins turísticos.
Pedro Machado afirmou que a sua proposta visa enquadrar o porto comercial com a concentração de empresas existente na margem sul do concelho, a maioria na Zona Industrial.
O desenvolvimento planeado e estratégico do concelho da Figueira da Foz é um assunto que nos deveria preocupar a todos. Por outro lado, "a devolução da margem norte à cidade", também.
O Rio Mondego ja fez parte da cidade. A foto de Manuel Santos bem o demonstra.
Há cerca de 20 anos, precisamente na edição de 18 de Junho de 2001, na coluna que escrevia todas as semanas, o responsável pelo OUTRA MARGEM, publicou no jornal Linha do Oeste a seguinte crónica: 


O assoreamento do Rio Mondego é um problema antigo e complicado. Mas, para a Figueira, nem tudo sempre foram desvantagens.
Antes do século XI, o Mondego navegável era a estrada natural para o comércio existente nos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-O-Velho eram então importantes praças comerciais e influentes portos fluviais no centro do país. Por sua vez, a Figueira limitava-se a ser um pequeno ponto localizado na foz do Mondego.
A partir do século XII, porém, o assoreamento do Mondego, com a natural perda da navegabilidade que daí resultou, fez com que um pequeno povoado pertencente ao concelho de Tavarede viesse a ganhar actividade e importância e se desenvolvesse até à cidade na moda, cosmopolita, mas ainda provinciana, dos dias de hoje.
E tudo começou, em boa parte, por há cerca de oitocentos anos o rio ter começado a ficar impraticável para a navegação. Como em tantos outros casos, o mal de uns foi a sorte de outros.
O rio e o porto estão associados ao crescimento da Figueira e são factores de desenvolvimento concelhio, pelo que deveria ter havido (e continuar a haver) o máximo de cuidado e planeamento na execução e expansão das obras portuárias.
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto comercial na margem norte é um factor condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.

Duas razões simples:
1º. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro da ponte da Figueira.
2º.  Principalmente no inverno, os navios acostados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda dos navios à barra da Figueira.

Tempo é dinheiro no competitivo mercado dos transportes marítimos. O mal, contudo, está feito, mas não pode ser escamoteado. Até porque a vinda para a margem sul do porto de pesca não foi inocente. Era poluente ...
Também podemos aprender com os erros. E erro estratégico foi, igualmente, a implantação da zona industrial logo a seguir à zona habitacional da Gala, quando teria sido perfeitamente possível e fácil a sua deslocação mais para sul, possibilitando assim a criação de uma zona tampão entre as fábricas e as residências.
É uma questão pertinente, apesar do optimismo que aí vai com a notícia da implantação de uma fábrica que, segundo a responsável pela gestão do Parque Industrial, “é o maior projecto”, desde que a câmara tomou posse dos terrenos da zona industrial.
Com erros, ou sem erros, porto comercial e zona industrial são estruturas complementares no progresso e desenvolvimento do nosso concelho. Contudo, convém que o planeamento seja devidamente sustentado, pois erros já foram cometidos bastantes. Apesar dos alertas feitos em devido tempo.
Historicamente é conhecido que a ocupação espanhola dos Filipes foi penosa para Portugal. Na Figueira, conforme pode ler-se no Manifesto do Reino de Portugal, “nos séculos XV e XVI até as pescarias não eram seguras, porque nos nossos portos tomavam mouros e turcos as mal defendidas barcas de pesca; cativavam e faziam mercadoria humana dos miseráveis pescadores; e ainda se atreviam licenciosa e insolentemente ao mesmo nos lugares marítimos, como senão tiveram rei que os pudesse defender; e proibida a pescaria faltava ao reino uma considerável parte do seu sustento”.
Isto aconteceu na dinastia dos ocupantes Filipes. Nesse tempo, mouros, turcos e habitantes do norte da europa, todos piratas, saquearam e flagelaram Buarcos e a Figueira. Essa realidade só veio a mudar com a independência, a partir de 1640.
Todavia, só em meados do século XVIII o porto da Figueira conheceu o esplendor, beneficiando, é certo, de um factor exógeno: a quase inutilização da barra de Aveiro. Mais uma vez, o mal de uns foi a sorte de outros.
A região interior centro passou a processar o movimento de importação e exportação das mercadorias pelo porto da Figueira, a tal ponto que embora com demoras, dificuldades e riscos, a nossa cidade “ foi considerada a terceira praça comercial e marítima do país do século XIX”.
De então para cá aconteceram períodos mortos, avanços, recuos, estudo e mais estudos técnicos, ilusões, desencantos, mentiras, mas, nas últimas dezenas de anos, apesar de tudo, avançou-se desde o cais de madeira obsoleto e podre, apenas equipado com uma grua a vapor, tempos esses aliás ainda presentes na nossa memória.
Pena foi o cais comercial ter morto e enterrado as memoráveis regatas de outros tempos. Também por isso, porque é que não o implantaram na margem sul?

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Curiosidades marginais (III): Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização

O assoreamento do Rio Mondego é um problema antigo e complicado. Mas, para a Figueira, nem tudo sempre foram desvantagens.
Antes do século XI, o Mondego navegável era a estrada natural para o comércio existente nos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-O-Velho eram então importantes praças comerciais e influentes portos fluviais no centro do país. Por sua vez, a Figueira limitava-se a ser um pequeno ponto localizado na foz do Mondego.
A partir do século XII, porém, o assoreamento do Mondego, com a natural perda da navegabilidade que daí resultou, fez com que um pequeno povoado pertencente ao concelho de Tavarede viesse a ganhar actividade e importância e se desenvolvesse até à cidade na moda, cosmopolita, mas ainda provinciana, dos dias de hoje.
E tudo começou, em boa parte, por há cerca de oitocentos anos o rio ter começado a ficar impraticável para a navegação. Como em tantos outros casos, o mal de uns foi a sorte de outros.
O rio e o porto estão associados ao crescimento da Figueira e são factores de desenvolvimento concelhio, pelo que deveria ter havido (e continuar a haver) o máximo de cuidado e planeamento na execução e expansão das obras portuárias.
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto comercial na margem norte é um factor condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.

Duas razões simples:
1º. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro da ponte da Figueira.
2º.  Principalmente no inverno, os navios acostados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda dos navios à barra da Figueira.

Tempo é dinheiro no competitivo mercado dos transportes marítimos. O mal, contudo, está feito, mas não pode ser escamoteado. Até porque a vinda para a margem sul do porto de pesca não foi inocente. Era poluente ...
Também podemos aprender com os erros. E erro estratégico foi, igualmente, a implantação da zona industrial logo a seguir à zona habitacional da Gala, quando teria sido perfeitamente possível e fácil a sua deslocação mais para sul, possibilitando assim a criação de uma zona tampão entre as fábricas e as residências.
É uma questão pertinente, apesar do optimismo que aí vai com a notícia da implantação de uma fábrica que, segundo a responsável pela gestão do Parque Industrial, “é o maior projecto”, desde que a câmara tomou posse dos terrenos da zona industrial.
Com erros, ou sem erros, porto comercial e zona industrial são estruturas complementares no progresso e desenvolvimento do nosso concelho. Contudo, convém que o planeamento seja devidamente sustentado, pois erros já foram cometidos bastantes. Apesar dos alertas feitos em devido tempo.
Historicamente é conhecido que a ocupação espanhola dos Filipes foi penosa para Portugal. Na Figueira, conforme pode ler-se no Manifesto do Reino de Portugal, “nos séculos XV e XVI até as pescarias não eram seguras, porque nos nossos portos tomavam mouros e turcos as mal defendidas barcas de pesca; cativavam e faziam mercadoria humana dos miseráveis pescadores; e ainda se atreviam licenciosa e insolentemente ao mesmo nos lugares marítimos, como senão tiveram rei que os pudesse defender; e proibida a pescaria faltava ao reino uma considerável parte do seu sustento”.
Isto aconteceu na dinastia dos ocupantes Filipes. Nesse tempo, mouros, turcos e habitantes do norte da europa, todos piratas, saquearam e flagelaram Buarcos e a Figueira. Essa realidade só veio a mudar com a independência, a partir de 1640.
Todavia, só em meados do século XVIII o porto da Figueira conheceu o esplendor, beneficiando, é certo, de um factor exógeno: a quase inutilização da barra de Aveiro. Mais uma vez, o mal de uns foi a sorte de outros.
A região interior centro passou a processar o movimento de importação e exportação das mercadorias pelo porto da Figueira, a tal ponto que embora com demoras, dificuldades e riscos, a nossa cidade “ foi considerada a terceira praça comercial e marítima do país do século XIX”.
De então para cá aconteceram períodos mortos, avanços, recuos, estudo e mais estudos técnicos, ilusões, desencantos, mentiras, mas, nas últimas dezenas de anos, apesar de tudo, avançou-se desde o cais de madeira obsoleto e podre, apenas equipado com uma grua a vapor, tempos esses aliás ainda presentes na nossa memória.
Pena foi o cais comercial ter morto e enterrado as memoráveis regatas de outros tempos. Também por isso, porque é que não o implantaram na margem sul?

Em tempo.
Crónica Marginal de  António Agostinho, 18 de Junho de 2001, publicada no jornal Linha do Oeste     

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Cais comercial a sul? Como ficaria feliz...

Imagem via Diário as Beiras
Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização
, é uma postagem que publiquei neste blogue há mais  de 10 anos.
Estávamos a 28 de Julho de 2010. Recordo algumas passagens, pois mantém-se mais do que actuais. Passo a citar-me.
O rio e o porto estão associados ao crescimento da Figueira e são factores de desenvolvimento concelhio, pelo que deveria ter havido o máximo de cuidado e planeamento na execução e expansão das obras portuárias.
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto na margem norte é um condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.
Duas razões simples:
1ª. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro na ponte da Figueira.
2ª. Principalmente no inverno, os navios atracados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda de navios à barra da Figueira.
Tempo é dinheiro no competitivo mercado dos transportes marítimos. O mal, está feito, mas não pode ser escamoteado, até porque a vinda para a margem sul do porto de pesca não foi inocente. Era poluente...
Contudo, também podemos aprender com os erros. E erro estratégico foi, igualmente, a implantação da zona industrial logo a seguir à zona habitacional da Gala, quando teria sido perfeitamente possível e fácil a sua deslocação mais para sul, possibilitando assim a criação de uma zona tampão entre as fábricas e as residências.Com erros, ou sem erros, porto comercial e zona industrial são estruturas complementares no progresso e desenvolvimento do nosso concelho. Contudo, convém que o planeamento seja devidamente sustentado, pois erros já foram cometidos bastantes. Apesar dos alertas feitos em devido tempo.

Agora, ao que parece (espero que não seja apenas de haver eleições no próximo ano...) estão a pensar nisso. Oxalá seja verdade, são os meus votos.

segunda-feira, 8 de março de 2021

Curiosidades marginais : Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização

Citação de parte uma crónica Marginal de  António Agostinho, datada de 18 de Junho de 2001, publicada no jornal Linha do Oeste.

"Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto comercial na margem norte é um factor condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.

Duas razões simples:
1º. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro da ponte da Figueira.
2º.  Principalmente no inverno, os navios acostados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda dos navios à barra da Figueira."

Ao longo dos anos aconteceram erros (por exemplo, o acrescento dos 400 metros no molhe norte) períodos mortos, avanços, recuos, estudos e mais estudos técnicos, ilusões, desencantos, mentiras, mas, nas últimas dezenas de anos, apesar de tudo, avançou-se desde o cais de madeira obsoleto e podre, o chamado Trapiche, apenas equipado com uma grua a vapor, tempos esses aliás ainda presentes na nossa memória.
Pena foi o cais comercial ter morto e enterrado as memoráveis regatas de outros tempos.
Também por isso, não teria ficado melhor na margem sul o cais comercial?

Ao longo dos quase 15 anos que já leva este blogue, fizemos algumas publicações sobre esta temática, que podem ser conferidas consultando o OUTRA MARGEM
Esta semana, esta temática vai ser abordada por vários no Diário as Beiras.
Como é um assunto fulcral para o desenvolvimento planeado do nosso concelho, iremos ficar atentos.
Fica a crónica hoje publicdada no Diário as Beiras, pelo cronista residente das segundas-feiras João Vaz.


domingo, 23 de setembro de 2018

Mais do mesmo...

Via AS BEIRAS
"A adjudicação do projecto e do estudo de impacte ambiental do aprofundamento da barra e do canal de navegação do Porto Comercial da Figueira da Foz será feita em outubro. As obras, por sua vez, deverão iniciar-se no último trimestre de 2019, estendendo-se até julho de 2021. O custo da empreitada está estimado em 16 milhões de euros.
As obras visam melhorar a segurança e aumentar a capacidade do cais comercial. A actual profundidade do canal e da barra só permitem a acostagem de navios com 120 metros de comprimento e 6,5 de calado.
Após a empreitada, o porto passará a receber navios com 140 metros e oito de calado. O cais comercial será alargado até 15 metros, para o interior do rio. A bacia de manobras também será ampliada.
Entretanto, vai ser construído um edifício, na zona do cais comercial, cujo concurso público para a empreitada será lançado em outubro, tendo um prazo de execução de nove meses."
Via SOS Cabedelo
"Sem o BYPASS para a transposição das areias de norte para sul o aprofundamento da barra não terá qualquer sustentabilidade. Mais um buraco para o mar encher..."
Via João Traveira
"A militância na asneira!"
Nota de rodapé.
Sobre este assunto, há muito que não consigo ter pensamentos positivos.

terça-feira, 6 de abril de 2021

Esta porra de ter razão antes do tempo é tramada: "margem sul pode vir a receber terminal do porto comercial"

 Via Diário de Coimbra

"A Câmara da Figueira da Foz, em conjunto com a Administração do Porto (APFF) e a Comunidade Portuária, está a estudar a possibilidade de criar um terminal na margem sul, para «acostagem de uma ou duas embarcações para cargas específicas», ou seja, papel, pas­ta e madeira, «dentro da perspectiva ambiental e de retirar trânsito de cima da ponte». «É algo que está a ser estudado, faz parte de um pré-estudo e há interesse das partes», explicou ao nosso jornal o presidente da autarquia, no final da reunião do executivo camarário."

Em tempo.
Há cerca de 20 anos, precisamente na edição de 18 de Junho de 2001, na coluna que escrevia todas as semanas, o responsável pelo OUTRA MARGEM, publicou no jornal Linha do Oeste uma crónica a defender isso mesmo.
Passo a citar.
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto comercial na margem norte é um factor condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.
Duas razões simples:
1º. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro da ponte da Figueira.
2º. Principalmente no inverno, os navios acostados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda dos navios à barra da Figueira.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O litoral e os conflitos de interesses

Fotos de Pedro Cruz

A faixa litoral constitui uma peculiaridade no território, quer na perspectiva da sua ocupação antrópica, quer pela sua dinâmica natural.
Na realidade, é fácil constatar que à escala global o crescimento demográfico é assimétrico, com variantes sociológicas bem marcadas, mas com uma componente geográfica em que as regiões costeiras registam sistematicamente valores elevados.
O litoral constitui, assim, um espaço de interface onde se travam os maiores conflitos, entre modelos de ocupação, entre as várias actividades em desenvolvimento, e entre estes e os valores de conservação ambiental.
È neste território, escasso, que têm de coexistir interesses vários: urbanos, industriais, comerciais e turísticos.
È precisamente o que se está a passar no litoral do nosso concelho. O prolongamento do molhe norte em mais 400 metros é disso exemplo.
E o grave da situação, para nós, habitantes do sul do concelho, é que as “obras no Molhe Norte, têm precisamente impacte maior nas praias a sul”.

E estudos aprofundados sobre tão sensível matéria não existem. Conhecemos este Estudo de Impacte Ambiental relativo às Obras destinadas à melhoria das condições de acesso ao Cais Comercial e Porto de Abrigo (consultar clicando aqui).
Sobre, o sector sul dos molhes é muito pragmático.

Contudo, ainda assim, considera que “a instabilidade da faixa costeira é mais grave, porque com a drástica redução do caudal sólido a agressiva dinâmica marítima provocou uma intensa erosão na linha de costa”.
Que, aliás, nos últimos dias se agravou substâncialmente, conforme este blogue tem vindo a alertar.
Felizmente, os nossos continuados alertas vão encontrando eco noutros meios. Ontem, o cova d´oiro deu conta das nossas preocupações. Hoje, outros espaços acompanham o tema da erosão da nossa orla costeira, como podem ver a seguir.

Cova Gala ... entre o rio e o mar...
Exigem-se Medidas Urgentes,Concretas,Responsáveis...

“Não poderia deixar de publicar esta imagem,tirada da"OUTRA MARGEM" ,que ilustra bem o que está acontecer nas praias da Cova Gala,ali mesmo junto ao café "Pôr do Sol" e Hospital, o que considero de muito grave.”

Diário de Coimbra
Mar continua a destruir zona sul e ameaça habitações

“O mau tempo que se tem feito sentir por todo o país tem tido também reflexos no mar. Tal como o nosso Jornal divulgou no início da passada semana, a forte ondulação e os ventos têm contribuído para que toda a zona da costa a sul da Figueira (em S. Pedro, Lavos e Leirosa) esteja a ser fustigada por ondas fortíssimas que têm “engolido” toneladas de pedra, protecções, passadiços e tudo o que lhe surge pela frente. No entanto, dizem os pescadores, a «coisa está feia e ainda vai ficar pior», porque «até quinta-feira as águas vão continuar a crescer», dizem, salientando que este ano «está 200 ou 300% pior que nos anos anteriores».”

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O cais comercial não teria ficado melhor na margem sul?..

Claro que teria, mas não era a mesma coisa!..
Recordemos, duas razões simples:
"1ª. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro na ponte da Figueira.
2ª. Principalmente no inverno, os navios atracados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda de navios à barra da Figueira."
O mal, está feito. Mas atentem no paradoxo: foi lembrado em dia de festa de um “porto com novo norte que clama por obras a sul”...
De resto, desde sempre houve quem considerasse que o “porto se encontra no lado errado do rio”...
Ao que parece, pelo menos em dia de festa de uma  obra marítima essencialmente de propaganda, fomos  mais!..

sábado, 31 de julho de 2010

"Os velhos do Restelo"

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No passado dia 28, neste post, apontámos o que, quanto a nós, tinham sido dois erros estratégicos de localização de duas infra-estruturas fundamentais para o desenvolvimento sustentando do concelho da Figueira da Foz.
Curiosamente, hoje no jornal As Beiras, está este texto que aponta no sentido da necessidade de um cais comercial na zona sul.
Não é motivo de nenhuma satisfação pessoal, pois é triste verificar que os chamados “velhos do Restelo”, muitas vezes, têm razão antes do tempo!..
Neste caso e sobre este assunto, gostosamente sou dos que me auto incluo nessa categoria (quem tiver dúvidas, é só consultar a colecção do extinto Linha do Oeste e ler as Crónicas Marginais que lá publiquei durante anos...), mas, sobretudo, permitam que realce a figura de Manuel Luís Pata, um exemplo de perseverança, que tem uma luta de anos e anos a bater-se por aquilo que considera que deveria ter sido feito e não foi, pelo verdadeiro desenvolvimento do porto e barra da Figueira da Foz. Sei do que falo, pois tenho em meu poder uma compilação muito completa do trabalho deste Homem, que, no entanto, é apenas um resumo dum enorme trabalho e duma luta voluntarista e incompreendida, no decorrer de anos e anos!..
Cavaco Silva, Santana Lopes, Duarte Silva, João Cravinho, Narciso Miranda, entre muitos outros, sabem do que estou a falar...
Nos dias de hoje, penso que muita gente já compreendeu o erro fatal que foi para a Figueira o ter-se ignorado o projecto para a construção do Porto Oceânico elaborado pelo eng. Baldaque da Silva, que chegou a ser aprovado em 1914 na Assembleia de Deputados e dada luz verde para ser posto a concurso, o que nunca aconteceu. Esse projecto, recorde-se, consistia na construção de um "paredão", a partir do Cabo Mondego em direcção a sul, o qual assentaria na rocha lá existente.
Em vez disso, optou-se nos anos sessenta do século passado, pela construção dos molhes que transformaram a Rainha das Praias de Portugal, a Praia da Claridade, na actual Praia da Calamidade.
Mais recentemente, avançou-se para o prolongamento do molhe norte, que ao contrário do que alguém disse há tempos, "não é a mãe de todas as obras", mas, oxalá esteja enganado, irá revelar-se, mais cedo do que tarde, a "obra madastra"...
Os especialistas é que o disseram, como pode ler-se no Jornal de Coimbra, no dia 29 de Março de 2000, na página 15: "é extremamente perigoso fazer qualquer prolongamento no molhe norte, porque isso iria provocar uma maior acumulação de areias a norte, enquanto que a sul o mar aumentaria a sua acção erosiva".
Alguém os ouviu?... Presumo que não, pois, sobre esta matéria, continuam a subsistir "muitas dúvidas e poucas certezas"...

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Isto promete... E muito...

Obra de 17 milhões de euros no porto da Figueira da Foz adiada para 2021

«Em causa está a intervenção de aprofundamento da barra, canal de acesso e bacia de manobras do Porto da Figueira da Foz, para passar a permitir o acesso de navios mercantes com maior calado e de maior dimensão face aos actuais.
Os trabalhos, que incluem ainda o alargamento do cais comercial, demolição de dois antigos molhes interiores e deposição das areias dragadas nas praias a sul, foram anunciados em abril de 2019 pela então ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, para começarem nesse mesmo ano e terminarem em 2021, mas foram agora adiados com a realocação dos fundos europeus do programa Compete2020 que lhes estavam destinados.
"O estudo de impacte ambiental estava atrasado e os fundos disponíveis foram realocados pelo Governo a projetos com mais maturidade. Mas há o compromisso do ministro [das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos] de em 2021 haver financiamento", disse à agência Lusa Carlos Monteiro, presidente da Câmara da Figueira da Foz.
Do lado da Comunidade Portuária da Figueira da Foz - cujos operadores e empresas privadas financiam parte do projeto - o momento é de "grande preocupação" face ao adiamento da obra, que só deverá arrancar no ano em que devia estar terminada.
"A Comunidade Portuária está muito preocupada com todo este atraso. Esta obra é estrutural para o porto e para toda a região Centro", afirmou Paulo Mariano, vice-presidente daquela entidade.
O empresário lembrou que o projeto proposto pela ex-ministra Ana Paula Vitorino passava pela participação "inovadora" das empresas privadas que utilizam o porto localizado na foz do rio Mondego (como as papeleiras Navigator e Celbi ou os dois operadores portuários), que "foram chamadas a investir quase cinco milhões de euros e disseram `presente`", em conjunto com a Administração do Porto da Figueira da Foz (APFF) e a componente de fundos europeus.
"É uma obra fundamental para os que usam o porto e para os que venham a usar. E transversal a toda a atividade portuária, seja a marinha mercante, a pesca ou a navegação de recreio, vai dar mais segurança à barra", enfatizou Paulo Mariano.
Também José Couto, presidente do Conselho Empresarial do Centro (CEC), entidade que agrega 43 associações empresariais, classificou a intervenção como "importantíssima para o porto da Figueira a para a região", questionando porque é que ainda não avançou.
"Em lado nenhum há empresas privadas a contribuir como aqui. Porque há um conjunto de empresas que reconhecem o valor do porto da Figueira da Foz, resolveram contribuir para esta obra e o seu contributo não está a ser valorizado", lamentou o presidente do CEC.
Já a presidente da APFF, Fátima Alves, argumentou que o adiamento se fica a dever a uma "reprogramação dos fundos do Compete2020" sem, no entanto, esclarecer os motivos específicos que levaram a essa decisão.
"Não estamos preocupados que a obra não se faça. Estamos a fazer um `delay` [adiamento], mas continua a haver todo o interesse, quer da administração portuária, quer do senhor ministro [das Infraestruturas] que as obras se façam", disse Fátima Alves.
Questionada sobre o calendário preconizado pelo anterior Governo socialista, aquando da assinatura dos protocolos, em abril de 2019, que apontava o início dos trabalhos para o final desse ano, a presidente da administração portuária respondeu que "não são coisas assim tão claras".
Aludiu, nomeadamente, ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA), "que só em fevereiro [deste ano] foi concluído", e cuja consulta pública, prevista para terminar a 30 de março, acabou por ser estendida até 14 de maio "com a prorrogação de todos os prazos" devido à pandemia de covid-19.
A agência Lusa consultou os documentos disponíveis no portal Participa em sede de consulta pública do EIA e constatou que a mesma esteve aberta até 14 de maio e, desde essa data, mantém-se "em análise", não estando ainda encerrada.
Confrontada com esse dado, Fátima Alves revelou que a APFF recebeu a 23 de junho da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) uma proposta de Declaração de Impacte Ambiental, "com parecer favorável condicionado, que está a ser avaliada".
"São condicionantes muito ligadas ao património arqueológico subaquático", precisou.»

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Engenheiro Baldaque da Silva, João Pereira Mano e Manuel Luís Pata

“Em 1913 o engenheiro Baldaque da Silva apresentou o seu projecto de construção de um porto oceânico e comercial ao sul do Cabo Mondego. Fê-lo sob a curiosa designação de “Representação dirigida ao Congresso Nacional da República Portuguesa sobre o engrandecimento da Beira e a construção do porto oceânico comercial do Cabo Mondego”, apoiado no tratamento estatístico da actividade económica de toda a região.
Não é o do conhecimento do autor destas linhas as razões da sua não materialização e se a mesma teria viabilidade técnica e económica, sendo embora um apetecível exercício de imaginação reflectir sobre essa possibilidade. O facto é que o projecto foi apresentado, devidamente fundamentado, com um cunho eminentemente regionalista apoiado na evidente preocupação de juntar sinergias.

Aproveitando a boleia da crónica desta semana do eng. Daniel Santos no jornal As Beiras, recordo um texto do CapitãoJoão Pereira Mano,  (autor de "Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz…" [1997], Associado  Honorário do CEMAR-Centro de Estudos do Mar [2008], e Medalha de Ouro de Mérito, a título póstumo [2012], da cidade da Figueira da Foz), acerca do Com. Antonio Arthur Baldaque da Silva e acerca do seu projecto de porto oceânico de águas profundas a construir no Cabo Mondego (Buarcos):
(…) Autor de diversos projectos de portos portugueses, e mesmo estrangeiros, o engenheiro Baldaque da Silva — filho do engenheiro Silva que em 1859 conseguiu restabelecer a barra da Figueira ao Norte, depois de ter construído o dique ou paredão do Cabedelo —  foi o autor do projecto do “Porto oceânico-comercial do Cabo Mondego” que, além do molhe de abrigo  —  agora muito bem lembrado na imprensa pelo figueirense Bruno de Sousa  —  delineava uma doca comercial de 52 hectares de área, só aberta nos 150 metros da sua entrada, limitada a Oeste pela parte do molhe que termina nos Formigais, e concluía por uma portentosa rede de canais a ligar o novo porto a Aveiro, Leiria e Coimbra — já não  falando em estruturas diversas, como sejam diques, doca de pesca e o respectivo cais. Na altura, e ainda anos depois, os jornais da Figueira bateram-se pela execução deste, ou de parte deste projecto, tendo mesmo “A Voz da Justiça” começado a publicar o trabalho deste denodado engenheiro hidrógrafo, a partir do  nº 1136, de 21 de Out. de 1913. Mas, como é óbvio, nada conseguiram. Porém, se a Figueira quiser ter um PORTO só ali o terá. Como a Cidade Invicta  teve o seu em Leixões. E, no Cabo Mondego, há ou havia, para tal, condições muito mais propícias do que aquelas que a foz do rio Leça ofereceu
(in MANO, João Pereira, Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz, São Pedro da Cova-Gala, Buarcos, Costa de Lavos e Leirosa, Figueira da Foz: Centro de Estudos do Mar, 1997, pp. 321-322.)

E, já agora, aproveito para recordar ainda o que me tem dito ao longo dos anos o velho e experiente Manuel Luís Pata, nas inúmeras e enriquecedoras conversas que ao longo da minha vida com ele tenho tido:  “a Figueira nasceu numa paisagem ímpar. Porém, ao longo dos tempos, não soubemos tirar partido das belezas da Natureza, mas sim destruí-las com obras aberrantes. Na sua opinião, a única obra do homem  de que deveríamos ter orgulho e preservá-la, foi a reflorestação da Serra da Boa Viagem por Manuel Rei. Fez o que parecia impossível, essa obra foi reconhecida por grandes técnicos de renome mundial. E, hoje, o que dela resta? – Cinzas!..

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Era para breve, mas foi adiada para 2021, porque "não foram cumpridas as condições de acesso aos fundos europeus"....

Em Aveiro é assim: cordão dunar entre a praia da Barra e a da Costa Nova vai ser estabilizado

"Após a assinatura do protocolo celebrado com a Agência Portuguesa do Ambiente (APAmbiente) para a “Recuperação e Estabilização do Cordão Dunar entre as Praias da Barra e da Costa Nova”, foi, anteontem, lançado o procedimento concursal para a empreitada, com um preço base de 373.187,99 euros e um prazo de execução de quatro meses.
“Esta acção encontra-se enquadrada no Plano Litoral XXI”, como “prioridade média na tipologia de acção Protecção Costeira em Zonas de Risco, e no POC Ovar-Marinha Grande (Plano de Ordenamento da Orla Costeira), como nível 2”, com o objectivo, sublinha a Câmara de Ílhavo, “de proteger o litoral e contrariar o recuo da linha de costa, através de várias intervenções. Nestas estão incluídas a ligação dos passadiços entre as praias da Barra e da Costa Nova, numa extensão de aproximadamente 1.236 metros."

Via Diário de Aveiro

Na Figueira é o que sabemos: Obra de 17 milhões de euros no porto da Figueira da Foz adiada para 2021

«Em causa está a intervenção de aprofundamento da barra, canal de acesso e bacia de manobras do Porto da Figueira da Foz, para passar a permitir o acesso de navios mercantes com maior calado e de maior dimensão face aos actuais.
Os trabalhos, que incluem ainda o alargamento do cais comercial, demolição de dois antigos molhes interiores e deposição das areias dragadas nas praias a sul, foram anunciados em abril de 2019 pela então ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, para começarem nesse mesmo ano e terminarem em 2021, mas foram agora adiados com a realocação dos fundos europeus do programa Compete2020 que lhes estavam destinados.»

Acta da reunião  camarária de 19 junho de 2019, página 21.
Afinal, "a obra no porto da Figueira da Foz, que foi adiada para 2021, não cumpriu as condições de acesso aos fundos europeus, nomeadamente a documentação obrigatória a nível ambiental, impedindo a sua aprovação, revelou o programa Compete2020.
A agência Lusa questionou a autoridade de gestão do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (Compete2020) sobre os motivos que levaram ao não financiamento da intervenção no porto da Figueira da Foz e, em resposta escrita, aquela entidade disse que decidiu “não aprovar” a candidatura submetida pela administração portuária, por esta não incluir a avaliação de impacte ambiental."

Mais uma, que era para breve...a palavra mágica do presidente Monteiro..., foi adiada...
Em 29 de Janeiro passado, de visita ao Porto de Aveiro, Pedro Nuno Santos, o Ministro das Infraestruturas dizia-se “confiante” na concretização dos projectos apresentados pela administração portuária. “Temos consciência do potencial de desenvolvimento do Porto de Aveiro”.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Qual obra?

Aquela de 17 milhões de euros no porto da Figueira da Foz adiada para 2021
Aquela que não que não avançou porque não incluíram a avaliação de impacte ambiental?
Em causa está a intervenção de aprofundamento da barra, canal de acesso e bacia de manobras do Porto da Figueira da Foz, para passar a permitir o acesso de navios mercantes com maior calado e de maior dimensão face aos actuais.
Os trabalhos, que incluem ainda o alargamento do cais comercial, demolição de dois antigos molhes interiores e deposição das areias dragadas nas praias a sul, foram anunciados em abril de 2019 pela então ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, para começarem nesse mesmo ano e terminarem em 2021, mas foram sendo adiados com a realocação dos fundos europeus do programa Compete2020 que lhes estavam destinados.
"O estudo de impacte ambiental estava atrasado e os fundos disponíveis foram realocados pelo Governo a projetos com mais maturidade. Mas há o compromisso do ministro [das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos] de em 2021 haver financiamento", disse à agência Lusa Carlos Monteiro, presidente da Câmara da Figueira da Foz.
Do lado da Comunidade Portuária da Figueira da Foz - cujos operadores e empresas privadas financiam parte do projeto - o momento deve continuar a ser de "grande preocupação" face ao adiamento da obra que, esperava-se, deveria ter  arrancar no ano em que devia estar terminada. 
Isto é: em 2021. Até agora nada... Vamos lá a ver se é no último trimestre de 2021, por mero acaso e coincidência, ano de autárquicas.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

A tempo...

Via Diário as Beiras

"Chegaram ontem à Figueira da Foz duas embarcações para transporte de passageiros entre as duas margens da foz do Mondego. 

Uma é elétrica, tem 37 lugares e foi construída em Barcelona, ao abrigo de um concurso público lançado pela autarquia figueirense. A outra, com motor a combustão, foi alugada em Aveiro e operará durante as obras da Ponte Edgar Cardoso, ao longo de um ano e meio. Tem capacidade para 85 lugares. 

A partir da primeira quinzena de março e até ao fim da empreitada, será proibido circular na Ponte Edgar Cardoso entre as 20H30 e as 06H30, de segunda-feira a quinta-feira. A exceção a esta regra aplica-se a viaturas de emergência. A alternativa será a A17, isenta de portagens durante aquele espaço de tempo. Os peões, os ciclistas e utilizadores de outros meios de mobilidade suave já não podem circular naquela travessia. 

Os dois meios de transporte fluvial, que entram ao serviço no início de março, chegaram, pois, a tempo de mitigar os efeitos das obras da referida ponte para a mobilidade de pessoas entre as duas margens. 

Entretanto, adiantou ontem o vereador Manuel Domingues, falando na reunião de câmara, a autarquia, em diálogo com a associação comercial e industrial local, está a trabalhar no sentido de garantir estacionamento, junto ao cais das embarcações, no lado norte da cidade, para os operários que trabalham por turnos na margem sul."

sexta-feira, 3 de maio de 2024

... “se tudo correr bem, no início de 2025 teremos obra” ...

Foto DEZ & 10
Texto DIÁRIO AS BEIRAS
«O presidente do conselho de administração dos portos da Figueira da Foz e de Aveiro afirmou, em entrevista ao Dez&10: “se tudo correr bem, no início de 2025 teremos obra”
As obras em causa visam o aprofundamento da barra, até aos 11 metros, e do canal de navegação, dos atuais 6,5 metros para os 8,5 metros. Incluem, também, o aumento do calado da bacia de manobras. Aquele responsável vaticinou que a empreitada terá um prazo de execução de 18 meses. A empreitada tem um orçamento superior a 24 milhões de uros, 4,5 dos quais assegurados pela Altri (Celbi), The Navigator Company, Operfoz e Yilport. 
“Com as novas condições, teremos navios que calem mais e navios maiores e mais segurança na barra”, frisou o administrador. 
Aquela obra será “acompanhada” pela transposição de três milhões de metros cúbicos de areia, do norte para o sul da barra. Esta é uma obra da Agência Portuguesa do Ambiente comparticipada pelo Município da Figueira da Foz e pela administração portuária, que poderá ser lançada ainda este ano. 
Entretanto, decorre o estudo de viabilidade económica para a concessão da atual marina e a possibilidade de vir a ser construída uma segunda marina, no Cabedelo. Está ainda nos planos da administração portuária um cais para cruzeiros, na margem norte. 
Por outro lado, avançou ainda Eduardo Feio, está em debate interno o prolongamento do cais comercial para a zona da Salmanha/Fontela, em 400 ou 500 metros. Mas só depois de concluídas as obras na zona portuária.»

terça-feira, 4 de agosto de 2020

"Obras no Porto da Figueira da Foz terão financiamento em 2021, assegura o Governo"...

"O ministério encabeçado por Pedro Nuno Santos «reconhece a importância e necessidade do projecto em causa e isso mesmo foi transmitido ao Sr. Presidente de Câmara da Figueira da Foz e à comunidade portuária, bem como o compromisso de disponibilização do financiamento em 2021», pode ler-se na nota escrita enviada à agência Lusa. Na missiva, a tutela «confirma que um conjunto de projectos que não estavam ainda em fase de obra, entre eles o da Figueira da Foz, transitaram para o próximo quadro comunitário de apoio».
«A medida foi tomada na sequência da necessidade de realocação dos fundos ao Serviço Nacional de Saúde e à Escola Digital, para fazer face à situação provocada pela pandemia de Covid-19», esclarece ainda o ministério. Os trabalhos de aprofundamento da barra, canal de acesso e bacia de manobras do Porto da Figueira da Foz, que incluem ainda o alargamento do cais comercial, demolição de dois antigos molhes interiores e deposição das areias dragadas nas praias a sul, foram anunciados em Abril de 2019 pela então Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino."
A culpa do adiamento dos trabalhos na Figueira, segundo o que se pode ler no site do Porto da Figueira da Foz"foi do Covid-19". Ainda bem que o Covid-19 não afectou Aveiro...