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domingo, 19 de novembro de 2023

Teatro: mais uma noite memorável em Tavarede

A Sala do SIT, que estava encerrada desde a tempestade Leslie, que ocorreu em  2018, reabriu com lotação esgotada.
Foi levada à cena "1904", uma peça que é a história de quase 120 anos de Teatro na Sociedade Instrução Tavarense e, ao mesmo tempo, (mais) um tributo a José da Silva Ribeiro, um Homem do Povo, do Teatro e do Jornalismo, que quis fazer sempre mais e melhor pela Cultura da sua Terra.
A foto é uma amabilidade de João Miguel Amorim, a quem aproveito para agradecer.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Nunca será demais homenagear José da Silva Ribeiro, um humanista, para quem o centro era o Povo, a educação e a instrução das classes populares

José da Silva Ribeiro, foi um Homem do Teatro e do Jornalismo, que quis fazer sempre mais e melhor pela Cultura da sua TerraSobretudo Homem de Cultura, repartiu a vida entre o Jornalismo e o Teatro, actividade em se notabilizou. O seu nome confunde-se com a Sociedade de Instrução Tavaredense, fundada tinha ele 10 anos. 
Começou logo aí a sua ligação com a Arte de Talma. Não a praticou noutro sítio: “Eu sou apenas Tavarede e mais nada”.
No próximo sábado, dia do 129.º aniversário do seu nascimento, pelas 21h30m, a Sociedade de Instrução Tavaredense realiza mais um espectáculo de homenagem a José da Silva Ribeiro.
A homenagem, como não podia deixar de ser, será feita através da arte a que o tavaredense se dedicou. Assim sendo, no dia 18, pelas 21H30, subirá ao palco da renovada sala de espetáculos a peça “1904” – data alusiva ao início do teatro amador em Tavarede –, que passa em revista a história do teatro na SIT e do encenador José da Silva Ribeiro. 
Mais pormenores, via Diário as Beiras.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

"José Bento Pessoa ou Alves Barbosa estariam orgulhosos por ver a “sua” Figueira da Foz acolher a Figueira Champions Classic"

A Figueira é uma Terra com tradições muito antigas no ciclismo.

Desde logo, o enorme e espantoso atleta, que foi o figueirense José Bento Pessoa, nascido a 7 de Março de 1874, campeão mundial e o maior ciclista de velocidade do seu tempo.
No final do século XIX, o homem da Figueira tinha um carácter forte, independente, mas aberto às influências do estrangeiro.
A foz do Mondego, era um porto de mar aberto ao comércio internacional, o que propiciava a convivência com os povos mais evoluídos do Norte da Europa.
A Figueira, então uma pequena cidade com cerca de 5 000 habitantes, vai viver por volta de 1895, uma época áurea. Local privilegiado à beira mar plantado, a sua praia, então "a mais bela de Portugal", e a lhaneza da sua gente, atraem veraneantes de vários cantos da Península Ibérica. Nos meses de verão, isso é decisivo para o desafogo financeiro e novos conhecimentos que marcam o figueirense. Todavia, como tudo na vida, também tem um ponto menos positivo: a instabilidade e a incerteza profissional.
Não esquecer, porém, a importância da influência inglesa no desenvolvimento da Figueira do final do século dezanove, tanto a nível comercial, como desportivo.
Um porto de mar que permitia a entrada dos maiores barcos comerciais de então, quase todos de pequeno calado, teria de receber a visita dos britânicos.
Recorde-se: o tratado comercial luso-britânco 1703, conhecido por Tratado de Metwen, nome do negociador inglês, permitiram a vinda de britâncos a Portugal e à Figueira.
Havia permutas comerciais que englobavam os nossos vinhos e os têxteis ingleses.
É neste contexto, por influência dos povos do Norte da Europa, que os figueirenses começam a ver o desporto como uma necessidade.
Surgem as regatas realizadas na foz do Mondego. Criam-se os primeiros Clubes: Associação Naval Figueirense, Clube Ginástico e a Associação Naval 1º. de Maio.
No S. João de 1893, realiza-se um festival velocipédico. O entusiasmo provocado pela prova leva à criação de mais uma colectividade: o Clube Velocipédico Figueirense, mais tarde designado por Ginásio Figueirense.
Progressivamente, foi assim que a Figueira, rapidamente, se torna a terceira potência desportiva do nosso País.
A par do remo e da canoagem, a vitalidade desportiva da Figueira, passa pela ginástica, esgrima, futebol, tiro, hipismo e ciclismo.
A bicicleta era, então, uma maravilha criada pelo Homem. Depois do balão de hidrogénio e do comboio (o irmão mais velho da bicicleta, como então se dizia) a bicicleta é encarada como a resolução dos problemas de locomoção do homem, relegando a tração animal para um plano secundário.
É no contexto vivido no último quartel do século XIX na Figueira da Foz (porto marítimo e comercial aberto ao meracdo internacional, estância balnear a crescer e a ter cotação a nível da Península Ibérica e, ainda, como potência desportiva a seguir a Lisboa e Porto), que nasce o desportista José Bento Pessoa.
Nadou, remou, defendeu bolas no futebol, mas acabou por preferir a novidade dos velocípedes. Após as primeiras vitórias na Figueira da Foz, com apenas 20 anos de idade, José Bento Pessoa fica lançado no meio desportivo português, como um extraordinário atleta.
O ciclismo, na altura, era um desporto de elite. Comprar uma bicicleta só estava ao alcance de uma minoria.
José Bento Pessoa vai para Lisboa trabalhar para um comerciante com uma loja de bicicletas - Manuel Beirão de seu nome.
É a partir daí que Bento Pessoa tem a oportunidade de viver do ciclismo.
Profissionaliza-se. É inscrito na União Velocipédica Espanhola (não estava ainda fundada a União Velocipédica Portuguesa) e começa uma carreira que espantou Portugal e o Mundo.
Correu em Espanha, França (Paris) Bélgica (Gand), Suiça (Genebra), Itália (Turim) Alemanha (Berlim) e Brasil (Pará).
Em Espanha, torna-se um ídolo: nas 68 corridas que lá fez, venceu-as todas.
A 10 de Abril de 1898, no Velódromo de Genebra, na Suíça, perante 20.000 pessoas, bate o invencível campeão suíço Théodore Champion. Em Berlim a 8 de Maio de 1898, talvez o ponto mais alto da sua carreira, no decorrer do Grande Prémio Zimmerman, à época a prova velocipédica mais importante da Europa, em honra de Arthur Augustus Zimmerman, vence o campeão do mundo Willy Arend.
Quando as notícias das suas vitórias chegavam à sua terra, o entusiasmo dos figueirenses expandia-se em manifestações ruidosas e festivas: saíam as filarmónicas, a fachada do Teatro Príncipe iluminava-se, havia marchas, au flambeaux – uma loucura.
Quando o campeão vinha descansar – meia Figueira ia festejá-lo. Chegou a ir da estação do caminho-de-ferro para casa aos ombros dos mais entusiastas.
Em 1 de Setembro de 1901, os clubes ciclistas do país prestaram uma homenagem ao grande campeão. Para lhe ser entregue uma mensagem e um brinde, organizou-se a estafeta ciclista Lisboa-Figueira.
José Bento Pessoa morreu na Figueira da Foz, a 7 de Julho de 1954.
A Câmara da nossa cidade, em 1955, prestou-lhe uma homenagem ao atribuir o seu nome ao Estádio Municipal.
Outro ciclista de grande nome no panorama velocipédico nacional, foi António Alves Barbosa, um dos maiores desportistas figueirenses de todos os tempos.
António Alves Barbosa nasceu em 24 de dezembro de 1931, na Fontela, freguesia de Vila Verde, concelho de Figueira da Foz.
Foi o maior ciclista português da década de 50 do século XX.
Era filho de José Alves Barbosa, que foi contemporâneo e amigo de outro ciclista figueirense: o já atrás referido José Bento Pessoa, o melhor ciclista do mundo de 1892 a 1902.
Poucos recordarão a loja onde José Alves Barbosa alugava bicicletas, na actual Avenida 25 de Abril, na Figueira da Foz, junto do Grande Hotel, por debaixo da Piscina Praia.
Em 1947, com 16 anos de idade, António Alves Barbosa iniciou-se no ciclismo, filiando-se na Associação de Ciclismo do Norte, como aluno.
Começou a usar o nome do pai, tornando-se conhecido por ALVES BARBOSA. Em Portugal representou o Sangalhos. Em França a Rochet e a Rapha-Gitane. Em Espanha a Faema. Correu de 1949 a 1962. Foi 3 vezes vencedor da Volta a Portugal (1951, 1956 e 1958), 2 vezes Campeão Nacional de Fundo/Estrada (1954 e 1956), 5 vezes Campeão Nacional de Velocidade/Pista (1954, 1955, 1956, 1958 e 1959) e duas vezes Campeão Nacional de Ciclo-cross (1961 e 1962).
Participou 4 vezes na Volta a França, 3 na Volta a Espanha, 2 na Volta a Marrocos, 2 na Volta à Andaluzia, 2 no Paris-Nice e em muitas, muitas outras corridas no estrangeiro.
Foi o primeiro ciclista português a vencer três vezes a Volta a Portugal, em 1951, 1956 e 1958. É o ciclista com mais etapas ganhas na Volta a Portugal (Alves Barbosa 33; Cândido Barbosa 25 e Joaquim Agostinho 24).
Em 1951, com apenas 19 anos de idade, cometeu a proeza de vencer a Volta a Portugal com a camisola amarela do primeiro ao último dia.
Em 1956 ganhou a Volta a Portugal, triunfando em 10 das 23 etapas.
Em 1958, envergou a camisola amarela na 2ª. etapa da Volta a Portugal, entre Lisboa e Alpiarça. Nunca mais a despiu, como já tinha feito em 1951.
Na década de 50, provavelmente, teria ganho todas as Voltas a Portugal, não fossem as mais diversas vicissitudes:
- Em 1952 foi impedido de participar porque estava a cumprir o serviço militar;
- Em 1953 e 1954 a Volta não se realizou;
- Em 1955 foi agredido por espectadores, perto da cidade do Porto, quando já era camisola amarela e ia ganhar a etapa e a Volta com um avanço significativo (desta forma perdeu para Ribeiro da Silva).
Ainda em 1955 obtém mais uma vitória no estrangeiro, na “Corrida 9 de Julho”, em São Paulo (Brasil), então a maior prova ciclista da América do Sul, que registou a participação de 500 concorrentes.
Alves Barbosa disputou a Volta a França em 1956, 1957, 1958 e 1960 e a Volta a Espanha em 1957, 1958 e 1961. Foi o primeiro ciclista português a ficar colocado nos primeiros dez da Volta à França.
O cinema aproveitou-se da sua popularidade. Em 1958, foi rodado o filme "O HOMEM DO DIA", em que Alves Barbosa foi protagonista e motivo temático para captar um público que começava a fugir das salas de cinema para a recém-chegada televisão.
Em 1961 iniciou uma carreira de treinador de ciclismo, no Sport Lisboa e Benfica.
De 1975 a 1978 e de 1989 a 1992 foi director técnico nacional da modalidade.
Alves Barbosa foi ainda comentador de ciclismo na rádio, na televisão e em diversos jornais.
Em 1990 recebeu a medalha de mérito desportivo.
Em 2007 foi condecorado com a Medalha de Ouro da Juventude e dos Desportos de França.
Alves Barbosa faleceu no dia 29 de setembro de 2018.
A Volta dos Campeões, que se realizou a partir de 1931 e durou até atá à década de sessenta do século passado, é outro marco da relevância do ciclismo no concelho da Figueira da Foz
Teve como vencedores nomes famosos do panorama ciclista português: por exemplo, em 1932 José Maria Nicolau, ganhou a 2ª. edição da Volta dos Campeões. Em 1961, um ano antes de terminar a sua carreira, o vencedor foi o nosso Alves Barbosa.
São inúmeras as chegadas da Volta a Portugal à Figueira da Foz.
Porém, a chegada à nossa cidade da edição desta prova, em 1973, ficou célebre.
Nesse ano, Joaquim Agostinho, na opinião de muitos, o maior ciclista português de todos tempos, cometeu talvez a sua maior proeza desportiva em Portugal.
Aconteceu na etapa que trouxe a caravana voltista de Abrantes até à Figueira da Foz. Nessa etapa, que tve lugar ao sexto dia da prova, Joaquim Agostinho isola-se ao pelotão logo no início da tirada. Num autêntico contrarrelógio, de quase 200Km, finaliza uma das mais épicas etapas da Volta a Portugal, com 13 minuto de avanço sobre o pelotão.
A importância duma prova de um desporto que movimenta muita gente, como o ciclismo, ficou plasmada na reunião da Câmara da Figueira da Foz que aprovou, por unanimidade, um apoio à realização de uma prova clássica internacional de ciclismo, em fevereiro de 2023.
Esse investimento, vai ser compensado, não só pela “muitíssima gente” que a Figueira Champions Classiccidade vai trazer à cidade, como também pela promoção que a cobertura televisiva vai fazer em 11 e 12 de Fevereiro de 2023.

Via Diário as Beiras 


terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Figueira da Foz, uma cidade com tradições no ciclismo: de José Bento Pessoa à Figueira Champions Classic

A Figueira Champions Classic, corrida de ciclismo de estrada na Figueira da Foz, agendada para 12 de fevereiro, é a principal novidade no calendário de provas portuguesas de escalão internacional para 2023.

Esta prova, uma clássica de nível mundial, com a participação de grandes ciclistas oriundos de vários países, vai ter como palco o nosso concelho. A Figueira Champions Classic corre-se numa extensão de 190 quilómetros, com partida na zona do Relógio, na cidade da Figueira da Foz, e percorre as 14 freguesias.

Haverá cobertura televisiva, através da Eurosport, no dia 12  (com transmissão para mais de meia centena de países) e da CMTV.


Entre muitos outros, farão parte do pelotão da “Figueira Champions / Casino Figueira” dia 12 de fevereiro, Fabio Jakobsen e Kasper Asgreen.  A Soudal Quick-Step já confirmou a presença de ambos, tal como Remi Cavagna, um dos melhores contrarrelogistas do mundo, a par de Asgreen. 

Por parte da Team DSM, o ciclista alemão John Degenkolb é outro dos nomes já confirmados.

O neerlandês Fabio Jakobsen, actualmente um dos melhores sprinters mundiais, em 2022 provou o seu poderio ao sagrar-se Campeão Europeu de Estrada e será com essa camisola que vai desfilar nas estradas da Figueira da Foz. Múltiplo vencedor de etapas na Volta ao Algarve, fazem parte do seu palmarés vitórias na Vuelta e no Tour de France, assim como em outras corridas do circuito World Tour.

Kasper Asgreen é um ciclista todo o terreno e bastante vocacionado para as clássicas. Certamente terá uma palavra a dizer na “Figueira Champions / Casino Figueira”. Contudo, também se destaca no contrarrelógio, sendo campeão dinamarquês desta especialidade, sendo também  dono do título em estrada. Já venceu uma etapa na Volta ao Algarve e várias clássicas belgas, como é o caso da Volta a Flandres, em 2021.

O francês Remi Cavagna, também ele da formação belga, já conquistou o título de campeão francês em contrarrelógio, tal como em estrada. Do seu palmarés consta uma vitória de etapa na Vuelta e foi medalhado em Europeus de contrarrelógio.

Por sua vez, a equipa da Soudal Quick-Step que vem mostrar-se à Figueira da Foz fica completa com gregários como Tim Declercq, Dries Devenys, Casper Pedersen e Ilan Van Wilder, este último um jovem em quem os belgas depositam muita esperança para o futuro.

Por parte da Team DSM, o alemão John Degenkolb, também ele vencedor de etapas na Volta ao Algarve, é outro dos nomes confirmados na Figueira da Foz. Destacam-se vitórias deste corredor em etapas nas três grandes voltas – Giro, Tour e Vuelta –, bem como em dois dos cinco monumentos (Milão-São Remo e a Paris-Roubaix).


A Figueira é uma Terra  com tradições muito antigas no ciclismo.

Desde logo, o enorme e espantoso atleta, que foi o figueirense José Bento Pessoa, nascido a  7 de Março de 1874, campeão mundial e o maior ciclista de velocidade do seu tempo.

"No final do século XIX, o homem da Figueira tinha um carácter forte, independente, mas aberto às influências do estrangeiro.

A foz do Mondego, era um porto de mar aberto ao comércio internacional, o que propíciava a convivência com os povos mais evoluídos do Norte da Europa.

A Figueira, então uma pequena cidade com cerca de 5 000 habitantes, vai viver por volta de 1895, uma época áurea. Local privilegiado à beira mar plantado, a sua praia, então  "a mais bela de Portugal",  e a lhaneza da sua gente, atraem veraneantes de vários cantos da Península Ibérica. Nos meses de verão, isso é decisivo para o desafogo financeiro e novos conhecimentos que marcam o figueirense. Todavia, como tudo na vida, também tem um ponto menos positivo: a instabilidade e a incerteza profissional."


Não esquecer, porém, a importância da influência inglesa no desenvolvimento da Figueira do final do século dezanove, tanto a nível comercial, como desportivo. 

Um porto de mar que permitia a entrada dos maiores barcos comerciais de então, quase todos de pequeno calado, teria de receber a visita dos britânicos. 

Recorde-se: "o tratado comercial luso-britânco 1703, conhecido por Tratado de Metwen, nome do negociador inglês, permitiram a vinda de britâncos a Portugal e à Figueira. 

Havia permutas comerciais que englobavam os nossos vinhos e os têxteis ingleses."

É neste contexto, por influência dos povos do Norte da Europa, que os figueirenses começam a ver o desporto como uma necessidade. 

Surgem as regatas realizadas na foz do Mondego. Criam-se os primeiros Clubes:  Associação Naval Figueirense, Clube Ginástico e a Associação Naval 1º. de Maio.

No S. João de 1893, realiza-se um festival velocipédico. "O entusiasmo provocado pela prova leva à criação de mais uma colectividade: o Clube Velocipédico Figueirense, mais tarde designado por Ginásio Figueirense." 

Progressivamente, foi assim que a Figueira, rapidamente, se torna a terceira potência desportiva do nosso País. 

A par do remo e da canoagem, a vitalidade desportiva da Figueira, passa pela ginástica, esgrima, futebol, tiro, hipismo e ciclismo.


A bicicleta era, então, uma maravilha criada pelo Homem. Depois do balão de hidrogénio e do comboio (o irmão mais velho da bicicleta, como então se dizia) a bicicleta é encarada como a resolução dos problemas de locomoção do homem, relegando a tração animal para um plano secundário.  

É no contexto vivido no último quartel do século XIX na Figueira da Foz (porto marítimo e comercial aberto ao mercado internacional, estância balnear a crescer e a ter cotação a nível da Península Ibérica e, ainda, como potência desportiva a seguir a Lisboa e Porto), que nasce o desportista José Bento Pessoa. 

Nadou, remou, defendeu bolas no futebol, mas acabou por preferir a novidade dos velocípedes. Após as primeiras vitórias na Figueira da Foz, com apenas 20 anos de idade, José Bento Pessoa fica lançado no meio desportivo português, como um extraordinário atleta. 

O ciclismo, na altura, era um desporto de elite. Comprar uma bicicleta só estava ao alcance de uma minoria.  

José Bento Pessoa vai para Lisboa trabalhar para um comerciante com uma loja de bicicletas - Manuel Beirão de seu nome.

É a partir daí que Bento Pessoa tem a oportunidade de viver do ciclismo.

Profissionaliza-se. É inscrito na União Velocipédica Espanhola (não estava ainda fundada a União Velocipédica Portuguesa) e começa uma carreira que espantou Portugal e o Mundo.

Correu em Espanha, França (Paris) Bélgica (Gand), Suiça (Genebra), Itália (Turim) Alemanha (Berlim) e Brasil (Pará). 

Em Espanha, torna-se um ídolo: nas 68 corridas que lá fez, venceu-as todas. 

A 10 de Abril de 1898, no Velódromo de Genebra, na Suíça, perante 20.000 pessoas, bate o invencível campeão suíço Théodore Champion. Em Berlim a 8 de Maio de 1898, talvez o ponto mais alto da sua carreira, no decorrer do  Grande Prémio Zimmerman, à época a prova velocipédica mais importante da Europa, em honra de Arthur Augustus Zimmerman, vence o campeão do mundo Willy Arend. 

Quando as notícias das suas vitórias chegavam à sua terra, o entusiasmo dos figueirenses expandia-se em manifestações ruidosas e festivas: saíam as filarmónicas, a fachada do Teatro Príncipe iluminava-se, havia marchas, au flambeaux – uma loucura. 

Quando o campeão vinha descansar – meia Figueira ia festejá-lo. Chegou a ir da estação do caminho-de-ferro para casa aos ombros dos mais entusiastas. 

Em 1 de Setembro de 1901, os clubes ciclistas do país prestaram uma homenagem ao grande campeão. Para lhe ser entregue uma mensagem e um brinde, organizou-se a estafeta ciclista Lisboa-Figueira. 

José Bento Pessoa morreu na Figueira da Foz, a 7 de Julho de 1954.

A Câmara da nossa cidade, em 1955, prestou-lhe uma homenagem ao atribuir o seu nome ao Estádio Municipal.


Outro ciclista de envergadura e que atingiu grande nome no panorama velocipédico nacional, foi  António Alves Barbosa, um dos maiores desportistas figueirenses de todos os tempos.   

António Alves Barbosa nasceu em 24 de dezembro de 1931, na Fontela, freguesia de Vila Verde, concelho de Figueira da Foz.

Foi o maior ciclista português da década de 50 do século XX. 

Era filho de José Alves Barbosa, que foi contemporâneo e amigo de outro ciclista figueirense: o já atrás referido José Bento Pessoa, o melhor ciclista do mundo de 1892 a 1902.

Poucos recordarão a loja onde José Alves Barbosa alugava bicicletas, na actual Avenida 25 de Abril, na Figueira da Foz, junto do Grande Hotel, por debaixo da Piscina Praia. 

Em 1947, com 16 anos de idade, António Alves Barbosa iniciou-se no ciclismo, filiando-se na Associação de Ciclismo do Norte, como aluno. 

Começou a usar o nome do pai, tornando-se conhecido por ALVES BARBOSA. Em Portugal representou o Sangalhos. Em França a Rochet e a Rapha-Gitane. Em Espanha a Faema. Correu de 1949 a 1962. Foi 3 vezes vencedor da Volta a Portugal (1951, 1956 e 1958), 2 vezes Campeão Nacional de Fundo/Estrada (1954 e 1956), 5 vezes Campeão Nacional de Velocidade/Pista (1954, 1955, 1956, 1958 e 1959) e duas vezes Campeão Nacional de Ciclo-cross (1961 e 1962).

Participou 4 vezes na Volta a França, 3 na Volta a Espanha, 2 na Volta a Marrocos, 2 na Volta à Andaluzia, 2 no Paris-Nice e em muitas, muitas outras corridas no estrangeiro.

Foi o primeiro ciclista português a vencer três vezes a Volta a Portugal, em 1951, 1956 e 1958. É o ciclista com mais etapas ganhas na Volta a Portugal (Alves Barbosa 33; Cândido Barbosa 25 e Joaquim Agostinho 24).

Em 1951, com apenas 19 anos de idade, cometeu a proeza de vencer a Volta a Portugal com a camisola amarela do primeiro ao último dia.

Em 1956 ganhou a Volta a Portugal, triunfando em 10 das 23 etapas.

Em 1958, envergou a camisola amarela na 2ª. etapa da Volta a Portugal, entre Lisboa e Alpiarça. Nunca mais a despiu, como já tinha feito em 1951.

Na década de 50, provavelmente,  teria ganho todas as Voltas a Portugal, não fossem as mais diversas vicissitudes:

- Em 1952 foi impedido de participar porque estava a cumprir o serviço militar;

- Em 1953 e 1954 a Volta não se realizou;

- Em 1955 foi agredido por espectadores, perto da cidade do Porto, quando já era camisola amarela e ia ganhar a etapa e a Volta com um avanço significativo (desta forma perdeu para Ribeiro da Silva).

Ainda em 1955 obtém mais uma vitória no estrangeiro, na “Corrida 9 de Julho”, em São Paulo (Brasil), então a maior prova ciclista da América do Sul, que registou a participação de 500 concorrentes. 

Alves Barbosa disputou a Volta a França em 1956, 1957, 1958 e 1960 e a Volta a Espanha  em 1957, 1958 e 1961. Foi o primeiro ciclista português a ficar colocado nos primeiros dez da Volta à França.

O cinema aproveitou-se da sua popularidade. Em 1958, foi rodado o filme "O HOMEM DO DIA",  em que Alves Barbosa foi protagonista e motivo temático para captar um público que começava a fugir das salas de cinema para a recém-chegada televisão. 

Em 1961 iniciou uma carreira de treinador de ciclismo, no Sport Lisboa e Benfica.

De 1975 a 1978 e de 1989 a 1992 foi director técnico nacional da modalidade.

Alves Barbosa foi ainda comentador de ciclismo na rádio, na televisão e em diversos jornais. 

Em 1990 recebeu a medalha de mérito desportivo.

Em 2007 foi condecorado com a Medalha de Ouro da Juventude e dos Desportos de França.

Alves Barbosa faleceu no dia 29 de setembro de 2018.


A Volta dos Campeões, que se realizou a partir de 1931 e durou até atá à década de sessenta do século passado, é outro marco da relevância do ciclismo no concelho da Figueira da Foz

Teve como vencedores nomes famosos do panorama ciclista português: por exemplo, em 1932 José Maria Nicolau, ganhou a 2ª. edição da Volta dos Campeões. Em 1961, um ano antes de terminar a sua carreira, o vencedor foi o nosso Alves Barbosa. 


São inúmeras as chegadas da Volta a Portugal à Figueira da Foz.

Porém, a chegada à nossa cidade da  edição desta prova, em 1973,  ficou célebre.

Nesse ano, Joaquim Agostinho, na opinião de muitos, o maior ciclista português de todos tempos, cometeu, talvez, a sua maior proeza desportiva em Portugal. 

Aconteceu na etapa que trouxe a caravana voltista de Abrantes até à Figueira da Foz. Nessa etapa, que teve lugar ao sexto dia da prova, Joaquim Agostinho isola-se ao pelotão logo no início da tirada. Num autêntico contrarrelógio, de quase 200Km, finaliza uma das mais épicas etapas da Volta a Portugal, com 13 minuto de avanço sobre o pelotão.


A importância duma prova de um desporto que movimenta muita gente, como o ciclismo, ficou plasmada na reunião da Câmara da Figueira da Foz que aprovou,  por unanimidade, um apoio à realização de uma prova clássica internacional de ciclismo, em fevereiro de 2023.

Esse investimento, vai ser compensado, não só pela  “muitíssima gente”  que a  Figueira Champions Classiccidade vai trazer à ciade, como também pela promoção que a cobertura televisiva vai fazer em 11 e 12 de Fevereiro de 2023. 

NOTA DE RODAPÉ.

Bibliografia: José Bento Pessoa (Biografia) – Romeu Correia; A Bola; consultas bibliográficas de notícias da imprensa local existentes na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz e Figueira Champions Classic.

A felicidade de saber o que é a Liberdade

As crianças não ligam à felicidade. Gostam é de guloseimas, brinquedos e atenção. 
É o que muitas, pela vida fora, se limitam a continuar a apreciar.
A  maior parte das pessoas que conheço, não notariam a falta de Liberdade, nem lutariam se a Liberdade não existisse. 
Só se preocupa com a livre expressão de ideias quem tem ideias para exprimir. 
Quem gosta de Liberdade, é uma minoria que gosta de exprimir ideias e de ter acesso às ideias dos outros.
Na Terra de Manuel Fernandes Tomás, para alguns, a ideia de Liberdade sempre foi fundamental. No tempo da ditadura de Salazar e Caetano, a Figueira foi um baluarte em defesa da Liberdade. Entre 1933 e 1974, a polícia política teve muito que fazer no nosso concelho. Realizou devassas domiciliárias abusivas, proibiu reuniões e convívios dos democratas opositores ao regime. E, entre outros mimos, efectuou prisões.

Em 2007, no meu blogue OUTRA MARGEM, com a colaboração de alguns amigos, publiquei textos onde recordei alguns dos que lutaram pela Liberdade,  quando isso era perigoso e difícil. Lembrei Leitão Fernandes, João Cenáculo Vilela, Ruy Alves, Guije Baltar, José da Silva Ribeiro, Cristina Torres, José Martins, Joaquim Namorado, Agostinho Saboga, Luís Fernando Argel de Melo e Silva Biscaia, Mário Neto e Luís da Cruz Falcão Martins.
O critério foi simples: a minha memória e algumas das minhas vivências e dos amigos que, na altura, colaboraram comigo. 
A minha intenção foi clara e simples: "agradecer, corporizando na figura destas pessoas, a todos que sofreram horrores para hoje sermos livres em Portugal."
Para além dos que recordei em 2007, Maurício Pinto (comerciante), Júlio Gonçalves (advogado), Adelino Mesquita (advogado), Albano Duque (contabilista, casado com a Professora Cristina Torres, José Rafael Sampaio (professor, talvez de todos o que mais prisões sofreu) João Bugalho (médico), Lopes Feteira (médico),  João de Almeida  (advogado),  Mário Rente (tipógrafo), Valdemar Ramalho (gestor comercial), irmãos Rama (comerciantes), Vieira Gomes (médico), Gilberto Vasco (médico), Santos Silva (médico),  José de Freitas  (comerciante), Vieira Alberto (engenheiro), Cerqueira da Rocha (advogado), Marcos Viana (professor), Manuel Lontro Mariano e muitos mais que, por todo o concelho, lutaram pela Liberdade, sem esquecer os felizmente ainda vivos Dr. Joaquim Barros e Sousa, Joaquim Monteiro, Cação Biscaia, José Iglésias e Augusto Menano, merecem também ser destacados.
Em todos existia uma "unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito".

Recorda-los, é dar exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos. Muitas vezes, as reuniões realizavam-se com a Pide à porta do restaurante. Num dos anos, no restaurante “Tubarão”, um agente quis deter a Drª. Cristina Torres, que presidia ao jantar. Porém,  não o conseguiu, tal foi o “barulho” que todos os presentes fizeram e os argumentos apresentados, o que levou o agente a pedir que, ao menos, se acabasse com a reunião.

Nesses encontros, por vezes, vinham até à nossa cidade democratas de fora da Figueira: de Coimbra, Orlando de Carvalho, de Leiria Vasco da Gama Fernandes, e de Arganil Fernando Vale, "que proferiam arrebatadores e entusiastas discursos, animando os democratas figueirenses a prosseguir na luta contra o fascismo.".

Foram tempos de grande agitação e valia política, em que os interesses pessoais eram sempre superados pelo desejo intenso de contribuir para tornar possível um Portugal livre e progressista.

Como disse o Dr. Luís Melo Biscaia, "defendiam-se ideais e havia unidade no combate a um regime assente na violência, na intolerância, na denúncia e perseguição dos que não apoiavam o chamado Estado Novo, na ignorância do povo, na atribuição de privilégios injustos, um regime que apostava em amarfanhar a alma nacional."

(Este texto foi publicado na Revista Óbvia, edição de Dezembro de 2022)

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Nasceu há 128 anos: José da Silva Ribeiro, um Homem que dedicou a vida a cultivar o Povo


José da Silva Ribeiro, um Homem do Teatro e do Jornalismo, que quis fazer sempre mais e melhor pela Cultura da sua Terra

Homem de Cultura, repartiu a vida entre o Jornalismo e o Teatro, actividade em se notabilizou. O seu nome confunde-se com a Sociedade de Instrução Tavaredense, fundada tinha ele 10 anos. Começou logo aí a sua ligação com a Arte de Talma. 
Não a praticou noutro sítio: “Eu sou apenas Tavarede e mais nada”.

Nota de rodapé.

Há momentos que valem uma vida..
Recordo o episódio do meu único encontro com José da Silva Ribeiro.
Corria o ano de 1975 e eu, então, um jovem, era um dos componentes do GAU (Grupo de Acção Unida), um grupo de jovens da Cova-Gala ligado à Igreja católica.
Tínhamos várias actividades, entre elas o Teatro.
Por essa altura, encenada pelo Senhor Ferreira, estávamos em ensaios para levar à cena “As Duas Causas”, do Ramada Curto. Tínhamos imensas dificuldades. Entre elas, estávamos com dificuldades em arranjar o guarda roupa. Foi então que resolvemos ir falar com o Mestre José Ribeiro, ao SIT, a Tavarede. E, na delegação do GAU, lá fui. 
Fomos recebidos com toda a deferência. Nunca mais esqueci aquela noite única e especial.
Para além do guarda roupa, que facilmente nos foi cedido a título de empréstimo, trouxe uma injecção de entusiasmo, que me tem ajudado a encarar a vida e as suas vicissitudes. Obtive, também, de forma completamente espontânea e informal uma lição de Teatro, gosto esse que, se é verdade, já existia, me foi refinado naquela noite pelos ensinamentos e incentivo do Mestre, detentor de uma sensibilidade e de um entusiasmo, a que juntava o prazer de transmitir o gosto pela sua paixão de sempre, sem nos dar a entender que nos estava a dar uma lição.
Aquela lição, naquela noite única e irrepetível na minha vida, ficou para sempre gravada na memória de um jovem incipiente, mas aberto ao conhecimento. A minha gratidão para com o Mestre José da Silva Ribeiro não é possível de traduzir em palavras, por mais autênticas, sentidas e genuínas que elas sejam.
José Ribeiro, na única vez em com ele falei, marcou-me profundamente. Vi logo que estava perante um Homem de grande envergadura cultural, cívica e política, que se preocupava com a transmissão do saber e da cultura ao povo.
Foi, aliás, isso mesmo, a sua preocupação com a instrução do povo, que o fez ser uma vítima, mais uma, do ditador Salazar.
Portugal não se tornou um País inteiramente livre em 25 de abril de 1974.
Falar de respeito, é uma coisa, mas o que existia nesses tempos da ditadura não era respeito, era medo. Medo da prisão, medo da tortura, medo do vizinho, medo da PIDE.
Essa mesma PIDE que prendeu José da Silva Ribeiro, um Homem que gostava apenas que o seu Povo fosse Livre, isto é, tivesse cultura e instrução.

domingo, 24 de abril de 2022

Recordando figueirenses (alguns deles completamente esquecidos), que lutaram pela Liberdade na Figueira

Forte de Peniche, testemunho de opressão e luta pela Liberdade.
"É preciso gostar muito de Liberdade, para fugir daquela maneira"

Este ano, para comemorar o 48º. aniversário do 25 de Abril de 1974, tomei a Liberdade de recordar algumas pessoas na minha página do facebook que lutaram, quando isso era perigoso e difícil, pela Liberdade. 
Se o facebook serve para tanta coisa porque não servir também para isso?
Lembrei Leitão Fernandes, João Cenáculo Vilela,  Ruy Alves, Guije Baltar, José da Silva Ribeiro, Cristina Torres, José Martins, Joaquim Namorado, Agostinho Saboga, Luís Fernando Argel de Melo e Silva Biscaia, Mário Neto e Luís da Cruz Falcão Martins.

O critério, foi a minha memória. E, sobretudo, as minhas vivências. Se cada um der o seu contributo, podemos todos ter melhores, maiores e mais justas memórias. 
Eu tentei fazer a minha parte. Mas, não posso fazer tudo: não sei tudo e nem tenho tempo para tudo. 
Tal como muita gente, limitei-me a "agradecer, corporizando na figura destas pessoas, a todos que sofreram horrores para hoje sermos livres em Portugal."
À minha maneira, ficou o reconhecimento sentido e grato que consegui fazer.

Como aprendi com muitos dos que acima mencionei, no tempo da ditadura de Salazar e Caetano, a Figueira foi um forte e valioso baluarte em defesa da Liberdade e da Democracia.
Entre 1933 e 1974, a polícia política teve muito que fazer no nosso concelho. Realizou devassas domiciliárias abusivas, proibiu reuniões e convívios dos democratas opositores ao regime. E, entre outros mimos, efectuou prisões.

A Figueira, terra de tradições na luta pela Liberdade, antes do 25 de Abril de 1974, tinha um grupo de democratas, dinâmicos e corajosos, que não abrandaram nunca na sua luta.
Para além dos que recordei ontem no meu facebook, lembro mais alguns que conheço só de nome: Maurício Pinto, comerciante; Júlio Gonçalves, advogado; Adelino Mesquita, advogado; Albano Duque, contabilista, casado com a Professora Cristina Torres; José Rafael Sampaio, professor, talvez de todos o que mais prisões sofreu; João Bugalho, médico; Lopes Feteira, médico; João de Almeida, advogado; Mário Rente, tipógrafo; Valdemar Ramalho, gestor comercial; Irmãos Rama, comerciantes; Vieira Gomes, médico;  Gilberto Vasco, médico; Santos Silva, médico; José de Freitas, comerciante; Vieira Alberto, engenheiro; Cerqueira da Rocha, advogado; Marcos Viana, professor; Manuel Lontro Mariano. E, certamente,  muitos mais por todo o concelho, sem esquecer os felizmente ainda vivos Dr. Joaquim Barros e Sousa, Joaquim Monteiro, Cação Biscaia, José Iglésias e Augusto Menano.

Estes são alguns que, na Figueira,  tiveram acção de destaque no combate à ditadura, o que sempre fizeram com tenacidade e sem medo. Uns, em tempos já longínquos, que eu já não conheci. Outros, mais próximos do fim da ditadura, que eu ainda conheci.
E houve outros que, dada a sua profissão, tiveram de levar a cabo a sua luta pela Liberdade de forma anónima. Em todos, porém, existia uma "unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito".

Antes do 25 de Abril de 1974, realizaram-se muitas reuniões (sempre em locais diferentes para despistar a polícia), elaboraram-se muitos manifestos e muitos documentos de propaganda contra a ditadura, distribuídos a altas horas da noite de casa em casa.
Alguns desses democratas ainda estavam vivos em 1974 e viram a chegada da Liberdade com a Revolução dos Cravos, que libertou o povo português de uma ditadura, "que quase ia aniquilando a alma nacional."
Recordar essas pessoas, é recordar exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos.
Muitas vezes, as reuniões realizavam-se com a Pide à porta do restaurante. Num dos anos, no restaurante “Tubarão”, um agente quis deter a Drª. Cristina Torres, que presidia ao jantar. Porém,  não o conseguiu, tal foi o “barulho” que todos os presentes fizeram e os argumentos apresentados, o que levaram o agente a pedir que, ao menos, se acabasse com a reunião.

Nesses encontros, por vezes, vinham até à nossa cidade democratas de fora da Figueira, como Orlando de Carvalho (o melhor orador que eu vi discursar), vindo de Coimbra, Vasco da Gama Fernandes, de Leiria, Fernando Vale, de Arganil, "que proferiam arrebatadores e entusiastas discursos, animando os democratas figueirenses a prosseguir na luta contra o fascismo."
Eram tempos de muita coragem, em que se defendiam essencialmente ideais, por vezes diferentes. Porém, todos estavam unidos na acção contra a ditadura.
Foram tempos de grande preocupação e também valia política, em que os interesses pessoais eram sempre superados pelo desejo intenso de contribuir para a Liberdade e para a Democracia, no sentido de tornar possível um Portugal livre e progressista.

Como dizia o Dr. Luis Melo Biscaia, "defendiam-se ideais e havia unidade no combate a um regime assente na violência, na intolerância, na denúncia e perseguição dos que não apoiavam o chamado Estado Novo, na ignorância do povo, na atribuição de privilégios injustos,  um regime que apostava em amarfanhar a alma nacional. E quando já poucos acreditavam que um regime com cerca de meio século de vigência pudesse ser vencido, veio afinal a verificar-se que estava efectivamente podre, caduco, propício à Revolução do 25 de Abril de 1974."
Na véspera de um dia em que se celebra o 48º, aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974 ficou a minha evocação de alguns democratas figueirenses que, com coragem e persistência, lutaram contra a ditadura que nos governou durante cerca de meio século. 
Recordar a  memória destes que mencionei, que lutaram pela Liberdade, foi a minha forma de lhes agradecer - a eles e a todos os que combateram - terem-me permitido viver 48 anos da minha vida em Liberdade.
Viva a Liberdade. Viva o 25 de Abril. Sempre. 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Estamos a precisar mesmo de um novo ano. A sério...

Silvina Queiroz, via Lux.

“Ano Novo!”
"Há dias, um tresloucado ou tresloucados, vandalizaram a base do busto de um insigne filho desta terra: José da Silva Ribeiro. Um Homem ilustre e respeitável, que deu ao sítio onde nasceu, a linda Tavarede, muito do seu saber e do seu tempo: na alfabetização de muitos, no ensino da arte de Talma, o Teatro, a tantos outros.
Dele vos falarei brevemente porque o merece. Foi um ultraje perpetrado contra a sua memória, a sua terra natal, a cidade da Figueira da Foz, que tanto amou. Já em vésperas de Natal e muito perto dali, haviam acontecido outros deploráveis actos de vandalismo.
Dessa feita foi a destruição da árvore de Natal e do Presépio, orgulhos dos tavaredenses. Na manhã que se seguiu à loucura, foi o desânimo total. Cada um sentiu aquilo como uma afronta pessoal e colectiva.
E pergunto-me: como pode alguém ter tão ruim fundo, tamanha insensibilidade, tanta malvadez?! Destruíram gratuitamente grande parte da magia natalícia, ofenderam a religiosidade de muitos, a estética comum, as crianças e a sua alegria genuína. Para não falar do pesar que infligiram a todos.
Queremos um Ano Novo a sério, no respeito por todos, pelas diferentes sensibilidades e gostos, um ano de Paz e fraternidade, onde seja possível a realização dos sonhos mais caros.
Aceitem um abraço amigo, carregado de esperança."

domingo, 2 de janeiro de 2022

Estátua de Mestre José da Silva Ribeiro vandalizada

«Hoje, lamentavelmente, Tavarede acordou estupefata.
Depois de destruírem o nosso presépio, agora foi o busto do Mestre.
Sabemos que nenhum Tavaredense teria a coragem de o fazer e afirmamos perante quem o fez que não é com estes atos de pura estupidez que irão derrubar a nossa comunidade, ou a nossa memória.
Que se investigue, porque já estamos a ficar um bocadinho fartos.
Pelas nossas Tradições, pela memória do Mestre José da Silva Ribeiro e sobretudo por Tavarede, que se acabe rapidamente esta estupidez e se encontrem o(s) energúmeno(s) que tiveram a coragem de atentar contra um dos maiores símbolos Tavaredenses".»

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

José da Silva Ribeiro, um Homem do Teatro e do Jornalismo, que quis fazer sempre mais e melhor pela Cultura da sua Terra

José da Silva Ribeiro, Homem de Cultura, repartiu a vida entre o Jornalismo e o Teatro, actividade em se notabilizou. O seu nome confunde-se com a Sociedade de Instrução Tavaredense, fundada tinha ele 10 anos. Começou logo aí a sua ligação com a Arte de Talma. 
Não a praticou noutro sítio: “Eu sou apenas Tavarede e mais nada”.
Quase que por acidente, descobri no espólio da RTP, três videos sobre José da Silva Ribeiro, "um Homem que dedicou a vida a cultivar o Povo".
Não resisti. Para os ver basta clicar.

Encontro com José Ribeiro

O Homem de Tavarede – Parte I

Se fosse vivo, José da Silva Ribeiro teria completado ontem 127 anos. No face, a recordar a data, li uma postagem que também não resisti a citar.

Para além da Vida, uma Obra, uma Lição...

Por Paula Simões

"A 18 de novembro de 1894, nasceu em Tavarede, num humilde,mas feliz lar, onde reinava a fraternidade, o respeito, a compreensão e a tolerância, José da Silva Ribeiro.
Pequeno ainda, lidou no campo, partilhou a vida dura dos trabalhadores rurais, o que o levou, mais tarde, a lutar pela melhoria das suas condições de vida.
Aos dez anos, estreou-se no teatro como amador. O teatro haveria de ser sempre uma constante de toda a sua vida.
Aos doze anos, entrou como aprendiz na Tipografia Popular. À noite, frequentava as aulas na Escola Dr Bernardino Machado. Deslocava-se a pé da Figueira para Tavarede, o que aliás, sempre fez até a doença lho permitir.
 Em 1908, com 14 anos, dirigiu o jornal O Poeta.
Mais tarde, ingressou nos escritórios dos Caminhos de Ferro da Beira Alta.
Entretanto, começa a Primeira Guerra Mundial.  Embarca para Moçambique em 1916. Aí, recebe a triste notícia da norte de seu pai.
Regressa a Portugal  em setembro de 1919.
Volta para a Voz da Justiça, mas agora, como secretário da Redação. Ingressa como amanuense na Escola Dr Bernardino Machado, cargo que exerceu com maior zelo, até 1923.
Em 1933, é preso. Foi deportado para Angra do Heroísmo, onde permaneceu, durante um ano, em regime de extrema incomunicabilidade.
Regressando do exílio, volta ao jornalismo.
O seu jornal, era um incômodo para o governo da época. Em julho de 1937, o Voz da Justiça é silenciado... em junho de 1938, Jose Ribeiro é de novo preso. Detido pela PIDE...
A sua vida não foi fácil !
Nunca desistiu de lutar pelos seus ideais, mesmo sabendo o quanto isso lhe custava...
Sempre disponível para os outros, familiares ou não, defensor constante dos humildes e desprotegidos, do civismo e da educação, autor de livros infantis , era um Homem verdadeiramente excepcional na vida da nossa cidade.
Depois do 25 de abril de 1974, com um simples requerimento, poderia ter solicitado, como muitos outros, uma indemnização ao Estado. Negou-se a fazê-lo.... Era assim, José Ribeiro!
Um Homem Bom, consciente, humilde...
Foi um enorme orgulho ter privado com Ele. Ora na Escola dos Quatros Caminhos, onde ensaiava a nossa Festa de Natal, ora na SIT, onde era o meu MESTRE.
Lembro-me tão bem de um dia, vinha eu da catequese com o meu avô, quando ao longe avistei o “ mestre”... Disse ao meu avô:
- Avô, vem ali o meu ensaiador! É ele que me anda a ensinar a ser Nossa Senhora na Festa de Natal da escola!
Entretanto, vamo-nos aproximando e paramos para cumprimentar o Sr. José, como lhe chamava o meu avô...Ao reconhecer-me, diz ao meu avó:
- Ó João, não me digas que esta menina é tua neta. Ela tem muito jeito para o Teatro! 
Olha, leva lá a menina à Sociedade que tenho um papel para ela...
E o meu avô levou-me...
Foi o início de uma grande paixão, o início de um Amor para a vida toda!
Parabéns, Mestre!
Obrigada, por me ter ensinado a amar e a viver o Teatro!
Se ainda pertencesse ao “ nosso mundo”, faria hoje 127 anos!
Este foi, sem a menor dúvida, o “ maior” filho da minha Terra!"

sexta-feira, 15 de maio de 2020

A pesada herança do edifício "O Trabalho”...

Via Nelson Fernades
CONTRIBUTO (SEM CANDURA) PARA A COMPRENSÃO DO EDIFÍCIO “O TRABALHO”
"Volta agora a discussão sobre o edifício “O Trabalho”. E parece que mais uma vez se aponta como solução a compra do edifício pela Câmara, para depois demolir. Portanto a Câmara gastava na compra, na demolição e nas obras para utilizações futuras. E o proprietário recebia dinheiro pelo mono. E pelos antecedentes talvez pegue.
David Monteiro, num recente escrito dizia do edifício como centro comercial. “A ideia era interessante: um edifício no centro da Figueira, construído para albergar comércio, escritórios, estacionamento coberto e habitação. Para mais, estávamos no tempo da explosão das superfícies comerciais e a Figueira, evidentemente, não passou ao lado deste fenómeno”. Isto é, um dia alguém passou por ali olhou para aquele espaço e pensou. Aqui ficava bem um centro comercial. E vai daí construiu-se o edifício.
A análise de David Monteiro, e outras que tenho lido são de uma angelical candura. Porque há uma realidade subjacente que não é tão inócua quanto se pode pensar. Analisar o edifício “o Trabalho” isoladamente, sem o enquadrar no plano mais vasto da urbanização da Figueira da Foz do tempo é confundir a árvore com a floresta.
Dois pressupostos prévios. Não havia Plano Diretor Municipal, nem a Lei do Financiamento das Autarquias Locais estava em vigor. O autofinanciamento estava em voga, sobretudo através da venda de património. Para urbanização vendiam-se terrenos municipais, e autarquia que não tivesse terrenos vendia ar, através das construções em altura. Por outro lado o turismo de massas tinha os seus exemplos na Quarteira ou em Troia, pelo que a Figueira haveria que entrar na moda.
Sem falar das urbanizações dos subúrbios, (Tavarede, Vila Verde) ou na Encosta Sul da Serra da Boa Viagem, a malha urbana mais afetada foi a Marginal Oceânica, e, no seu seguimento a parte norte da Esplanada Silva Guimarães, e ainda o quarteirão do Hotel Portugal. A transformação da Marginal Oceânica iniciou-se com a construção do Hotel Atlântico, do lado sul, e depois de algumas vicissitudes, o edifício do J. Pimenta a Norte. Estes dois edifícios funcionaram como baliza para as cérceas. Assim estas, passaram então de seis andares para doze, e mais tarde completou-se a urbanização do gaveto na rotunda da Ponte do Galante, entre a rua de Buarcos e a Avenida 25 de Abril para sul. Com a urbanização do quarteirão do Hotel Portugal, e ainda com a “modernização” do edifício do Casino, ficou pronta a primeira fase da transformação que á época se desenhou para a Figueira da Foz.
Mas havia uma segunda fase que seria a Marginal Ribeirinha. Esta marginal envolvia a parte sul da Esplanada Silva Guimarães, o Mercado Municipal e os edifícios adjacentes, onde funcionava um colégio de freiras, casas de habitação e comércio. O edifício “o Trabalho”, e um outro prédio (o edifício Foz) situado no gaveto entre a rua da Liberdade e a rua Académico Zagalo, são a parte visível, deste projeto para a zona ribeirinha. Tal como para a Marginal Oceânica foram traçadas balizas a norte e a Sul, estes dois edifícios eram as balizas da urbanização virada á foz do rio.
Houve na realidade um contrato entre a Câmara e o promotor imobiliário, contrato esse que ainda hoje anda pelos tribunais, que envolvia a alienação do Mercado Municipal, cedendo a Câmara terrenos para a construção de novo mercado nos terrenos a norte do Parque das Abadias. Este, no seguimento da aquisição dos terrenos do mercado, adquiriu, por permuta, o colégio das freiras, (construindo o edifício da Casa de Nossa Senhora do Rosário na Rua José da Silva Ribeiro), e outros edifícios com limites no Passeio Infante D. Henrique e na Rua Francisco António Dinis.
Tal projeto foi inviabilizado porque os figueirenses se opuseram num movimento que abrangeu parte importante da sociedade da época, e obrigou a Câmara a abortar tal plano. Com efeito o Bairro Novo ficou praticamente sem residentes, o Casino alterou a sua oferta, o espaço para atividades terciárias foi exagerado, e o modo de estar dos “banhistas” alterou-se por completo. E do ponto de vista estético, estes prédios, incluindo o Casino obviamente, e também o posterior edifício da Ponte do Galante, noutra era, são daqueles que nenhum arquiteto reivindica a paternidade.
Em resumo, o edifício “O Trabalho” é o remanescente de uma urbanização abortada que compreendia mais cinco edifícios no espaço do Mercado Municipal e outro, ou outros, na parte do Passeio Infante D. Henrique.
Se deve ir abaixo ou não, confesso que não sei. Mas que não deve haver injeção de dinheiros públicos, não! Que o Hotel Atlântico é um caso de remodelação de sucesso, é! Que o proprietário deve ser o responsável pela solução, deve! Que enquanto não encontrar a solução deve ser bem sobrecarregado com IMI, e com a fiscalização severa do estado de conservação do prédio, deve!"
Nota.
Depois de ler, atentamente, como sempre, Nelson Fernandes, na minha opinião, o melhor membro político que passou pela Assembleia Municipal figueirense, continuei com uma dúvida.
Ana Carvalho, sábado passado, no Diário as Beiras, sobre este assunto começou assim a sua crónica. Passo a citar:
"Antes de se apresentar uma solução, há que perceber um pouco da situação do malfadado edifício “O Trabalho”.
Este edifício obteve aprovação do projecto em 1987, em reunião de câmara com 5 votos a favor de vereadores de todos os partidos, PS, PSD, PRD e PCP, tendo a obra sido finalizada em 1992."
Será que isto tem algum fundamento histórico? Citando Miguel Almeida, este é "um Edifício que é um Trabalho"!

domingo, 12 de abril de 2020

AUTARCAS DO PS E PSD NÃO QUEREM SE CÚMPLICES DA MANIPULAÇÃO

"Há autarcas que recusam ser cúmplices da mentira e manipulação em relação à evolução do COVID2019. Não, não são só os do PSD, como Carlos Carreiras (Cascais) e Joaquim Moreira Pinto (Espinho). Também os há entre a maioria de autarcas do PS, como Nuno Vaz Ribeiro (Chaves), e até do CDS/PP, como José Pinheiro e Silva (Vale de Cambra).

P. S. Rui Rio, da sua cadeira do BCP, perdão, do PSD, perdão, da sua casa no Porto, sem uma única visita no terreno, continua a confundir solidariedade e cumplicidade. Fia-te em Sanchez e no New York Times..."


Daqui

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Encontros do Mar 2020 iniciaram-se com a presença do Almirante Doutor António Silva Ribeiro

"O convidado, neste primeiro Encontro, Almirante Doutor António Silva Ribeiro, é Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas Portuguesas, antigo Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional, antigo Director do Instituto Hidrográfico da Marinha Portuguesa, Professor Catedrático Convidado do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-UL), associado e membro do Conselho Consultivo e Científico do CEMAR na Figueira da Foz e na Praia de Mira desde 1997, Associado Honorário do CEMAR em 2017, etc..

O ciclo Encontros do Mar 2020, em celebração dos vinte e cinco anos da fundação do Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque - CEMAR (1995-2020), começou, desta maneira, com chave de ouro; e vai continuar ao longo de todo o ano de 2020, aos sábados à tarde, a partir das 15.00 horas, na Figueira da Foz do Mondego (Buarcos) e em outros locais.

Neste primeiro Encontro, o convidado -- para tal fim, o interveniente mais credenciado -- apresentou uma visão geral da relação de Portugal com o Mar, não somente de um ponto de vista histórico mas também de perspectivação do Presente e do Futuro, sob o ponto de vista estratégico, institucional, económico, social e cultural.
No informal mas vivo debate que se seguiu (no espírito que vai continuar a ser sempre o dos Encontros do Mar, em profícuas sessões de trabalho especializado), houve intervenções com contributos de vários dos presentes que neste dia se deslocaram para esse fim especialmente à Figueira da Foz (contributos não muito numerosos, mas muito qualificados, por muito qualificados serem os que nessa ocasião os proferiram), nomeadamente o Com. Armando Dias Correia (Marinha Portuguesa), Eng. João Paulo Craveiro (Coimbra), Eng. Paulo Gonçalves (ARL), Dr. Miguel Marques (PwC), Dr. Manuel Castelo Branco (ISCAC-Coimbra Business School), Alfredo Pinheiro Marques (CEMAR), Dr. Carlos Monteiro (CMFF), os Mestres Pescadores Manuel Gabriel e Alcino Clemente (Praia de Mira).
Entre a assistência contaram-se figuras como o Juiz Desembargador Luís Azevedo Mendes, Presidente do Tribunal da Relação de Coimbra, o Almirante Aníbal Ramos Borges, Director da Revista da Armada, Mestre José Festas, Presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, etc..

Esta conferência do CEMGFA Almirante António Silva Ribeiro corresponde à que deveria ter sido proferida em primeiro lugar nesta cidade da Figueira da Foz no decorrer da vigência da grande exposição “O Infante Dom Pedro de Coimbra -- e de Buarcos (Foz do Mondego] — na História de Portugal”, organizada em 2019 pelo Tribunal da Relação de Coimbra, Brigada de Intervenção do Exército Português, Câmara Municipal da Figueira da Foz e Centro de Estudos do Mar, a qual esteve patente na Primavera desse ano no Palácio da Justiça de Coimbra (Tribunal da Relação), e se esperava que viesse a estar aberta ao público no Verão desse ano de 2019 na Figueira da Foz no edifício histórico da Casa do Paço, da Câmara Municipal da Figueira da Foz (e se esperava que tivesse sido por essa Câmara Municipal proposta para ser integrada na celebração do Dia da Marinha, na sua extensão à cidade da Foz do Mondego). Tal exposição, na sua conceptualização, acervos, etc., foi já em si mesma um primeiro contributo embrionário para a criação do Museu do Mar da Foz do Mondego (MMFM): a parceria desde 2017 a ser preparada entre a Câmara Municipal local e o Centro de Estudos do Mar, e com os possíveis apoios e colaborações da Marinha Portuguesa e do seu respectivo Museu de Marinha de Lisboa, etc.. Possíveis apoios e colaborações que, agora, não deixaram de ser mencionados pelo Almirante António Silva Ribeiro nesta sua conferência na Figueira da Foz em 18.01.2020, pois começaram a ser estudados entre a CMFF, o CEMAR, e a Marinha, no tempo em que ele próprio foi Chefe do Estado-Maior da Armada, em 2017, e quis então dispensar a sua esclarecida apreciação a esse assunto da criação de mais um museu significativo e dedicado ao mar em mais uma significativa cidade marítima portuguesa, como é a cidade da Foz do Mondego."

A sessão foi transmitida em directo, através do canal Centro de Estudos do Mar CEMAR TV - YouTube.
Ficam os vídeos.

Primeira parte [Introdução]:
Segunda parte [Intervenção]:
Terceira parte [Debate]: