segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Alberto Gaspar & Cª Ldª.: o folhetim continua...

Segundo a edição do diário “As Beiras” do dia 17 de Outubro de 2006, numa peça assinada por J. Alves, ”um grupo imobiliário espanhol com filial em Lisboa estava interessado na compra dos terrenos da Alberto Gaspar, com 120 mil metros quadrados, localizados em S. Pedro”. Todavia, essa era uma área reservada a equipamentos industriais. 
Quer dizer, “a transacção, para se concretizar, teria de garantir garantias de que os terrenos poderão ser urbanizados.” 
As autoridades concelhias, nomeadamente a Câmara Municipal da Figueira da Foz, à época, mostravam-se abertas à concretização do negócio. As palavras do Eng. Duarte Silva ao diário “As Beiras”, não deixaram lugar a dúvidas: “há já muito tempo que está prevista a urbanização daquele espaço. Por isso, da nossa parte, não haverá nenhum obstáculo”
A área urbanizável poderia permitir a construção de várias centenas de fogos, havendo quem tivesse arriscado avançar com mil unidades. Todavia, o falecido Duarte Silva não falou em números. 
“Tudo o que se puder dizer nesta altura não passará de pura especulação”, defendia, por seu lado, Rui Pedro de Oliveira, administrador da Alberto Gaspar. 
Ainda de harmonia com o mesmo jornal, em 2004, os 70 trabalhadores da Alberto Gaspar rescindiram contrato com a empresa, alegando justa causa, devido a salários em atraso. Aliás, os antigos trabalhadores são credores da empresa. 
Pouco depois, em Novembro do mesmo ano de 2006, em reunião de Câmara, o então vereador Paulo Pereira Coelho mostrou-se contra a urbanização dos terrenos da Alberto Gaspar. Contudo, se tiver de ser feita, “que seja a autarquia a ganhar dinheiro a favor dos munícipes”
Na reunião de câmara de 6 de Novembro de 2006, o vereador da maioria Paulo Pereira Coelho foi contra a alteração do Plano de Urbanização nos terrenos da Alberto Gaspar, em S. Pedro. No essencial, o PS defendeu a mesma posição
Recorde-se, novamente, que dois anos, em 2004, os cerca de 70 trabalhadores haviam rescindido contrato com a empresa alegando salários em atraso. A administração da empresa, como manobra de pressão, sustentava que o dinheiro (perto de seis milhões de euros) da alienação dos terrenos a um grupo espanhol, que pretendia construir cerca de mil fogos em altura, era para pagar aos credores, incluindo os antigos trabalhadores. Mas o vereador do PSD sublinhou que “a câmara não teve culpa” que a Alberto Gaspar tivesse chegado à situação em que se encontra.“Se os terrenos (de 12 mil metros quadrados) estão na massa falida, a câmara que vá lá e que os valorize, que os venda e que ganhe dinheiro com eles a favor dos munícipes”, sugeriu Pereira Coelho. Isto se Duarte Silva mantivesse a decisão de avançar com a alteração ao PU, porque Pereira Coelho deixou claro que estava contra a transformação de terrenos industriais numa área de “especulação imobiliária”
Duarte Silva, por seu turno, lembrou que aquela solução vinha do executivo municipal de Santana Lopes. E reconheceu estar perante um assunto delicado.

Como era óbvio, o futuro assim o confirmou, a situação dos trabalhadores estava a ser usada como modo de pressionar a câmara a tomar decisões. Esse, foi na altura também o entendimento de Paulo Pereira Coelho, que avisou: “recuso–me, terminantemente, a funcionar sob pressão, diria mesmo, até quase sob chantagem”. É que, segundo o que o vereador disse na altura, “alguém já prometeu comprar os terrenos, baseado em supostas decisões da câmara”
Recorde-se, que um grupo imobiliário espanhol pretendia adquirir os terrenos da falida Alberto Gaspar, para urbanização - 120 mil metros quadrados que estavam à espera da revisão do plano urbanístico, pela câmara. Os espanhóis, chegaram a actuar como legítimos proprietários dos terrenos onde estiveram implantadas as instalações fabris da empresa Alberto Gaspar & Cª. Ldª.: até venderam apartamentos! 
Só que, entretanto, rebentou a bolha imobiliária espanhola, que atingiu em cheio a Martinsa-Fadesa, a tal promotora imobiliária que já estava a vender apartamentos nos terrenos do Alberto Gaspar, situados na zona industrial da Gala!.. 

Quem tem lido este blogue ao longo dos anos, conhece a “estória” … 
Será justo que venham a ser os herdeiros do Alberto Gaspar a beneficiar com as mais valias que a transformação de terrenos, que foram cedidos em condições especiais para uso industrial, em terrenos para a especulação imoblilária, vão proporcionar? 
Porque os políticos têm memória curta, recordo um intervenção do actual presidente da câmara, Carlos Monteiro, no decorrer da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, realizada a 24.09.2009. 
Retirado da acta da sessão ordinária nº. 4/2009. Para ler clicar aqui

Na edição de hoje do Diário as Beiras, pode ler-se que "a insolvente Fadesa Portugal (do antigo gigante imobiliário espanhol Martinsa-Fadesa), empresa que comprou as instalações da antiga fábrica Alberto Gaspar, na freguesia de São Pedro, tem em curso num novo leilão eletrónico para a venda de três prédios urbanos, com cerca de 120 mil metros quadrados, tendo uma base de licitação de um milhão de euros." Continuando a citar o mesmo jornal: "na primeira tentativa, em 2012, o vendedor apresentou uma base licitação de dois milhões de euros, mas o leilão ficou deserto.
Desta vez, porém, tendo em conta que a revisão do Plano Diretor Municipal já permite a construção de habitação ou equipamentos industriais naquela área e que a base de licitação é menor, o desfecho poderá ser outro.
Porém, neste momento estamos perante um facto novo. 
«O leilão coincide com o processo da remoção de amianto das instalações da Alberto Gaspar, pela autarquia, ao abrigo da posse administrativa. A empreitada já foi adjudicada, e só não avançou porque a gestora de insolvência contactou o executivo camarário, dando-lhe conta de que não havia sido informada acerca do ato administrativo. 
A câmara desconhecia o processo de insolvência. Entretanto, surge o leilão, que a autarquia também desconhecia. Agora, que já sabe, deverá esperar pelo resultado da hasta, antes de avançar com a remoção do fi brocimento, até porque poerá ter de enviar a fatura (cerca de 80 mil euros) para outra morada, caso os lotes sejam vendidos, ou constituir-se credor da massa insolvente. 
Quem está a vender o património da Fadesa também não sabia da posse administrativa dos terrenos e edifício. O seu papel no processo de venda, contudo, afiançou fonte ao DIÁRIO AS BEIRAS, é “garantir que a venda seja feita sem ónus ou encargos para o comprador”».
Isto, podia também ter acontecido na Aldeia da Cova-Gala. 
Este blogue, desde Outubro de 2006, foi dando notícias do folhetim...  “O filme compilado do caso Alberto Gaspar & Cª., Ldª.”  dá  noção do que, realmente, esteve em causa nesta questão.
O que se passou no Algarve é uma forma de tragédia…
Havia uma paisagem notável.
Então,  cada um no seu quinhão, procurou  tirar  partido individual duma paisagem comum,  para obter o lucro fácil com a construção ao desbarato. As autoridades, em função de negociatas várias, a procura de taxas e impostos e o objectivo de gerar emprego,  pactuaram de forma desavergonhada... Entretanto, a paisagem ficou destruída e, agora,  as gruas estão a ser desmomtadas…
Será que os trabalhadores (ou os seus herdeiros, pois decorridos tantos anos infelizmente alguns já faleceram) ainda podem manter a esperança de vir a receber as indemnizações?

Como?..


Tive a felicidade de viver num tempo e numa sociedade em que, fruto de muita luta, construímos e conquistámos coletivamente direitos que marcam uma agenda de modernidade civilizacional. 
Porém, está a ser também no meu tempo, que vejo ressurgir um velho conservadorismo bafiento, protagonizado por alguns setores da direita e da sociedade portuguesa, que podem evoluir para o descambar de uma agenda de atraso civilizacional. 
Sou também do tempo em que, na Figueira, ao ouvir um político, descontada a demagogia que sempre acompanhou o exercício da actividade política autárquica, se podia livremente concordar ou discordar. 
Hoje, perdeu-se o mínimo denominador comum. 
Como trocar e debater ideias, com gente sem ideias, que não admite ser criticada, que nos quer fazer acreditar que o funcionamento e o futuro desenvolvimento do concelho depende da última coca cola no deserto?..

Imagem via Diário as Beiras

domingo, 31 de janeiro de 2021

A vida não está fácil para a restauração...

Já em 2007 era assim...

2007. Foto de Pedro Agostinho Cruz. 

Vamos continuar a esperar sentados na praia?
(“todos os dias procuro na palavra aquela voz interior que preciso para poder expressar quem sempre fui, diante das novas circunstâncias que os novos tempos me trazem”)

Há períodos em que apetecia fazer uma pausa na análise comportamental da "politiqueirice" da Aldeia. 
Porém, desde que tenho memória que gosto de escrever. Apenas por gostar mesmo de me divertir a escrever, por ter o prazer de escrever-me, por sentir a maneira como a bic (nunca a de esfera laranja...) deixava as letras no papel. 
O tempo foi passando. Todos os dias continuo a exprimir, via as letras que formam as palavras, o que sempre fui, mesmo diante das novas circunstâncias que os novos tempos trouxeram. 

Todos os dias variam de nuvens, de sol, de calor e frio. 
Porém, na mesma janela de sempre, aberta para a mesma avenida (outrora estrada nacional), observo momentos diferentes da minha Aldeia, vivendo pedaços que nunca se repetem. 
Recordo vizinhos, gente que passou pela vida do miúdo que fui. Continuo com o prazer de olhar da minha janela o rio que, antes de ir dar ao mar, desagua noutro braço do mesmo rio. 

Continuo na Aldeia, que gosto de chamar "nossa". Gosto da minha Aldeia, olhada da minha janela, sobretudo em dias de calor e luz, ao fim da tarde, o que não vai ser o caso de hoje. Mas outros dias virão...
Tenho a felicidade de viver numa Aldeia abençoada pela natureza, que os politicamente bem sucedidos inteligentes, ainda não conseguiram estragar totalmente.
Num parênteses breve, convém deixar claro, porém, que são politicamente inteligentes, apenas pela estupidez de outros... 

Ultrapassado que está o primeiro mês de 2021, tal como em 2007, continuo a esperar vida nova. Vida nova, seria, por exemplo, sentir que além do crescimento económico a sociedade iria crescer em cidadania, justiça e solidariedade. 
2021, cá pela Aldeia vai ser um ano de imensa propaganda. Mais ainda que 2007. Não será necessário muito tempo para darmos conta disso... 
Afinal, “quem vence na vida não são os melhores, são os que se adaptam”
Nada vai mudar. Tal como em 2007, tudo vai continuar na mesma. 

Ou seja, a Aldeia vai continuar a detestar quem pensa diferente. Mais: quem simplesmente pense... 
A lógica do poder provinciano é dar nas vistas, tornar as pessoas dependentes, sem opinião própria, gratas, reverentes – assim se consegue o terreno fértil para a angariação dos votos. 
Cá na Aldeia, o caminho está traçado. Quem percorrer vias alternativas será punido. A independência vai continuar a ter preço. 
Todavia, a democracia de que todos enchem a boca, é a discussão dos diversos pontos de vista... 
Por aqui, reina o que convém à situação: o consenso amorfo, acéfalo, cobarde e conveniente. Resumindo e concluindo: reina a paz podre dos interesses instalados. 
“Sabe tão bem sentir o silêncio de estar vivo”.

Morreu António Cordeiro, o actor das "personagens que se pareciam muito com ele, idiossincráticas, autoirónicas e empáticas"...

Morreu, ontem, sábado, aos 61 anos. 

Revelado num papel secundário na série "Duarte & C.ª", em 1987, foi porém como protagonista da série policial "Claxon", da RTP, estreada em 1991, que se tornou conhecido do grande público.
António Cordeiro protagonizou o anti-heroi Claxon, um detective desorganizado que se movimentava nas sombras da noite e nos meandros do submundo do crime na cidade corrupta. 
Claxon foi uma série fora do que de melhor produziu a ficção nacional.
António Cordeiro trabalhou também no teatro e no cinema, nomeadamente nos filmes de João Mário Grilo, "O Processo do Rei" (1990), e "Os Olhos da Ásia" (1996). Mais recentemente fez "Índice Médio de Felicidade"(2017), de Joaquim Leitão, e "Um Gato, Um Chinês e o Meu Pai" (2019), de Paco R. Baños. 
 A telenovela "Espelho d`Água", da SIC (2017/18), está entre os seus últimos trabalhos.
O actor lutava, desde 2017, contra a progressão da Paralisia Supranuclear Progressiva, uma doença rara e degenerativa, que aos poucos lhe tirava a qualidade de vida.
Fisicamente António Cordeiro deixou-nos ontem. Até sempre, Claxon.

Da série, a pandemia tem as costas largas...

Em tempo.

COMO NA FIGUEIRA TEM DE SER SEMPRE CARNAVAL, "FINDAGRIM NÃO PODE TERMINAR"...

Em 2018: receitas ascenderam a cerca de 122 mil euros.
Despesa situou-se nos 170,5 mil euros. Défice chegou perto dos 48,3 mil euros.

Em 2019: desta vez foi a chuva a afectar as contas.
Notícia publicada na edição de 25 de Novembro de 2019, no Diário as Beiras:
"O município vai acrescentar cinco mil euros aos 40 mil de apoio financeiro já transferidos para a Feira Industrial, Comercial e Agrícola de Maiorca (FINDAGRIM), 10 mil daqueles suplementares, para ajudar a minimizar os prejuízos. Contas feitas, os apoios adicionais somavam 15 mil euros. A autarquia atribui uma verba de 30 mil euros à organização...
Entretanto, o executivo maiorquense estuda formas de manter o evento sem arruinar as finanças da junta e evitar sobrecarregar as despesas da câmara com a feira. Uma das soluções poderá passar por realizar a FINDAGRIM de dois em dois anos, em vez de ser anual."

Coragem: a pandemia há-de passar...

Da série, obras por acabar por causa da dívida herdada em 2009: Palácio Cassiano Branco...

Diário de Coimbra, 30 de Janeiro de 20121

Em tempo

Com humor* é que a gente se entende

Figueirinhas, o momento que atravessamos é grave e delicado! 
Porém, é recuperável: é hora de mostrarmos, de novo, a fibra de que somos feitos! 
Vamos ajudar quem precisa?

* Cito Fernando Camos, possuidor de uma veia artística conhecida, de uma escrita acutilante e de um humor crítico, a meu ver, fora de série...
«O humor em Portugal, pelo menos o que se publica, é uma coisa triste.
 A verdade é que “os portugueses não sabemos rir com espírito; gargalhamos com os queixos”, como dizia Camilo.
Falta-nos o espírito.
Ter espírito, como presumo que o entendia Camilo, é ter mundo, referências e, em simultâneo, um certo distanciamento de si próprio e do seu tempo que muitas vezes convoca o desconforto ou a incomodidade.
O espírito abomina o óbvio, mas aproveita-se do acaso e deleita-se com o invulgar, o imprevisto, até com o incongruente. Para isto é necessário uma certa sofisticação que lhe vem do cepticismo.»

Os nervos que andam por aí por causa da "pop star" Santana?..


O dr. Santana Lopes nunca foi verdadeiramente um político: é mais, digamos assim, uma "pop star".
Sem o Sporting, sem a televisão, sem a imprensa dos «famosos», sem as santanetes, o dr. Santana Lopes não teria sido a personagem que foi junto da plebe.
Santana é um produto da era do marketing, do soundbyte e do reality show. 
Aliás, a sua carreira política não chegou a passar de um reality show. No PSD, por exemplo, era o «animador» dos Congressos, dava-lhes «audiência», o que sempre lhe agradeceram. 
Mesmo quando estava em forma e na ribalta, não se conseguia distinguir a substância do espectáculo. A meu ver, aliás, não havia diferença. 
Por causa disso, com Cavaco não conseguiu chegar a ministro. Igualmente por causa disso, muita malta considerava-o um «gajo como nós», daqueles capazes de concorrer ao Big Brother português. Por causa disso, passou brevemente pela Figueira como presidente da câmara. 
Só que uma "pop star" tem necessidade de protagonismo como do pão para a boca. Um Santana Lopes calado e em sossego não teria existido. Para existir, o Santana Lopes genuíno precisa de estar continuamente em cena e, de certa maneira, em sobressalto. 
Precisa de ter sempre no horizonte uma candidatura, que surpreenda, confunda, irrite, crie polémica, suspense ou inimigos. 
Pode ser a uma câmara ou à Presidência da República. 
A candidatura a Belém, para daqui a 5 anos, suspeito que vai murchar até lá... Resta-lhe, neste momento, manter a expectativa a uma autarquia. 
Ontem no jornal vinha que o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes admite ser de novo candidato pelo seu antigo partido, o PSD, nas autárquicas previstas para outubro. 
A "pop star" Santana, neste momento, pretende refulgir em grande. 
O que quer dizer, salvo melhor leitura, que os figueirenses que andam temerosos, irritadiços e nervosos, com a sua putativa vinda podem continuar descansados...

sábado, 30 de janeiro de 2021

Já que falar de política irrita alguma gente, tomem lá poesia...

 

Faz algum sentido, o actual presidente da câmara municipal, que faz parte do executivo desde 2009, continuar a desculpar a sua incapacidade com a dívida de antes de 2009?

Hoje, no Diário as Beiras pode ler-se. Passo a citar.
"A dívida da autarquia situa-se nos 29,5 milhões de euros, contra os 92 milhões de 2009, incluindo as empresas municipais. As contas são do executivo camarário (PS), apresentadas pelo presidente, Carlos Monteiro, numa reunião de câmara, respondendo a afirmações que a Concelhia do PSD tem feito sobre a gestão autárquica socialista. 
Os gráficos apresentados recuam ao fim do último mandato do presidente socialista Aguiar de Carvalho. Assim, em 1997, a dívida era de nove milhões.
Aquele foi o ano em que Santana Lopes conquistou a câmara para o PSD, tendo deixado uma dívida de 41 milhões. Em 2005, com Duarte Silva na presidência (PSD), subiu para 89 milhões e em 2009, ano da chegada de João Ataíde (PS), eram 92 milhões. 
Enquanto se pagou a dívida, frisou Carlos Monteiro, fez-se investimento, reduziu-se o prazo de pagamento aos fornecedores (de 272 para os atuais entre 24 e 11 dias) e respondeu-se a situações de emergência social e outras despesas imponderáveis. 
Aquela não foi a primeira vez que Carlos Monteiro recorreu a gráficos sobre a evolução da dívida na sequência de afirmações de autarcas e dirigentes do PSD. “Não vale a pena intoxicar os figueirenses com coisas que não correspondem à realidade”, defendeu. 
“Retóricas balofas”, atirou o vereador do PSD Ricardo Silva. O autarca da oposição (e presidente da Concelhia) frisou, por outro lado, que o seu partido “foi julgado em 2009”, quando perdeu as Eleições Autárquicas, acrescentando que, este ano, também o PS será julgado nas urnas."
Fim de citação.
"Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável." (Séneca)

Em 2009, certamente que o PS era sabedor da realidade da dívida camarária. 
Apesar disso, apresentou-se ao eleitorado com um imenso rol de promessas.
Quase 12 anos depois, que mais valias existem para o nosso concelho, devido ao resultado eleitoral que colocou como presidente o dr. João Ataíde, e acabou com o domínio laranja, que embandeirava em arco neste Concelho, desde 1997, ano em que Santana Lopes conseguiu derrubar o domínio socialista, que vigorava na Figueira desde a primeira eleição autárquica democrática pós 25 de Abril de 1974?
Na altura, em Outubro de 2009, ninguém ficou indiferente ao derrube do que sobrava do regime laranja que vigorava há 12 anos no concelho.
Quase 12 anos depois, o que mudou?
Continuamos nisto: anos e anos de mais do mesmo. Na campanha de 2009, João Ataíde usou sonhos caros, sem saber realmente quanto custavam...
Foi apenas mais do mesmo. 
Num concelho como a Figueira,  a subida dos impostos  teve  facilidade na sua aplicabilidade. Sabemos o que se passou com a subida da taxa de IMI. 
Houve contestação dos contribuintes?
Contudo, o problema de fundo continua. Em primeiro lugar, a arrecadação de receita fiscal depende primariamente do nível de crescimento da economia. Quanto maior for o crescimento real da economia, maior será o nível de receita apurada.  Portanto,  não é desprezível o papel de quem gere a autarquia no crescimento da economia local.
Alguém consegue identificar algum projecto levado a cabo pelo investimento público municipal em projectos cujas taxas de rentabilidade internas e de multiplicação de emprego e rendimento não sejam reduzidas, nulas ou pior?
Por exemplo, no Cabedelo o projecto em curso acabou com cerca de 30 postos de trabalho...
Faz algum sentido, o actual presidente da câmara municipal, que faz parte do executivo desde 2009, continuar a desculpar a sua incapacidade com a dívida de antes de 2009?
Entretanto passaram 12 anos... 
A gestão da câmara não parou de perder dimensão e condução política, depois Abril de de 2019, com a ascensão de Carlos Monteiro ao cargo de presidente.
Eu, se fosse a V. Exas., nem perdia mais tempo a ler este blogue cuja memória só serve para recordar coisas da treta...
Basta de realidade. Venham é mais sonhos!
Continuação daqui, daqui, daqui, daqui daqui e daqui...

Da série, 2021 ano de eleições autárquicas...

Em 2021, na Figueira, como sempre aconteceu, o controlo do espaço político passa pelo domínio da narrativa...
As fronteiras da propaganda com o exagero ou a mentira, sempre foram ténues e difusas – a propaganda é uma arma de guerra, que sempre foi utilizada na disputa política.
Hoje, via Diário as Beiras:
"A Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego (ADELO) vai retomar a candidatura do geoparque da UNESCO, iniciada pela Câmara da Figueira da Foz. Em 2019, o organismo das Nações Unidas dissuadiu a autarquia a dar continuidade ao processo, tendo em conta novos requisitos. Na sequência da posição da UNESCO, a autarquia optou por abdicar do seu desiderato a solo e concordou em avançar com uma candidatura i n t e r m u n i c i p a l , q u e inclui, também, Montemor-o-Velho, Cantanhede, Mira, Mealhada e Penacova. O protocolo de colaboração entre a ADELO e o município será votado na próxima reunião de câmara."

As colectividades da freguesia de S. Pedro

 



Ricardo Santos, vice-presidente da ACCFF, escreve na edição de hoje do Diário as Beiras sobre duas das colectividades da freguesia de  S. Pedro. 

A resenha histórica deixou algumas coisas por contar. O que é normal. Não referiu, por exemplo, o papel que o Teatro teve no passado no Desportivo Clube Marítimo da Gala. Não focou, também, o desporto: o Marítimo da Gala teve participação nos campeonatos da antiga FNAT, agora INATEL, em modalidades como futebol, ping-pong e voleibol.

Por focar, ficou também a UNIFICACAÇÃO, UM PROCESO QUE JÁ VEM DE 1989, que na altura poderia ter feito sentido, mas que nunca foi viabilizado nem permitido pelo poder político local.

Em 2016, novamente por questões políticas,  a problemática da unificação (e não fusão) das Colectividades da Cova e Gala, voltou a ser um tema a ganhar actualidade.

Recordo o que escrevi em 16 de junho de 2006, quase há 17 anos: "Em 2006, mais de dez anos decorridos sobre a paragem do processo de unificação, a realidade é esta: não há uma estratégia de fundo, definida, concertada e devidamente fundamentada para o desenvolvimento do associativismo em S. Pedro. E a realidade recreativa e cultural, no âmbito do nosso concelho, para não irmos mais longe, é a conhecida de todos nós. Na ausência duma ideia de fundo, o poder político fez aquilo que é normal: tomou medidas avulsas e pontuais, onde foram gastos largos milhares de euros, como aconteceu no ano passado, curiosamente ano de eleições autárquicas, no Desportivo Clube Marítimo da Gala e no Clube Mocidade Covense. As carências recreativas e culturais, entretanto, subsistem. A nível desportivo, as coisas têm funcionado bem melhor, embora também aqui existam lacunas fundamentais que, por esta ou aquela razão, têm sido adiadas. É o caso do piso do Campo do Cabedelo. Meus senhores, sei que há quem não goste que se fale do problema, mas colocar desportistas – crianças ou adultos – a praticar desporto numa pedreira daquelas é, no mínimo, uma violência. É neste panorama de dificuldades gerais, que a problemática da unificação das nossas Colectividades, volta a ser um tema a ganhar actualidade. O futuro, que todos ansiamos pujante e vigoroso do associativismo na Cova-Gala, passa, inevitavelmente, pelas opções de fundo que terão, mais tarde ou mais cedo, de ser feitas. E que têm vindo a ser adiadas. Até quando?"

Infelizmente - e para mal dos pecadores dos moradores da freguesia de S. Pedro -, o que escrevi em 2006, continua actual: até a pedreira que é o piso do campo de futebol do Grupo Desportivo Cova-Gala...

Depois de uma noite de vento e chuva...

A noite passada foi de vento e chuva.
Vivemos dias difíceis e imprevisíveis.
Anda muita gente ansiosa e com medo do futuro.
As notícias não ajudam.
O vento e a chuva também não.
Vivemos em luto permanente. 
Em dias como o de hoje, resta cerrar o punho e pensar: temos muito que aguentar. Coragem. Isto pode ainda ficar pior...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga: o Cabedelinho já começa a ter problemas por causa da obra do Cabedelo...

Quem vive a sul do estuário do Mondego, já tinha problemas com a erosão costeira que chegavam e sobravam.

Ontem de tarde, fui dar um pequeno passeio pelo local que a foto mostra, por necesidade de movimento, por ser uma zona segura, arejada e, neste momento, estar deserta. Nem pescadores lúdicos encontrei por lá.

Deparei-me com o que a foto mostra: numa zona onde não existiam problemas de erosão, há dois meses uma obra da câmara municipal da Figueira da Foz, retirou do Cabedelinho largos milhares de metros públicos de areia, para fazer uma montanha um pouco a norte do Campo de futebol do Grupo Desportivo Cova-Gala. Recomendo que olhem para o lado direito da foto acima.  A água está a escavar o enrocamento do molhe interior. Não vou falar do que se está a passar há longos anos a sul do Quinto Molhe, por desnecessário, pois a situação aí é por demais conhecida e ando a fazê-lo há mais de 16 anos neste blogue.

Como se pode ver na foto, numa Aldeia com tantos problemas de erosão, por causa de uma obra aberrante, neste momento, de forma perfeitamente dispensável, o Cabedelinho começa a ter por problemas por causa da obra do Cabedelo.

   

Sinceramente, não sei que mais o PS terá que fazer para perder as próximas autárquicas na Figueira da Foz. Todavia... É bem verdade que cada concelho tem os autarcas que merece.

Às sextas-feiras com Pedro Machado...

...via Rádio Regional do Centro

A importância da liberdade

Quem tem idade para ter vivido o chamado PREC, sabe que as hoje  denominadas "Fake News", tiveram um tio velhinho que se chama "boato".
Não sei a origem das "Fake News", de agora, como também nunca consegui saber onde nasciam os "boatos" do tempo do PREC.
No tempo do PREC, a rua era um espaço decisivo e interessante,  ocupado pelos chamados “activistas”, que mostravam a cara. Na época, o sectarismo político dominava. À esquerda, ao centro e à direita.
Em 2021, como sempre aconteceu, o controlo do espaço político passa pelo domínio da narrativa. No momento, temos o exemplo do Chega. 
Esse, é um perigo que não pode ser menosprezado.
Contudo, uma coisa é quem anda por aqui como no tempo do PREC - a dar a cara. Outra coisa, são os perfis falsos e os anónimos.
Não partilho, porém, a visão diabolizante das redes sociais e dos fenómenos daí emergentes. Isso, seria ir na linha da tentação censória do discurso dominante, das elites instaladas, que continuam a controlar os conteúdos dos media tradicionais: jornais, rádios e televisões.

"Fake News" sempre existiram e sempre existirão. As fronteiras da propaganda com o exagero ou a mentira, sempre foram ténues e difusas – a propaganda é uma arma de guerra, que sempre foi utilizada na disputa política
O actual incómodo com as "Fake News" está, digamos assim, na sua democratização e na perda do seu controlo pelas elites políticas e outras: as redes sociais permitem a facilidade de auto-edição.
Cada um de nós, sem filtros externos, pode ser um agente criador ou disseminador de aldrabices ou, pior ainda, de meias-verdades. Mas, isso, quer se goste quer não, corresponde a  liberdade. 

À liberdade de, por exemplo, dando a cara e de forma responsável,  através dum blogue como OUTRA MARGEM confrontar os poderes instituídos (onde se inclui o jornalismo) com interpretações alternativas aos factos em discussão.
Estou nas redes sociais, em 2021, como estive activo no PREC: mostrando a cara e abominando o boato, o anonimato e os perfis falsos.
Contudo, a última coisa que devemos recear é a liberdade. 
Só com a liberdade, o equilíbrio encontrará o seu caminho para separar o trigo do joio.

Dias difíceis

Confinados, tristes e em ânsias,
com a esperança quase perdida.
Nos hospitais é só ambulâncias:
nem morremos, nem temos vida.