terça-feira, 18 de abril de 2017
Vamos então continuar a discutir o PDM... (33)
Tanto a Praia da Leirosa como a Costa de Lavos, no futuro, não vão poder expandir-se ...
São duas das localidades do nosso concelho fortemente fustigadas pela erosão costeira...
Com este PDM, um dia, se se tiver que realojar a primeira linha de habitações, em ambas as localidades nada está previsto nesse sentido...
Quem tiver que ser realojado terá que ir morar para outra localidade...
segunda-feira, 17 de abril de 2017
À ESPECIAL ATENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O PRESIDENTE ALBINO ATAÍDE
para ler melhor, clicar na imagem |
Talvez, assim, fosse possível evitar o que aconteceu na Praceta Nogueira de Carvalho e um pouco por todo o concelho...
Vamos então continuar a discutir o PDM... (32)
Não tem nada de especial, mas é curioso!
Alguém muito bem informado da sociedade figueirense, que o mesmo é afirmar, uma fonte seguríssima, confidenciou à CARALHETE NEWS, que tanto o doutor António Tavares, como o professor de biologia Carlos Monteiro, desde que são vereadores da maioria socialista, nunca meteram os pés no Horto Municipal!
O doutor Tavares, só foi lá quando era vereador da oposição!
O professor de biologia, recentemente, quando foi o dia da árvore, manifestou-se admirado por as árvores terem vindo do Horto Municipal?
E perguntarão vocês?
E o que tem isto de especial...
Tem tudo de especial: tem a subtileza. Tem o contraste. Tem a vivência da Figueira fina, esguia e elegante.
E tem o nosso sorriso!
Como vêm tem tudo.
Dá nas vistas e a gente nota.
Alguém muito bem informado da sociedade figueirense, que o mesmo é afirmar, uma fonte seguríssima, confidenciou à CARALHETE NEWS, que tanto o doutor António Tavares, como o professor de biologia Carlos Monteiro, desde que são vereadores da maioria socialista, nunca meteram os pés no Horto Municipal!
O doutor Tavares, só foi lá quando era vereador da oposição!
O professor de biologia, recentemente, quando foi o dia da árvore, manifestou-se admirado por as árvores terem vindo do Horto Municipal?
E perguntarão vocês?
E o que tem isto de especial...
Tem tudo de especial: tem a subtileza. Tem o contraste. Tem a vivência da Figueira fina, esguia e elegante.
E tem o nosso sorriso!
Como vêm tem tudo.
Dá nas vistas e a gente nota.
Nota de rodapé.
De registar, que este ano, o local escolhido para comemorar o Dia da Árvore na Figueira, teve de ser limpo à pressa, pois o matagal era de tal ordem que nem se viam as árvores plantadas em 2014.
Depois do "sonho" o pesadelo...
Na próxima época a Associação Naval 1º. de Maio retorna ao futebol distrital.
O Vilafranquense veio à Figueira da Foz, no passado sábado, dar o “xeque- mate” à Naval.
Com a vitória de 3-0, ditou uma sentença que há muito se adivinhava: o regresso da equipa da Figueira da Foz às competições distritais.
Resta acreditar no milagre: que a mais que centenária Associação Naval 1ª de Maio continue a ser "o popular clube fundado no dia 1 de Maio de 1893, o dia mundial do trabalhador, a data escolhida para a criação desta associação desportiva com origem no humilde proletariado da Figueira da Foz e que então sucedeu à extinta Associação Naval Figueirense."
As 6 presenças na primeira divisão de futebol, foram um "luxo" que está a sair muito caro à Naval, à Figueira e a Portugal...
Agora é tarde...
Nesta altura do campeonato, para quê, mais balanços...
A Naval já está na corda bamba há tempo suficiente para que seja entendido pelos navalistas e figueirenses que só firmes e unidos no essencial podem assegurar a mudança de rumo.
O futuro do Clube, apesar de bastante hipotecado, continua nas suas mãos, e eles não o podem deixar delapidar, como alguns querem...
Com os compromissos deles, os navalistas e os figueirenses, nada têm a ver.
Não foi a maioria dos navalistas, dos figueirenses e dos portugueses que viveu acima das suas possibilidades: foi uma minoria...
Importante é protagonizarem o desenho e assumirem futuro da Coletividade.
O Vilafranquense veio à Figueira da Foz, no passado sábado, dar o “xeque- mate” à Naval.
Com a vitória de 3-0, ditou uma sentença que há muito se adivinhava: o regresso da equipa da Figueira da Foz às competições distritais.
Resta acreditar no milagre: que a mais que centenária Associação Naval 1ª de Maio continue a ser "o popular clube fundado no dia 1 de Maio de 1893, o dia mundial do trabalhador, a data escolhida para a criação desta associação desportiva com origem no humilde proletariado da Figueira da Foz e que então sucedeu à extinta Associação Naval Figueirense."
As 6 presenças na primeira divisão de futebol, foram um "luxo" que está a sair muito caro à Naval, à Figueira e a Portugal...
Agora é tarde...
Nesta altura do campeonato, para quê, mais balanços...
A Naval já está na corda bamba há tempo suficiente para que seja entendido pelos navalistas e figueirenses que só firmes e unidos no essencial podem assegurar a mudança de rumo.
O futuro do Clube, apesar de bastante hipotecado, continua nas suas mãos, e eles não o podem deixar delapidar, como alguns querem...
Com os compromissos deles, os navalistas e os figueirenses, nada têm a ver.
Não foi a maioria dos navalistas, dos figueirenses e dos portugueses que viveu acima das suas possibilidades: foi uma minoria...
Importante é protagonizarem o desenho e assumirem futuro da Coletividade.
Uma imagem do passado da Aldeia
Esta, é uma paisagem de um dos mais bonitos recantos da Aldeia, que desapareceu fisicamente há mais de 30 anos.
Todavia, em muitos de nós, continua certamente na retina.
Somos protagonistas da paisagem, que é sempre uma representação única para cada um de nós. Por isso, este local permanece sublime, na minha imaginação e é terrível, neste momento e na realidade. Continua tranquilo e impressionante, na minha imaginação, mas é desolador e barulhento, neste momento e na realidade.
Foi um espaço natural e selvagem da Aldeia que desapareceu, para dar lugar a uma mancha urbanizada e a uma estrada.
No princípio da década de 80 do século passado, quando os "quens" de direito concretizaram mais este atentado ambiental na Aldeia, com a honrosa excepção de Manuel Luís Pata, no geral, fomos espectadores em vez de actores, autênticos voyeurs da nossa própria decadência.
Foi, claramente, o fim de um ciclo na Aldeia.
O que veio a seguir, trouxe as soluções conhecidas.
Descaratizaram a Aldeia, não resolveram nada, mas continuam a fazer esola e ainda há quem acredite nelas!
Na Aldeia, tal como as aranhas se penduram no primeiro fio que encontram e esperam que o vento as leve de encontro a um outro ponto a partir do qual elaboram a teia, os políticos do poder continuam ao sabor da brisa política que sopra da Figueira, para construir a armadilha que lhes permita continuar a sustentar a gula.
Ainda bem que alguém forografou este recanto perdido da Aldeia.
Serve de pouco, dirão alguns.
A mim, porém, serve-me de muito: evitou que me perdesse no labirinto que me resta, como consolo para amenizar a minha amargura.
Todavia, em muitos de nós, continua certamente na retina.
Somos protagonistas da paisagem, que é sempre uma representação única para cada um de nós. Por isso, este local permanece sublime, na minha imaginação e é terrível, neste momento e na realidade. Continua tranquilo e impressionante, na minha imaginação, mas é desolador e barulhento, neste momento e na realidade.
Foi um espaço natural e selvagem da Aldeia que desapareceu, para dar lugar a uma mancha urbanizada e a uma estrada.
No princípio da década de 80 do século passado, quando os "quens" de direito concretizaram mais este atentado ambiental na Aldeia, com a honrosa excepção de Manuel Luís Pata, no geral, fomos espectadores em vez de actores, autênticos voyeurs da nossa própria decadência.
Foi, claramente, o fim de um ciclo na Aldeia.
O que veio a seguir, trouxe as soluções conhecidas.
Descaratizaram a Aldeia, não resolveram nada, mas continuam a fazer esola e ainda há quem acredite nelas!
Na Aldeia, tal como as aranhas se penduram no primeiro fio que encontram e esperam que o vento as leve de encontro a um outro ponto a partir do qual elaboram a teia, os políticos do poder continuam ao sabor da brisa política que sopra da Figueira, para construir a armadilha que lhes permita continuar a sustentar a gula.
Ainda bem que alguém forografou este recanto perdido da Aldeia.
Serve de pouco, dirão alguns.
A mim, porém, serve-me de muito: evitou que me perdesse no labirinto que me resta, como consolo para amenizar a minha amargura.
Vamos então continuar a discutir o PDM... (31)
Lagoa da Vela.
Para ler o estudo do impacto ambiental do golf da lagoa dos planos de pormenor que nunca chegaram a ser aprovados, clicar aqui...
Ao longo tempo foram-se reduzindo indices de construção.
Nesta revisão também.
Sobram algumas perguntas.
A Autarquia não vendeu os terrenos a um promotor?
Já pediu a reversão?
Ou o promotor estará de acordo com a revisão?
Será que virá a pedir os dinheiro dos terrenos?
Antes de 2009, Albino Ataíde não foi Presidente do Clube de Golf da Figueira da Foz?
Na Lagoa da Vela e Lagoa de Quiaios o que está previsto neste PDM?
Há assim tanta vontade de recuperar?
Os equipamentos existentes já foram licenciados ou ficam clandestinos?
domingo, 16 de abril de 2017
Tudo pode medrar. Com água por perto...
"Não é o “meu amigo Charlie” mas considero-o mais próximo de mim, que o Charlie Brown do cantor Benito de Palma.
Apesar de nos separar um do outro várias décadas de experiência de vida, eu e o meu amigo Teotónio temos muito em comum. Para além de partilharmos alguns valores, creio eu os mais importantes da vida, também possuímos algo em comum. Nascemos na cidade um do outro e estamos a viver na cidade de cada um.
Vou explicar melhor. Eu nasci e criei-me na Figueira da Foz, onde vive o meu bom amigo Teotónio, que por sua vez nasceu na Marinha Grande, onde vivo eu de momento. Uma espécie de troca que as circunstâncias da vida nos trouxe, acompanhada de momentos com algum humor. Lembro-me por exemplo, de um episódio passado num jogo de futsal entre jovens da Marinha e da Figueira, no qual lamentando-se o “nosso” Teotónio com carinho, “nem sabia por quem torcer”.
Hoje sinto-me quase da mesma forma. Amigos do peito fiz em ambas as cidades, e orgulho-me de dizer que apesar da Figueira da Foz ser a cidade do meu coração, também me sinto um bocadinho (bem Grande) da Marinha, onde me sinto bem e pela qual também estou a torcer.
A vida ensina-nos através destas pequeninas coisas, que as fronteiras não fazem sentido. As pessoas identificam-se de coração com os locais onde se sentem melhor. A identidade das pessoas materializa-se em grande parte através dos laços de amizade que criam com as pessoas locais, com a intimidade que sentem ao percorrer cada rua, cada parque, cada edifício ou ainda quando se emocionam com a natureza envolvente."
Acredito assim que, sendo os Seres-humanos todos iguais, e pertencendo o Planeta à humanidade, então todas as pessoas deveriam ter o direito de escolher aonde pertencem de facto."
Nota de rodapé.
Uma das tendências da silly season é a futurologia.
Depois de lerem a crónica acima, vão aparecer inúmeros cartomantes e astrólogos encartados figueirenses a preverem o que as autárquicas 2017, na Figueira, nos poderão trazer.
Como não lhes qero ficar atrás, porque não sou menos que eles, aqui fica a minha previsão: até 1 de Outubro de 2017, de certeza, choverá!..
Boa Páscoa
Acreditem: gosto muito de Páscoa!
Especialmente, gosto muito do almoço desse dia...
Quanto à outra Páscoa, a tal dos cristãos, não me pronuncio...
A viagem, que é a minha vida, percorre outros caminhos.
Atenção: isso não quer significar que não tenha respeito pelos sentimentos dos que gostam de acreditar que devem a salvação a um Cristo que morreu por eles na cruz...
E, depois, ressuscitou!
Devo ter um azar do caraças.
A minha Mãe dizia-me que "borreguei" na barriga dela...
Isso, segundo a minha querida e saudosa Mãezinha, tirou-me a sorte...
Se calhar foi verdade: nunca fui salvo de nada por ninguém...
Boa Páscoa.
Façam o favor de ser felizes!
sábado, 15 de abril de 2017
Visão antecipada, bela e divertida, de algo que vai fatalmente acontecer um dia: a morte...
A vida, para a maioria, é real?
Até poderá ser, porém, poucas vezes os fará rir - muito menos, sorrir.
Eu tenho-me divertido muito ao longo da vida...
Sobretudo, tenho sorrido muito com o real que me rodeia...
Contudo, nunca abdiquei de transportar sonhos que só vão morrer comigo...
O sonho, penso eu, deve ser das poucas realidades interessantes!..
A imaginação poderia ser a única coisa que nos poderia levar ao Poder.
Mas, na Figueira o poder ignora e menoriza o Poder da imaginação...
E, (mais) essa miséria não acaba, porque dá lucro!
A alguns.
Os medíocres que deus deve amar, pois distribuiu resmas deles pela Figueira...
Deixo-vos a visão antecipada e ficcionada daquilo que eu penso que me vai fatalmente, um dia, acontecer...
Os amigos rodeavam-no.
Pela última vez.
O ambiente era pesado: escutavam-se frases entrecortadas por soluços.
Aos mais sensíveis, as lágrimas escorriam-lhes dos olhos.
Mas: como estava morto, não agradeceu.
Enquanto na Terra acontecia isto, lá por cima, não havia céu que o quisesse receber.
A alma bem tentava...
Mas, o Deus dos católicos não lhe perdoava a infidelidade conjugal que um dia cometeu.
A dos protestantes também não.
Alá, nunca o tinha visto pôr uma bomba no Metro.
Buda, achava-o algo magro.
Enquanto isto, a alma continuava a vaguear, por entre os diversos Céus, quase já sem gasolina espiritual.
Restava, dentro em pouco, encostar numa qualquer nuvem de serviço.
Cá por baixo, na Aldeia, os amigos tinham voltado ao Café, para mais uns copos de tinto...
Para esquecer a morte.
Mas, também, para o lembrar melhor.
Um deles chegou a aproximar-se do caixão para lhe perguntar se queria beber alguma coisa.
Mas: como estava morto, não agradeceu.
Lá por cima, a alma abasteceu-se numa gasolineira que encontrou por acaso, o que lhe permitiu continuar a deambular pelo Espaço à procura de aonde poder cair morto
Cá por baixo, na Aldeia, o espírito da sala mortuária estava cada vez mais animado.
Um dos amigos havia posto música bem alto e todos cantavam e dançavam valsas à volta do caixão.
Um deles até despejou um copo de tinto por cima do morto para ver se ele também se animava, já que estava extremamente pálido.
Mas: como estava morto, não agradeceu.
Lá por cima, a alma chegou a um sítio onde, mal a viram, lhe derem um copo de tinto....
Como o conseguiu beber, ainda está por saber, pois os orifícios das almas, que eu saiba, ainda não foram estudados.
“Tá-se bem...”, pensou a alma, reconfortada por aquele tinto, após tão longo caminho.
Cá por baixo, na Aldeia, simultaneamente, o Morto levantou-se, dançou e, voltando-se para uma boazona qualquer, disparou com sotaque brasileiro: “Bora no privado?”
Ela aceitou.
Mas: ele, porém, como estava morto, não agradeceu.
Morreu. Estava morto.
Até poderá ser, porém, poucas vezes os fará rir - muito menos, sorrir.
Eu tenho-me divertido muito ao longo da vida...
Sobretudo, tenho sorrido muito com o real que me rodeia...
Contudo, nunca abdiquei de transportar sonhos que só vão morrer comigo...
O sonho, penso eu, deve ser das poucas realidades interessantes!..
A imaginação poderia ser a única coisa que nos poderia levar ao Poder.
Mas, na Figueira o poder ignora e menoriza o Poder da imaginação...
E, (mais) essa miséria não acaba, porque dá lucro!
A alguns.
Os medíocres que deus deve amar, pois distribuiu resmas deles pela Figueira...
Deixo-vos a visão antecipada e ficcionada daquilo que eu penso que me vai fatalmente, um dia, acontecer...
Pela última vez.
O ambiente era pesado: escutavam-se frases entrecortadas por soluços.
Aos mais sensíveis, as lágrimas escorriam-lhes dos olhos.
Mas: como estava morto, não agradeceu.
Enquanto na Terra acontecia isto, lá por cima, não havia céu que o quisesse receber.
A alma bem tentava...
Mas, o Deus dos católicos não lhe perdoava a infidelidade conjugal que um dia cometeu.
A dos protestantes também não.
Alá, nunca o tinha visto pôr uma bomba no Metro.
Buda, achava-o algo magro.
Enquanto isto, a alma continuava a vaguear, por entre os diversos Céus, quase já sem gasolina espiritual.
Restava, dentro em pouco, encostar numa qualquer nuvem de serviço.
Cá por baixo, na Aldeia, os amigos tinham voltado ao Café, para mais uns copos de tinto...
Para esquecer a morte.
Mas, também, para o lembrar melhor.
Um deles chegou a aproximar-se do caixão para lhe perguntar se queria beber alguma coisa.
Mas: como estava morto, não agradeceu.
Lá por cima, a alma abasteceu-se numa gasolineira que encontrou por acaso, o que lhe permitiu continuar a deambular pelo Espaço à procura de aonde poder cair morto
Cá por baixo, na Aldeia, o espírito da sala mortuária estava cada vez mais animado.
Um dos amigos havia posto música bem alto e todos cantavam e dançavam valsas à volta do caixão.
Um deles até despejou um copo de tinto por cima do morto para ver se ele também se animava, já que estava extremamente pálido.
Mas: como estava morto, não agradeceu.
Lá por cima, a alma chegou a um sítio onde, mal a viram, lhe derem um copo de tinto....
Como o conseguiu beber, ainda está por saber, pois os orifícios das almas, que eu saiba, ainda não foram estudados.
“Tá-se bem...”, pensou a alma, reconfortada por aquele tinto, após tão longo caminho.
Cá por baixo, na Aldeia, simultaneamente, o Morto levantou-se, dançou e, voltando-se para uma boazona qualquer, disparou com sotaque brasileiro: “Bora no privado?”
Ela aceitou.
Mas: ele, porém, como estava morto, não agradeceu.
Morreu. Estava morto.
A Figueira vai notar a ausência de Manuel Luís Pata
O Senhor Manuel Luís Pata, fotografado por Pedro Agostinho Cruz, em finais de outubro de 2013, no decorrer de um agradável café, acompanhado, como é habitual quando nos encontrávamos, de uma empolgante conversa sobre o porto e a barra da Figueira, à mesa do Bar Borda do Rio, na Gala. |
Foi um Homem que nunca abdicou de lutar.
Para além da luta que teve na década de 80 do século passado contra a construção da variante da Gala, do modo como implantada, liderou ou participou em muitas outras batalhas. Quase todas, se não mesmo todas, perdidas.
Em 1998-1999, tentou, sem êxito, salvar da destruição o último dos grandes navios de ferro bacalhoeiros da Figueira da Foz. Juntamente com os capitães locais, Álvaro Abreu da Silva e António Marques Guerra, foi um dos principais dinamizadores do movimento cívico que na Figueira da Foz defendeu o projecto, que foi torpedeado pela administração pública municipal (e, por isso, ingloriamente malogrado), de salvar da sucata o último de todos os navios bacalhoeiros figueirenses (o antigo "Sotto-Maior", depois chamado "José Cação"), para o transformar numa instalação museológica e assim dar um contributo para a criação do Museu do Mar local. Esse movimento foi lançado e apoiado também com a participação do Centro de Estudos do Mar (CEMAR), mas não conseguiu vencer as resistências que lhe foram movidas.
Conforme recordou Alfredo Pinheiro Marques, "no ano anterior, em 1997, prontificou-se para ser o primeiro a testemunhar (se fosse necessário) acerca da destruição dos seis barcos de madeira antigos de pesca, adquiridos pelo erário público para fins museológicos (e estudados pelo próprio Arq. Octávio Lixa Filgueiras) mas que foram destruídos durante uma década no interior do Museu Municipal da Figueira da Foz."
O projecto de criação do Museu do Mar da Foz do Mondego (o museu, desde sempre, desejado por tantos...) passou a fazer parte do essencial da estratégia do Centro de Estudos do Mar (CEMAR) desde a sua fundação na Figueira da Foz, em Janeiro de 1995: primeiro, apontando-se tal Museu para as antigas instalações da Fábrica de Conservas Cofisa em Buarcos e, depois, em outros locais na cidade da Foz do Mondego e na sua margem sul (nomeadamente, com a inclusão desse navio, se ele tivesse sido salvo e musealizado, o que não veio a acontecer).
Tal projecto, pelo qual Manuel Luís Pata, no âmbito do CEMAR, lutou até ao fim, foi sempre inviabilizado. Quando um dia existir, se vier a exisitir, a memória e a contribuição de Manuel Luís Pata, terão de ser tidas em conta e ficarem devidamente registadas para memória futura.
Manuel Luís Pata, no decorrer de toda a sua vida, nunca deixou esquecer o antigo e meritório projecto, infelizmente fracassado, do porto oceânico de águas profundas no Cabo Mondego (Buarcos), do Com. Antonio Arthur Baldaque da Silva (1913). Esse projecto, se tivesse sido concretizado, teria dado à região da Figueira da Foz e de Coimbra o futuro que tal região não veio a ter.
É sobejamente conhecida a sua luta contra o aumento do grande molhe norte do actual pequeno porto fluvial da Figueira da Foz (2006-2008), denunciando o que considerou ser mais um erro histórico que iria avolumar as situações de calamidade visíveis desde há décadas na região da Foz do Mondego, o que, infelizmente, veio a acontecer.
Os mortos na barra da Figueira e a erosão costeira a sul do estuário do Mondego são disso, infelizmente, a prova.
Em 2007, publicou no jornal "A Voz da Figueira" (25.10.2007), um artigo onde denunciava (e se declarou contra) a intenção abstrusa, daqueles que foram responsáveis pelo aumento do molhe norte do porto da Figueira, de colocar lá um "monumento aos figueirenses da epopeia do bacalhau" ("proibo que o meu nome e dos meus familiares falecidos sejam colocados em tal local aberrante" [sic])."
Manuel Luís Pata estava também frontalmente contra as obras na Praia da Figueira, outrora da Claridade, agora da Calamidade.
Em Setembro de 2016, por ocasião da publicação do seu último livro, foi-lhe atribuída pela Câmara Municipal da sua terra natal, em vida, meritoriamente, a Medalha de Mérito do Município da Figueira da Foz (13.09.2016).
Lamentavelmente, já não viveu o tempo suficiente para a receber.
A Medalha de Mérito Municipal da Figueira da Foz, que lhe foi atribuída pela Câmara Municipal, irá ser entregue à Família do Senhor Manuel Luís Pata no próximo Dia da Cidade da Figueira da Foz, em 24 de Junho de 2017.
Manuel LuísPata vai fazer falta à Figueira.
Depois de tantos milhões gastos, para chegarmos aqui: "Requalificação do areal para aproximar a cidade ao mar"!..
Ouçam mas é quem sabe, por saber de experiência feita:
"... na pág. 8 do semanário “A Voz da Figueira”, de 13 de janeiro de 2016, com o anúncio da construção desta “milagrosa” obra onde irão gastar (estragar mais de 2,1 milhões de euros), fiquei perplexo!..
No entanto, os meus 91 anos não deveriam permitir que isso acontecesse! Mas, aparece sempre algo que nunca nos passaria pela imaginação.
Afinal: devemos aproximar a Cidade do Mar, ou o Mar da Cidade?
Insisto: devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
Leva-me a crer que quem tomou esta iniciativa desconhece que foi a “Praia da Claridade” que deu a grandeza e beleza à Figueira e não será esta “milagrosa” obra que irá repor essa condição!
Na realidade, o extenso areal existe e todos sabemos qual a razão e, mesmo sabendo, foi decidido acrescentar o molhe norte!
O resultado está bem visível e é lamentável! Pelo que li, o areal distancia o mar da cidade 40 metros em cada ano!
Julgo que todos sabemos - ou o que nos leva a crer, nem todos - que esta areia não pertence à Figueira e não deveria ali estar.
Enquanto não devolvermos ao mar as areias que lhe roubaram (e que lhe fazem falta) continuamos à sua mercê. O mar faz parte da natureza e o ser humano não tem poder para a dominar! Tem sim que a respeitar e, com inteligência, saber defender-se das fases nocivas.
Pelas razões que expus, terei, a contragosto e uma vez mais, de adicionar mais uma obra ao meu arquivo de obras “asnas” e gostaria que fosse a última, não porque na verdade já não terei muito mais tempo para o fazer, mas por deixarem de existir.
O mar deu brilho e riqueza à Figueira, à praia, à faina da pesca – com destaque para a do bacalhau -, grades secas, fábricas de conservas e indústria naval e a Figueira há muito lhe virou as costas."
Manuel Luís Pata, avisou em devido tempo, mas ninguém o ouviu...
Com as conversas que tive com este Senhor, aprendi muita coisa, nomeadamente que "o mar não gosta de cobardes". E que "ao mar nunca se vira as costas".
O cuidado, o carinho, a dedicação,a perseverança e o bom gosto com que sempre defendeu a Aldeia, ao recordar a figura de Manuel Luís Pata, enche-me de um sentimento de gratidão para com este enorme covagalense e grande figueirense.
Como ele próprio me disse um dia, já lá vão quase dezasseis anos, “é pena que nem toda a gente entenda que na construção do futuro é necessário guardar a memória”.
Por me ter sido permitido viver esta dádiva, obrigado por tudo Senhor Manuel Luís Pata.
sexta-feira, 14 de abril de 2017
Morreu a mulher que aprendeu com os gregos que as coisas belas são difíceis
"(…) Os que não conseguem lembrar o Passado estão condenados a ter que o repetir (…)"…
[ George Santayana, 1905 ]
"(…) Que os homens não aprendem muito com as lições da História é a mais importante de todas as lições que a História tem para ensinar (…)"…
[ Aldous Huxley, 1959]
Maria Helena da Rocha Pereira tinha 91 anos. Foi a primeira professora catedrática da secular Universidade de Coimbra. A primeira em 666 anos. (A primeira a prestar provas. Carolina Michaelis tinha sido convidada.)
Viveu sempre com os antigos. Abraçou o estudo dos gregos e latinos como se abraça o sacerdócio. Não casou, não teve filhos.
É por causa dessa dedicação exclusiva que podemos ler em português a «República» de Platão ou «As Bacantes» de Eurípides, por exemplo. Elaborou a «Hélade», antologia da cultura grega, porque os alunos provenientes dos mais diversos cursos nem sempre sabiam grego. Traduziu a «Medeia» ou a «Antígona» a pedido do grupo de teatro da universidade.
Mas dizia que detestava traduzir.
Gostava muito era de estudar e ensinar e a isso votou a sua existência. Ensinou durante quarenta anos. Passou a professora jubilada em 1995. Deixou de dar aulas, mas continuou a orientar mestrados e doutoramentos.
Maria Helena da Rocha Pereira, a mais importante especialista portuguesa em Estudos Clássicos, morreu na segunda-feira passada, no Porto, aos 91 anos...
[ George Santayana, 1905 ]
"(…) Que os homens não aprendem muito com as lições da História é a mais importante de todas as lições que a História tem para ensinar (…)"…
[ Aldous Huxley, 1959]
Maria Helena da Rocha Pereira tinha 91 anos. Foi a primeira professora catedrática da secular Universidade de Coimbra. A primeira em 666 anos. (A primeira a prestar provas. Carolina Michaelis tinha sido convidada.)
Viveu sempre com os antigos. Abraçou o estudo dos gregos e latinos como se abraça o sacerdócio. Não casou, não teve filhos.
É por causa dessa dedicação exclusiva que podemos ler em português a «República» de Platão ou «As Bacantes» de Eurípides, por exemplo. Elaborou a «Hélade», antologia da cultura grega, porque os alunos provenientes dos mais diversos cursos nem sempre sabiam grego. Traduziu a «Medeia» ou a «Antígona» a pedido do grupo de teatro da universidade.
Mas dizia que detestava traduzir.
Gostava muito era de estudar e ensinar e a isso votou a sua existência. Ensinou durante quarenta anos. Passou a professora jubilada em 1995. Deixou de dar aulas, mas continuou a orientar mestrados e doutoramentos.
Maria Helena da Rocha Pereira, a mais importante especialista portuguesa em Estudos Clássicos, morreu na segunda-feira passada, no Porto, aos 91 anos...
quinta-feira, 13 de abril de 2017
... de boas intenções está o inferno cheio!
"Desenvestimento no comboio", por Rui Curado da Silva:
"... A nossa rede ferroviária oferece poucas alternativas viáveis à Linha do Norte, que se tornaram ainda mais limitadas após o encerramento da linha Figueira-Pampilhosa.
Uma das alternativas possíveis a alguma circulação ferroviária afetada pelo recente acidente do comboio de mercadorias, poderia ter passado justamente pela linha Pampilhosa - Figueira através da ligação à linha do Oeste ou à Linha do Norte em Alfarelos.
Poderia, mas não pode, está fechada.
A ausência de uma estratégia regional de transportes só contribui para piorar este cenário.
Apesar das boas intenções da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra ao defender a reabertura da linha entre Pampilhosa e Figueira, os respetivos autarcas pouco têm feito para fomentar os transportes públicos nas respetivas cidades, entre as cidades do próprio distrito e entre o distrito de Coimbra e Lisboa. Já aqui repeti como o absurdo dos horários matinais tardios dos comboios que nos ligam à capital parecem não incomodar os executivos locais.
Como confiar na real convicção dos atuais autarcas locais para mudar este cenário?"
Nota de rodapé.
Ramal da Figueira da Foz - um pouco de história.
O Ramal da Figueira da Foz (ex-Linha da Beira Alta até Junho de 1992) é uma linha ferroviária que ligava a Figueira da Foz à Pampilhosa.
Entrou ao serviço em 01 de Julho de 1882 (inauguração oficial a 03 de Agosto de 1882) e foi até 1946 propriedade da "Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta".
Desde 05 de Janeiro de 2009, que a circulação ferroviária se encontra suspensa, com excepção do troço compreendido entre o Ramal da Valouro e a estação da Pampilhosa.
"... A nossa rede ferroviária oferece poucas alternativas viáveis à Linha do Norte, que se tornaram ainda mais limitadas após o encerramento da linha Figueira-Pampilhosa.
Uma das alternativas possíveis a alguma circulação ferroviária afetada pelo recente acidente do comboio de mercadorias, poderia ter passado justamente pela linha Pampilhosa - Figueira através da ligação à linha do Oeste ou à Linha do Norte em Alfarelos.
Poderia, mas não pode, está fechada.
A ausência de uma estratégia regional de transportes só contribui para piorar este cenário.
Apesar das boas intenções da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra ao defender a reabertura da linha entre Pampilhosa e Figueira, os respetivos autarcas pouco têm feito para fomentar os transportes públicos nas respetivas cidades, entre as cidades do próprio distrito e entre o distrito de Coimbra e Lisboa. Já aqui repeti como o absurdo dos horários matinais tardios dos comboios que nos ligam à capital parecem não incomodar os executivos locais.
Como confiar na real convicção dos atuais autarcas locais para mudar este cenário?"
Nota de rodapé.
Ramal da Figueira da Foz - um pouco de história.
O Ramal da Figueira da Foz (ex-Linha da Beira Alta até Junho de 1992) é uma linha ferroviária que ligava a Figueira da Foz à Pampilhosa.
Entrou ao serviço em 01 de Julho de 1882 (inauguração oficial a 03 de Agosto de 1882) e foi até 1946 propriedade da "Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta".
Desde 05 de Janeiro de 2009, que a circulação ferroviária se encontra suspensa, com excepção do troço compreendido entre o Ramal da Valouro e a estação da Pampilhosa.
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