quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Se esta será a sua eternidade, não sei...
"Diário de Coimbra e o actual momento político".
A nossa informação, está pelas ruas da amargura.
Jornais, rádios e televisões, renderam-se ao magnífico chefe.
O absolutismo democrático reinante, a falta de liquidez e a necessidade de manter os empregos, transformaram jornalistas em animadores e aprendizes em abrilhantadores.
Continua por resolver o problema da blogoesfera.
A resposta ao "jornalismo" do grupo Diário de Coimbra está aqui.
Limito-me a sublinhar.
"Não deixa de ser curioso que os jornais deste grupo declarem o combate a um governo. Tanto mais a um governo que ainda não existe e não se sabe se existirá. Mas percebemos que esse combate não é só de amanhã, mas foi e é o seu combate de todos os dias. Percebem-se assim as suas opções editoriais…
O editorial assinado pelo director finge-se preocupado com a democracia, mas duvido que o editorial tenha sido votado ou sequer discutido com os jornalistas. Certamente baseia-se na capacidade do proprietário em decidir."
A nossa informação, está pelas ruas da amargura.
Jornais, rádios e televisões, renderam-se ao magnífico chefe.
O absolutismo democrático reinante, a falta de liquidez e a necessidade de manter os empregos, transformaram jornalistas em animadores e aprendizes em abrilhantadores.
Continua por resolver o problema da blogoesfera.
A resposta ao "jornalismo" do grupo Diário de Coimbra está aqui.
Limito-me a sublinhar.
"Não deixa de ser curioso que os jornais deste grupo declarem o combate a um governo. Tanto mais a um governo que ainda não existe e não se sabe se existirá. Mas percebemos que esse combate não é só de amanhã, mas foi e é o seu combate de todos os dias. Percebem-se assim as suas opções editoriais…
O editorial assinado pelo director finge-se preocupado com a democracia, mas duvido que o editorial tenha sido votado ou sequer discutido com os jornalistas. Certamente baseia-se na capacidade do proprietário em decidir."
Se tivéssemos tido menos cavaco e mais mar...
"Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que o Pingo Doce (da Jerónimo Martins) e o Modelo Continente (do grupo Sonae) estão entre os maiores importadores portugueses."
Porque é que estes dados não me causam admiração? Talvez porque, esta semana, tive a oportunidade de verificar que a zona de frescos dos supermercados parece uns jogos sem fronteiras de pescado e marisco. Uma ONU do ultra-congelado. Eu explico.
Por alto, vi: camarão do Equador, burrié da Irlanda, perca egípcia, sapateira de Madagáscar, polvo marroquino, berbigão das Fidji, abrótea do Haiti? Uma pessoa chega a sentir vergonha por haver marisco mais viajado que nós. Eu não tenho vontade de comer uma abrótea que veio do Haiti ou um berbigão que veio das exóticas Fidji. Para mim, tudo o que fica a mais de 2.000 quilómetros de casa é exótico. Eu sou curioso, tenho vontade de falar com o berbigão, tenho curiosidade de saber como é que é o país dele, se a água é quente, se tem irmãs, etc.
Vamos lá ver. Uma pessoa vai ao supermercado comprar duas cabeças de pescada, não tem de sentir que não conhece o mundo. Não é saudável ter inveja de uma gamba. Uma dona de casa vai fazer compras e fica a chorar junto do linguado de Cuba, porque se lembra que foi tão feliz na lua-de-mel em Havana e agora já nem a Badajoz vai. Não se faz. E é desagradável constatar que o tamboril (da Escócia) fez mais quilómetros para ali chegar que os que vamos fazer durante todo o ano. Há quem acabe por levar peixe-espada do Quénia só para ter alguém interessante e viajado lá em casa. Eu vi perca egípcia em Telheiras? fica estranho. Perca egípcia soa a Hercule Poirot e Morte no Nilo. A minha mãe olha para uma perca egípcia e esquece que está num supermercado e imagina-se no Museu do Cairo e esquece-se das compras. Fica ali a sonhar, no gelo, capaz de se constipar.
JOÃO QUADROS |
Deixei para o fim o polvo marroquino. É complicado pedir polvo marroquino, assim às claras. Eu não consigo perguntar: "tem polvo marroquino?", sem olhar à volta a ver se vem lá polícia. "Queria quinhentos de polvo marroquino" - tem de ser dito em voz mais baixa e rouca. Acabei por optar por robalo de Chernobyl para o almoço. Não há nada como umas coxinhas de robalo de Chernobyl.
Eu, às vezes penso: o que não poupávamos se Portugal tivesse mar.
Paris-Telheiras, um crónica de João Quadros, publicada a 5 de Abril de 2012 no Negócios.
A direita entre a golpada e a democracia
"Ficou decidido por decreto, aparentemente irrevogável, publicado em 25 de Novembro de 1975, que a Direita é democrática. Que os bombistas, terroristas, aliados da direita, foram “combatentes da liberdade”. Ponto final parágrafo.
Nunca mais desde aquela data até hoje a Direita teve necessidade de fazer “prova de vida” da democracia. Nos dias que correm, tem. O que faria, a partir de hoje, em qualquer país da Europa civilizada – atenção, não confundir com União Europeia – um político que estivesse na situação de Passos Coelho? Isto é, um político que tivesse sido encarregado pelo Chefe de Estado (Rei, Rainha ou PR) de formar governo e se deparasse nas suas diligências com a situação com que Passos se deparou? Muito simples: pedir-lhe-ia uma audiência para lhe comunicar que não tinha condições para formar Governo. “Arranje outro, Excelência”.
A direita portuguesa não quer fazer isso.
Está inclinada para o Golpe. Dentro de dias o saberemos."
Via POLITEIA
Nunca mais desde aquela data até hoje a Direita teve necessidade de fazer “prova de vida” da democracia. Nos dias que correm, tem. O que faria, a partir de hoje, em qualquer país da Europa civilizada – atenção, não confundir com União Europeia – um político que estivesse na situação de Passos Coelho? Isto é, um político que tivesse sido encarregado pelo Chefe de Estado (Rei, Rainha ou PR) de formar governo e se deparasse nas suas diligências com a situação com que Passos se deparou? Muito simples: pedir-lhe-ia uma audiência para lhe comunicar que não tinha condições para formar Governo. “Arranje outro, Excelência”.
A direita portuguesa não quer fazer isso.
Está inclinada para o Golpe. Dentro de dias o saberemos."
Via POLITEIA
Políticas radicais de austeridade...
"Já foram apontadas as principais falhas que provocaram o drama que se viveu na barra da Figueira. Há muitas responsabilidades a apurar, falhas técnicas, falhas humanas, etc. Mas a falha política, a falha de quem tutela os serviços de socorro é a falha mais fria, a mais racional, a mais pensada, aquela que não depende de um instante infeliz de um homem ou de uma falha técnica ocasional de uma máquina. E neste caso essa falha, foi a decisão de encerrar os serviços de socorro às 18 horas. A decisão de restringir a um determinado número de horas por dia serviços de emergência dedicados a acudir acidentes que podem ocorrer durante as 24 horas do dia comporta sempre enormes riscos de mais tarde ou mais cedo se consumar um acidente fatal. É aqui que se traça a fronteira entre a austeridade que mata e políticas de racionalização que não entram em conflito com o conceito de urgência. Um ataque cardíaco tal como um acidente marítimo não têm horas do dia para ocorrer, mas este governo repetidamente implementou medidas de racionalização irracionais, limitando horários de determinadas urgências ao comum horário laboral, como se a morte ao final do dia fosse também para casa jantar e dormir. O conceito estendeu-se à segurança marítima e o acidente acabou por acontecer."
Rui Curado da Silva no jornal AS BEIRAS.
Rui Curado da Silva no jornal AS BEIRAS.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
É uma cena lá deles...
"O comandante do Porto da Figueira da Foz pediu a exoneração do cargo, que foi aceite", disse Nuno Leitão, o porta-voz da Autoridade Marítima, à agência Lusa.
Paulo Inácio manter-se-á em funções até ser substituído, disse a mesma fonte, acrescentado desconhecer qual a data da posse do novo comandante. O novo responsável pela capitania do Porto da Figueira da Foz é Silva Rocha, um oficial, com "larga experiência", que exerce funções na Direcção Geral da Autoridade Marítima e que foi comandante do Porto da Póvoa de Varzim/Vila do Conde. As razões do pedido de Paulo Inácio não foram reveladas.
No dia 06, um naufrágio à entrada da barra do Porto da Figueira da Foz provocou cinco mortos. Dois outros pescadores foram resgatados com vida por uma moto de água da Polícia Marítima.
A operação de salvamento, que se prolongou por seis dias, foi criticada por pescadores e familiares das vítimas.
Esta nossa barra: uma preocupação de sempre na minha vida...
Mais tarde ou mais cedo tudo acaba por se saber.
Nada ficará por esclarecer.
Por mais que se queira encobrir ou dissimular a realidade, vem sempre o tempo em que a verdade se torna clara e exacta.
Isto, porque o que é verdadeiro, já antes aparecia como evidente, mas capsulado num jogo de interesses que só engana quem é tolo ou finge que não quer ver.
Toda a gente sabe que não se deve mexer na forma natural do litoral, sem precaver as consequências.
Como todos sabemos, isso nunca aconteceu com a barra da Figueira.
Pergunto a quem de direito, se foi assim, de modo "anti-científico" que tudo se passou, e a quem, nesta altura, se podem pedir responsabilidades por tudo o que tem acontecido, tanto na barra da nossa cidade, como no litoral, a sul da foz do Mondego.
Fale-se então dos molhes, já que eles estão atravessados na vida das pessoas e no equilíbrio da região, sem que, até ao momento, se assuma o que eles atacam, prejudicam ou perturbam a vida das pessoas.
Isto é, aquilo que eles continuam a afectar e a destruir.
A Figueira, desde que me recordo, encontra-se à mercê de meia dúzia de empregadores, alguns dos quais enricaram como intermediários ou como jogadores.
Pouco têm a ver com o trabalho - salvo no que respeita à exploração.
Portanto, nada perturba esta gente, salvo o que pode prejudicar o negócio. Ou, precisando, os negócios dos seus homens de negócios.
Que importância tem para quem não trabalha ou não produz mais do que as pessoais contas dos seus lucros, as verdadeiras condições e a realidade em que um pescador é obrigado a desenvolver a sua actividade numa barra como a da Figueira?
Quando em 1977, já por má influência dos molhes, a Cova esteve quase a ser invadida pelo mar, quem é nos acudiu para além dos militares da Figueira?
Quem é que esteve verdadeiramente preocupado para além dos habitantes da Cova que, na altura, sentiram, por assim dizer, os pés molhados?
Por isso, a mim, quando toca a assuntos do mar, ninguém me ameace com processos em tribunal.
Os poderes - e os jornalistas são um poder e em vez de conviver alegremente com o poder - têm a obrigação de pensar no que pode acontecer se se modifica a forma do litoral sem prever as respectivas consequências.
Ao contrário do que dizem, por ignorância pura e dura, os meus detractores, eu tenho passado, uma vida, uma experiência e uma vivência, que é a maior e a única riqueza de que sou dono.
As imagens acima mostram que, mesmo como jornalista, assumi ser sempre uma voz emprestada ao Povo, no sentido de procurar dar a conhecer os problemas vividos e sentidos, por exemplo, pelos pescadores.
Foi assim, que no desempenho da minha função de jornalista em Janeiro de 1980 embarquei a bordo de uma pequena embarcação de pesca artesanal- o "Tó Cesar" - e escrevi a reportagem que foi publicada na edição nº. 107 do jornal Barca Nova, cuja publicação data de 1 de fevereiro de 1980.
Quem tiver dúvidas leia. As imagens podem ser ampliadas. Basta clicar em cima.
Em tempo.
Ainda há quem se lembre do meu passado.
Nada ficará por esclarecer.
Por mais que se queira encobrir ou dissimular a realidade, vem sempre o tempo em que a verdade se torna clara e exacta.
Isto, porque o que é verdadeiro, já antes aparecia como evidente, mas capsulado num jogo de interesses que só engana quem é tolo ou finge que não quer ver.
Toda a gente sabe que não se deve mexer na forma natural do litoral, sem precaver as consequências.
Como todos sabemos, isso nunca aconteceu com a barra da Figueira.
Pergunto a quem de direito, se foi assim, de modo "anti-científico" que tudo se passou, e a quem, nesta altura, se podem pedir responsabilidades por tudo o que tem acontecido, tanto na barra da nossa cidade, como no litoral, a sul da foz do Mondego.
Fale-se então dos molhes, já que eles estão atravessados na vida das pessoas e no equilíbrio da região, sem que, até ao momento, se assuma o que eles atacam, prejudicam ou perturbam a vida das pessoas.
Isto é, aquilo que eles continuam a afectar e a destruir.
A Figueira, desde que me recordo, encontra-se à mercê de meia dúzia de empregadores, alguns dos quais enricaram como intermediários ou como jogadores.
Pouco têm a ver com o trabalho - salvo no que respeita à exploração.
Portanto, nada perturba esta gente, salvo o que pode prejudicar o negócio. Ou, precisando, os negócios dos seus homens de negócios.
Que importância tem para quem não trabalha ou não produz mais do que as pessoais contas dos seus lucros, as verdadeiras condições e a realidade em que um pescador é obrigado a desenvolver a sua actividade numa barra como a da Figueira?
Quando em 1977, já por má influência dos molhes, a Cova esteve quase a ser invadida pelo mar, quem é nos acudiu para além dos militares da Figueira?
Quem é que esteve verdadeiramente preocupado para além dos habitantes da Cova que, na altura, sentiram, por assim dizer, os pés molhados?
Por isso, a mim, quando toca a assuntos do mar, ninguém me ameace com processos em tribunal.
Os poderes - e os jornalistas são um poder e em vez de conviver alegremente com o poder - têm a obrigação de pensar no que pode acontecer se se modifica a forma do litoral sem prever as respectivas consequências.
Ao contrário do que dizem, por ignorância pura e dura, os meus detractores, eu tenho passado, uma vida, uma experiência e uma vivência, que é a maior e a única riqueza de que sou dono.
As imagens acima mostram que, mesmo como jornalista, assumi ser sempre uma voz emprestada ao Povo, no sentido de procurar dar a conhecer os problemas vividos e sentidos, por exemplo, pelos pescadores.
Foi assim, que no desempenho da minha função de jornalista em Janeiro de 1980 embarquei a bordo de uma pequena embarcação de pesca artesanal- o "Tó Cesar" - e escrevi a reportagem que foi publicada na edição nº. 107 do jornal Barca Nova, cuja publicação data de 1 de fevereiro de 1980.
Quem tiver dúvidas leia. As imagens podem ser ampliadas. Basta clicar em cima.
Em tempo.
Ainda há quem se lembre do meu passado.
Os esclarecidos, não têm dor de burro: têm dor de pertinente inteligente...
"Porque é que uma aliança pós-eleitoral entre o PSD e o CDS foi, em 2011, uma coligação e uma aliança pós-eleitoral entre o PS, o BE e o PCP é, em 2015, uma frente?"
Daniel Oliveira
Daniel Oliveira
A barra da Figueira não pode continuar a ser um cemitério
Crónica do eng. Daniel dos Santos, publicada na edição de hoje do jornal AS BEIRAS.
Para ler melhor basta clicar em cima da imagem.
Foi pelo Mondego acima, num curso de água agora assoreado, que se processou muito do comércio dos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-o-Velho e Santa Eulália eram então portos flúvio-marítimos forjados pela sua influência.
O assoreamento progressivo do rio, que data do século XI, mas que se acentuou, sobretudo, a partir do século seguinte, foi eliminando a navegabilidade do Mondego, empurrando para a foz todo um somatório de actividades que levaram um modesto povoado do século XII a desenvolver-se.
A nossa história, a história da Figueira e das suas gentes, é muita da história da transformação do Mondego, que passou pelo histórico e pela influência do acerto e do desatino que o homem fez nas intervenções da nascente até à foz ao longo dos séculos.
Mais tarde, a dominação filipina , vexatória e opressiva, viria a criar ao nosso País dificuldades acrescidas.
A navegação foi das actividades industriais mais atingidas pelo desaforo do dominador.
A independência em 1640, ditaria uma mudança radical: os figueirenses meteram mãos à obra e desenvolveram a construção naval. Construíram caravelas, naus e outros tipos de embarcações. O desenvolvimento da construção naval permitiu o desenvolvimento local e a melhoria de vida para os figueirenses. Na altura, chegou mesmo a ser criada uma marinha mercante própria do porto, fortalecida com caravelas de armadores de Buarcos e Redondos, povoações à época mais ricas que o povoado da Figueira.
Ao movimento de navios e de mercadorias durante as décadas seguintes viria a corresponder uma expansão da Figueira povoado, que a elevaria ao nível das importantes povoações do nosso País.
À tutela do jugo filipino responderam alguns dos nossos antepassados, com um esforço colectivo, que só não foi inteiramente libertador, por, ao mesmo tempo, terem promovido e desenvolvido a dominação e a exploração dos outros.
Mas, a Figueira teve sempre um problema: o assoreamento da barra.
E de projecto em projecto, de obra em obra, de erro sobre erro, chegámos ao prolongamento do molhe norte em 400 metros.
Registe-se, a propósito do recente sinistro do Olívia Ribau, que o presidente da Câmara da Figueira, além de sublinhar "que falharam as medidas de prevenção" e "a estação salva-vidas fechar às 18 horas e uma embarcação de socorro estar avariada", lembrou que há mais de três anos que a autarquia vem fazendo "insistentemente" apelos para a dragagem da barra, a última vez em abril de 2014, dando nota das dificuldades das embarcações dos pescadores para entrarem no porto, após as obras de prolongamento do molhe norte em 2010.
Como sabemos, é mais do mesmo: a única solução que os responsáveis encontram para manter a cota da nossa barra, passa pelas constantes dragagens. Isso, como diz há muito tempo o covagalense Manuel Luís Pata, "é cómodo para quem é responsável e a extracção das areias tem constituído «uma mina de ouro». Se não fosse esta »mina», estariam hoje construídos aqueles palácios («aqueles monstros») junto ao rio?"
O aumento do molhe em 400 metros, como a realidade já provou e como quem tinha o saber da experiência feita previu e preveniu em devido tempo, nunca evitará que as areias se depositem na enseada e fechem a barra. Além do mais, uma barra nunca se estrangula.
Quem promoveu e apoiou tão aberrante obra - como foi o caso, ainda na segunda-feira, do vereador Miguel Almeida - não tem o mínimo conhecimento do que é o mar.
Por outro lado, mesmo que essa obra trouxesse algum benefício à barra da Figueira - e não trouxe, trouxe dor e luto (vários acidentes e 14 vítimas mortais em menos de meia dúzia de anos aí estão infelizmente para o provar) - isso seria sempre um acto egoísta e irresponsável de quem tem mandado na Figueira, dado o conhecido estado crítico da orla costeira a sul da barra da nossa barra.
Passados estes dias de brasa, os figueirenses vão continuar a viver como sempre viveram: em passividade.
Se não for olhado com urgência o problema da barra da Figueira da Foz, a Figueira poderá sofrer, mesmo a nível do negócio, uma crise com prejuízos irreparáveis.
Por exemplo: acham que foi com prazer que as duas fábricas de Celuloses instaladas no nosso concelho - e os principais utilizadores do nosso porto - construíram um ramal de caminho-de-ferro, pouco utilizado aliás nas exportações via porto da Figueira?
Não teria sido, em grande parte, pela falta de confiança da barra local?..
Em que se basearam os técnicos para o prolongamento, curvando para sul, do molhe norte?
Quiseram criar um segundo porto de Leixões?
Só que o molhe daquele porto do norte do nosso país, está implantado num sítio fundo, por isso o mar não rebenta, ao passo que na enseada de Buarcos, devido ao constante assoreamento das areias que vêm do norte, o mar rebenta e fecha a barra -como aconteceu naquela fatídica terça-feira...
Eu sei, porque falo todos os dias com pescadores que arriscam a vida na barra da Figueira, que esta barra vai dar mais problemas.
Oxalá esteja completamente enganado.
Mas, quando me dizem - e estou a falar de homens experimentados e corajosos, não estou a falar de "copinhos de leite" - que os sustos são de tal ordem que, por vezes, "até nos borramos pelas pernas abaixo", temos de continuar preocupados.
Pelo menos que haja o mínimo: meios de socorro e de salvamento, em prontidão, que permitam que se faça o possível quando a desgraça acontece.
O que foi que não aconteceu no mais recente sinistro que ocorreu na entrada da barra da Figueira da Foz.
Para ler melhor basta clicar em cima da imagem.
Foi pelo Mondego acima, num curso de água agora assoreado, que se processou muito do comércio dos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-o-Velho e Santa Eulália eram então portos flúvio-marítimos forjados pela sua influência.
O assoreamento progressivo do rio, que data do século XI, mas que se acentuou, sobretudo, a partir do século seguinte, foi eliminando a navegabilidade do Mondego, empurrando para a foz todo um somatório de actividades que levaram um modesto povoado do século XII a desenvolver-se.
A nossa história, a história da Figueira e das suas gentes, é muita da história da transformação do Mondego, que passou pelo histórico e pela influência do acerto e do desatino que o homem fez nas intervenções da nascente até à foz ao longo dos séculos.
Mais tarde, a dominação filipina , vexatória e opressiva, viria a criar ao nosso País dificuldades acrescidas.
A navegação foi das actividades industriais mais atingidas pelo desaforo do dominador.
A independência em 1640, ditaria uma mudança radical: os figueirenses meteram mãos à obra e desenvolveram a construção naval. Construíram caravelas, naus e outros tipos de embarcações. O desenvolvimento da construção naval permitiu o desenvolvimento local e a melhoria de vida para os figueirenses. Na altura, chegou mesmo a ser criada uma marinha mercante própria do porto, fortalecida com caravelas de armadores de Buarcos e Redondos, povoações à época mais ricas que o povoado da Figueira.
Ao movimento de navios e de mercadorias durante as décadas seguintes viria a corresponder uma expansão da Figueira povoado, que a elevaria ao nível das importantes povoações do nosso País.
À tutela do jugo filipino responderam alguns dos nossos antepassados, com um esforço colectivo, que só não foi inteiramente libertador, por, ao mesmo tempo, terem promovido e desenvolvido a dominação e a exploração dos outros.
Mas, a Figueira teve sempre um problema: o assoreamento da barra.
E de projecto em projecto, de obra em obra, de erro sobre erro, chegámos ao prolongamento do molhe norte em 400 metros.
Registe-se, a propósito do recente sinistro do Olívia Ribau, que o presidente da Câmara da Figueira, além de sublinhar "que falharam as medidas de prevenção" e "a estação salva-vidas fechar às 18 horas e uma embarcação de socorro estar avariada", lembrou que há mais de três anos que a autarquia vem fazendo "insistentemente" apelos para a dragagem da barra, a última vez em abril de 2014, dando nota das dificuldades das embarcações dos pescadores para entrarem no porto, após as obras de prolongamento do molhe norte em 2010.
Como sabemos, é mais do mesmo: a única solução que os responsáveis encontram para manter a cota da nossa barra, passa pelas constantes dragagens. Isso, como diz há muito tempo o covagalense Manuel Luís Pata, "é cómodo para quem é responsável e a extracção das areias tem constituído «uma mina de ouro». Se não fosse esta »mina», estariam hoje construídos aqueles palácios («aqueles monstros») junto ao rio?"
O aumento do molhe em 400 metros, como a realidade já provou e como quem tinha o saber da experiência feita previu e preveniu em devido tempo, nunca evitará que as areias se depositem na enseada e fechem a barra. Além do mais, uma barra nunca se estrangula.
Quem promoveu e apoiou tão aberrante obra - como foi o caso, ainda na segunda-feira, do vereador Miguel Almeida - não tem o mínimo conhecimento do que é o mar.
Por outro lado, mesmo que essa obra trouxesse algum benefício à barra da Figueira - e não trouxe, trouxe dor e luto (vários acidentes e 14 vítimas mortais em menos de meia dúzia de anos aí estão infelizmente para o provar) - isso seria sempre um acto egoísta e irresponsável de quem tem mandado na Figueira, dado o conhecido estado crítico da orla costeira a sul da barra da nossa barra.
Passados estes dias de brasa, os figueirenses vão continuar a viver como sempre viveram: em passividade.
Se não for olhado com urgência o problema da barra da Figueira da Foz, a Figueira poderá sofrer, mesmo a nível do negócio, uma crise com prejuízos irreparáveis.
Por exemplo: acham que foi com prazer que as duas fábricas de Celuloses instaladas no nosso concelho - e os principais utilizadores do nosso porto - construíram um ramal de caminho-de-ferro, pouco utilizado aliás nas exportações via porto da Figueira?
Não teria sido, em grande parte, pela falta de confiança da barra local?..
Em que se basearam os técnicos para o prolongamento, curvando para sul, do molhe norte?
Quiseram criar um segundo porto de Leixões?
Só que o molhe daquele porto do norte do nosso país, está implantado num sítio fundo, por isso o mar não rebenta, ao passo que na enseada de Buarcos, devido ao constante assoreamento das areias que vêm do norte, o mar rebenta e fecha a barra -como aconteceu naquela fatídica terça-feira...
Eu sei, porque falo todos os dias com pescadores que arriscam a vida na barra da Figueira, que esta barra vai dar mais problemas.
Oxalá esteja completamente enganado.
Mas, quando me dizem - e estou a falar de homens experimentados e corajosos, não estou a falar de "copinhos de leite" - que os sustos são de tal ordem que, por vezes, "até nos borramos pelas pernas abaixo", temos de continuar preocupados.
Pelo menos que haja o mínimo: meios de socorro e de salvamento, em prontidão, que permitam que se faça o possível quando a desgraça acontece.
O que foi que não aconteceu no mais recente sinistro que ocorreu na entrada da barra da Figueira da Foz.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
"Para que não se esqueça..."
Cerca de duas centenas de familiares e amigos dos tripulantes do arrastão Olívia Ribau homenagearam hoje, junto ao rio Mondego, na Figueira da Foz, os cinco pescadores mortos no naufrágio de há uma semana.
Após a vigília, os familiares realizaram um novo protesto junto à capitania.
Após a vigília, os familiares realizaram um novo protesto junto à capitania.
Parabéns, meu...
Foto Pedro Agostinho Cruz |
Ao longo dos seus 55 anos, António Tavares já vestiu muitas peles: professor do ensino secundário, advogado, jornalista, vereador da oposição e, nos últimos anos, do poder.
Se «passava a vida a espreitar para os contentores do lixo», era porque, no início das suas funções executivas na Câmara Municipal da Figueira da Foz, queria «mudar o mundo» e, sob o peso dessa responsabilidade auto-imposta, cedia à obsessão pelos pormenores. O tempo, garante, curou-o. Os livros, e a escrita, libertaram-no.
Resumindo, concluindo e moral desta «estória» - se esta «estória», que tive oportunidade de ler no Diário de Coimbra, há uns tempos atrás, porventura, tivesse moral!..
Ontem, António Tavares como homem inteligente que sempre foi, queria “mudar o mundo”. Hoje, António Tavares, como homem sábio e político que passou a ser, “mudou-se a ele mesmo”.
Aprendeu a saber jogar, de igual para igual, com os que se movem num terreno partidário armadilhado e movediço, como é, e sempre foi, desde que me conheço, o PS figueirense.
Nos dias que passam, António Tavares é um político feito e assumido, pois melhorou muito no saber lidar com as relações políticas dentro do partido socialista e continua com a visão estratégica e o sangue frio que sempre lhe reconheci.
Mas, vamos ao que interessa.
"O Prémio Leya 2015 foi esta terça-feira atribuído a António Tavares, pelo romance O Coro dos Defuntos. O júri escolheu esta obra por unanimidade. Este é o galardão de maior valor pecuniário - 100 mil euros - para romances inéditos em literatura de expressão portuguesa."
Sublinhe-se: o Prémio Leya é, a par do Prémio Camões - no mesmo valor, mas que distingue carreiras literárias -, o mais valioso atribuído na literatura de expressão portuguesa.
Eu acredito que todas as pessoas são boas em alguma coisa. Eu sabia, há muitos anos, que o António Tavares era bom a escrever. Mas eu também sei que o António Tavares, como político, tornou-se mais do mesmo.
Se o António Tavares lesse o que escrevo, sugeria-lhe que largasse a política e se dedicasse à escrita.
Assim, como está a sua vida, conseguir juntar tudo, fazer com que a sua vida tenha sentido e que haja alguma ligação, deverá ser - presumo eu - muito difícil.
É com todo o gosto que registo, felicito e dou publicidade à conquista do prémio.
Por fim, assinalo a diferença entre o Super-Homem e o vereador Tavares!..
Só um tem um livro premiado para atirar à cara de quem o tente chatear...
Barra da Figueira foi reaberta
foto sacada daqui |
A entrada de navios no porto da Figueira da Foz está a ser efectuada com recurso a sinalização de bóias e apoio de embarcação da Marinha.
A pornografia nem sempre foi como é hoje...
A pornografia nem sempre foi como é hoje em Portugal.
Houve uma altura em que não havia jornais destes.
Foi no país do passado.
Nesse país do passado, a pornografia tinha revistas especializadas que circulavam quase que na clandestinidade.
Agora já ninguém liga. A pornografia circula livremente.
E depois havia a tradição.
O filho do pedreiro era pedreiro, o filho do pescador era pescador, o filho do sapateiro era sapateiro, o filho do trabalhador rural era trabalhador rural, que por acaso era camponês, e por aí, e andavam na escola até à quarta classe a aprender que D. Afonso Henriques tinha sido o primeiro rei de Portugal e que em 1385 tinha havido uma batalha em Aljubarrota onde tínhamos dado nos cornos dos espanhóis, os rios do Continente, as plantações das Ilhas Adjacentes e os caminhos-de-ferro do Ultramar, a escrever o nome para quando fossem tirar o bilhete de identidade ao registo civil e a tabuada de cor e salteado para contar os trocos e o rol a pagar na mercearia no final do mês. O filho do rico era o filho do rico e o filho do doutor era o filho do doutor, categoria que abrangia todos os doutores de todas as categorias à face da terra, à excepção do engenheiro que era senhor engenheiro e era filho do senhor engenheiro. As mulheres eram as mulheres com a nuance de poderem ser mulheres ricas ou mulheres pobres, mulheres dos ricos ou mulheres dos pobres, quietas lá no seu sítio de donas de casa e parideiras. Na Santa Paz do Senhor, Amém.
E pode o partido que não ficou em primeiros no final da contagem formar Governo, com o suporte da maioria dos deputados que foram eleitos para formar maiorias e não para eleger primeiros-ministros, e governar?
Não pode, por causa da tradição.
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
ORAÇÕES DE SEGUNDA-FEIRA |
Meu Sant'antoninho, não nos deixes ficar mal e livrai-nos dos gajos por bem. Santa Catarina do Bloco, negociai por nós, ponde os olhos em S. Jerónimo que fez das tripas coração e dai-lhe a mão.
(Rezar 3 vezes com um copo de esperança no futuro)
António Costa Santos
(Rezar 3 vezes com um copo de esperança no futuro)
António Costa Santos
Miguel Almeida: tanto que ainda ficou por explicar na sua crómica...
Anos depois de concluída a obra, a barra para os barcos de pesca que a demandam está pior que nunca e a erosão, a sul, está descontrolada.
Neste momento, pode dizer-se, sem ponta de demagogia, que a situação é alarmante.
E não foi por falta de aviso.
Por exemplo, Fernando Veloso Gomes, intervindo num debate na Figueira da Foz promovido pela Administração da Região Hidrográfica do Centro (ARHC) em maio de 2010, recordou que na apresentação "há dez anos" (ano de 2000) do projecto de prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz - cuja intervenção se encontrava nessa altura (2010) em curso - que "avisou para as consequências da obra.”
Por exemplo, Manuel Luís Pata, em 1996, escreveu isto no Correio da Figueira a propósito da ideia que então já existia do prolongamento do molhe norte.
“Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”.
Hoje, numa crónica que assina no jornal AS BEIRAS, Miguel Almeida escreve isto.
"Quantas vidas mais terá o mar de levar para que se resolva em definitivo o problema da entrada da barra? O problema não está na construção do prolongamento do molhe norte, mas sim nos impactos negativos que provocou e que eram conhecidos desde o início da sua construção. Isto é, o prolongamento do molhe norte era necessário para a estabilização do canal de navegação, o que não se compreende é que conhecidos os impactos que ia provocar não se tenham tomado as medidas necessárias para os eliminar."
Mas, onde andou tanta gente que não contribuiu para prever, em devido tempo, o que era facilmente previsível?..
Recorde-se que Miguel Almeida, apesar de ainda jovem, é detentor de uma brilhante biografia política com cerca de duas dezenas de anos, ou mais: foi deputado na Assembleia da República, deputado na Assembleia Municipal da Figueira da Foz, vereador executivo na Câmara Municipal da Figueira da Foz e candidato a presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz. Neste momento, é vereador na oposição...
A minha maior mágoa - e isso é o que eu lamento mais profundamente - é que o negócio sempre foi o que mais influenciou o desenho e a gestão da barra do porto da Figueira da Foz.
Como escreve Miguel Almeida, mais à frente, agora veio o resto, que esta tragédia colocou completamente a nu.
"Infelizmente, existe uma enorme nebulosa sobre todo este caso, que se exige que os inquéritos da Marinha e do Ministério Público dêem respostas. Fica a sensação que o Serviço Municipal de Protecção Civil e a Autoridade Marítima não estão articulados. Enfim, fica a sensação que quase tudo falhou. Felizmente, ainda foi possível salvar a vida de dois tripulantes, graças à disponibilidade do polícia marítimo Carlos Santos, que, apesar de estar de licença, se fez ao mar e resgatou os únicos sobreviventes. Saibamos todos honrar a memória de para quem “o pão, às vezes, é morte”, não permitindo que esta tragédia caia no esquecimento e não se resolvam os problemas".
Esta crónica de Miguel Almeida, a meu ver, teria ficado mais completa, se tivesse também referido a política de cortes cegos feitos pelos que governaram nos últimos 4 anos em Portugal e que, pelos vistos, se preparam para continuar.
Um dia - essa é esperança que me alimenta desde sempre - ainda hão-de ser as pessoas o mais importante na definição do desenho e da gestão da barra da Figueira e do Portugal em que desejava viver.
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