"Porque é que uma aliança pós-eleitoral entre o PSD e o CDS foi, em 2011, uma coligação e uma aliança pós-eleitoral entre o PS, o BE e o PCP é, em 2015, uma frente?"
Daniel Oliveira
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
A barra da Figueira não pode continuar a ser um cemitério
Crónica do eng. Daniel dos Santos, publicada na edição de hoje do jornal AS BEIRAS.
Para ler melhor basta clicar em cima da imagem.
Foi pelo Mondego acima, num curso de água agora assoreado, que se processou muito do comércio dos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-o-Velho e Santa Eulália eram então portos flúvio-marítimos forjados pela sua influência.
O assoreamento progressivo do rio, que data do século XI, mas que se acentuou, sobretudo, a partir do século seguinte, foi eliminando a navegabilidade do Mondego, empurrando para a foz todo um somatório de actividades que levaram um modesto povoado do século XII a desenvolver-se.
A nossa história, a história da Figueira e das suas gentes, é muita da história da transformação do Mondego, que passou pelo histórico e pela influência do acerto e do desatino que o homem fez nas intervenções da nascente até à foz ao longo dos séculos.
Mais tarde, a dominação filipina , vexatória e opressiva, viria a criar ao nosso País dificuldades acrescidas.
A navegação foi das actividades industriais mais atingidas pelo desaforo do dominador.
A independência em 1640, ditaria uma mudança radical: os figueirenses meteram mãos à obra e desenvolveram a construção naval. Construíram caravelas, naus e outros tipos de embarcações. O desenvolvimento da construção naval permitiu o desenvolvimento local e a melhoria de vida para os figueirenses. Na altura, chegou mesmo a ser criada uma marinha mercante própria do porto, fortalecida com caravelas de armadores de Buarcos e Redondos, povoações à época mais ricas que o povoado da Figueira.
Ao movimento de navios e de mercadorias durante as décadas seguintes viria a corresponder uma expansão da Figueira povoado, que a elevaria ao nível das importantes povoações do nosso País.
À tutela do jugo filipino responderam alguns dos nossos antepassados, com um esforço colectivo, que só não foi inteiramente libertador, por, ao mesmo tempo, terem promovido e desenvolvido a dominação e a exploração dos outros.
Mas, a Figueira teve sempre um problema: o assoreamento da barra.
E de projecto em projecto, de obra em obra, de erro sobre erro, chegámos ao prolongamento do molhe norte em 400 metros.
Registe-se, a propósito do recente sinistro do Olívia Ribau, que o presidente da Câmara da Figueira, além de sublinhar "que falharam as medidas de prevenção" e "a estação salva-vidas fechar às 18 horas e uma embarcação de socorro estar avariada", lembrou que há mais de três anos que a autarquia vem fazendo "insistentemente" apelos para a dragagem da barra, a última vez em abril de 2014, dando nota das dificuldades das embarcações dos pescadores para entrarem no porto, após as obras de prolongamento do molhe norte em 2010.
Como sabemos, é mais do mesmo: a única solução que os responsáveis encontram para manter a cota da nossa barra, passa pelas constantes dragagens. Isso, como diz há muito tempo o covagalense Manuel Luís Pata, "é cómodo para quem é responsável e a extracção das areias tem constituído «uma mina de ouro». Se não fosse esta »mina», estariam hoje construídos aqueles palácios («aqueles monstros») junto ao rio?"
O aumento do molhe em 400 metros, como a realidade já provou e como quem tinha o saber da experiência feita previu e preveniu em devido tempo, nunca evitará que as areias se depositem na enseada e fechem a barra. Além do mais, uma barra nunca se estrangula.
Quem promoveu e apoiou tão aberrante obra - como foi o caso, ainda na segunda-feira, do vereador Miguel Almeida - não tem o mínimo conhecimento do que é o mar.
Por outro lado, mesmo que essa obra trouxesse algum benefício à barra da Figueira - e não trouxe, trouxe dor e luto (vários acidentes e 14 vítimas mortais em menos de meia dúzia de anos aí estão infelizmente para o provar) - isso seria sempre um acto egoísta e irresponsável de quem tem mandado na Figueira, dado o conhecido estado crítico da orla costeira a sul da barra da nossa barra.
Passados estes dias de brasa, os figueirenses vão continuar a viver como sempre viveram: em passividade.
Se não for olhado com urgência o problema da barra da Figueira da Foz, a Figueira poderá sofrer, mesmo a nível do negócio, uma crise com prejuízos irreparáveis.
Por exemplo: acham que foi com prazer que as duas fábricas de Celuloses instaladas no nosso concelho - e os principais utilizadores do nosso porto - construíram um ramal de caminho-de-ferro, pouco utilizado aliás nas exportações via porto da Figueira?
Não teria sido, em grande parte, pela falta de confiança da barra local?..
Em que se basearam os técnicos para o prolongamento, curvando para sul, do molhe norte?
Quiseram criar um segundo porto de Leixões?
Só que o molhe daquele porto do norte do nosso país, está implantado num sítio fundo, por isso o mar não rebenta, ao passo que na enseada de Buarcos, devido ao constante assoreamento das areias que vêm do norte, o mar rebenta e fecha a barra -como aconteceu naquela fatídica terça-feira...
Eu sei, porque falo todos os dias com pescadores que arriscam a vida na barra da Figueira, que esta barra vai dar mais problemas.
Oxalá esteja completamente enganado.
Mas, quando me dizem - e estou a falar de homens experimentados e corajosos, não estou a falar de "copinhos de leite" - que os sustos são de tal ordem que, por vezes, "até nos borramos pelas pernas abaixo", temos de continuar preocupados.
Pelo menos que haja o mínimo: meios de socorro e de salvamento, em prontidão, que permitam que se faça o possível quando a desgraça acontece.
O que foi que não aconteceu no mais recente sinistro que ocorreu na entrada da barra da Figueira da Foz.
Para ler melhor basta clicar em cima da imagem.
Foi pelo Mondego acima, num curso de água agora assoreado, que se processou muito do comércio dos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-o-Velho e Santa Eulália eram então portos flúvio-marítimos forjados pela sua influência.
O assoreamento progressivo do rio, que data do século XI, mas que se acentuou, sobretudo, a partir do século seguinte, foi eliminando a navegabilidade do Mondego, empurrando para a foz todo um somatório de actividades que levaram um modesto povoado do século XII a desenvolver-se.
A nossa história, a história da Figueira e das suas gentes, é muita da história da transformação do Mondego, que passou pelo histórico e pela influência do acerto e do desatino que o homem fez nas intervenções da nascente até à foz ao longo dos séculos.
Mais tarde, a dominação filipina , vexatória e opressiva, viria a criar ao nosso País dificuldades acrescidas.
A navegação foi das actividades industriais mais atingidas pelo desaforo do dominador.
A independência em 1640, ditaria uma mudança radical: os figueirenses meteram mãos à obra e desenvolveram a construção naval. Construíram caravelas, naus e outros tipos de embarcações. O desenvolvimento da construção naval permitiu o desenvolvimento local e a melhoria de vida para os figueirenses. Na altura, chegou mesmo a ser criada uma marinha mercante própria do porto, fortalecida com caravelas de armadores de Buarcos e Redondos, povoações à época mais ricas que o povoado da Figueira.
Ao movimento de navios e de mercadorias durante as décadas seguintes viria a corresponder uma expansão da Figueira povoado, que a elevaria ao nível das importantes povoações do nosso País.
À tutela do jugo filipino responderam alguns dos nossos antepassados, com um esforço colectivo, que só não foi inteiramente libertador, por, ao mesmo tempo, terem promovido e desenvolvido a dominação e a exploração dos outros.
Mas, a Figueira teve sempre um problema: o assoreamento da barra.
E de projecto em projecto, de obra em obra, de erro sobre erro, chegámos ao prolongamento do molhe norte em 400 metros.
Registe-se, a propósito do recente sinistro do Olívia Ribau, que o presidente da Câmara da Figueira, além de sublinhar "que falharam as medidas de prevenção" e "a estação salva-vidas fechar às 18 horas e uma embarcação de socorro estar avariada", lembrou que há mais de três anos que a autarquia vem fazendo "insistentemente" apelos para a dragagem da barra, a última vez em abril de 2014, dando nota das dificuldades das embarcações dos pescadores para entrarem no porto, após as obras de prolongamento do molhe norte em 2010.
Como sabemos, é mais do mesmo: a única solução que os responsáveis encontram para manter a cota da nossa barra, passa pelas constantes dragagens. Isso, como diz há muito tempo o covagalense Manuel Luís Pata, "é cómodo para quem é responsável e a extracção das areias tem constituído «uma mina de ouro». Se não fosse esta »mina», estariam hoje construídos aqueles palácios («aqueles monstros») junto ao rio?"
O aumento do molhe em 400 metros, como a realidade já provou e como quem tinha o saber da experiência feita previu e preveniu em devido tempo, nunca evitará que as areias se depositem na enseada e fechem a barra. Além do mais, uma barra nunca se estrangula.
Quem promoveu e apoiou tão aberrante obra - como foi o caso, ainda na segunda-feira, do vereador Miguel Almeida - não tem o mínimo conhecimento do que é o mar.
Por outro lado, mesmo que essa obra trouxesse algum benefício à barra da Figueira - e não trouxe, trouxe dor e luto (vários acidentes e 14 vítimas mortais em menos de meia dúzia de anos aí estão infelizmente para o provar) - isso seria sempre um acto egoísta e irresponsável de quem tem mandado na Figueira, dado o conhecido estado crítico da orla costeira a sul da barra da nossa barra.
Passados estes dias de brasa, os figueirenses vão continuar a viver como sempre viveram: em passividade.
Se não for olhado com urgência o problema da barra da Figueira da Foz, a Figueira poderá sofrer, mesmo a nível do negócio, uma crise com prejuízos irreparáveis.
Por exemplo: acham que foi com prazer que as duas fábricas de Celuloses instaladas no nosso concelho - e os principais utilizadores do nosso porto - construíram um ramal de caminho-de-ferro, pouco utilizado aliás nas exportações via porto da Figueira?
Não teria sido, em grande parte, pela falta de confiança da barra local?..
Em que se basearam os técnicos para o prolongamento, curvando para sul, do molhe norte?
Quiseram criar um segundo porto de Leixões?
Só que o molhe daquele porto do norte do nosso país, está implantado num sítio fundo, por isso o mar não rebenta, ao passo que na enseada de Buarcos, devido ao constante assoreamento das areias que vêm do norte, o mar rebenta e fecha a barra -como aconteceu naquela fatídica terça-feira...
Eu sei, porque falo todos os dias com pescadores que arriscam a vida na barra da Figueira, que esta barra vai dar mais problemas.
Oxalá esteja completamente enganado.
Mas, quando me dizem - e estou a falar de homens experimentados e corajosos, não estou a falar de "copinhos de leite" - que os sustos são de tal ordem que, por vezes, "até nos borramos pelas pernas abaixo", temos de continuar preocupados.
Pelo menos que haja o mínimo: meios de socorro e de salvamento, em prontidão, que permitam que se faça o possível quando a desgraça acontece.
O que foi que não aconteceu no mais recente sinistro que ocorreu na entrada da barra da Figueira da Foz.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
"Para que não se esqueça..."
Cerca de duas centenas de familiares e amigos dos tripulantes do arrastão Olívia Ribau homenagearam hoje, junto ao rio Mondego, na Figueira da Foz, os cinco pescadores mortos no naufrágio de há uma semana.
Após a vigília, os familiares realizaram um novo protesto junto à capitania.
Após a vigília, os familiares realizaram um novo protesto junto à capitania.
Parabéns, meu...
Foto Pedro Agostinho Cruz |
Ao longo dos seus 55 anos, António Tavares já vestiu muitas peles: professor do ensino secundário, advogado, jornalista, vereador da oposição e, nos últimos anos, do poder.
Se «passava a vida a espreitar para os contentores do lixo», era porque, no início das suas funções executivas na Câmara Municipal da Figueira da Foz, queria «mudar o mundo» e, sob o peso dessa responsabilidade auto-imposta, cedia à obsessão pelos pormenores. O tempo, garante, curou-o. Os livros, e a escrita, libertaram-no.
Resumindo, concluindo e moral desta «estória» - se esta «estória», que tive oportunidade de ler no Diário de Coimbra, há uns tempos atrás, porventura, tivesse moral!..
Ontem, António Tavares como homem inteligente que sempre foi, queria “mudar o mundo”. Hoje, António Tavares, como homem sábio e político que passou a ser, “mudou-se a ele mesmo”.
Aprendeu a saber jogar, de igual para igual, com os que se movem num terreno partidário armadilhado e movediço, como é, e sempre foi, desde que me conheço, o PS figueirense.
Nos dias que passam, António Tavares é um político feito e assumido, pois melhorou muito no saber lidar com as relações políticas dentro do partido socialista e continua com a visão estratégica e o sangue frio que sempre lhe reconheci.
Mas, vamos ao que interessa.
"O Prémio Leya 2015 foi esta terça-feira atribuído a António Tavares, pelo romance O Coro dos Defuntos. O júri escolheu esta obra por unanimidade. Este é o galardão de maior valor pecuniário - 100 mil euros - para romances inéditos em literatura de expressão portuguesa."
Sublinhe-se: o Prémio Leya é, a par do Prémio Camões - no mesmo valor, mas que distingue carreiras literárias -, o mais valioso atribuído na literatura de expressão portuguesa.
Eu acredito que todas as pessoas são boas em alguma coisa. Eu sabia, há muitos anos, que o António Tavares era bom a escrever. Mas eu também sei que o António Tavares, como político, tornou-se mais do mesmo.
Se o António Tavares lesse o que escrevo, sugeria-lhe que largasse a política e se dedicasse à escrita.
Assim, como está a sua vida, conseguir juntar tudo, fazer com que a sua vida tenha sentido e que haja alguma ligação, deverá ser - presumo eu - muito difícil.
É com todo o gosto que registo, felicito e dou publicidade à conquista do prémio.
Por fim, assinalo a diferença entre o Super-Homem e o vereador Tavares!..
Só um tem um livro premiado para atirar à cara de quem o tente chatear...
Barra da Figueira foi reaberta
foto sacada daqui |
A entrada de navios no porto da Figueira da Foz está a ser efectuada com recurso a sinalização de bóias e apoio de embarcação da Marinha.
A pornografia nem sempre foi como é hoje...
A pornografia nem sempre foi como é hoje em Portugal.
Houve uma altura em que não havia jornais destes.
Foi no país do passado.
Nesse país do passado, a pornografia tinha revistas especializadas que circulavam quase que na clandestinidade.
Agora já ninguém liga. A pornografia circula livremente.
E depois havia a tradição.
O filho do pedreiro era pedreiro, o filho do pescador era pescador, o filho do sapateiro era sapateiro, o filho do trabalhador rural era trabalhador rural, que por acaso era camponês, e por aí, e andavam na escola até à quarta classe a aprender que D. Afonso Henriques tinha sido o primeiro rei de Portugal e que em 1385 tinha havido uma batalha em Aljubarrota onde tínhamos dado nos cornos dos espanhóis, os rios do Continente, as plantações das Ilhas Adjacentes e os caminhos-de-ferro do Ultramar, a escrever o nome para quando fossem tirar o bilhete de identidade ao registo civil e a tabuada de cor e salteado para contar os trocos e o rol a pagar na mercearia no final do mês. O filho do rico era o filho do rico e o filho do doutor era o filho do doutor, categoria que abrangia todos os doutores de todas as categorias à face da terra, à excepção do engenheiro que era senhor engenheiro e era filho do senhor engenheiro. As mulheres eram as mulheres com a nuance de poderem ser mulheres ricas ou mulheres pobres, mulheres dos ricos ou mulheres dos pobres, quietas lá no seu sítio de donas de casa e parideiras. Na Santa Paz do Senhor, Amém.
E pode o partido que não ficou em primeiros no final da contagem formar Governo, com o suporte da maioria dos deputados que foram eleitos para formar maiorias e não para eleger primeiros-ministros, e governar?
Não pode, por causa da tradição.
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
ORAÇÕES DE SEGUNDA-FEIRA |
Meu Sant'antoninho, não nos deixes ficar mal e livrai-nos dos gajos por bem. Santa Catarina do Bloco, negociai por nós, ponde os olhos em S. Jerónimo que fez das tripas coração e dai-lhe a mão.
(Rezar 3 vezes com um copo de esperança no futuro)
António Costa Santos
(Rezar 3 vezes com um copo de esperança no futuro)
António Costa Santos
Miguel Almeida: tanto que ainda ficou por explicar na sua crómica...
Anos depois de concluída a obra, a barra para os barcos de pesca que a demandam está pior que nunca e a erosão, a sul, está descontrolada.
Neste momento, pode dizer-se, sem ponta de demagogia, que a situação é alarmante.
E não foi por falta de aviso.
Por exemplo, Fernando Veloso Gomes, intervindo num debate na Figueira da Foz promovido pela Administração da Região Hidrográfica do Centro (ARHC) em maio de 2010, recordou que na apresentação "há dez anos" (ano de 2000) do projecto de prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz - cuja intervenção se encontrava nessa altura (2010) em curso - que "avisou para as consequências da obra.”
Por exemplo, Manuel Luís Pata, em 1996, escreveu isto no Correio da Figueira a propósito da ideia que então já existia do prolongamento do molhe norte.
“Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”.
Hoje, numa crónica que assina no jornal AS BEIRAS, Miguel Almeida escreve isto.
"Quantas vidas mais terá o mar de levar para que se resolva em definitivo o problema da entrada da barra? O problema não está na construção do prolongamento do molhe norte, mas sim nos impactos negativos que provocou e que eram conhecidos desde o início da sua construção. Isto é, o prolongamento do molhe norte era necessário para a estabilização do canal de navegação, o que não se compreende é que conhecidos os impactos que ia provocar não se tenham tomado as medidas necessárias para os eliminar."
Mas, onde andou tanta gente que não contribuiu para prever, em devido tempo, o que era facilmente previsível?..
Recorde-se que Miguel Almeida, apesar de ainda jovem, é detentor de uma brilhante biografia política com cerca de duas dezenas de anos, ou mais: foi deputado na Assembleia da República, deputado na Assembleia Municipal da Figueira da Foz, vereador executivo na Câmara Municipal da Figueira da Foz e candidato a presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz. Neste momento, é vereador na oposição...
A minha maior mágoa - e isso é o que eu lamento mais profundamente - é que o negócio sempre foi o que mais influenciou o desenho e a gestão da barra do porto da Figueira da Foz.
Como escreve Miguel Almeida, mais à frente, agora veio o resto, que esta tragédia colocou completamente a nu.
"Infelizmente, existe uma enorme nebulosa sobre todo este caso, que se exige que os inquéritos da Marinha e do Ministério Público dêem respostas. Fica a sensação que o Serviço Municipal de Protecção Civil e a Autoridade Marítima não estão articulados. Enfim, fica a sensação que quase tudo falhou. Felizmente, ainda foi possível salvar a vida de dois tripulantes, graças à disponibilidade do polícia marítimo Carlos Santos, que, apesar de estar de licença, se fez ao mar e resgatou os únicos sobreviventes. Saibamos todos honrar a memória de para quem “o pão, às vezes, é morte”, não permitindo que esta tragédia caia no esquecimento e não se resolvam os problemas".
Esta crónica de Miguel Almeida, a meu ver, teria ficado mais completa, se tivesse também referido a política de cortes cegos feitos pelos que governaram nos últimos 4 anos em Portugal e que, pelos vistos, se preparam para continuar.
Um dia - essa é esperança que me alimenta desde sempre - ainda hão-de ser as pessoas o mais importante na definição do desenho e da gestão da barra da Figueira e do Portugal em que desejava viver.
João José Cardoso
Sou leitor de todos os dias do blogue Aventar, desde há vários anos.
Dos inúmeros autores do Aventar, João José Cardoso é dos preferidos.
Foi pelo Aventar que tomei conhecimento da sua morte.
Não o conhecia pessoalmente, mas pelo que li durante anos do que escreveu e pelo que li do que nas últimas horas escreveram dele, pertencia aos "gajos terríveis e com um feitiozinho de mula", mas escrevia com respeito pelo que pensava e pelo que sentia.
Tinha-o como um Homem de causas.
Lamentavelmente, o lado da barricada dos que ainda não desistiram de lutar por uma sociedade mais justa e respeitadora dos direitos humanos, ficou ainda mais pobre.
Dos inúmeros autores do Aventar, João José Cardoso é dos preferidos.
Foi pelo Aventar que tomei conhecimento da sua morte.
Não o conhecia pessoalmente, mas pelo que li durante anos do que escreveu e pelo que li do que nas últimas horas escreveram dele, pertencia aos "gajos terríveis e com um feitiozinho de mula", mas escrevia com respeito pelo que pensava e pelo que sentia.
Tinha-o como um Homem de causas.
Lamentavelmente, o lado da barricada dos que ainda não desistiram de lutar por uma sociedade mais justa e respeitadora dos direitos humanos, ficou ainda mais pobre.
domingo, 11 de outubro de 2015
Encontrado corpo do último pescador do naufrágio do Olívia Ribau
O corpo do Adriano Camboia apareceu na zona da marina da Figueira da Foz, cerca das 13 horas e 4 minutos.
Pescadores exigem socorro 24 horas por dia
Os pescadores estão com medo da barra da Figueira.
"Tememos pela vida. O medo de que possamos naufragar está sempre na nossa mente", disse ao Correio da Manhã José Santos, pescador da Figueira da Foz.
"Sentimo-nos abandonados e com medo de não sermos socorridos", afirmou ao mesmo jornal o pescador José Carriço, para quem os serviços do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) devem estar abertos "24 horas por dia" e com duas equipas em permanência.
É precisamente o encerramento deste serviço, às 18h00, que deixa revoltados os pescadores tendo em conta que é a partir daquela hora e até à meia-noite que se regista um grande movimento de entradas e saídas de barcos.
"Tememos pela vida. O medo de que possamos naufragar está sempre na nossa mente", disse ao Correio da Manhã José Santos, pescador da Figueira da Foz.
"Sentimo-nos abandonados e com medo de não sermos socorridos", afirmou ao mesmo jornal o pescador José Carriço, para quem os serviços do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) devem estar abertos "24 horas por dia" e com duas equipas em permanência.
É precisamente o encerramento deste serviço, às 18h00, que deixa revoltados os pescadores tendo em conta que é a partir daquela hora e até à meia-noite que se regista um grande movimento de entradas e saídas de barcos.
A segurança e o salvamento marítimo, um caso grave na barra da Figueira que acidente do Olívia Ribau pôs a nu...
Desde a passada quarta-feira que a Associação Sócio-Profissional da Polícia Marítima quer que seja aberto um inquérito à operação de socorro, desencadeada na sequência do naufrágio do dia anterior na Figueira da Foz.
"Este infeliz episódio deverá servir de alerta para as fragilidades do actual sistema de salvamento marítimo, sustentado no altruísmo dos profissionais da Polícia Marítima", frisa a ASPPM.
É tempo de "encarar a inoperância do sistema na busca e salvamento no mar com a frontalidade que a situação merece e responsabilizar as entidades competentes no salvamento marítimo, antes que se contem mais vítimas no seio da instituição policial", pode ler-se ainda no comunicado da ASPPM.
A associação sindical sublinha também que o "altruísmo que move os profissionais da Polícia Marítima não deve ser confundido como um dever especial de garante da vida humana no mar".
"As incontáveis vidas salvas por profissionais da Polícia Marítima não devem servir para ocultar a inoperância do actual sistema".
A realidade, segundo a ASPPM é que "os profissionais da Polícia Marítima não dispõem de competências para a busca e salvamento no mar, nem estão habilitados, treinados ou em prontidão para responder a ocorrências de naufrágio".
A Figueira tem um grave problema de segurança no salvamento a náufragos, que este acidente colocou a nu.
Um agente da Polícia Marítima, de folga, que por mero caso estava próximo da Figueira, e se muniu de uma mota de água e conseguiu salvar duas vidas, não pode servir para camuflar a realidade.
O Instituto de Socorro a Náufragos encerra às 18 horas numa barra que, a não ser que as condições do tempo não o permitam, permite entradas e saídas 24 horas por dia.
De sublinhar:
1. na passada terça-feira o Instituto de Socorros a Náufragos não tinha os meios necessários para acudir ao acidente, por uma das embarcações, a Patrão Macatrão, estar avariada;
2. o facto da Protecção Civil Municipal da nossa cidade não ter tido conhecimento de que as instalações encerram às 18 horas!..
"Este infeliz episódio deverá servir de alerta para as fragilidades do actual sistema de salvamento marítimo, sustentado no altruísmo dos profissionais da Polícia Marítima", frisa a ASPPM.
É tempo de "encarar a inoperância do sistema na busca e salvamento no mar com a frontalidade que a situação merece e responsabilizar as entidades competentes no salvamento marítimo, antes que se contem mais vítimas no seio da instituição policial", pode ler-se ainda no comunicado da ASPPM.
A associação sindical sublinha também que o "altruísmo que move os profissionais da Polícia Marítima não deve ser confundido como um dever especial de garante da vida humana no mar".
"As incontáveis vidas salvas por profissionais da Polícia Marítima não devem servir para ocultar a inoperância do actual sistema".
A realidade, segundo a ASPPM é que "os profissionais da Polícia Marítima não dispõem de competências para a busca e salvamento no mar, nem estão habilitados, treinados ou em prontidão para responder a ocorrências de naufrágio".
A Figueira tem um grave problema de segurança no salvamento a náufragos, que este acidente colocou a nu.
Um agente da Polícia Marítima, de folga, que por mero caso estava próximo da Figueira, e se muniu de uma mota de água e conseguiu salvar duas vidas, não pode servir para camuflar a realidade.
O Instituto de Socorro a Náufragos encerra às 18 horas numa barra que, a não ser que as condições do tempo não o permitam, permite entradas e saídas 24 horas por dia.
De sublinhar:
1. na passada terça-feira o Instituto de Socorros a Náufragos não tinha os meios necessários para acudir ao acidente, por uma das embarcações, a Patrão Macatrão, estar avariada;
2. o facto da Protecção Civil Municipal da nossa cidade não ter tido conhecimento de que as instalações encerram às 18 horas!..
Depois de tudo ter falhado no naufrágio do Olíva Ribau, espera-se que a justiça funcione.
sábado, 10 de outubro de 2015
Naufrágio do "Olívia Ribau": depois de tudo ter falhado espera-se que a justiça funcione
O Ministério Público está a investigar as circunstâncias em que ocorreu o naufrágio do "Olívia Ribau", na Figueira da Foz, nomeadamente se houve falhas na prestação de socorro.
Ontem, nas operações de resgate, foi encontrado o corpo de Américo Tarralheiro dentro do barco. Até agora estão confirmados quatro mortos e um pescador, Adriano Combóio, continua desaparecido. Apenas dois tripulantes foram resgatados com vida.
Fonte judicial confirmou ao Correio da Manhã que já foi instaurado um inquérito para apurar se terá havido ou não responsabilidade das instituições neste desfecho trágico.
A par da investigação do MP, os familiares de um dos pescadores também já anunciaram que vão recorrer aos tribunais. Vítor Gaspar, advogado que representa a família de Adriano Combóio, disse que vai apresentar queixa por eventual omissão de auxílio e mover uma acção administrativa para responsabilizar "a actuação das instituições". A actuação dos meios de socorro tem sido fortemente criticada.
Ontem, porém, a Autoridade Marítima reafirmava em comunicado que "as decisões tomadas foram inequivocamente as mais adequadas face a todos os factores presentes".
O comunicado alerta para a necessidade de "implementação de uma cultura de segurança, que aumente as probabilidades de sucesso em emergências desta natureza", responsabilizando assim os próprios pescadores por não adoptarem as necessárias medidas. À cabeça da lista dos exemplos negativos da falta desta cultura está "a não utilização de coletes pelos tripulantes em momentos de risco elevado, que diminui as probabilidades de sobrevivência na água não dando tempo para que o resgate se efectue". Outro exemplo referido é a entrada numa barra condicionada com o material desarrumado e sem estar preso, provocando instabilidade e a sua libertação à volta do barco, o que impossibilita "a chegada do socorro por via marítima".
A BARRA
Nos últimos quatro anos registaram-se três acidentes graves, com vítimas mortais, à entrada da barra da Figueira da Foz. Os pescadores apontam o dedo às obras ali realizadas. "Aquela barra ficou mais perigosa depois do aumento do cais. Temos mais areia e a navegação é muito mais arriscada", refere José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.
"Está na altura de questionar porque é que há tantos naufrágios", afirma, revoltado, Alexandre Carvalho, pescador na Figueira da Foz. "A barra transformou-se numa ratoeira para os pescadores", refere. Com o aumento do molhe em 400 metros, explica, "os barcos têm de entrar ou sair da barra atravessados, não há segurança".
Segundo José Festas, na altura em que foram realizadas as obras, a associação que representa alertou os responsáveis para o problema, mas sem sucesso: "Nós tentámos impedir que a barra fosse feita assim. Avisámos que ia matar muita gente".
O responsável por este blogue, dentro das suas modestas possibilidades, tem feito o que pode no alerta dos problemas da nossa barra - que, em abono da verdade, não são de hoje nem de ontem: na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra...
Vejamos o caso do prolongamento em 400 metros do molhe norte.
Manuel Luís Pata, outra voz que tem andado a pregar no deserto, avisou em devido tempo, mas ninguém o ouviu... Recordo, mais uma vez, o já longínquo ano de 1996. Manuel Luís Pata, no extinto Correio da Figueira, a propósito da obra que então se perspectivava e, entretanto, concretizada, do prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava isto que era um alerta, que ninguém teve em conta.
“Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”
O SOCORRO
O Sindicato dos Trabalhadores das Administrações Portuárias revelou que há estações de salva-vidas "com um só elemento" quando deveriam ter seis. No País há 60 tripulantes dos salva-vidas, mas a lei prevê 130, diz o comunicado. Nuno Leitão, porta-voz da Autoridade Marítima, confirma que existem 60, mas recusa comentar o comunicado. Serafim Gomes, do Sindicato, diz que na Figueira da Foz só foi usada a moto de água porque não havia pessoal para tripular os salva-vidas.
Em declarações aos jornalistas, João Ataíde, presidente da câmara da Figueira da Foz, disse que a estação salva-vidas do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) não tinha os meios necessários para acudir ao acidente, por uma das embarcações, a Patrão Macatrão, estar avariada, e criticou o facto da Protecção Civil Municipal não ter tido conhecimento de que as instalações encerram às 18 horas.
Consciente do papel de destaque que se encontra reservado à protecção civil ao nível do bem estar da população figueirense, tendo em conta o cumprimento do estatuído no artigo 5º do Decreto-Lei nº 203/93, de 3 de Junho, que ao regulamentar a Lei nº 113/91, de 29 de Agosto (Lei de Bases da Protecção Civil), impôs aos municípios a promoção da criação dos seus serviço municipais de protecção civil, aos quais cabe desenvolver actividades de coordenação e execução tendentes a prevenir riscos colectivos inerentes à situação de acidente grave, catástrofe ou calamidade de origem natural ou tecnológica, atenuar os seus efeitos e socorrer as pessoas e bens em perigo, quando aquelas situações ocorram das populações, deixo duas perguntas:
1ª. - para que serve a Protecção Civil Municipal da Figueira da Foz?
2ª. - quantas reuniões de coordenação existem por ano com todas as entidades envolvidas?
Recordo, para quem não se lembre, que o presidente da Câmara tem a seu cargo a direcção das actividades a desenvolver no âmbito da Protecção Civil, cabendo-lhe designadamente, "criar e dirigir o Serviço Municipal de Protecção Civil Concelhio, procurando garantir a existência dos meios necessários ao seu funcionamento".
Isso passa, entre muitas outras coisas, por "convocar e presidir às reuniões da Comissão Municipal de Protecção Civil", "promover a cooperação de cada organismo ou entidade interveniente, diligenciando assim, o melhor aproveitamento das suas capacidades", "coordenar a elaboração do Plano Municipal de Emergência e promover a preparação, condução e treino periódico dos respectivos intervenientes", "promover e contribuir para o cumprimento da legislação de segurança relativa aos vários riscos inventariados, oficiando para o efeito aos órgão competentes", "promover reuniões periódicas da Comissão Municipal de Protecção Civil, sempre que necessário e no mínimo duas vezes por ano".
Ontem, nas operações de resgate, foi encontrado o corpo de Américo Tarralheiro dentro do barco. Até agora estão confirmados quatro mortos e um pescador, Adriano Combóio, continua desaparecido. Apenas dois tripulantes foram resgatados com vida.
Fonte judicial confirmou ao Correio da Manhã que já foi instaurado um inquérito para apurar se terá havido ou não responsabilidade das instituições neste desfecho trágico.
crónica publicada hoje no jornal AS BEIRAS |
Ontem, porém, a Autoridade Marítima reafirmava em comunicado que "as decisões tomadas foram inequivocamente as mais adequadas face a todos os factores presentes".
O comunicado alerta para a necessidade de "implementação de uma cultura de segurança, que aumente as probabilidades de sucesso em emergências desta natureza", responsabilizando assim os próprios pescadores por não adoptarem as necessárias medidas. À cabeça da lista dos exemplos negativos da falta desta cultura está "a não utilização de coletes pelos tripulantes em momentos de risco elevado, que diminui as probabilidades de sobrevivência na água não dando tempo para que o resgate se efectue". Outro exemplo referido é a entrada numa barra condicionada com o material desarrumado e sem estar preso, provocando instabilidade e a sua libertação à volta do barco, o que impossibilita "a chegada do socorro por via marítima".
A BARRA
Nos últimos quatro anos registaram-se três acidentes graves, com vítimas mortais, à entrada da barra da Figueira da Foz. Os pescadores apontam o dedo às obras ali realizadas. "Aquela barra ficou mais perigosa depois do aumento do cais. Temos mais areia e a navegação é muito mais arriscada", refere José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.
"Está na altura de questionar porque é que há tantos naufrágios", afirma, revoltado, Alexandre Carvalho, pescador na Figueira da Foz. "A barra transformou-se numa ratoeira para os pescadores", refere. Com o aumento do molhe em 400 metros, explica, "os barcos têm de entrar ou sair da barra atravessados, não há segurança".
Segundo José Festas, na altura em que foram realizadas as obras, a associação que representa alertou os responsáveis para o problema, mas sem sucesso: "Nós tentámos impedir que a barra fosse feita assim. Avisámos que ia matar muita gente".
O responsável por este blogue, dentro das suas modestas possibilidades, tem feito o que pode no alerta dos problemas da nossa barra - que, em abono da verdade, não são de hoje nem de ontem: na Figueira, há mais de 100 anos que os engenheiros se dedicam a fazer estudos para a construção de uma barra...
Vejamos o caso do prolongamento em 400 metros do molhe norte.
Manuel Luís Pata, outra voz que tem andado a pregar no deserto, avisou em devido tempo, mas ninguém o ouviu... Recordo, mais uma vez, o já longínquo ano de 1996. Manuel Luís Pata, no extinto Correio da Figueira, a propósito da obra que então se perspectivava e, entretanto, concretizada, do prolongamento do molhe norte da barra da nossa cidade para sul, publicava isto que era um alerta, que ninguém teve em conta.
“Prolongar em que sentido? Decerto que a ideia seria prolonga-lo em direcção ao sul, para fazer de quebra-mar.
Se fora da barra fosse fundo, que o mar não enrolasse, tudo estaria correcto, mas como o mar rebenta muito fora, nem pensar nisso!..
E porquê?... Porque, com os molhes tal como estão (como estavam em 1996...), os barcos para entrarem na barra vêm com o mar pela popa, ao passo que, com o prolongamento do molhe em direcção ao sul, teriam forçosamente que se atravessar ao mar, o que seria um risco muito grande...
Pergunto-me! Quantos vivem do mar, sem o conhecer?”
O SOCORRO
O Sindicato dos Trabalhadores das Administrações Portuárias revelou que há estações de salva-vidas "com um só elemento" quando deveriam ter seis. No País há 60 tripulantes dos salva-vidas, mas a lei prevê 130, diz o comunicado. Nuno Leitão, porta-voz da Autoridade Marítima, confirma que existem 60, mas recusa comentar o comunicado. Serafim Gomes, do Sindicato, diz que na Figueira da Foz só foi usada a moto de água porque não havia pessoal para tripular os salva-vidas.
Em declarações aos jornalistas, João Ataíde, presidente da câmara da Figueira da Foz, disse que a estação salva-vidas do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) não tinha os meios necessários para acudir ao acidente, por uma das embarcações, a Patrão Macatrão, estar avariada, e criticou o facto da Protecção Civil Municipal não ter tido conhecimento de que as instalações encerram às 18 horas.
Consciente do papel de destaque que se encontra reservado à protecção civil ao nível do bem estar da população figueirense, tendo em conta o cumprimento do estatuído no artigo 5º do Decreto-Lei nº 203/93, de 3 de Junho, que ao regulamentar a Lei nº 113/91, de 29 de Agosto (Lei de Bases da Protecção Civil), impôs aos municípios a promoção da criação dos seus serviço municipais de protecção civil, aos quais cabe desenvolver actividades de coordenação e execução tendentes a prevenir riscos colectivos inerentes à situação de acidente grave, catástrofe ou calamidade de origem natural ou tecnológica, atenuar os seus efeitos e socorrer as pessoas e bens em perigo, quando aquelas situações ocorram das populações, deixo duas perguntas:
1ª. - para que serve a Protecção Civil Municipal da Figueira da Foz?
2ª. - quantas reuniões de coordenação existem por ano com todas as entidades envolvidas?
Recordo, para quem não se lembre, que o presidente da Câmara tem a seu cargo a direcção das actividades a desenvolver no âmbito da Protecção Civil, cabendo-lhe designadamente, "criar e dirigir o Serviço Municipal de Protecção Civil Concelhio, procurando garantir a existência dos meios necessários ao seu funcionamento".
Isso passa, entre muitas outras coisas, por "convocar e presidir às reuniões da Comissão Municipal de Protecção Civil", "promover a cooperação de cada organismo ou entidade interveniente, diligenciando assim, o melhor aproveitamento das suas capacidades", "coordenar a elaboração do Plano Municipal de Emergência e promover a preparação, condução e treino periódico dos respectivos intervenientes", "promover e contribuir para o cumprimento da legislação de segurança relativa aos vários riscos inventariados, oficiando para o efeito aos órgão competentes", "promover reuniões periódicas da Comissão Municipal de Protecção Civil, sempre que necessário e no mínimo duas vezes por ano".
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