quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A vida, a ética e os políticos

Muito se fala em ética, nos dias que passam.
A política, ouve-se dizer amiúde, deveria conter um elevado sentido ético, de missão e de serviço.
A ética, o sentido de missão e de serviço, na vida como na política, só podem ser um ponto de partida, nunca um ponto de chegada.
Os partidos, esses “chamados pilares da democracia”, não são propriamente uma escola de virtudes, de bons costumes e de lisura de processos.
Para mim, é claro há muitos e bons anos, que quem pretender militar com lisura num partido, seja ele qual for, da esquerda à direita, corre o risco de, mais tarde ou mais cedo, entrar em conflito e, no mínimo, se não se quiser aborrecer muito, acaba por ir "dar uma volta ao bilhar grande”, para arejar as ideias.
Portanto, para mim, discutir a vida interna dos partidos está fora de questão.
Verdadeiramente motivante, isso sim, é a discussão das consequências que as decisões políticas têm na vida de todos nós. Questionar ou comentar propostas dos poderes, assim como escrutinar a gestão da “coisa pública” e a aplicação dos dinheiros do estado, é um acto de cidadania a que, nem os cidadãos nem os políticos, estão habituados. Aliás, os políticos, sejam do poder central ou do poder local, sentem-se especialmente desconfortáveis se forem atentamente observados pelo cidadão normal.
Para mim, é para o lado que me viro melhor. A meu ver, político que não queira ser escrutinado, só tem uma coisa a fazer: mudar de vida.
Portanto, nunca irei compreender o engulho que as questões ou opiniões dos cidadãos geram em alguns políticos.
Se há alguém que deve esclarecimentos, são eles próprios, os políticos. Justificar, clarificar e demonstrar o interesse público das suas propostas de realizações é o mínimo a que estão obrigados.
A arrogância, a prepotência, a soberba e a falta de humildade democrática nunca ajudaram a alterar significativamente, para melhor, a vida dos cidadãos.
Sobre ética política, tive ontem a oportunidade de ler no Jornal de Notícias, esta crónica de José António Pina, que podem ler na íntegra clicando aqui, onde “Mário Soares considera que tudo o que tem vindo a público relacionado com a investigação criminal do caso "Face Oculta" não passa, enquanto questão política, de um "problema comezinho", que o mesmo é dizer, "banal", "corriqueiro", "trivial", "usual", "vulgar".
Leiam, que vale bem a pena.

Centro escolar de S. Pedro em “stand by”

Segundo o Diário de Coimbra de hoje, "o vereador da educação disse ontem na reunião de câmara que, apesar do projecto apresentar alguns problemas «há financiamento», para que a autarquia possa avançar com a construção do Centro Escolar de S. Julião/Tavarede. Um panorama diferente do de S. Pedro que, segundo Carlos Monteiro «não tem projecto, não tem financiamento, e já não há verbas disponíveis para esse financiamento», e por isso, advertiu, «é importante baixar expectativas», até porque se está a falar de uma obra que ronda os 4 milhões de euros."

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fresco!..

Foto: Pedro Cruz

“A tradição já não é o que era”



A Portugal

Jorge de Sena


Esta é a ditosa pátria minha amada.
Não, nem é ditosa porque o não merece,
nem minha amada, porque é só madrasta
nem pátria minha, porque eu não mereço
a pouca sorte de ter nascido nela.
Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
Quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela
Saudosamente nela,
Mas amigos são por serem meus amigos
e mais nada.
Torpe dejecto de romano império,
Babugem de invasões,
Salsujem porca de esgoto atlântico,
Irrisória face de lama, de cobiça e de vileza,
De mesquinhez, de fátua ignorância.
Terra de escravos, de cú para o ar,
Ouvindo ranger no nevoeiro a nau do Encoberto.
Terra de funcionários e de prostitutas,
Devotos todos do Milagre,
Castos nas horas vagas, de doença oculta.
Terra de heróis a peso de ouro e sangue,
E santos com balcão de secos e molhados,
No fundo da virtude.
Terra triste à luz do Sol caiada,
Arrebicada, pulha,
Cheia de afáveis para os estrangeiros,
Que deixam moedas e transportam pulgas
(Oh!, pulgas lusitanas!) pela Europa.
Terra de monumentos
em que o povo assina a merda
o seu anonimato.
Terra-museu em que se vive ainda
com porcos pela rua em casas celtiberas.
Terra de poetas tão sentimentais
Que o cheiro de um sovaco os põe em transe.
Terra de pedras esburgadas,
Secas como esses sentimentos
De oito séculos de roubos e patrões,
Barões ou condes.
Oh! Terra de ninguém, ninguém, ninguém!
Eu te pertenço.
És cabra! És badalhoca!
És mais que cachorra pelo cio!
És peste e fome, e guerra e dor de coração!
Eu te pertenço!
Mas seres minha, não!

X&Q778

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Informação e audiências

Nestes tempos conturbados e inquietantes que vivemos, a imprensa poderia ser uma mais valia na formação cívica de todos nós.
Numa sociedade civilizada, o grau de cidadania de um povo também se mede pela percentagem dos leitores de jornais, relativamente à população.
Quantos mais jornais vendidos, tanto maior será a consciencialização sociopolítica de um povo e, consequentemente, maior a sua capacidade de exigência democrática, de participação cívica e de decisão política.
Todos sabemos, porém, que a informação vive de audiências, isto é, deixa de fazer sentido e é supérflua sem audiências. Sem audiência, a informação morre. Mas também deixa de ter sentido e é ociosa, a informação apenas vocacionada para as audiências.
Será que por causa das audiências, se tem de matar a informação?
São necessárias audiências para justificar a informação.
Mas a busca das audiências a todo o custo, como se pode verificar no exemplo ao lado, não pode determinar e condicionar a informação.
O espectáculo do sangue, por outras palavras “o recurso sistemático "aos crimes de faca e alguidar" como chamariz desvirtua os jornais e a comunicação social, abafando o trabalho sério de jornalistas que procuram formar e informar”.
Do meu ponto de vista, um jornal a "escorrer sangue", e como sabemos há casos destes na imprensa portuguesa, pode ser tudo menos atractivo e estimulante para a leitura...
Mas, se calhar, estou completamente enganado!...

José Saramago



Fez, ontem, 87 anos. Continua uma máquina. Parabéns.

País de sucateiros...

“O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Noronha de Nascimento, considerou nulas e ordenou a destruição das escutas das conversas entre o primeiro-ministro, José Sócrates, e Armando Vara, no âmbito da operação “Face Oculta”.
Envie-se, pois, tudo para a sucata. E, já agora, preferencialmente, sem possibilidade de reciclagem!..

X&Q777


domingo, 15 de novembro de 2009

Mais um empate...

Num pelado que mais parecia uma piscina, Cova-Gala e Lousanense terminaram esta partida a contar para a divisão de honra, da AFC, com um empate sem golos.

Deus nos ajude!..

Carlos Carvalhal, acabei de ouvir na TSF, é a partir deste domingo o novo técnico do "meu" Sporting.
A a última equipa que treinou foi o Marítimo, clube com o qual rescindiu a 28 de Setembro. Em 17 jogos realizados pela equipa madeirense sob sua orientação, apenas ganhou dois.
Do mal o menos: parece que o contrato é apenas válido até ao final da época!...

Fúria do mar

Foto: Pedro Cruz

Aquecimento global

(actualizada às 14h19m)
Para quem ainda não acredita, aqui está, na imagem acima, a prova que faltava.

A situação paradoxal de Carlos Queiroz


"Depois de ver o jogo entre Portugal e a Bósnia acho que Carlos Queiroz está numa situação paradoxal: se Portugal conseguir ir à Africa do Sul a FPF deve procurar rapidamente outro seleccionador mais motivador a curto prazo; se a selecção for eliminada, então Queiroz pode continuar as suas tarefas de planeamento e treino das equipas nacionais sem a pressão de resultados imediatos."


Gonçalo Cadilhe

Dele, dizem, que percorre o mundo com a mochila às costas e conta o que vive através de livros e crónicas.
Dele, dizem, que quando os jovens viajantes portugueses partirem à conquista do mundo, já ele levará uma vantagem considerável.
Dele, dizem, que vai continuar a coleccionar quilómetros pelo globo.
Dele, dizem, que apesar da imensidão do planeta e das longas ausências do país, continua a manter a sua relação afectiva à Figueira da Foz, que é tudo menos superficial.
Dele, dizem, que olha há 30 anos para a Figueira da Foz com olhos de ver.
Dele, dizem, que o que tem visto ao longo das últimas três décadas, não é, de todo, agradável: “desde que começou a ser observada pelo seu olhar, a Figueira não tem evoluído, a nível urbanístico”. Pelo contrário, do seu ponto de vista, “tem vindo a degradar-se”.

Ontem, li num jornal, que na opinião de Gonçalo Cadilhe, a Praia da Claridade “perdeu uma boa oportunidade de ser a Biarritz ibérica, falando em termos turísticos”.
Contudo, a zona ribeirinha continua a encher o seu olhar, como uma paisagem que gosta de ver. Mas o resto do conjunto, faz da Figueira “uma cidade tão feia como qualquer outra cidade feia do mundo”.

Foi, pois, com espanto que, na altura da campanha eleitoral, tomei conhecimento do "total apoio" de Gonçalo Cadilhe a Duarte Silva.
Não sou invejoso, mas também gostaria de poder ter a liberdade de conhecer o mundo, sem os constrangimentos de ter de trabalhar, todos os dias, para sobreviver...
Para Gonçalo Cadilhe, talvez a Figueira possa esperar…
Contudo, para mim, e para tantos outros como eu, o "mundo" é demasiado distante, pelo que tivemos de olhar para a Figueira, que é o nosso “mundo”…