A apresentar mensagens correspondentes à consulta o mar trabalha todos os dias ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta o mar trabalha todos os dias ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens

sábado, 14 de dezembro de 2024

... “big-shot” de três milhões de metros cúbicos de areia, “nunca estará no terreno antes de 2026”...

O 3.º Congresso de Adaptação às Alterações Climáticas da Região de Coimbra, reuniu ontem, na Figueira da Foz, especialistas nacionais e estrangeiros. O evento foi promovido pela Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra (CIM-RC) e pelo Município da Figueira da Foz, em parceria com a Universidade de Coimbra. 
Na cerimónia de abertura, foi consensual que esta região é particularmente vulnerável aos efeitos das alterações climáticas. 
A abertura foi presidida pelo presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes. Nesta cerimónia participaram, ainda, o secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa; o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão; e o presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, Emílio Torrão. 
“A CIM-RC e os municípios que a integramtêm a obrigação, no que respeita a subsistemas, de dar o exemplo de que queremos estar na vanguarda”, defendeu Santana Lopes, na sua intervenção. “O tipo de energia que movem os transportes públicos é um bom exemplo dessa matéria, e temos todos de dar as mãos. É uma das provas de que aquilo que dizemos é mesmo para levar à prática”, acrescentou. 
O anfitrião do congresso, aproveitando a presença do membro do Governo, congratulou-se com os cerca de 28 milhões de euros destinado à recarga das praias do sul do concelho da Figueira da Foz com três milhões de metros cúbicos de areia, para mitigar os efeitos da erosão costeia. Por outro lado, Santana Lopes não se esqueceu de assinalar “a importância do chamado bypass”, sistema mecânico fixo de transporte de areias entre as duas margens. “É um investimento que permite fazer a monitorização constante [do movimento das areias]”, sustentou o autarca. 

“Que passem de excelentes a bons” 

Emílio Torrão, por sua vez, frisou que o congresso “é o reflexo do compromisso” da região para “enfrentar os desafios globais das alterações climáticas, com determinação e inovação”. O presidente da CIM-RC destacou, por outro lado, que “a região é particularmente vulnerável, tendo já enfrentado eventos climáticos extremos, como os incêndios de 2017, a tempestade “Leslie”, as cheias do Mondego e a erosão costeira”
Por seu turno, Amílcar Falcão, falando num concelho com parte do seu território acossado pelo mar, frisou que “a erosão costeira é um problema sério”. O reitor da Universidade de Coimbra, instituição que tem um campus na Figueira da Foz, defendeu ainda: “Temos de estar preparados, e discutir, de forma séria, as alterações climáticas”
Já o secretário de Estado do Ambiente apelou “que os portugueses passem de excelentes a planear a bons executantes”. Por outro lado, Emídio Sousa salientou que “a Região Centro é particularmente vulnerável a incêndios e à erosão costeira”.
Diário as Beiras

E a catástrofe aqui tão perto... 

“O mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”. Uma solução pontual não faz sentido. Citando Miguel Figueira: “não há falta de areia. Ela está é mal distribuída”.
O “big-shot” de três milhões de metros cúbicos de areia, “nunca estará no terreno antes de 2026”... 
Certamente, por mero acaso, ano de eleições autárquicas...

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

By passing... (continuação)

Pedro Santana Lopes:

"O Conselho de Ministros aprovou ontem uma importante decisão para a Figueira da Foz, com expressa autorização para o investimento de 27 milhões de euros num Big shot de 3 milhões de metros cúbicos, a que se juntam obras na Barra do Porto, também de 20 milhões de euros.
“Por coincidência”, é agora que tudo se confirma e/ou se concretiza. Cumprir ou ver cumprir o dever é tão bom e tão importante.
PS- um abraço ao Arquiteto Miguel Figueira, ao Eurico Gonçalves e ao SOS Cabedelo."

Gostava de estar optimista, mas não estou...


PS-
Tal como o Dr. Pedro Santana Lopes, também endereço um abraço ao Arquiteto Miguel Figueira, ao Eurico Gonçalves e ao SOS Cabedelo.
Eles sabem porquê.
Foto sacada daqui

sábado, 30 de novembro de 2024

Em 2025 existem 100 mil euros disponíveis para o by pass...

"Os partidos do Governo viram aprovada, na Assembleia da República, a proposta para o projeto de execução da transposição aluvionar (bypass) da barra da Figueira da Foz, com financiamento de 100 mil euros do Fundo Ambiental. A aprovação aconteceu na votação do Orçamento do Estado." 
Entretanto: ... passing by?

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

... passing by?

Gostava de estar optimista, mas não estou...
O ano passado, a maioria absoluta do PS, inviabilizou esta pretensão da comunidade figueirense que vive o problema da erosão a sul da barra do Mondego.
As obras na linha costeira da Figueira da Foz criaram um desequilíbrio brutal na costa do nosso concelho, que se tem vindo a agravar anos após ano. 
O concurso público para a concepção e construção do BYPASS voltou a ser votado na Assembleia da República, nas alterações ao Orçamento de Estado 2025.
A proposta do Livre, igual à do ano passado, voltou a não passar no crivo da AR. Este ano com os votos contra do centrão, que aprovou a proposta abaixo.
Para ler melhor clicar na imagem.
Está à vista de todos a necessidade da implementação do by passs. Mais 10 anos de espera, como pretende a APA, é algo pouco realista face à dramática situação existente a sul do Mondego, na praia da Figueira e em Buarcos.
A Figueira da Foz tem um problema de sedimentos: acumulam-se em frente à cidade, a Norte da foz do rio Mondego, e estão em falta nas praias a sul. A solução para resolver o problema existe: a solução passa por instalar um sistema fixo que transponha as areias do Norte para Sul, concluiu em 2021 um estudo encomendado pela Agência Portuguesa do Ambiente.
“by-pass” para transferir areias da praia, que devido a um acidente ambiental provocado pelo homem, tem o maior areal da Europa, como Nélson Silva salientou, é a solução para a costa sul do concelho. Mas, só deverá estar no terreno dentro de “10 anos”!..
Gostava de estar optimista, mas não estou.
Entretanto,  “o mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”. 
E de by pass em by pass, vamos andando cá pela Aldeia: do by pass do Cabedelo ao by pass da merda da ETAR DE S. PEDRO...
Oxalá que este meu pessimismo militante seja desmentido pela realidade. 
Estou disponível e completamente aberto a surpresas e a originalidades figueirenses. A ideia de utopia está sempre presente em nós e funciona como uma válvula de escape...

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Esperam-se notícias do parlamento...

Via Jornal de Notícias

«...em 2025, estão previstas reforços de areia em Almada, bem como nas praias da Rocha, Três Castelos e Vau (Portimão), Garrão (Loulé), Furadouro e Esmoriz (Ovar), Cova Gala (Figueira da Foz). Haverá também a colocação de areia em duas zonas agrícolas junto ao mar, em Viana do Castelo e Esposende. A monitorização cabe ao projeto Cosmo, da APA, responsável pela prevenção dos 180 quilómetros de costa portuguesa em erosão.»

Nota de rodapé.

Está à vista de todos a necessidade da implementação do by passs. Mais 10 anos de espera, como pretende a APA, é algo pouco realista face à dramática situação existente a sul do Mondego, na praia da Figueira e em Buarcos.
A Figueira da Foz tem um problema de sedimentos: acumulam-se em frente à cidade, a Norte da foz do rio Mondego, e estão em falta nas praias a sul. A solução para resolver o problema existe: a solução passa por instalar um sistema fixo que transponha as areias do Norte para Sul, concluiu em 2021 um estudo encomendado pela Agência Portuguesa do Ambiente.
“by-pass” para transferir areias da praia, que devido a um acidente ambiental provocado pelo homem, tem o maior areal da Europa, como Nélson Silva salientou, é a solução para a costa sul do concelho. Mas, só deverá estar no terreno dentro de “10 anos”!..
10 anos? Isto, sim, é preocupante.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

By pass é essencial para termos futuro a sul do Mondego

As obras na linha costeira da Figueira da Foz criaram um desequilíbrio brutal na costa do nosso concelho. “O mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”.

O texto de Bruno Pedrosa, candidato pelo Livre às eleições legislativas de 2024 pelo círculo de Coimbra, engenheiro civil formado na Universidade de Coimbra, publicado pelo jornal Campeão das Províncias, na edição de hoje, 25 de Janeiro de 2024, tem toda a actualidade e merece ser lido com atenção.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

As obras na linha costeira da Figueira da Foz criaram um desequilíbrio brutal na costa

Hoje, no Jornal Público
Erosão costeira na Figueira da Foz: “O mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”.

A propósito, recorde-se uma postagem OUTRA MARGEM, de 11 DE ABRIL DE 2008, antes do acrescento dos 400 metros do molhe norte:
Mas, será que alguém sabe, porque estudou, as REPERCUSSÕES QUE MAIS 400 METROS NO MOLHE NORTE terão na zona costeira na margem a sul do Mondego?

Esta pergunta, colocada antes do início da obra, foi ignorada por quem tinha o poder de decisão. A obra foi, na altura, apoiada pela Câmara Municipal da Figueira da Foz e pela Junta e Assembleia de Freguesia de S. Pedro. Há 15 anos estava tudo de acordo. 
O Kilas, o mau da fita, era o António Agostinho: foi caluniado, foi perseguido (até porrada lhe prometeram), foi isolado. Valeu-lhe, como ainda hoje, o grande ego e saber que a razão estava do seu lado. Como, infelizmente, se está a comprovar.
Contudo, esteve sempre bem acompanhado. 
O seu Amigo Manuel Luís Pata, fartava-se de lhe dizer: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Passados 15 anos os desperdícios de recursos financeiros, os resultados estão à vista de todos no Quinto Molhe, Costa e Lavos, Leirosa e mais além...
Como afirma Miguel Figueira na edição de hoje do Público, «a última reposição de areias, trazidas do zona do porto, terminou “há um mês” (e aponta para um enorme buraco na zona mais próxima do local onde os banhistas solitários se instalaram). E acrescenta: “Já está a ser completamente comida. Este buraco não existia, já está aberto. A duna está fragilizada e acabamos de gastar aqui um milhão de euros.”»
Como muitos também me recordo que  “quando éramos miúdos, descíamos as dunas a sul do Quinto Molhe com pranchas, pois isto era uma coisa colossal”. Agora, esse monstro de areia é só uma memória. Ali em frente, estão sacos enormes de sedimentos colocados na base do que resta da duna, que a APA instalou no local há alguns anos, na tentativa de reter parte da areia que tem sido reposta, pontualmente, no local. Sobre a duna há um tubo, que serve para transportar areia para ali, alimentando artificialmente a costa.

A APA continua a desvalorizar a avaliação de Miguel Figueira. Primeiro, garante em resposta escrita ao PÚBLICO, «a intervenção naquela zona não está concluída — foram depositados 45 mil metros cúbicos (m3) de areia e faltam ainda outros 55 mil m3, ou seja, só foi concluída 45% da operação prevista e a restante, se a agitação marítima deixar, deverá ser concluída até ao final do mês.
Quanto aos danos visíveis indica: “A APA e o empreiteiro estão a monitorizar a evolução da intervenção, estando a decorrer como esperado. Este tipo de intervenções de alimentação artificial tem normalmente associadas perdas iniciais de curto prazo associadas aos fenómenos de reajuste do perfil (até atingir o perfil de equilíbrio) e compactação da areia após deposição”, além de alguma “dispersão lateral por processos longitudinais para fora da zona de deposição.”
Segundo o Público, a palavra "monitorizar” anda a irritar sobremaneira Miguel Figueira e Eurico Gonçalves, antigo campeão de surf e o outro rosto do SOS Cabedelo. 
O que está mais do que provado, é tal como previmos antes da execução da sua execução, as obras na linha costeira da Figueira da Foz — incluindo a extensão em 400 metros do Molhe Norte do porto marítimo, uma obra iniciada em 2008 — criaram um desequilíbrio brutal na costa. O areal da praia da Claridade, na cidade, a norte do porto e da foz do Mondego, cresceu tanto que fez com que esta se tornasse a maior praia urbana da Europa.
A sul de tudo isto o cenário é o oposto — a falta de sedimentos, impedidos de passar pelo extenso molhe, fez recuar a costa vários metros, fazendo desaparecer praticamente o areal em várias zonas da Cova-Gala e criando uma meia-lua bem pronunciada ainda mais para sul, onde antes não existia, porque a linha da costa estava muito mais à frente. 
Como afirma Migueira: “não há falta de areia. Ela está é mal distribuída”

A norte do porto, o areal não pára de aumentar, mas a sul a linha de costa está cada vez mais recuada, porque os sedimentos não conseguem passar.
Dúvidas há?
Sem esquecer o perigo na barra do porto,  onde já morreram 15 pessoas em acidentes, desde 2009...
«O Estudo de Viabilidade da Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz, encomendado pela APA a um consórcio, que incluía a Universidade de Aveiro (UA), analisou diferentes soluções e concluiu que o bypass era a solução “economicamente mais viável”, para uma zona que, a sul da Cova-Gala, já apresentava taxas de recuo da costa de 3,5 metros ao ano.
Para os responsáveis do movimento cívico, parecia o início do fim de um longo processo, uma percepção reforçada pelo anúncio do então ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, de que o bypass era mesmo para ser feito. O país já não queria voltar as costas ao mar — algo que nunca se faz, dizem, e que aprenderam muito cedo com os pescadores —, nem fazer dele o inimigo, mas aprender a adaptar-se às mudanças que ele próprio sofria, fruto, em grande parte, da intervenção humana.
Só que o balde de água fria veio logo a seguir: ao contrário do que o SOS Cabedelo esperava, a APA não tem qualquer intenção de avançar com a obra do bypass num futuro imediato e isso desespera os dois activistas. “Neste momento, a nossa maior preocupação é a urgência em avançar com a obra”, diz Eurico Gonçalves. “Queremos que se despachem”, reforça Miguel Figueira.»

Mais uma vez, as coisas estão a acontecer como o responsável do OUTRA MARGEM temia. Lembram-se das nossas conversas nos últimos dois anos sobre o assunto Miguel Figueira e Eurico Gonçalves? 
Percebem agora as minhas inquietações perante o vosso optimismo? 
Recordo Maio de 2021. De acordo com Carlos Monteiro, na altura presidente da câmara, que citou informação que lhe foi transmitida pela APA, o concurso para elaboração do projecto e estudo de impacte ambiental “ainda está para adjudicação”. Tendo um prazo de 12 meses para ser elaborado, só estará concluído em meados de 2022, a que acrescem os procedimentos de eventual aprovação, lançamento do concurso da obra propriamente dita e adjudicação dos trabalhos, que, se tudo correr bem, só deverão começar em 2023.
«Não será isso que vai acontecer. Em resposta escrita ao PÚBLICO, a APA explica que quando foi conhecido o resultado do estudo que apontou para o bypass como a melhor solução, já estavam em curso os procedimentos burocráticos para a operação de alimentação artificial do troço Cova-Gala/Costa de Lavos, a sul do porto marítimo, com 3,3 milhões de m3 de areia. “Só após a concretização dessa intervenção e a sua monitorização (fundamental para se avaliar a sua evolução, comportamento e eficácia) será possível avançar com a eventual solução de bypass fixo”, refere a APA.
E para que a “eventual” obra do bypass avance, terá ainda de ser precedida do seu próprio processo burocrático, acrescenta. Ou seja, concursos públicos, estudo de impacte ambiental, candidatura a financiamento...

A APA olha para o bypass — uma obra com validade mínima de 30 anos e custos de construção e operação para esse período estimados em 53 milhões de euros — como uma operação de “mitigação da erosão costeira” de “longo prazo”. Até lá, há a colocação de areia como a que está a decorrer a sul de Cova-Gala, com recurso a dragagem das areias do porto (solução de “curto prazo”) e a “alimentação artificial de elevada magnitude”, dos tais 3,3 milhões de m3, com um custo de 25 milhões de euros, e que é olhada como uma intervenção de “médio prazo”.
Miguel Figueira e Eurico Gonçalves não entendem por que não se avança já para o bypass. Nem porque querem monitorizar uma intervenção de colocação de areias que, acreditam, acabará por não ter sucesso, por não ser um processo contínuo. “Uma solução pontual não faz sentido. O mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”, diz Miguel Figueira. “Então está tudo a arder e querem monitorizar a desgraça?”, questiona Eurico Gonçalves.»
Contudo, «Carlos Coelho, especialista em erosão costeira e coordenador dos investigadores da UA que participaram no estudo responsável pela identificação do bypass como a solução mais viável para a Figueira da Foz, defende a posição da APA. “Há alguns fenómenos e pressupostos admitidos durante este estudo que é possível que sejam discutíveis. Portanto, se pudermos aumentar o grau de confiança nos resultados, será o ideal”, diz.
E isso, defende, poderá ser conseguido monitorizando a operação que a APA tem prevista de colocação de 3,3 milhões de m3 de areia — um volume “muito mais alargado” do que o que tem sido colocado em operações mais pequenas e que, por isso, acredita, vale a pena acompanhar e avaliar. “Diria que a posição da APA faz sentido, sim. É um investimento muito alargado e tudo o que vier contribuir para aumentar o grau de certeza nos resultados deve ser feito”, defende.
E não se corre o risco de, daqui a alguns anos, quando se avançar de facto para o bypass, o estudo que o escolheu seja considerado desactualizado e se defenda a necessidade de um novo? Ouve-se Carlos Coelho rir ao telefone. “Podemos eventualmente correr o risco de ter de actualizar os resultados do estudo. Mas diria que este estudo do bypass acaba por ser válido num período mais longo”, diz o investigador.

Olhando o mar revolto da Figueira da Foz, de onde saíram há poucas horas, depois de mais uma manhã a surfar as suas ondas, os dois fundadores do SOS Cabedelo não se conformam com estes argumentos. Não se convencem que valha a pena avançar para uma operação intermédia, com um custo do m3 de areia que dizem ser dez vezes superior ao que é previsto para o bypass, e com o ónus ambiental “da queima dos combustíveis fósseis, com as dragagens”.
“Toda a gente já concordou com o bypass. É o que está inscrito na política do Governo, nos estudos da universidade, é o que defende a cidadania. Mas depois dizem-nos que isto é só para daqui a sete anos, para 2030. Isto é absolutamente insensato”, acusa Miguel Figueira.
O PÚBLICO questionou o MAAC, que remeteu quaisquer esclarecimentos para a APA. O presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, em resposta escrita, refere: "Nunca foi admitido nem faz sentido dizer que uma acção, importante mas conjuntural, como a da transposição de 3 milhões de metros cúbicos possa pôr em causa a intervenção estrutural do bypass. E os calendários foram estipulados e ditos. A nosso ver, demasiado longos mas, de qualquer modo, assumidos."
O SOS Cabedelo vai continuar a insistir numa mudança de posição de quem decide as intervenções na costa. “A transição que falta fazer é desta atitude da APA, que continua numa lógica reactiva. De cada vez que há um acidente na costa, lá vêm eles gastar mais uns milhões. Têm de inverter esta lógica de “correr atrás do prejuízo”, para passar a correr atrás da solução. Hoje em dia é disso que se trata. Sabendo qual é a solução, têm de se pôr ao caminho”

Nota de rodapé.
Para ver o video com a entrevista de Miguel Figueira, clicar aqui.

domingo, 17 de outubro de 2021

Na tomada de posse, Santana Lopes prometeu polo da Universidade de Coimbra na Figueira

No grande auditório do CAE, cheio que nem ovo, para assistir à tomada de posse dos órgão autárquicos, Pedro Santana Lopes, o novo presidente do município, afirmou esta tarde que “as pessoas têm de saber que quando quiserem estudar, investigar e tratar de assuntos do mar o melhor sítio em Portugal é a Figueira da Foz”.
O agora independente Pedro Santana Lopes tomou neste domingo posse como presidente da Câmara da Figueira da Foz, eleito pelo movimento “Figueira a Primeira”, e assumiu como prioridades o mar, o regresso do ensino superior e as respostas sociais.
No final da tomada de posse, o autarca disse aos jornalistas que a segurança de quem trabalha e vai ao mar “é um aspecto chave” em que vai começar a trabalhar nos primeiros dias de mandato.
“Acabar as obras em curso, algumas que demoram há muito tempo, independentemente da vontade das pessoas, e tomar as medidas necessárias para que isso aconteça” é outra das medidas iniciais de Santana Lopes, que regressa ao cargo que já exerceu entre 1997 e 2001.
O património - em particular o Mosteiro de Seiça e o Paço de Maiorca, “realidades que estão muito complicadas” - e a “resposta social, com os centros de saúde e o sistema de transporte das pessoas que vivem mais longe do centro do concelho”, são as áreas em que o autarca prometeu “trabalhar mais depressa”.
O novo presidente do município anunciou que a Universidade de Coimbra vai abrir uma extensão na cidade, que deverá entrar em funcionamento no início do próximo ano lectivo, embora ainda não estejam definidos os cursos e a sua graduação, nem o local onde vai ser instalada.
“Eventualmente pós-graduação, formação ou licenciatura, que será o reitor a decidir, mas será nestas áreas mais ligadas ao mar, podendo incluir outras, nomeadamente a floresta”, adiantou.
Na cerimónia de tomada de posse, que encheu o Centro de Artes e Espectáculos, Santana Lopes apontou também a erosão da costa, o centralismo e a desertificação como “grandes preocupações” do seu mandato.
O autarca manifestou o “sonho” de tornar a Figueira da Foz numa cidade “modelar daquilo que [se gostaria] de ver em todo o país”, bem como a ambição de puxar pela sua identidade como “capital do mar”.
“A Figueira da Foz tem de ser conhecida pela importância que dá à investigação e à ciência e pela ligação que faz entre a investigação e as empresas, fundamental para o desenvolvimento”, disse, frisando que os concelhos que o conseguem “atingem os patamares maiores de desenvolvimento e até crescem em população”.
Para Santana Lopes, “as pessoas têm de saber que quando quiserem estudar, investigar e tratar de assuntos do mar o melhor sítio em Portugal é a Figueira da Foz”.
O município anunciou, vai assumir a sua própria promoção turística, apostando em mercados-alvo, embora sem sair da Turismo do Centro, liderada por Pedro Machado, que foi o cabeça de lista do PSD à Câmara e renunciou ao mandato de vereador, depois de os sociais-democratas terem sido a terceira força política mais votada e terem obtido um mandato.
Apesar de não ter maioria absoluta no executivo e na Assembleia Municipal, Santana Lopes falou na “obrigação de convergência e procura de entendimentos”, considerando que as respostas que precisam de ser dadas são “o imperativo que se coloca a todos”.
O independente sublinhou que não esquece “factos anómalos” da campanha como as queixas apresentadas pelo PSD em tribunal sobre a sua candidatura, pelo que apresentou queixa ao Conselho Superior de Magistratura e à Comissão Nacional de Eleições.

terça-feira, 28 de abril de 2020

COVID19, um tiro em cheio no sector da comunicação social

"A crise da Comunicação Social deve-se a vários fatores. Uns surgem-lhe como elementos externos à sua vontade, outros resultam de responsabilidade próprias.
Uns são estruturais e obedecem a objetivos estratégicos do poder dos mercados e das suas instituições, outros resultam da substituição da informação por notícias, verdadeiras ou falsas, que servem poderes subversivos e atacam a democracia e outros, ainda, podem residir na subversão da profissão de jornalista. Sobre esse caldo de pressões e de irresponsabilidades é evidente, também, a incapacidade do poder político criar barreiras à penetração de poderosas multinacionais que roubam, sem contemplações, as receitas de uma atividade que precisa de uma dimensão nacional.
Entre as causas externas encontra-se a expansão, radical e rápida, das transformações no mercado de comunicação, tanto no que se refere a formas de a fazer, como quanto à apreensão da informação: as plataformas que dão vida a redes sociais, a desmultiplicação de suportes de informação, a concorrência de múltiplas formas de suporte de informação.
Os detentores de meios de Comunicação Social não souberam nem antever nem acompanhar o que estava a acontecer e muito menos fazer-lhe frente. Aderiram em massa à inovação em marcha (ofereceram a sua produção na Internet ao mesmo tempo que a queriam vender em papel), ignorando, por interesses imediatos, que ela viria a cavar a sua sepultura. Os jornalistas - trabalhadores qualificados e relevantes nas nossas sociedades - não são os grandes responsáveis dos problemas existentes, contudo têm todo o interesse em proceder a uma análise crítica do percurso feito e em encontrar saídas. E podem ajudar a construí-las.
Os jornalistas acabaram por sofrer em grande medida às suas próprias mãos. Inicialmente agiram como se estivessem protegidos pelos poderes emergentes, que por vezes catalogaram facilmente de modernidade.
Segundo, não resistiram às ideias dominantes de desarticulação das instituições representativas e de libertação de poderosas forças da sociedade sem contrapoderes. Por vezes têm feito parte de processos que atacam as instituições de mediação indispensáveis ao funcionamento da democracia.
Terceiro, ao vestir individualmente a camisola de uma concorrência que não era a sua, não conseguiram contrapor-se à opção recessiva adotada pelos grupos de Comunicação Social - cortes de pessoal, degradação do produto, menos audiências, menos receitas, mais cortes de pessoal. Reproduziu-se neste setor a desigualdade social que se vive em amplos setores por todo o país: chefes muito bem pagos a coordenar jornalistas recém-criados mal pagos e explorados.
Deste cenário todo e com a publicidade a ser canibalizada pelas multinacionais, como o Google e o Facebook, em prejuízo dos grupos nacionais, resultou que não só os produtos não mudaram como, pior ainda, a informação tradicional e credibilizada mimetizou aquilo que as novas formas de produção de notícias fornecem: a notícia do momento (verdadeira ou falsa) sem preocupação informativa, o superficial, o risível.
A crise que se vive é a expressão, neste sector, dos objetivos e práticas do sistema capitalista, nesta sua fase de neoliberalismo, de financeirização da economia e mercantilização do trabalho, com um pensamento dominante e uma forma de estar na vida social. A classe profissional jornalistas, como outras, tem tolerado em demasia este rumo, tendo apenas reações típicas de agentes assustados.
Como se reverte isto?
Os órgãos de poder não podem ficar indiferentes. O espaço da Comunicação Social é público e é concessionado e, como tal, o Estado deve ter uma palavra. Intervir mas com princípios e regras inerentes ao Estado Social de Direito Democrático e não com remendos dando dinheiro ou proteções a entidades ou empresas que continuarão a reger-se pela lógica de um Estado ao serviço dos mercados.
O Estado é imprescindível na regulação, por outro lado, poderá agir quer na criação de limites a plataformas de contrainformação, quer no fomento de experiências alternativas com apoios a grupos nacionais, escrutinados, que ajudem a modificar positivamente o panorama que temos. Mas o Estado está longe de poder fazer tudo."
Este texto tem mais de 2 anos. Foi escrito por Manuel Carvalho da Silva no início de Dezembro de 2018 e foi publicado no Jornal de Notícias
A crise da comunicação social já vem de longe, mas esta crise do COVID19 agravou-a: a quebra abrupta da actividade económica, tinha de ter efeitos na publicidade. Se não se vende não se promove. 
A comunicação social tem nas receitas publicitárias uma boa parte do seu equilíbrio financeiro. Contudo, também depende  do número de leitores ou espectadores. 
Seria de todo o interesse ser pluralista. Por isso, é que  os canais de televisão, estações de rádio e a maioria dos jornais, se  afirmam “independentes”. Todavia, essa independência, na prática, consiste quase sempre numa atitude reverencial perante o poder.
A fragilização dos colectivos redactoriais teve consequências: «A assessoria de imprensa trabalha em cima das brechas do jornalismo», nomeadamente a falta de meios humanos e de tempo para pensar. «A tendência vai no sentido da diminuição da cobertura jornalística por iniciativa dos jornalistas e do aumento do aproveitamento do que vem das agências».
Há quem considere que "não é a crise dos media que faz perigar a democracia; é a democracia que está em perigo com media destes"...
Há quem "não precise para nada de media que se alvoroçam contra «fake news» e «redes sociais» onde, porém, se encontra todos os dias informação, dados, perguntas, dúvidas, debate, críticas que escapam aos media, miseravelmente."
Há até quem se "agonie com a reverência dos media perante primeiro-ministro e governo, a passividade e falta de contraditório com que acolhem todos os ditames."
Um dia li que "o especialista é o único que sabe que nem os especialistas percebem nada do assunto."
Como leitor de jornais há 50 e tal anos (com 10 de idade, não todos os dias (só quando o meu estava em casa no intervalo das viagens ao Cabo Branco...), mas tinha acesso a jornais como  A Bola, O Mundo Desportivo, O Primeio de Janeiro, o Diário de Notícias, o Século), penso que a crise (que não é recente) tem vários culpados. 
Os meios de comunicação social já vivem num mar encapelado e cheio de dificuldades, pelo menos, há cerca de 30 anos, mas na última dezena de anos o problema agravou-se. A crise provocada pela pandemia foi um tiro em cheio. O Presidente Marcelo, que sabe para que serve a comunicação social, melhor do que ninguém, em Dezembro de 2019 (antes da pandemia...) já andava a alertar: "os poderes públicos têm de colocar a comunicação social no centro das prioridades e das medidas orçamentais."