sábado, 28 de dezembro de 2024

Há textos mais difíceis de escrever do que outros...

"...considero que a redação do Expresso cometeu um erro. Não por ter eleito Ruben Amorim, mas por não ter eleito Luís Montenegro."
«Há um ano poucos acreditavam na sua capacidade para ganhar as legislativas. E ainda menos acreditavam que conseguisse governar com aparente estabilidade. Passou um ano e esses receios foram afastados. O Governo está longe de ser perfeito (que Governo alguma vez o foi?), mas sob a liderança de Montenegro travou a contestação dos polícias, médicos e professores, decidiu o aeroporto, aprovou o Orçamento e garantiu estabilidade para mais algum tempo. No plano político não só acantonou o Chega como travou a sua capacidade de contestação. E, simultaneamente, lançou sobre o Partido Socialista a sombra de uma possível crise de liderança. Razões mais do que suficientes para ser considerado a figura nacio nal do ano. E nem se trata neste caso de recusar o nome de Montenegro, já que podiam ter escolhido António Costa, uma escolha no mínimo acertada. Contudo, ser contratado para liderar uma equipa inglesa de futebol acabou por ser mais importante do que, por exemplo, ser eleito para liderar o Conselho Europeu. Fica aqui a correção possível ao que considero um lamentável lapso. Por isso e de forma a reduzir os riscos de tal voltar a acontecer, lançámos já internamente um processo de discussão para alteração das regras de eleição das figuras e acontecimentos do ano. Não porque Montenegro ou Costa não ganharam, mas porque num processo semelhante e também incompreensível, Donald Trump não foi escolhido como figura internacional do ano. Sabemos que a democracia direta por vezes não elege os que merecem ganhar. E se não devemos alterar o resultado, podemos melhorar o processo para diminuir as hipóteses que o efémero ganhe ao estrutural.»

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