"O PSD está numa posição negocial vantajosa. A vantagem seria maior, se as coisas tivessem corrido melhor até aqui.
A direcção do PS está numa situação particularmente difícil. Se viabilizar a proposta de OE do Governo, será acusada pelos partidos à sua esquerda de convivência com a governação da AD, perdendo também apoio junto de muitos militantes e simpatizantes que apostaram numa viragem do partido à esquerda (o que quer que isso signifique na prática). Se não viabilizar o OE, será acusada pelos partidos de direita, a generalidade dos comentadores e os sectores mais centristas do PS (incluindo muitos autarcas socialistas que vão eleições em 2025) de irresponsabilidade política e de prejudicar o país. Mesmo que conseguisse combater esta narrativa num cenário de eleições antecipadas (o que não seria fácil), regressar agora ao poder com uma maioria parlamentar de direita seria inconsequente.
A situação do Chega é um pouco menos difícil, mas não muito. Grande parte do seu eleitorado parece disponível para aceitar todas as cambalhotas, mentiras e contradições do líder, o que reduz os danos de qualquer opção. Ainda assim, enquanto partido que se alimenta da indignação, não quer ser visto como conivente com o poder de turno, aprovando o OE a troco de nada. Mas se, ao invés, inviabilizar uma governação “não-socialista” poderá perder apoio de uma parte do seu eleitorado (e de quem financia o partido)."
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