Todos sabemos que o Chega, espalha falsidades sobre o real contributo dos estrangeiros e alimenta a perceção de que todos eles tiram partido do bem-estar social dos países. Um discurso utilizado maliciosamente porque é uma forma fácil de provocar medo e obter votos.
Vejamos o que se passa com a Segurança Social. Segundo o Chega, os imigrantes estão a beneficiar dos pagamentos feitos pelos nossos pais e avós, recebendo chorudas ajudas da Segurança Social. É exatamente o contrário, pois a diferença entre as suas contribuições e benefícios é bastante positiva para o Estado: os últimos dados de 2022 referem um saldo de 1,6 mil milhões de euros. A questão da imigração deve ser abordada - nisso o Chega tem razão -, mas com rigor e sem preconceitos, até porque Portugal está condenado ao envelhecimento. E se não fosse a chegada de estrangeiros, a inversão da tendência da natalidade não seria possível, conforme os últimos dados do INE.
“Cuidado, sem imigrantes
não vamos a lado nenhum.”
O alerta foi dado pelo secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, durante as jornadas parlamentares do Chega, em Castelo Branco — com a proposta de referendo à imigração do partido em cima da mesa —, tentando fazer ver aos 50 deputados que só os imigrantes podem resolver a falta de mão de obra em sectores como a agricultura, turismo, pescas e construção. “Tentei dar uma palavra para que o deputado Filipe Melo entendesse. Espero que tenham percebido”, disse ao Expresso o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros.
O alerta foi dado pelo secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, durante as jornadas parlamentares do Chega, em Castelo Branco — com a proposta de referendo à imigração do partido em cima da mesa —, tentando fazer ver aos 50 deputados que só os imigrantes podem resolver a falta de mão de obra em sectores como a agricultura, turismo, pescas e construção. “Tentei dar uma palavra para que o deputado Filipe Melo entendesse. Espero que tenham percebido”, disse ao Expresso o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros.
Quem conhece a realidade portuguesa, sabe que a falta de mão de obra se arrasta há anos e só tem sido ultrapassada pela imigração.
Como disse Francisco Calheiros: “Acho que não há outra maneira de o fazer”.
Para isso, defendeu, será preciso incentivar a imigração
e garantir um acolhimento
digno dos imigrantes, criando
“condições para que venham, não haja filas intermináveis
nos serviços, que tenham habitação, contrato de trabalho
e possam todas as condições
para serem integrados”.
Opinião partilhada por
Luís Mira, que sublinhou
que há uma “falta crónica”
de trabalhadores e 40% da
mão de obra agrícola já são
imigrantes (64% asiáticos),
sendo vital garantir o recurso
a cidadãos estrangeiros para
as colheitas. “Sem
estas pessoas não é possível
agir e aumentar a capacidade
produtiva no interior do país,
aumentar as exportações e
continuar a crescer.”
Cabe, desta forma, a Portugal mudar a “má imagem de
acolhimento” de imigrantes,
aqueles de que o país precisa
e vai precisar mais, até porque a população está envelhecida.
"Nem mais um" imigrante, gritou-se num comício do Chega |
Como alertou em Janeiro passado António José Gouveia, "o Chega tem sabido explorar o medo daqueles que sofreram com a crise económica para apontar o estrangeiro como a ameaça real. E o mais grave é que pode arrastar os partidos da direita tradicional para esta dinâmica. É um discurso de ódio que, muito provavelmente, só serve para ganhar votos e carrega emocionalmente uma questão que deve ser acordada entre a direita e a esquerda."
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