O jornal britânico The Guardian traz um texto cristalino sobre a crise de habitação em Portugal, que envergonha o país e, acima de tudo, os responsáveis políticos (que têm cara e têm nome, mesmo que o texto não os refira) que para ela contribuíram ao longo da última década.
Via Ladrões de Bicicletas, fica aqui um excerto, mas vale a pena ler o resto.“A recuperação económica de Portugal, alimentada pela desregulamentação e por uma série de esquemas destinados a atrair o investimento estrangeiro, distorceu o mercado imobiliário de forma irreconhecível, num país onde o salário mínimo mensal é de 760 euros e onde 50% das pessoas ganham menos de 1000 euros por mês.A liberalização do mercado de arrendamento, a emissão de "vistos dourados", que conferem autorizações de residência em troca da compra de imóveis de valor igual ou superior a 500 mil euros, a introdução de um "regime de residentes não habituais" para estrangeiros, que permite poupar impostos, e, mais recentemente, a criação de um visto de nómada digital, que permite aos estrangeiros abastados trabalhar à distância e pagar uma taxa de imposto de apenas 20%, contribuíram para isso. Também o é, talvez de forma mais óbvia, a compra de apartamentos para serem convertidos em alojamento local [o número de camas no centro de Lisboa é mais de duas vezes superior ao do centro de Barcelona, uma das cidades com maior pressão turística do mundo].
A crise que se vive atualmente em Lisboa, no Porto e noutras cidades portuguesas não era propriamente uma surpresa."
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