terça-feira, 18 de julho de 2023

"A erosão costeira é o mais urgente dos problemas, a mais premente das preocupações, a prioridade mais consensual no nosso concelho"....

 Imagem via Diário as Beiras

Nota.
Será que, finalmente, se começa a ver a realidade?
E a realidade é mesmo esta: "a erosão costeira é o mais urgente dos problemas, a mais premente das preocupações, a prioridade mais consensual no nosso concelho".
A realidade da erosão costeira, há muitos anos, que deveria ter sido dos principais assuntos a preocupar os que receberam o mandato popular para cuidar da polis figueirense.
Por isso, para muitos, é preocupante e inexplicável o adiamento da implementação do bypass.
A erosão costeira, isto é, o avanço do mar sobre terra, continua a fazer o seu caminho na orla costeira a sul do estuário do Mondego.
Basta uma simples deslocação a esta parte do território para verificar que o avanço do mar sobre a terra assume aspectos preocupantes.
Basta, logo a seguir ao ao parque de estacionamento da Praia da Cova, percorrer os cerca de 50 metros que restaram do passadiço. Chegados lá, olhem para sul e atentem no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial. E não foi por falta de alertas. 
Recordo um via OUTRA MARGEM, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006.
Já lá vão quase 17 anos...
Entretanto, as previsões quanto às consequências do prolongamento do molhe da Figueira da Foz, concretizaram-se. 
O areal das praias da região está a desaparecer e o mar está cada vez mais próximo das casas, sendo previsível que, se nada for feito, dentro de poucos anos invada as povoações.
As previsões dos pescadores da minha Aldeia, dos ambientalistas e especialistas em assuntos do mar quanto às consequências do prolongamento do molhe na Figueira da Foz, estão-se a agravar de forma assustadora.
Citando Alfredo Pinheiro Marques, director do Centro de Estudos do Mar: houve falta de sensatez. “Esse problema já se percebia no século passado, em exemplos como os do Furadouro ou de Espinho, que até o cineasta Paulo Rocha mostrou em 1966 no seu filme Mudar de Vida, pelo que se deveria, pelo menos, não ter feito mais erros”
“Quando por razões económicas, turísticas ou de especulação imobiliária, se constroem os molhes e esporões, criam-se verdadeiros aterros a Norte e fica-se sem areia a Sul, podendo o mar entrar pela terra a dentro, colocando em risco as habitações”.
“A construção de molhes ou pequenos esporões tem um preço, que é caríssimo”. 
Pinheiro Marques, sobre o que aconteceu na Figueira não tem dúvidas: “aumentando o problema para o dobro aumentou-se também os seus efeitos para o dobro”
A verdadeira diferença, neste caso, como em tudo na vida, está em todos aqueles que, sejam de que quadrante político forem, conseguem ter a isenção, a independência, a coragem de se demarcarem e tomarem posição, arrostando com as consequências.
Esses, são os que devem ser lembrados, sem esquecer as grandiosas obras que a mediocridade instalada legou ao futuro.
Manuel Luís Pata"o responsável pelos livros que nesta cidade da Foz do Mondego, até hoje, foram publicados sobre a pesca longínqua do bacalhau e sobre os estaleiros da construção naval figueirense", é um deles. Foi um Homem que nunca abdicou de lutar. Liderou ou participou em muitas batalhas. Quase todas, se não mesmo todas, perdidas.
Entre elas, até agora, a que continua a ser travada: devemos aproximar a Cidade do Mar, ou o Mar da Cidade?
Como Manuel Pata costumava dizer: devemos procurar a todo o custo aproximar o Mar da Cidade, como no tempo em que a Figueira era a Rainha das praias.
O extenso areal já existia em 2008. Existia e todos sabíamos qual a razão.
E, mesmo sabendo, foi decidido acrescentar o molhe norte!
Na Figueira, a Praia frente à cidade, a barra e a orla costeira a sul do estuário do Mondego, estão assim por vontade dos homens.

Sem comentários: