Não há futuro", cantavam os punks de Londres, três décadas atrás, nas ruas que agora ardem. Dezasseis mil polícias não controlam 16 milhões de pessoas. A ordem apenas se mantém quando a maioria da população permite que ela exista. Os governos e os políticos destruíram a possibilidade de haver paz. A política tornou-se um prato único de austeridade para quem trabalha e mais riqueza para os do costume. Os cortes sociais abruptos e cegos e o aumento do desemprego fizeram com que haja cada vez mais gente que não tenha nada a perder. Os governos liquidaram o futuro, mas esta revolta também não traz nenhuma esperança. Apenas violência, chamas e caos. Aqueles que saíram às ruas são uma caricatura da sociedade que os levou ao beco sem saída: o plasma que roubaram na grande superfície só lhes permite ver a versão local do "Preço Certo" em ecrã maior. É este o drama da nossa época. Precisamos de uma mudança revolucionária que ponha a vida das pessoas no centro da economia. De uma sociedade que se importe com os empregos e combata os lucros fáceis da especulação bolsista. Mas nesta Europa não vemos uma força que queira transformar o caos numa destruição criadora. No Reino Unido, a 5 de Novembro, as pessoas assinalam a captura de um homem que no meio da injustiça pretendeu destruir o parlamento. Esse ao menos tinha claro que o mal é uma questão política.
Nuno Ramos Almeida, editor executivo do i
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