Há quem ainda julgue, que quando o povo acredita, embora ingénuo, é profundamente generoso.
Há, também, quem ainda pense, que quando o povo desacredita, pode ser complicado.
Confesso que, também, já naveguei nessas águas...
Sendo certo, que existem franjas minoritárias atentas, informadas e exigentes com o que se passa no país, a grande massa dos portugueses é acéfala, permissiva e anda ao sabor da corrente e dos interesses imediatos.
E, os protagonistas do sistema, sabem isto muito bem... E aproveitam.
Ainda recentemente, uma força política com historial democrático, não encontrou melhor forma de comemorar uma mais que previsível vitória autárquica, do que trazer do norte, em excursões organizadas e pagas pelo partido, idosos que abordados pelos jornalistas (esses malandrecos...) não sabiam o que estavam a fazer à porta do Altis!..
Isto, do meu ponto de vista, não é saudável para a democracia. Fez-me lembrar a União Nacional, do tempo da “outra senhora”, e as manifestações espontâneas a Salazar...
Mas os portugueses não são parvos...
Olharam para os políticos carreiristas e fizeram o mesmo: adaptaram-se, mesmo tendo de abdicar da dignidade.
Só que, os políticos fizeram isso pelos privilégios... e, as pessoas normais, fizeram isso pela sobrevivência.
As pessoas sentem.
Mas, as pessoas também pressentem.
Nota breve: Não me referi ao futebol – outra área que enferma dos mesmos males da política, que merece do povo a mesma reacção: a abstenção.
Na política, não vai às urnas. No futebol, não vai ao local dos jogos.
Num caso e noutro, limita-se a ver na televisão.
2 comentários:
Ó dr. Agostinho, agora o senhor surpreendeu-me: que historial democrático tem essa força política a que se refere?
Abusando um pouco da confiança, permita-me parafrasear um amigo meu: "Não me fecunde".
Mas, de qualquer maneira, dr. Agostinho, é um excelente texto, muito perspicaz na sua sensibilidade política. Já era um seu admirador, de resto.
Envio-lhe um abraço.
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