sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Xávega, em versão postal ilustrado




A arte xávega é um dos mais antigos e característicos processos de pesca artesanal, em toda a faixa litoral, entre Nazaré e Espinho.
Os seus elementos identificativos são inúmeros, começando pela embarcação – fundo chato, proa em bico elevado, decoração simples. Também a rede possui características próprias, sendo constituída pelo saco (onde se acumula o peixe) e pelas cordas, cuja extensão varia conforme a dimensão da rede e dos lances.A companha, variável, era, na generalidade composta por 8 homens: o arrais, à ré; 3 remadores no banco do meio, os "revezeiros", os que "vão de caras p´ró mar", 2 no banco da proa e outros tantos no "banco" sobre a coberta; embora esta disposição não fosse rígida, labutavam, tantas vezes estoicamente, num remar vigoroso e cadenciado, a caminho dos lances dos lances que lhe davam o sustento.
Noutros tempos, quando a pesca era sustento de muitas famílias, a chegada do saco a terra era saudada com entusiasmo, se vinha cheio (“aboiado”), ou com tristeza, se vinha vazio (“estremado”). O peixe era posteriormente tirado para os xalavares (tipo de cesto), a fim de se proceder à sua venda. A lota era na praia. A licitação do peixe era feita com o tradicional “chui” – sinal que o peixe foi arrematado pela melhor oferta.
A rede era, assim, lançada de acordo com os sinais de terra e mar, a cerca de 300 braças da praia e ocupando uma extensão de cerca de 200 metros de largura.Cada lance, tinha a duração de hora e meia para a permanência da rede na água, e meia hora para a alagem (puxar a rede). Na borda d’água, estavam os camaradas de terra, para o alar da rede. Com um ritual próprio, lento e cadenciado, dois “cordões humanos” puxavam as cordas dos dois lados – mão esquerda agarrada à corda junto ao pescoço, braço direito estendido.
Agora tudo é diferente e menos penoso.
Os remos, que davam andamento ao barco, foram substituídos pelo motor fora de borda.. No areal, as redes vão sendo recolhidas com a ajuda de tractores. Antigamente este trabalho, penoso, estava reservado a junta de bois e aos homens.
Na Praia da Cova, tivemos oportunidade de reviver, em versão turística, este processo de pesca artesanal.
A Cova tem tradições na Xávega. Só que, ninguém no postal ilustrado que foi mostrado, teve o cuidado de relembrar.
Já que ninguém o fez, vamos relembrar Joaquim Silva, que tinha uma “albergaria” (barracão), do lado sul, entre o antigo posto da Guarda Fiscal e a casa da T’ Maria Lala, onde alojava a companha e o gado (as juntas de bois).
A norte do posto da Guarda fiscal, eram as instalações do T’ Luís Bio.
Mas a nossa Terra teve outros armadores: o Febra, o Tarraco, o António Félix, o Manuel Fidalgo, entre outros. O nosso mar, entre o Cabedelo e o Campismo era muito rico em carapau, robalo, peixe-espada, sardinha lula, salmonete, linguarão.
Ao contrário de agora, a acreditar na amostra colhida na demonstração: tanto trabalho para uma “teca”.

11 comentários:

Anónimo disse...

Servindo actualmente de bilhete postal turístico a "Arte Xávega" não deixa de ser uma aula de cultura ao ar livre para as novas gerações, caso estas queiram aprender, embora a ocupação desenfreada do Litoral por praias para banhistas e a arte menor do "Arrasto" tenham vindo paulatinamente a obrigar ao desaparecimento da "Arte Xávega".
Assim se explica a vida de uma Terra. Boa Boa

Anónimo disse...

Mas o que é isso do nosso mar ser rico em peixe-espada?
Esse peixe é de grandes profundidades e por cá n~
ao há nada disso.
Lá linguados está bem. agora peixe espada? É cada uma!

Anónimo disse...

Ola, (to da lota) estamos de regresso:

O autor do texto não escreveu é. O que está escrito é ERA.
Quem não sabe ler, vê os bonecos. A alternativa é ver os bonecos sem legendas.
OK, Marina da costa tarraco (Dâmaso)?

Anónimo disse...

De vincar que esta demonstração só foi possivel graças ao esforço do pessoal do jornal "Fala Barato"

Anónimo disse...

Apenas um pequeno reparo.
A bordo de uma embarcação, cordas chamam-se....cabos.
Um abraço:)

Anónimo disse...

Nas nossas águas NUNCA houve peixe espada.

Anónimo disse...

m.c.t
informe-se nas fontes....
aprenda com quem tem memória ...
há pescadores na Cova e Gala, velhos, mas ainda vivos que pescaram peixe-espada no nosso mar.. e de bom tamanho

Anónimo disse...

Pronto, desde que vi umporco a andar de bicicleta, acredito em tudo.
mas naõ acredito em peixe espada por aqui, a não ser na canastra, ou a vender à posta no mercado.
E os pescadores, "pensavam que estavam nas nossas águas mas era só saudades.

ANTÓNIO AGOSTINHO disse...

Ao anónimo das 14.47

Precisando.No caso em apreço:
Corda: peça de fios unidos e torcidos uns com os outros;
Cabo: corda grossa.
Retríbuo o abraço

Anónimo disse...

Caro António Agostinho

Desculpe voltar "à corda".
A bordo de um navio apenas existem 3 tipos de cordas:
1. A corda do sino.
2. A corda do relógio (cronómetro)
3. Acorda sacana que vem aí o Comandante.
Tudo o resto, em linguagem marítima, são cabos.

Renovo o abraço

Anónimo disse...

O peixe espada deixou-me os bigodes esticados...
Também ouvi dizer que em épocas remotas, isto aqui, a nossa terra estava coberta pelo mar, segundo o Santos Rocha era assim...não sou eu que afianço. Segundo outros meus colegas não só ouve peixe-espada, como outras espécies, como sereias do mar, pouco comestíveis para um gato!), crocodilos é que nunca ninguém pescou...pudera...fugiram! Se não acredita...