Sei do que falo: dá-me um gozo tremendo, "quotidianamente, ter a satisfação de amesquinhar lautamente a mediocridade de alguns bonzos e revelar publicamente o ridículo dos pequenos mandaretes locais e das suas paroquiais freguesias ou clientelas..."
Como um dia, já lá vão quase dez anos, o Fernando Campos observou, o OUTRA MARGEM, "para o Agostinho, trata-se de um testemunho de cidadania. Um veículo de intervenção cívica consciente, activa e assertiva, persistente, teimosa e irredutível na defesa das suas causas: a sua aldeia, tão desprezada; a sua praia, tão flagelada; o seu Cabedelo, tão abandonado; o hospital; a cidadania para todos.
E contudo, Agostinho não o faz por abnegação ou com aquele espírito de sacrifício tão apreciado pelos idiotas – não, Agostinho não corre o risco de ser condecorado plo presidente com a medalha-de-prata-de-qualquer-coisa - fá-lo por simples prazer e deleite - apenas pelo supremo, e afinal prosaico, gozo de exercer a liberdade e de o exprimir em português."
Lembrei-me disto ao ler hoje no Diário as Beiras, "que os comerciantes da Rua dos Combatentes para comemorar um ano do inicio das obras vão recorrer à ironia".
Estou preocupado. A Figueira, tal como há dez anos, continua a ter medíocres, bonzos e mandaretes, e esta gente abomina a ironia. Ora isso, pode acrescentar mais tragédia, à tragédia que já é para os comerciantes da Rua dos Combatentes, a forma trágica como os processos das obras estão a ser conduzidos pelos "quens" de direito figueirenses...
Isso preocupa-me, pois por saber de experiência feito, conheço bem a desgraçada desgraça que é a classe política no poder local.
Os comerciantes da Rua dos Combatentes poderiam ter recorrido ao humor, mas, segundo o Diário as Beira, "vão usar a ironia"...
O humor é uma arma difícil de manejar. Volto a citar Fernando Campos: "não tem perdão nem inocência. Das duas, uma: ou é eficaz e consequente (e aqui recorre a todas as munições da inteligência - da subtileza à obscenidade, passando pela desmesura) ou é amável e inofensivo. No primeiro caso acerta quase sempre em cheio, não mata mas mói; no segundo é um tiro frouxo, nem faz cócegas, é uma gracinha, anódina como tudo o que é sensato e recomendável. É bem tolerado e muito frequente nos nossos “jornais de referência”."
Porque raio se lembraram os comerciantes da Rua dos Combatentes de recorrer à ironia – "que, como muitos de nós sabemos, é um artifício da inteligência inacessível a uma imensa casta de imbecis - o que pode trazer algumas chatices"!..
Confesso: mais do que preocupado, estou apreensivo com o futuro dos comerciantes da Rua dos Combatentes.