A apresentar mensagens correspondentes à consulta erosão a sul ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta erosão a sul ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Erosão costeira e o inverno que se aproxima: se preocupado estava, mais preocupado fiquei...

Para quem acompanha, atentamente e com preocupação, há dezenas de anos, o problema da erosão costeira no concelho da Figueira da Foz, verificou o óbvio: de erro em erro, estamos onde estamos em 2022
Se apreensivo e preocupado foi para a sessão de ontem no Auditório do Museu, mais apreensivo e preocupado veio depois da realização dessa reunião.
Não chegámos ao ponto crítico em que nos encontramos por mero acaso: foi causa, efeito e consequência de erros sucessivos - alguns deles  estratégicos -, cometidos por responsáveis políticos e técnicos, durante décadas no concelho da Figueira da Foz. 
Para não nos alongarmos muito, lembramos um - que nem sequer foi referido na reunião de ontem. 
O último, que foi ventilado na reunião de ontem, o que está mais presente e acelerou a erosão costeira a sul do concelho, e que só aconteceu para tentar remediar o erro anterior, foi o acrescento dos 400 metros no molhe norte.
Fica o resumo do que ocorreu na reunião, via Notícias de Coimbra.
«O presidente da Câmara da Figueira da Foz exigiu ontem celeridade à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou tomar formas de luta se os processos não avançarem.
Numa sessão de esclarecimento com a APA relativa à orla costeira, que decorreu ao fim da tarde de ontem no auditório municipal, Pedro Santana Lopes defendeu que a situação no concelho apresenta “circunstâncias excepcionais”, que podem ser usadas diminuir prazos dos procedimentos legais.
“Estamos em circunstâncias excepcionais, que a lei prevê quando estão em causa vidas humanas, habitações, segurança e risco. Há circunstâncias mais do que ponderosas”, enfatizou o autarca, salientando que o problema da erosão se arrasta há anos, afetando a marina, o porto marítimo e as populações das praias a sul do concelho.
Santana Lopes defendeu mesmo que a APA crie uma comissão para esta “sub-região do baixo Mondego para tudo o que está implicado: erosão costeira, porto e transposição de areias”.
“Que a APA perceba que a Figueira da Foz está em emergência nessas matérias”, frisou o presidente da autarquia figueirense, reconhecendo que existe “estudo e trabalho feito”, mas que falta passar à acção.
Na sua intervenção final na sessão, o autarca disse que o município não quer utilizar “outras formas de luta”, mas que se for preciso serão usadas, arrancando uma grande salva de palmas do público que quase lotou o auditório municipal da cidade.
Relativamente à intervenção que já esteve agendada para maio, de transferência de 100 mil metros cúbicos de areia na área costeira da Cova-Gala, para reforço do cordão dunar, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, disse que a intervenção está iminente, embora a “janela de tempo para intervir é curta e difícil” devido às condições do mar.
Segundo o responsável, o processo concursal está concluído para a intervenção avançar.
O vice-presidente da APA adiantou ainda que está prevista uma resposta de médio prazo, que consiste na construção de um “big shot” que vai transferir 3,3 milhões de metros cúbicos de areia na praia a sul na Cova Gala e dentro do mar, num investimento estimado de 20 milhões de euros, cujo concurso público deverá ser lançado ainda em 2023, após a realização de um estudo de impacte ambiental que dura seis meses.
Como estratégia de longo prazo, Pimenta Machado apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A sessão ficou marcada por várias queixas de autarcas das freguesias afetadas pela erosão, preocupados com os efeitos do mar no Inverno, operadores comerciais e o movimento SOS Cabedelo, que acusou a APA de estar com uma década de atraso.»

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Alô, alô, New Bedford

Para ler melhor, clicar em cima da imagem
Os blogues são mesmo assim: vai-se fotografando e escrevendo e o que se escreveu e fotografou vai ficando lá para baixo - esquecido.
Claro que grande parte das postagens é o que merece. Contudo, há outras que deviam estar sempre à vista. Uma das que eu gostava que ficasse aqui sempre bem visível para ver se a gente não se esquece delas, são as que focam a erosão costeira a sul do quinto molhe da Praia da Cova.
Não é por nada de especial, mas por uma simples razão: a situação a sul do quinto molhe na orla costeira da freguesia de S. Pedro continua a ser branqueada e mal avaliada por quem de direito...
Mas os blogues são mesmo assim, os textos vão-se sucedendo, as ideias vão-se misturando e, aos poucos, a realidade vai sendo esquecida: o mar está a invadir a freguesia de S. Pedro.

Por cá, a protecção da Orla Costeira Portuguesa continua a ser uma necessidade de primeira ordem... 
Por isso tem de continuar a olhar-se, ao estado a que chegou a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova. 
Por vezes, como tenho vindo a alertar desde 2006, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, vai-se perdendo a oportunidade de resolver o essencial para a vida quotidiana dos covagalenses...

Sofremos - continuamos a ser apelidados de tudo e mais alguma coisa... - ataques de personagens que vão passando pelo poder local aldeão e  figueirense... 
Infelizmente, porém, o que muito lamento, pois adorava ter sido eu a estar completamente enganado e fora da razão, a realidade é a que todos conhecemos: neste momento, a duna a  Sul do 5º. Molhe da praia da Cova está devastada  e o mar está a entrar pelo pinhal dentro...

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.

A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...
O que nos vale é que temos uma política bem definida para a orla costeira...

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Erosão costeira a sul do quinto molhe: estamos em Agosto de 2017, ano de eleições autárquicas, sempre aquele tempo de esperança acrescida...

Foto Márcia Cruz
"Isto estava assim no inverno. Neste momento não existe sequer a passadeira e o mar avançou a destruição da duna à vontade uns 10 metros... Há mais de 5 anos que o Município tem conhecimento. E o que fizeram?"
Márcia Cruz

Nota de rodapé.
Tal como escrevemos em 11 de dezembro de 2006, já lá vão quase 11 anos, o processo de erosão costeira da orla costeira da freguesia de S. Pedro, a sul do quinto molhe, a nosso ver, era já então uma prioridade. 
Continua a ser... 
Até porque, entretanto, pouco se fez.
Nessa época, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes para o responsável deste espaço. 
Especialmente, uma zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...
Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Ao longo destes longos 11 anos anos, nunca nos cansámos de alertar para aquele que, do nosso ponto de vista, é o maior problema da Cova e Gala: a situação a sul do quinto molhe, na orla costeira da freguesia de S. Pedro, continua a ser branqueada e mal avaliada por quem de direito.
A preocupação do autor deste blogue, tem a ver com o facto deste local, por si só,  passar despercebido aos meios de comunicação local, regional e nacional, dado o facto do avanço das águas do mar não encontrar pela frente aglomerados populacionais, um apoio de praia ou uma barraca de surf... 
Aparentemente, no imediato, não é uma ameaça à vida das pessoas e à segurança dos seus bens... 
Isso pareceu-me sempre o mais preocupante e perigoso, pois 500 metros, a norte, e 2 ou 3 quilómetros, a sul, lá estão as pessoas e os bens,  à mercê da fúria do mar, por incúria e ganância do homem. 
Mais uma vez estamos em Agosto, sempre um mês de esperança acrescida, sempre aquele mês descontraído por natureza, onde o tempo parece ter mais tempo para a esperança! 
Se todos temos que acreditar em algo, acreditemos no que foi publicado no Diário de Coimbra de 10 de agosto de 2016.
Todos concordamos com o actual presidente da junta e candidato a novo mandato: "se o inverno for «rigoroso», a área «vai ser de novo pólo de uma grande preocupação".

sábado, 2 de dezembro de 2023

Erosão costeira e o(s) inverno(s) que se aproxima(m) no Quinto Molhe

A deputada Raquel Ferreira foi apanhada na curva apertada que o PS nacional está a percorrer.  
Pimenta Machado, vice-presidente da APA, foi claro há um ano e 16 dias no Auditório Municipal: como estratégia de longo prazo  apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A memória serve mesmo para isto: para recordar a verdade.
Há um ano e 16 dias, a 15 de Novembro de 2022, realizou-se no Auditório do Museu Municipal uma reunião sobre a problemática da erosão costeira.
Para quem acompanha, atentamente e com preocupação, há dezenas de anos, o problema da erosão costeira no concelho da Figueira da Foz, se apreensivo e preocupado foi para a sessão, mais apreensivo e preocupado ficou depois da realização dessa reunião.
Mais uma vez, depois de ouvir os oradores verificou o óbvio: de erro em erro, estamos onde estamos em 2023. 
Pior que em 2022. 

Não chegámos ao ponto crítico em que nos encontramos por mero acaso: foi causa, efeito e consequência de erros sucessivos - alguns deles  estratégicos -, cometidos por responsáveis políticos e técnicos, durante décadas no concelho da Figueira da Foz. 
Para não nos alongarmos muito, lembramos um, alertado por nós há mais de 20 anos - que nem sequer foi referido na citada reunião. 
Planeamento do concelho: Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização.
O último grande erro cometido, que foi ventilado na reunião de 15 de Novembro do ano passado, o que está mais presente e acelerou a erosão costeira a sul do concelho, que só aconteceu para tentar remediar o erro anterior, foi o acrescento dos 400 metros no molhe norte.

Na altura, o Dr. Pedro Santana Lopes , presidente da Câmara da Figueira da Foz, exigiu celeridade à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou tomar formas de luta se os processos não avançarem.
Nessa sessão de esclarecimento com a APA relativa à orla costeira, o Dr. Pedro Santana Lopes defendeu que a situação no concelho apresenta “circunstâncias excepcionais”, que podem ser usadas diminuir para prazos dos procedimentos legais.
Recordemos as suas palavras.
“Estamos em circunstâncias excepcionais, que a lei prevê quando estão em causa vidas humanas, habitações, segurança e risco. Há circunstâncias mais do que ponderosas”, sublinhou na altura o autarca figueirense, salientando que o problema da erosão se arrasta há anos, afetando a marina, o porto marítimo e as populações das praias a sul do concelho.
Santana Lopes defendeu mesmo que a APA crie uma comissão para esta “sub-região do baixo Mondego para tudo o que está implicado: erosão costeira, porto e transposição de areias”.
“Que a APA perceba que a Figueira da Foz está em emergência nessas matérias”, frisou o presidente da autarquia figueirense, reconhecendo que existe “estudo e trabalho feito”, mas que falta passar à acção.
Na sua intervenção final na sessão, o autarca disse que o município não quer utilizar “outras formas de luta”, mas que se for preciso serão usadas, arrancando uma grande salva de palmas do público que quase lotou o auditório municipal da cidade.
Na mesma reunião, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, como estratégia de longo prazo  apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.

Como dá para ver nada acontece por acaso.
Percebem agora o motivo pela qual o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”?
Pimenta Machado, foi claro há um ano e dezasseis dias no Auditório Municipal da Figueira da Foz: "como estratégia de longo prazo  apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões."
A sessão ficou marcada por várias queixas de autarcas das freguesias afetadas pela erosão, preocupados com os efeitos do mar no Inverno, operadores comerciais e o movimento SOS Cabedelo, que acusou a APA de estar com uma década de atraso.

A deputada Raquel Ferreira, que já decidiu, "com os seus mais fortes sentidos de ponderação,  humildade e responsabilidade,  anunciar a  recandidatura à Concelhia do PS da Figueira da Foz", foi apanhada na curva apertada que o PS está a percorrer.  
Pois.
Porém, é em momentos destes, «como recomendava Mário Soares que " um político tem de se assumir".»

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Da série, o areal urbano está assim por erros e falta de visão do homem... (6)

"Soltem as areias", por Ana Oliveira
"Na Figueira da Foz nunca nada foi fácil e no que se refere à imagem da nossa cidade a história nunca relatou muitos consensos. A questão do areal urbano não é exceção, porque a solução para este espaço tem, seguramente, duas visões, bem distintas uma da outra.A primeira visão, da autoria do executivo socialista, teve a sua concretização mitigada em 2016. Uma solução a que se deu o nome pomposo de “Requalificação e valorização da frente mar e praia”. Projeto esperado com muita expectativa por todos os figueirenses, pois sendo a única obra do município, verdadeiramente pensada e idealizada, num valor que ultrapassou os dois milhões de euros seria, no mínimo, de impressionar os mais críticos!
Perante isto, qual foi, afinal, a solução encontrada pela Câmara Municipal? Será que a intenção foi fomentar o turismo? Só se for com a entrada para o recorde do Guiness do maior parque de merendas à beira mar da Europa, mas, para isso, convinha aumentar os bancos e mesas de cimento! Ou o intuito era a criação de riqueza através da atração de investimento e por sua vez criar postos de trabalho? Perante aquilo que é visto só me ocorre dizer que a intenção seria criar parcerias com empresas de fabrico de chapéus de sol ou de protetores solares. Confesso que desta solução milionária não vislumbro muito mais do que exponho!
A segunda visão para o areal urbano é valorizar a nossa praia e a nossa cidade. Sou defensora desta ideia e igualmente defensora de não “enterrar dinheiro na areia”. Neste sentido, nada melhor que a fase que atravessamos, onde se discute o Orçamento do Estado para, quem lidera os destinos do nosso concelho, pressionar e “influenciar” o governo central a definir e aumentar verbas especificas para uma estratégia global, estruturada que retarde e minimize os efeitos da erosão costeira e que sirva também, de uma vez por todas, para realizar o reclamado e prometido estudo para avaliar mecanismos de transposição de areias. No fim de contas, a solução é só uma: soltem as areias e devolvam-nos a bela Figueira de outros tempos!"
"Desafios em vez de soluções", por Ana  Carvalho
"Normalmente, pedimos soluções para resolver problemas e situações negativas. Por isso, como princípio de conversa, esclareço, desde já, que não considero que o areal da praia da Figueira da Foz tenha de ser um problema ou algo negativo. Pelo que substituo a palavra solução por desafio.
E o primeiro grande desafio que se coloca aos figueirenses é mesmo a mudança de paradigma relativamente ao areal. Por que não passar a ver a dimensão do nosso areal como uma vantagem, largando de vez o saudosismo que tanto nos bloqueia? Ao contrário de quase todas as praias urbanas da Europa, a nossa tem um incrível areal que protege a cidade, com uso público, ganho ao domínio marítimo, pelas razões antrópicas que todos conhecemos. Mesmo no pico do verão, estando a decorrer em simultâneo um festival de música que nos traz 100 mil pessoas e um torneio mundial de râguebi, conseguimos estar descansadamente na nossa toalha a ler um livro ou a jogar à bola no areal com os nossos filhos. Isto não é um ponto forte!?
Segundo desafio, reconhecer o quanto o areal já é aproveitado e pode continuar a ser. Diariamente, vemos centenas de pessoas a caminhar ou a andar de bicicleta nas novas ciclovias e passadiços. Algo que vai incrementar, ainda mais, com a ajuda das Figas. Todos os anos, tem aumentado o número de eventos desportivos de praia, desde o râguebi, ao vólei, ao futevólei e ao futebol, sendo esta praia a casa da final da Euro Beach Soccer League. Terceiro desafio que lanço é à própria APA, para permitir os usos que gostaríamos de ver na praia. Desde colocar mais estabelecimentos de apoio à praia, desportivos e de lazer, percebendo, de uma vez por todas, que esta praia é, de facto, diferente de todas as outras.
Há, no entanto, outras praias no concelho que, essas sim, têm o grave problema de falta de areia e é para isso que tem de haver soluções: executar a retirada de três milhões de metros cúbicos de areia do norte do molhe norte e colocar nas praias a sul até à Leirosa, e definir, finalmente, a solução sistemática que garantirá a transposição de areias regular que evitará a erosão costeira a sul e o aumento do areal a norte. Aceitam os desafios?"

Nota via OUTRA MARGEM.
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados 10 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra".
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira".
E não foi por falta de avisos que foram cometidos tantos erros de planeamento territorial e urbanístico na na Figueira da Foz.
Voltando ao saudoso Mestre Manuel Luís Pata, também sempre uma das vozes discordantes do prolongamento do molhe norte. Um dia, já distante, em finais de janeiro de 2008, confessou-me: "ninguém ouve" “A Figueira nasceu numa paisagem ímpar. Porém, ao longo dos tempos, não soubemos tirar partido das belezas da Natureza, mas sim destruí-las com obras aberrantes. ”
Foram estes “Molhes” que provocaram a erosão das praias a sul da Figueira, e foi o “Molhe Norte” que originou a sepultura da saudosa “ Praia da Claridade”, a mais bela do país. Embora seja de conhecimento geral, quão nefasto foi a construção de tais molhes teimam em querer acrescentar o “Molhe Norte”, como obra milagrosa… "Santo Deus! Tanta ingenuidade e tanta teimosia!... Quem defende tal obra, de certo sofre de oftalmia ou tem interesse no negócio das areias!.."
Ah, pois é: ninguém o ouviu e agora temos as consequências...

Com tanta falta de areia a sul - e isso é problema... até foi permitido que a areia da Praia da Figueira fosse salvar praias espanholas:


"(…) Os que não conseguem lembrar o Passado estão condenados a ter que o repetir (…)"…
- George Santayana, 1905
"(…) Que os homens não aprendem muito com as lições da História é a mais importante de todas as lições que a História tem para ensinar (…)"…
Aldous Huxley
, 1959

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

"Areal urbano continua a aumentar e pode atingir 800 metros de largura"

Via DIÁRIO AS BEIRAS
A Agência Portuguesa do Ambiente deverá realizar este ano um estudo sobre a transferência de areias, do areal urbano para as praias do sul do concelho. O prolongamento do molhe norte, em 400 metros, foi inaugurado em fevereiro de 2011. Desde a conclusão da obra que o areal urbano não para de crescer, em comprimento e altura.
A obra, apesar dos vários alertas feitos em devido tempo e, agora, a realidade, continua a ser considerada fundamental pela tutela e comunidade portuária para a melhoria das condições de acessibilidade ao porto da Figueira da Foz.
Todos estes depois de concluída a obra, a barra, para os barcos de pesca que a demandam está pior que nunca e a erosão, a sul, está descontrolada.
Neste momento, pode dizer-se, sem ponta de demagogia, que é alarmante: o mar continua a “engolir” sistema dunar em S. Pedro, Costa de Lavos e Leirosa.
Sem politiquice: a erosão costeira a sul da barra do Mondego é um assunto muito sério...
Sobre as consequências do prolongamento do molhe norte nada mais Há a escrever. Toda a gente, incluindo os responsáveis autárquicos, conhecem o que se passa.
Portanto, venha  de lá o estudo para se escolher a melhor solução.
Só existem duas soluções para o excesso de areia a norte do estuário do Mondego e escassez a sul.
Esta: “se não for agora, será mais tarde, mas parte da areia do areal da Figueira da Foz vai ter de sair dali, porque ela não pertence àquele local”.
A outra, seria fazer implodir aqueles 400 metros que acrescentaram ao molhe norte.

terça-feira, 17 de maio de 2022

O areal da praia da Figueira e solução que tarda em chegar...

Confesso-me muito preocupado com o assunto. Certamente que o actual presidente da câmara também está muito preocupado. Tal como o presidente da Assembleia Municipal. E o anterior presidente da câmara, agora primeira figura da oposição. E o único vereador PSD da oposição. Tal como os presidentes de junta de Buarcos e São Julião, São Pedro, Lavos e Marinha das Ondas. Tal como as populações, sobretudo, as do sul do concelho. 
Todos andamos preocupados há muitos anos. 
Mais tarde ou mais cedo, espero mais cedo que tarde, o problema terá de ser resolvido. 
Por este andar, porém, ainda teremos que pôr o concelho e o país a funcionar como deve ser para ultrapassar esta situação.

Há mais de 40 anos que o areal da praia da Figueira é um problema.
O que fazer a tanta areia e a tanto espaço?
A meu ver, a solução mais sensata e mais adequada, passa por “aproveitar” a areia, colocando-a no sítio onde deveria estar - margem esquerda do estuário do Mondego.
Essas cenas da “requalificação” ou do “ordenamento”, não passam de modernices inconsequentes e ineficazes, como está mais do que provado com a passagem de todos estes anos em que o problema em vez de ser resolvido se agravou.
Via blogue quinto poder, recordemos.
«Em 1981, a equipa do Arqº Alberto Pessoa, com quem a Câmara Municipal mantinha uma permanente e frutuosa avença de assistência, elaborou um primeiro estudo. Mais não era do que um sintético documento orientador geral de futuras acções, apresentado na forma de duas a três plantas cobrindo todo o espaço, então menos extenso do que o actual. Por isso se designava pelo também singelo nome de “Programa-base”. Chegou a merecer apreciação em Assembleia Municipal, mas depois veio a “morrer na praia”.
Oito anos depois, foi a vez da Sociedade Figueira Praia encomendar um plano à equipa dos arquitectos Pereira da Silva e Alberto Pessoa-filho. Ignoro qual foi o destino da encomenda ou do plano que porventura haja sido elaborado.
Decorreram mais três a quatro anos e, por iniciativa da Câmara Municipal de então, surgiu um “plano geral do areal da praia”, desta feita da autoria do GITAP, que penso que seria um gabinete de consultores e especialistas.
Logo nos primeiros meses do seu primeiro mandato, Santana Lopes decidiu-se pela implantação do conhecido Oásis, junto à Ponte do Galante. Na sua versão inicial, o projecto previa árvores, esplanadas, palcos, campos desportivos, um lago de água doce. Incluía também um mirabolante circuito de um pequeno comboio (imagino que sobre carris…) que ia pela parte poente do areal, desde o “parque das gaivotas” até junto ao prédio J. Pimenta, em Buarcos, voltando para sul junto ao paredão da marginal.
Reconheço ter então achado o Oásis uma boa ideia. Todavia, encarei-o sobretudo como uma espécie de protótipo ou de amostra do que deveria e poderia ser feito, gradualmente e em sistemático esforço, em todo o areal. Não seria bem essa a ideia de Santana Lopes, mais interessado em rapidamente exibir obra, ainda que efémera, que tivesse efeitos mais imediatos na sua imagem de autarca, já com vista a outros mais altos voos.
Por isso, as palmeiras com que decorou o Oásis foram para lá transplantadas muito crescidas.
Há 10 anos, em Abril de 2012, a  CMFF lançou  um concurso de ideias, a que chamou “concurso público de concepção”, destinadas a orientar uma solução urbanística para o vastíssimo areal da Figueira, a que chamou “requalificação”. Veio acompanhado por uma vasta lista de requisitos quanto às “tipologias de intervenção”, sob a forma de belos e sugestivos termos do jargão da arte.»

Em janeiro de 2016, o executivo socialista fez o anúncio de uma obra “milagrosa”.
Na Obra de Requalificação do Areal/Valorização de Frente Mar e Praia - Figueira/Buarcos foram gastos 2 milhões de Euros na empreitada, com a obrigação do empreiteiro fazer a manutenção durante 5 anos.
Quem por lá passa hoje vê uma ciclovia a degradar-se de dia para dia, paliçadas caídas, postes delimitadores em madeira tombados, quase vegetação e árvores mortas.
Em 6 de Janeiro de 2020, há mais de 2 anos, o vereador do PSD solicitou um relatório sobre o estado actual em que se encontra a praia e se está de acordo com o projeto elaborado. Alguém sabe se essa iniciativa, na altura muito badalada na comunicação social, teve alguma consequência?
O problema mantem-se: a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade. O extenso areal da Praia da Figueira continua a ser um problema, quando poderia contribuir para a solução global das praias e da orla marítima do sul do concelho.

Temos de continuar a ser optimistas. Mas, igualmente, realistas.
Alguém sabe alguma coisa do bypass? 
Mesmo que a construção do bypass estivesse concluída amanhã, só dentro de cinco anos São Pedro de Moel poderia recuperar o seu areal, exemplifica Filipe Duarte Santos, investigador e geofísico, a propósito do sistema fixo de transferência de areias a construir na Figueira da Foz, obra que o ministro do Ambiente disse recentemente que é para fazer avançar.
O anterior ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, em Setembro de 2021, em véspera das eleições autárquicas de Outubro passado, assumiu que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz, com recurso a um sistema fixo (bypass) era a mais indicada e que seria concretizada. A decisão aconteceu após a análise do estudo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que apresenta quatro soluções distintas de transposição de areias. Destas, notou o governante, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.
Recorde-se que, com o prolongamento do molhe na Figueira da Foz, obra inaugurada em 2011, a erosão nas praias a sul acentuou-se, com a destruição da duna de protecção costeira a fazer sentir-se em vários locais. O problema estendeu-se pelo distrito de Leiria, até à Nazaré. Para Filipe Duarte Santos, a construção do bypass “é uma iniciativa positiva”, que está em linha com o que preconizou o Grupo de Trabalho para o Litoral num relatório de 2014, que o próprio investigador coordenou. 
“Estou satisfeito, é a melhor solução, vai beneficiar todas as praias a sul”.
Vamos a ela?...

sábado, 4 de junho de 2022

Esperemos que seja desta: mais do que de palavras, precisamos mesmo é da areia já prometida por diversas vezes


Na edição de hoje do Diário de Coimbra,  podemos ler esta notícia sobre um tema que nos tem feito criar inimigos - principalmente, entre os políticos figueirenses que estiveram no poder anos e anos e pouco fizeram para tentar inverter o rumo  dos acontecimentos que nos fez chegar a 5 de Junho de 2022.

Quem acompanha este blogue sabe que, ao contrário de muitos que se calaram perante os erros cometidos pelo poder central - nesses, sublinho os políticos que passaram pela Junta de Freguesia de S. Pedro, nos últimos 15 anos - somos a voz que nunca se calou, independentemente da conjuntura política local e nacional.  

Tal como escrevemos em 11 de dezembro de 2006já lá vão quase dezasseis anos, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe, a nosso ver, era já então uma prioridadeContinua a ser... 

Até porque, entretanto, as experiências que se fizeram não resultaram.

Nessa época, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes para o responsável deste espaço. 
Especialmente, numa zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...

Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Durante todos estes anos – o histórico de postagens publicada ao longo de quase dez anos prova-o -, a erosão costeira tem sido a maior preocupação do autor deste blogue.
Sofremos, por isso,  ataques de personagens que passaram pelo poder local figueirense... *

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: tentar sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar. Tudo nos está a ser levado...
Esperemos que seja desta...

* - (IRONIA DO DESTINO. OS MESMOS QUE ME CRITICAVAM POR ESTAR SEMPRE A CRITICAR, SÃO OS MESMOS QUE NOS ÚLTIMOS MESES ME TÊM TENTADO LINCHAR EM PRAÇA PÚBLICA, ACUSANDO-ME DE AGORA NÃO CRITICAR...
SÓ NÃO DIZEM O QUÊ E QUEM.
OS LEITORES QUE COSTUMAM FREQUENTAR O OUTRA MARGEM, SÃO INTELIGENTES E TÊM O PODER DE ANÁLISE SUFICIENTE EVOLUÍDO PARA SABEREM QUE ESTE ESPAÇO CONTINUA IGUAL.
O QUE MUDOU FOI A REALIDADE LOCAL. OS FIGUEIRENSES É QUE FIZERAM AS ESCOLHAS. E EM DEMOCRACIA, GOSTE-SE OU NÃO, QUEM DECIDE É O POVO. 
O QUE ESTÁ À VISTA DE TODOS É QUE QUEM NUNCA SOUBE GANHAR, QUANDO PERDEU FICOU COMPLETAMENTE AZIADO, O QUE AINDA NÃO LHE PERMITIU DIGERIR A DERROTA...).

sábado, 4 de agosto de 2018

A erosão a sul não podia esperar mais...

"A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial..."

António Agostinho, via blogue OUTRA MARGEM, em 11 de dezembro de 2006.


Via AS BEIRAS

A ocupação desordenada do litoral contribuiu para situações de desequilíbrios e fenómenos de erosão costeira que têm vindo a pôr em causa a segurança de pessoas e bens.
Foi o que aconteceu  a sul do porto da Figueira da Foz,  também consequência das obras do prolongamento do molhe norte em 400 metros,  onde nos últimos anos se agravaram os efeitos erosivos a sul do "Quinto Molhe".

terça-feira, 5 de maio de 2015

Finalmente, as dunas a sul do quinto molhe estão a começar a ser refeitas!..

foto António Agostinho
A ocupação desordenada do litoral contribuiu para situações de desequilíbrios e fenómenos de erosão costeira que têm vindo a pôr em causa a segurança de pessoas e bens.
Foi o que aconteceu  a sul do porto da Figueira da Foz,  depois das obras do prolongamento do molhe norte em 400 metros,  onde nos últimos anos se agravaram os efeitos erosivos a sul do "Quinto Molhe".
Por aqui, nesta outra margem, a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem, há muitos e muitos anos.

Neste blogue, já em 2006, andávamos a fazer alertas para o estado em que se encontrava a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Escrevemos, então que, "por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perdia-se a oportunidade de resolver o essencial..."
Foi o que aconteceu.

Hoje, depois de anos e anos de alertas e preocupações sinto-me mais aliviado: as dunas a sul do quinto molhe, desfeitas pela natureza e pelos erros cometidos pelos homens, estão a ser refeitas, como a foto acima e as que podem ver clicando aqui, atestam.
Só é vencido quem desiste de lutar por aquilo em que acredita. 
Nunca duvidei que o bom senso acabaria por imperar.
Contudo, o "Alerta Costeiro" vai continuar.
A Liberdade é isto - mesmo que a justiça não seja realizada, a liberdade preserva o poder de protesto contra a injustiça e ainda pode contribuir para salvar a Aldeia...

segunda-feira, 11 de junho de 2018

"AREIA A MAIS, AREIA A MENOS…"

A FIGUEIRA DA FOZ VAI ATÉ À PRAIA DA VIEIRA DE LEIRIA...
Sexta-feira passada, dia 8 do corrente, na Vieira de Leiria (Marinha Grande), no auditório da Biblioteca local, teve lugar uma sessão pública, organizada pela associação cívica local Marinha Grande em Movimento, com intervenções de Alfredo Pinheiro Marques (director do CEMAR), Eurico Gonçalves e Miguel Figueira (coordenadores do movimento cívico SOS Cabedelo, e membros do Conselho Consultivo e Científico do CEMAR), e José Nunes André (geólogo e consultor de Ambiente local).
Tratou-se do Ordenamento (e desordenamento…) Costeiro: da erosão e do assoreamento do litoral português, no âmbito da situação catastrófica que está em curso desde há décadas na Beira Litoral (sobretudo desde Aveiro até Mira e desde a Figueira da Foz até à Nazaré) devido aos efeitos do "erro histórico" da construção dos molhes, monstruosos e desmesurados, que foram construídos na segunda metade do século XX na barra do porto lagunar de Aveiro e na barra do porto fluvial da Figueira da Foz.
O que ali foi agora discutido na Vieira foram sobretudo os molhes que mais afectam essa região: os que levaram à destruição das praias e do Turismo da Figueira da Foz e levaram à erosão feroz que desde então se tem avolumado em todos os litorais a sul da Foz do Mondego: Cova-Gala, Lavos, Leirosa, Pedrógão, Praia da Vieira…

O director do Centro de Estudos do Mar (CEMAR) participa também em iniciativas deste tipo porque, embora esta associação científica tenha como fim estatuário e como actividade principal a defesa do Património Cultural e Histórico Marítimo (a herança histórica e patrimonial local, e a etnografia, tecnologia e cultura popular marítima dos pescadores e marítimos locais), não quis deixar nunca de, também, ao mesmo tempo, desde o princípio (1995), tomar também posição e fazer ouvir a sua voz sobre a paralela e indissociável questão cívica e científica da defesa do Património Natural e Ambiental Marítimo. Sobretudo, sobre esta catástrofe ambiental indesmentível (cujos resultados estão à vista de toda a gente), que sepultou aquela que outrora havia sido considerada em Portugal a "Rainha das Praias Portuguesas" ("Figueira, das finas areias, berço das sereias…") sob um areal monstruoso que afastou a cidade do mar ("o maior aterro urbano da Europa") a norte da foz do Mondego, ao mesmo tempo que a sul se criavam problemas de erosão gravíssimos, que ameaçam as populações (e o próprio Hospital Distrital), e estão a afectar todas as praias e populações da costa portuguesa, até Pedrógão, Vieira, etc..
A erosão e assoreamento que transformaram aquela que outrora havia sido chamada "a Praia da Claridade" em algo que, pelo homem do mar, e autor autodidacta da História Marítima local figueirense, Manuel Luís Pata (Associado Honorário do CEMAR, e Medalha de Mérito da Cidade da Figueira), veio a ser chamado "a Praia da Calamidade"…

Portugal, na sua realidade geográfica e humana concreta, e no seu significado simbólico e identitário, tem como uma das suas características mais notáveis as suas célebres praias de areia branca: como se diz, popularmente (na célebre "Nau Catrineta"), "Terras de Espanha, Areias de Portugal"... Mas, aqui, na Beira Litoral, toda esta realidade está em risco.
E é em Portugal que existem -- e, sobretudo, aqui, na Zona Centro do país (e, também, nesta Praia da Vieira de Leiria, ao sul da Figueira da Foz) -- as comunidades dos pescadores da "Arte", a pesca de cerco e alar para terra a partir de praias arenosas (actualmente designada oficialmente como "Arte-Xávega"), únicas em termos mundiais, que pescam sem portos (!), com os seus extraordinários "Barcos-da-Arte" em forma de meia-lua, sem quilha nem leme (!), enfrentando e varando a rebentação a partir das próprias praias ("tecnicamente, surfistas"…), em pleno litoral oceânico do Atlântico Norte…! ("os mais pobres dos pobres, com o mais belo barco do mundo"… "sozinhos com Deus e Mar"… no silêncio rumoroso dos seus antigos litorais arenosos desertos).
Todo esse mundo (o mundo a que Paulo Rocha, outrora, no Furadouro [Ovar], chamou "um mundo maior do que o das cidades"…), está hoje em dia em perigo (em agonia acelerada, "como neve diante do sol"...), ao mesmo tempo que estão em perigo as próprias praias de areia fina em que, ao longo dos últimos séculos, tal mundo existiu.
Assim nos sendo dada, uma vez mais, a lição que já tínhamos obrigação de saber (e nunca nos deveremos cansar de repetir): são absolutamente paralelas, e indissociáveis, a defesa do Património Cultural e Histórico e a defesa do Património Natural e Ambiental.

O Centro de Estudos do Mar (CEMAR), centrado na Figueira da Foz do Mondego e na Praia de Mira, lutou ao longo de mais de vinte anos pela sobrevivência deste mundo cultural e pela salvaguarda, e "renaturalização" (verdadeira) do seu ecosistema. E tentou motivar para esse combate também todas as demais instituições e entidades da "sociedade civil" e da "comunidade científica e universitária" (e já em 06.09.1996 o jornal "Público" o noticiava).
Lutou, e vai continuar a lutar… E congratula-se por, finalmente, na Figueira da Foz, desde 2009, ter surgido (mas, significativamente, vindo de fora da "comunidade científica e universitária"…!) o movimento cívico SOS Cabedelo, que foi quem foi capaz de desatar o "nó-cego" de tantas décadas de imobilismo, de desleixo e de fatalismo... e foi capaz de ir procurar, encontrar, e propor, uma verdadeira nova solução -- através de um "by-pass", de transposição mecânica das areias… -- para o catastrófico "exemplo" de Hidráulica Marítima da Figueira da Foz…  O catastrófico "exemplo" do "erro histórico" cujos resultados foram calamitosos.

O Centro de Estudos do Mar, na Figueira da Foz, vai continuar a lutar e a apoiar o movimento cívico SOS Cabedelo no combate pela reposição da dinâmica sedimentar e da alimentação das praias com a areia que nelas é natural, desde a Figueira da Foz até à Praia da Vieira e mais a sul.
E os contributos pessoais de Alfredo Pinheiro Marques, director do CEMAR, ao longo destes anos, vão ser antologiados, no fim, no seu livro "O Mar Mais Alto Do Que a Terra", em edição do CEMAR.

"Areia a Mais, Areia a Menos…" : a Figueira da Foz vai -- ou não vai…? (ou devia ir…) -- até à Praia da Vieira…
Na passada sexta-feira, dia do corrente, foi.

Via INTERMAR

sábado, 31 de janeiro de 2009

Passaram sete dias...


Entre a foto, que pode ver clicando aqui, e a foto desta postagem, passaram sete dias.
Durante estes sete dias, nós, aqui no Outra Margem, e outros meios de informação (conforme pode ver aqui, aqui e aqui) fomos alertando, mas a situação continua a que a foto obtida hoje à tarde mostra.
A única intervenção visível no local, foram umas grades amarelas (na foto, no canto superior direito), colocadas onde a duna de areia já foi, e começa o passeio que bordeja a estrada, devido á erosão provocada pelo mar.
Só, para mais uma vez, avivar a memória, e por o seu conteúdo ser do maior interesse, vamos recuperar, com devida vénia, uma carta do SENHOR MANUEL LUÍS PATA, publicada no dia 26 de Março de 2007, no “Diário de Coimbra”, pág. 8, na secção Fala o Leitor, com o título:

“Erosão das Praias”

Permitam que me identifique:

Manuel Luís Pata, nascido há 82 anos na povoação da Gala (à beira do mar), Figueira da Foz e filho, neto e bisneto de marítimos. Também eu como os meus ascendentes, segui a vida do mar, onde aprendi a ser homem. O mar foi para mim um grande Mestre… E a vida que escolhi levou-me a conhecer novos horizontes!...
Vivi 20 anos em Moçambique. Cinco na marinha mercante e quinze na província da Zambézia, catorze dos quais a governar um dos navios da Sena Sugar Estates, o “ Mezingo”.
Além do meu serviço normal, prestei no rio Zambeze preciosos e gratuitos serviços ao Estado. Entre outros, recordo com muita tristeza, quando estive 20 dias com o meu navio nas operações de recolha de “ corpos de militares e recuperação de 22 viaturas” de uma coluna militar que no dia 21 de Junho de 1969 seguia num batalhão e se afundou no rio Zambeze, quando fazia a travessia da Chupanga para Mopeia, perecendo neste naufrágio 103 militares e 2 civis. Esteve a comandar estas operações o então Capitão do Porto do Chinde, sr. Comandante Fernando Manuel Loureiro de Sousa. Sou um simples cidadão que ama a sua Pátria. É esta a razão que me leva a lutar pelo bem do meu pobre País, que continua a ser destruído, não pela natureza, mas sim pelo ser humano!...

Qual a principal causa da catástrofe que se avizinha?

Depois da “ exemplar descolonização”, regressei à minha terra natal, aqui à beira-mar plantada e, a partir de 1992, passei a dedicar o meu tempo a escrever sobre a pesca do bacalhau, tendo concluído três livros e, ao mesmo tempo, a estudar a preocupante situação da erosão costeira, principalmente na zona centro.
Devido às grandes quantidades de areias (milhões de m3) dragadas no porto de Aveiro e depositadas na Gafanha da Nazaré, para vender; as grandes quantidades dragadas na enseada de Buarcos, na barra, e na foz do Mondego e descarregadas na Murraceira, com o mesmo destino, além da que foi directamente transportada para Vigo, pelas próprias dragas… Na Praia da Figueira, há também muitos milhões de m3, retidas pelo molhe norte, além da já vendida.

Os molhes da barra da Figueira da Foz

Foram estes “Molhes” que provocaram a erosão das praias a sul da Figueira, e foi o “ Molhe Norte” que originou a sepultura da saudosa “ Praia da Claridade”, a mais bela do país. Embora seja de conhecimento geral, quão nefasto foi a construção de tais molhes teimam em querer acrescentar o “Molhe Norte”, como obra milagrosa… Santo Deus! Tanta ingenuidade e tanta teimosia!... Quem defende tal obra, de certo sofre de oftalmia ou tem interesse no negócio das areias!...
É urgente contratar técnicos credenciados, de preferência Holandeses, para analisarem o precioso projecto elaborado pelo distinto Engenheiro Baldaque da Silva em 1913, do qual consta um Paredão a partir do cabo Mondego em direcção a Sul, a fim de construir um Porto Oceânico junto ao Cabo Mondego e Buarcos. Este Paredão, sim, será a única obra credível, não já para o tal Porto Oceânico mas sim para evitar que as areias vindas do Norte, se depositem na enseada, que depois a sucessiva ondulação arrasta-as e deposita-as na praia da Figueira, barra e rio.

A erosão da Costa da Caparica

Esta situação é, em parte, devida à extracção e venda das areias, conforme acima descrito. Sim, porque as areias não sendo seres vivos movimentam-se devido às correntes. A solução para este problema, não poderá ser resolvido simplesmente com areia. Necessita sim, de estacaria de madeira ou várias filas e, depois colocar pinheiros ou eucaliptos ao comprido com a própria rama entre a estacaria. Depois sim, a areia.
Penso que o facto de o mar atacar mais esta zona, poderá também ser devido à pedra que foi colocada à volta do Farol do Bugio. Como a área da ilhota aumentou, pode ter alterado as correntes na zona.
Há sete anos o mar afundou cerca de três metros as praias da Cova Gala. Penso que o fenómeno se deveu a razões semelhantes… Os cientistas há muito que vêm alertando que os oceanos estão a subir… porém, a degradação da orla costeira deve-se na maior parte ao homem e não à Natureza… No entanto, neste degradado País, continuam a roubar as areias ao mar para vender… Até quando!!!...

Manuel Luís Pata
Figueira da Foz

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Erosão costeira a sul do quinto molhe: estamos em Agosto, sempre aquele mês de esperança acrescida...

Desde 11 de Dezembro de 2006, que andamos a alertar para o problema
Escrevemos nessa altura que "a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial..."
Foto António Agostinho. Mais fotos aqui.
Ao longo destes longos 10 anos anos, nunca nos cansámos de alertar para aquele que, do nosso ponto de vista, é o maior problema da Cova e Gala: a situação a sul do quinto molhe, na orla costeira da freguesia de S. Pedro, estava a ser branqueada e mal avaliada por quem de direito.
A preocupação do autor deste blogue, tinha a ver com o facto deste local, por si só,  passar despercebido aos meios de comunicação local, regional e nacional, dado o facto do avanço das águas do mar não encontrar pela frente aglomerados populacionais, um apoio de praia ou uma barraca de surf... 
Aparentemente, no imediato, não  era uma ameaça à vida das pessoas e à segurança dos seus bens... 
Isso pareceu-me sempre o mais preocupante e perigoso, pois 500 metros, a norte, e 2 ou 3 quilómetros, a sul, lá estão as pessoas e os bens,  à mercê da fúria do mar, por incúria e ganância do homem. 

Agora, segundo o que li ontem no Diário de Coimbra, parece que existe a esperança que o problema vai ser atacado.
Passo a citar:
"A zona do 5º. molhe deverá ser alvo de uma candidatura a apresentar pela APA (Agência Portuguesa do Ambiente).
Segundo o presidente da junta de S. Pedro, num ofício, a APA informou-o que, devido à erosão naquela zona, a candidatura vai no sentido de «se colocar geo-cilindros (entre a Praia da Cova e a Costa de Lavos), repor a duna, reflorestar para criar sustentação e colocar paliçadas»."

Eu sei que estamos em Agosto, sempre um mês de esperança acrescida, sempre aquele mês descontraído por natureza, onde o tempo parece ter mais tempo para a esperança! 
Se todos temos que acreditar em algo, acreditemos no que foi ontem publicado no Diário de Coimbra.
Todos concordamos com o presidente da junta: "se o inverno for «rigoroso», a área «vai ser de novo pólo de uma grande preocupação".

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Tarde piaram

O presidente da Câmara da Figueira da Foz, Duarte Silva, em declarações ao JN de 27 de Fevereiro de 2007, que pode conferir clicando aqui, rejeitou a ideia de que o prolongamento do novo molhe do porto comercial local, em 400 metros, poderia aumentar a erosão costeira nas praias a sul da Figueira da Foz.
Recorde-se, que na altura a obra foi censurada pela Assembleia Municipal de Leiria, que aprovou uma moção contra a construção da estrutura.
Palavras de Duarte Silva ao JN, que vale a pena lembrar: "como este molhe tem uma inflexão a sul, dos cerca de 400 mil metros cúbicos de areia que, por ano, aqui se depositam, depois da obra só um quarto desse valor ficará na Figueira. O restante será depositado naturalmente nas praias a sul".

Entretanto, havia quem já se preocupasse com o problema da erosão da orla costeira figueigueirense. Por exemplo, em 11 de Dezembro de 2006, aqui no Outra Margem, talvez por não sermos engenheiros, alertávamos, como podem igualmente conferir: “a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental. Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova. Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...

Agora, que os efeitos da erosão costeira provocada pelo prolongamento do molhe norte já se fazem sentir na onda do Cabedelo, “unidos no protesto contra os efeitos do prolongamento do molhe norte à entrada do Porto Comercial da Figueira da Foz, reuniram-se na praia do Cabedelo algumas centenas de surfistas, jovens, membros de associações nacionais, associações internacionais e cidadãos anónimos. Numa cidade em que o carneirismo e o conformismo são regra este foi um acontecimento raro e excepcional de mobilização cidadã. O ponto alto desta manifestação foi o desenhar no mar do logótipo humano S.O.S. por cerca de 230 pessoas.”
Mas, o curioso, o mais curisos mesmo, como podem ver na foto sacada daqui, é que até “o Engº Duarte Silva, na qualidade de Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, também fez questão de marcar presença neste evento, bem como os deputados João Portugal, Miguel Almeida e os candidatos à Câmara Municipal, João Ataíde, Daniel Santos, Rui Silva e Silvana Queiróz. Manifestando todos eles a sua preocupação para com este problema, mostrando-se disponíveis para tratar este assunto com a devida atenção.”
Mas, onde andou toda esta gente que não previu, em devido tempo, o que era facilmente previsível?...
Tarde piaram…

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Erosão costeira em Portugal é um problema grave - e vai piorar...

As áreas mais preocupantes em termos de erosão costeira são também zonas de ocupação humana, como as zonas de “Espinho até Cortegaça, a zona do Sul de Aveiro, a zona Sul da Figueira da Foz, a área da Caparica, a zona da Quarteira e de Vale de Lobo até Faro”.
Foto sacada daqui
«A Agência Portuguesa do Ambiente vai investir cerca de 27 milhões de euros em 11 intervenções de protecção contra as alterações climáticas e reabilitação do litoral nas cinco regiões hidrográficas.
A região Centro terá cinco intervenções no âmbito da candidatura “Acções de Protecção do Litoral na região Centro — Cortegaça/Vieira”, num investimento total de cerca de 5,2 milhões de euros.

Estas intervenções pretendem proteger, recuperar e estabilizar das dunas a norte do esporão sul de Cortegaça, em Ovar, entre a praia da Barra e a da Costa Nova, em Ílhavo, e entre a praia de Quiaios e Murtinheira, na Figueira da Foz.
Pretendem ainda reabilitar e manter a defesa aderente em Ílhavo e o reforço, a reabilitação dos molhes a sul e a norte da foz do rio Liz e a requalificação da marginal da praia da Vieira, na Marinha Grande, acrescentou.

Ainda na região Centro, serão investidos cerca de 19 milhões de euros no combate à erosão nas praias entre a Cova Gala e Lavos, no âmbito da candidatura “Alimentação artificial de praia no troço costeiro a sul da Figueira da Foz (Cova-Gala — Costa de Lavos)".
Segundo o organismo, esta intervenção prevê “o aproveitamento das areias provenientes das dragagens na barra da Figueira da Foz para recarga da praia e reforço do cordão dunar a sul do esporão n.º 5 da Cova Gala”

Via Observador