terça-feira, 7 de maio de 2024

Limpeza continua: Governo demite diretor da PSP e nomeia comandante da Unidade Especial para o cargo

«O Governo exonerou, esta segunda-feira, José Barros Correia, diretor nacional da PSP desde setembro de 2023. O superintendente chefe garante que sai por "exclusiva iniciativa" da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco. Luís Carrilho, até agora comandante da Unidade Especial de Polícia, é o sucessor.»

PSD, agora e sempre, um partido messiânico

Video sacado daqui
PSD: fez ontem cinquenta anos, que fundado por Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão e Joaquim Magalhães Mota, nasceu com o nome de Partido Popular Democrático (PPD).

Quem eram Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão e Joaquim Magalhães Mota, os fundadoress do PPD?
Eram, antes do 25 de Abril de 1974, os liberais da Assembleia Nacional, a tal Ala Liberal tolerada pelo Estado Novo. 
Era, digamos assim, "uma irreverência bem comportada, em nada semelhante à contestação protagonizada por gente  merecedora de espancamento, prisão, deportação ou mesmo assassinato."

Por isso, foram na altura apelidados, como “guarda-chuva dos fascistas”
Mais do que um problema, era uma cicatriz que Francisco Sá Carneiro percebeu que tinha de resolver rapidamente. 
Em Maio de 1974, Portugal era um país onde o socialismo era a palavra mais banalizada e o desiderato dominante. Portanto, numa altura em que ser liberal não era politicamente eficaz, apresentar-se como Social-Democracia, foi o caminho possível para o PPD parecer de Esquerda.

O PPD há 50 anos defendia - melhor: dizia defender - o socialismo. 
Tentou mesmo entrar para a Internacional Socialista. Porém, Mário Soares não andava a dormir. É neste contexto histórico que, em Outubro de 1976, acontece a transformação: de PPD,o partido passa a PSD. Continuando, segundo os seus fundadores, a ser um partido de Esquerda.

Como o futuro comprovou nos 48 anos seguintes, ficaram pelas intenções.
Nas décadas que se seguiram - e nos dias de hoje - o PSD pode ser tudo, menos menos socialista e de Esquerda. Aliás, nem sequer Social-Democrata. Basta recordar o modelo económico percorrido pelo Cavaquismo e a fase Passista do “ir além da Troika”.

50 anos depois o PSD continua igual: não é de Esquerda, nem é socialista. Não se asssume como de Direita e pretende localizar-se algures entre o conservadorismo e o liberalismo - quer na economia quer nos costumes.
50 anos depois, perante a ameaça do Chega, entre o popularucho e o conservadorismo saudosista, quer parecer reformador, mas é o que sempre foi: um partido profundamente messiânico.

Eurodeputados ganham mais 8,6 milhões em trabalhos fora do Parlamento. Quem são e quanto ganham os portugueses?

Num estudo revelado a um mês do início das eleições europeias - que vão entre 06 e 09 de junho - a TI UE, analisando as declarações de interesses dos deputados portugueses ao Parlamento Europeu, pode ver-se o seguinte: as remunerações paralelas variam entre os 14 euros de Sandra Pereira (PCP), em senhas de presença numa Assembleia de Freguesia, e os mais de 68 mil euros anuais do recém-chegado Ricardo Morgado (PSD, em substituição de Cláudia Monteiro de Aguiar, que saiu para o Governo), como representante legal de uma instituição e que está na 27.ª posição dos maiores rendimentos declarados.

Um em cada quatro eurodeputados desempenha trabalhos paralelos remunerados fora do Parlamento Europeu, que ascendem a 8,6 milhões por ano. Portugal surge em 21º na tabela. Veja os nomes e os valores clicando aqui.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Vodafone Rally de Portugal 2024 em directo na televisão

Para quem não tiver oportunidade seguir o Rali de Portugal na estrada, a RTP e a SportTV têm previstas transmissões em direto do Vodafone Rally de Portugal. Entre 9 e 12 de maio o Rally de Portugal vai ter uma ampla cobertura televisiva, tanto na RTP, que é a estação de televisão local oficial e transmitirá material para pré-visualização e reportagens durante os quatro dias.
Estão programadas as seguintes transmissões em direto na RTP: quinta-feira, 9 de maio, transmissão da super especial da Figueira da Foz entre as 19h00 – 19h58 Figueira da Foz na RTP 1, no sábado, 11 de maio, entre as 19h00 – 19h58 a Super Especial Lousada na RTP 2 e no domingo, 12 de maio, entre as 8h30 e 9h30, Fafe 1 na RTP 1, e entre as 12h00 – 13h30 Fafe 2 (Power Stage) na RTP 1
Para além da RTP, as transmissões em direto das classificativas também poderão ser acompanhadas na Sport TV. A grelha é a que pode ver, clicando aqui.

Contas da Câmara foram aprovadas na Assembleia Municipal

Via Diário as Beiras 

Preocupação a sul

"O presidente da Junta da Marinha das Ondas, José Alberto Suzana, intervindo na Assembleia Municipal da Figueira da Foz, afirmou que a exploração de suinicultura instalada no lugar de Matos irá ser ampliada. “Esta unidade está mesmo ao lado das casas”, frisou, acrescentando que “a ampliação para o dobro vai trazer mais problemas à população”. O autarca apelou à “câmara municipal e às entidades competentes” que travem a ampliação das instalações."

“É na sustentabilidade das associações de bombeiros voluntários que está o nó górdio de todo um conjunto de coisas”...

«Margarida Blasco, Ministra da Admnistração Interna, anunciou que iniciará em breve conversações com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), tendo em cima da mesa as propostas do programa do Governo e o caderno reivindicativo da liga, adiantou o presidente dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz (BVFF), Lídio Lopes, ao DIÁRIO AS BEIRAS. O dirigente, falando à margem das comemorações do Dia Internacional do Bombeiro, promovidas pela LBP no Casino Figueira, com a participação de Margarida Blasco, elencou as principais reivindicações dos bombeiros. Em declarações a este jornal, Lídio Lopes destacou que, “fundamentalmente”, está “a questão da sustentabilidade das associações humanitárias de bombeiros”. O dirigente ressalvou que “da sustentabilidade decorre tudo o que tem a ver com a necessidade”. Ou seja, indicou: “Decorre a nossa capacidade de acolher as carreiras de bombeiros com justos salários para os bombeiros profissionais”. Além daquela reivindicação, “decorre a capacidade” das associações humanitárias de bombeiros “no universo das viaturas, dos equipamentos de proteção individual e da prestação do socorro em quaisquer situações dos riscos definidos no plano nacional de emergência”. Lídio Lopes tem vindo a criticar a definição unilateral, por parte do Estado, do preço e do prazo de pagamento dos serviços prestados pelos bombeiros relativos ao transporte de doentes. 

Uma questão de sustentabilidade.

“É na sustentabilidade das associações de bombeiros voluntários que está o nó górdio de todo um conjunto de coisas”, defendeu o presidente dos BVFF. “Não esquecemos o Fundo de Proteção Social do Bombeiro, nem estamos a falar do plano de reequipamento dos corpos de bombeiros com viaturas, que são matérias à parte, embora também pudessem ser tratadas no âmbito da sustentabilidade das associações”, ressalvou. 
Aos jornalistas, no final das referidas comemorações, Margarida Blasco defendeu que é necessário “reforçar o sistema de Proteção Civil” ao nível dos municípios.»

Para que passe a constar...

... afixe-se este postal de Carlos Rodrigues, publicado no Correio da Manhã

domingo, 5 de maio de 2024

Subsídio de risco...

 Via Diário de Notícias

O que é que falta aos figueirenses?

Como costuma dizer um Amigo meu: "o nosso provincianismo é endémico. O Eça fez-lhe o retrato como ninguém." 
Sublinhe-se, porém: não que tratar bem as pessoas da província seja rural (como diz agora o "nosso" presidente),  ou provinciano (como diria o Eça - essa, sim, é o do Eça...). 
Todavia, que isso não seja um acto completamente espúrio e desajustado.
Como bons provincianos que somos, gostamos que alguém vindo de fora nos inflacione o ego. 
Mas, para quê? 

O que a imgem mostra, para quem conhece a Figueira, tem nome: chama-se "publicidade enganosa". Basta citar o site onde fomos buscar esta imagem para o provar: "no centro de Portugal, o Vila Galé Collection Figueira da Foz é um hotel na Figueira da Foz com uma localização privilegiada na emblemática marginal da cidade e junto à praia, sobejamente conhecida pelo seu areal a perder de vista."

Para quem já viajou muito (o que não é meu caso, mas já tive centenas de conversas com amigos e amigas que o fizeram), sabe que a Figueira continua a ser uma das cidades que oferece melhor qualidade de vida para cá se viver.
Temos rio, mar, praia de finas areias, serra, marinhas de sal, flamingos e paisagens maravilhosas, fascinantes, fantásticas e deslumbrantes. Não temos temperaturas  agressivas, nem condições de tempo desagradáveis. A cidade é pacata e aprazível. Podemos dar passeatas saudáveis. Felizmente, não somos uma cidade cosmopolita e barulhenta. Depois das 22 horas podemos andar na rua tranquilamente e em segurança. O povo figueirense é naturalmente afável e simpático. Não existem problemas de segurança ou violência no dia a dia. Temos um bom Hospital e outras ofertas a nível de saúde.
Depois: a Figueira oferece aos seus habitantes algo que não tem preço nos dias de hoje: tranquilidade. A poluição, tirando algumas zonas do sul do concelho, quase que não se nota. Mesmo na cidade, não se nota o cheiro dos escapes (quando o vento sopra do sul, o que é raro, sente-se a poluição das fábricas a sul). O trânsito flui (temos agora conjunturalmente alguns problemas na Ponte da Figueira), existem poucos semáforos e dá para estacionar o automóvel com facilidade. Podemos fazer uma refeição fora de casa a preços ainda módicos e acessíveis. Temos um barco a ligar as duas margens.

O que é que falta?
O que alguns precisam: algo que lhes inflacione o ego, para poderem alterar a monotonia duma existência estéril de parolos deslumbrados?
Aproveitem bem este momento de "publicidade enganosa"...

Fia-te no Chega e vais ver o trambolhão que levas: o PSD não sabe a realidade, ou não percebe o que é o partido de André Ventura?..

 Imagem via Jornal de Notícias

Óscar do pior argumento

Leiam, mas com cuidado, ele é idoso! Ele é o Óscar "Tortura" Cardoso. "A ditadura só caiu porque as pessoas estavam fartas de comichão: no 25 de abril costuma circular imenso pólen e havia dificuldades em importar anti-histamínicos"...

Imagem: daqui

Texto: Cátia Domingues/Humorista

«No 25 deAbril, por ocasião dos 50 anos da coisa mais bonita, o “Correio da Manhã" deu-nos a entrevista que se pedia. Não, não foi a Aurora Rodrigues, não foi a Isabel do Carmo, não. 

O entrevistado foi Óscar Cardoso, inspector da PIDE, que teve a oportunidade de dar uma perspetiva diferente à História de Portugal. Parece que a policia política do Estado Novo, responsável por neutralizar toda e qualquer oposição ao regime, afinal era cá da malta e tem de beber este copo até ao fim, até ao fim. Segundo o próprio, as pessoas não foram torturadas pela PIDE. Foram, e cito, “chateadas” pela PIDE. E é verdade, há vários relatos de presos que sobreviveram ao encarceramento que dizem isso mesmo. O que os forçava muitas vezes a confessar não eram pauladas no lombo, despir e tocar nas mulheres interrogadas, simulação de afogamento, não. Porque isso configura tortura e a PIDE só aborrecia, como aquelas pessoas que falam alto no cinema. Um dos métodos mais comuns era o de ligar à hora de jantar para casa do suspeito para lhe falar da Endesa. Outro era a famosa tortura do sono que, como sabemos, consistia em estarem ossuspeitos a dormir e vir um pide e começar “estás a dormir? estás a dormir?”, ou quantas vezes o policia que estava a fazer o interrogatório não utilizava aquele método tão cruel como: “Vê lá este mergulho! Olha não estavas a olhar. Vê lá este”. Ou pensam que a escolha de prisões em Peniche ou em Caxias, ali à beirinha da praia, foi por acaso? 

Óscar também revelou que os choques no corpo, que estão bem documentados, não eram tortura. Nas suas palavras, "faziam comichão". Sim, na medida em que podemos dizer que decepar um braço aleija. O Óscar quer fazer crer que as sessões de interrogatório da PIDE eram um daqueles momentos divertidotes no confessionário do “Big brother” em que entregam umas pulseiras que dão choques ao concorrente Flávio C., enquanto o fazem jogarJenga. Na mesma entrevista, Óscar revelou o seu voto, porque realmente nunca foi fã do voto secreto. Óscar votou no PAN. Estou a gozar. Foi no Chega. 

Óscar também foi organizador de uma tropa secreta, criada pela PIDE nas ex-colónias, chamada Os Flechas, que parece o nome querido de um grupo de escuteiros-mirins que se dedicam a fazer fogueiras com duas pedrinhas, com a diferença de não serem marshmellows a grelhar: “metia-se a pólvora de uma bala em cima da cabeça do arguido em papel de tabaco, lançava-se fogo ao tabaco em cima do papel; não queimava a cabeça mas aquecia um bocadinho, dizíamos que era feitiço, eles ficavamhorrorizados, eles viam num espelho o fumo a sair da cabeça”. É pena que o Youtube tenha sido inventado anos depois, porque o Óscar tinha tudo para ser uma estrela das pegadinhas. 

Mas esta não foi a primeira entrevista que o “Correio da Manhã” lhe fez. Já em 2016, o inspector da PIDE Óscar Cardoso foi alvo de perguntas bem pesadas por parte do jornal. “Incomoda-o que definam a sua vida pelos dez anos na PIDE-DGS?” Respondeu Óscar: “Foram os anos mais felizes da minha vida. Pelo contrário, tenho muito orgulho nisso”. Eu não sei se o “Correio da Manhã” já tem entrevistas pensadas para outros dias comemorativos, mas eu sugiro convidarem a Cruella de Vil para o Dia Mundial do Animal.»

sábado, 4 de maio de 2024

Ainda há luar

Miguel Sousa Tavares no Expresso: Todo o poder ao povo!

"A insistência neste tipo de “estudos” sobre a “corrupção” em Portugal funciona como um círculo vicioso que se alimenta a si próprio, privilegiando a percepção sobre os factos e os números e instigando de forma determinante o discurso do Chega e das conversas de café.

Quanto mais não fosse, a multidão de portugueses a festejar nas ruas a liberdade no dia 25 e os 27 mil sócios do FC Porto a resgatarem para a liberdade o seu clube no dia 27 mostraram às aves de rapina que ainda não estamos prontos para o seu festim. E ao contemplar a lua cheia na noite de 25 ocorreu-me o título do livro de Sttau Monteiro: “Felizmente Há Luar”. Ainda há luar."

Para ler na íntegra, clicar aqui.

Porque o 25 de Novembro continua a ser uma data importante...

Via Público
(para ler melhor clicar na imagem)

Em tempo.
PREC e a destruição do “capitalismo do Estado Novo”

Teresa ViolanteInvestigadora da Universidade Friedrich-Alexander de Erlangen-Nürnberg.

«Para certo pensamento português, sobretudo político e económico, muitos dos males endémicos do regime são de algum modo reconduzíveis ao que sucedeu em Portugal naqueles cerca de oito meses que mediaram entre o golpe falhado de 11 de março e 25 de novembro de 1975. Foi durante este período que decorreu o processo de nacionalização de empresas e sectores, e a ocupação e expropriação de terras. Na representação dicotómica do mundo que então prevalecia Portugal era assimilado na imprensa ocidental a uma rampa deslizante a caminho do sovietismo.

A capa da Time de 11 de agosto de 1975, sob o título “red threat in Portugal”, com a troika integrada por Francisco da Costa Gomes, Vasco Gonçalves e Otelo Saraiva de Carvalho, é hoje uma digna peça de coleção mas, à data, mostrava bem como ideologias igualitárias e movimentos de defesa dos trabalhadores entravam diretamente no radar Mcarthista da imprensa mainstream norte-americana. Não quero branquear os excessos do PREC, mas algum contexto pode colocar essa “ameaça vermelha” sob uma outra perspetiva.

Foquemo-nos nas nacionalizações que são paradigmaticamente vistas como a destruição do capitalismo português e que tiveram como alvo sectores-chave da economia como a banca e os seguros. Que capitalismo era esse? O Estado Novo não era uma economia de mercado, nem gerou uma burguesia vibrante, próspera e competitiva. Aos olhos de hoje, podemos falar desse capitalismo, ou pelo menos de uma sua parte substancial, como “crony capitalism”, “capitalismo de compadrio”, baseado em teias familiares e interesses de grupo, que se construiu não por via da liberdade de iniciativa e da exposição à concorrência, mas à sombra de proteções políticas, como o condicionamento industrial, e de redes familiares.

Como escreveu Fernando Rosas, em abril de 1974 a economia portuguesa era dominada por quarenta e quatro famílias que, na sua maioria, controlavam os sete grandes grupos financeiros. Estes grupos, por sua vez, controlavam quase na totalidade quatro dos mais importantes sectores industriais, essencialmente os sectores industriais básicos, o sector bancário e segurador e a maioria dos transportes marítimos.

Esse capitalismo era não apenas de “amiguismo”, mas também oligárquico: a detenção do poder económico condicionava o acesso ao poder político, que era exercido em benefício das classes dominantes. Nem precisamos de o analisar com a grelha normativa atual, podemos recorrer à leitura dominante na época entre as tendências pró-democracia. A insuspeita SEDES, em 1973, pela pena de Emílio Rui Vilar e António Sousa Gomes, denunciava a estrutura oligárquica do regime: a “clara predominância dos interesses privados, mesmo nos interesses estratégicos, conduz à exploração da maioria da população por uma classe minoritária que detém o poder político económico” (“Sedes: dossier 70/72”, Moraes Editora, 1973).

O primeiro programa político do PPD previa as nacionalizações e o planeamento público da economia como meios para garantir a subordinação do poder económico ao poder democrático, parâmetro que, pela mão daquele partido, veio a ser expressamente consagrado no texto constitucional em 1982. Também o programa do PS incluía um plano económico e de nacionalizações para alcançar a transformação estrutural das relações sociais, e o propósito firme de “arrancar o poder à oligarquia”.

A destruição do “capitalismo do Estado Novo” correspondeu, portanto, a imperativos democráticos de distribuição do poder, não só económico, mas também político, porque não se lhe reconhecia uma origem justa nem meritória. Que hoje muitos tentem empurrar a paternidade das nacionalizações para os excessos revolucionários, olvidando que as mesmas correspondiam a um amplo consenso social e político é uma leitura simplista e conveniente, mas parcial.»

Kit Jones foi homenageado pela Câmara Municipal

O bom senso de Kit Jones, via Diário as Beiras

“É mais do que eu mereço”, citando o título de uma das suas canções e referindo-se a tudo o que recebeu da Figueira da Foz, incluindo a medalha que o município lhe entregou ontem.

Vamos ter legislativas no início do próximo ano?

Hugo Soares: "pecado orginal" ou "erro de casting"?

O actual Governo tomou posse há 30 e poucos dias. Porém, já todos percebemos que "será praticamente impossível concluir a legislatura".
Depois das eleições de 10 de Março, perante a situação de fragilidade resultante dos resultados eleitorais, era de esperar um governo competente, com experiência política e capacidade de negociar entendimentos com a oposição, em especial com o PS, tendo em conta o “não é não” de Montenegro ao Chega. 
Porém, a escolha de Hugo Soares para líder parlamentar foi um sinal. Quem acompanha a política sabe que Hugo Soares tem um perfil que não evita o conflito e a procura de consensos nunca foi o seu forte e, muito menos, sua imagem de marca. 
Neste cenário, tudo o que tem acontecido nos últimos dias só pode ter uma leitura: Montenegro desistiu de governar em minoria e resolveu apostar todas as fichas em provocar uma crise política que leve a novas eleições que lhe garantam uma maioria.
Talvez, pensando que o passado se repete: Cavaco fez isso no passado. 
Quem não estiver de acordo com esta leitura, faça então o favor de explicar a hostilidade ostensiva que o actual governo tem tido para tudo o que cheira a PS, a muleta a que PSD poderia recorrer para conseguir governar?
Até porque nem são assim tão diferentes...

Relatório e Contas da semana que passou

Fim da hegemonia de Pinto da Costa no FC Porto

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Uma viagem que começa num sítio bonito chamado Atlético Norte

«Temos um brilhante ministro da Defesa que merecidamente ocupa o primeiro lugar no top das “gafes” governamentais. Aliás, este destaque dá igualmente sentido ao aforismo “poucos mas bons” que se aplica ao CDS/PP. 

Numa penada, o intrépido Nuno Melo (uma espécie de MannyMãozinhas, como se viu quando protagonizou o número de aparafusar aplacado partido numa parede do Parlamento) conseguiu referir-se ao tratado do Atlético Norte e propor que os jovens delinquentes, em alternativa à pena de prisão, fossem obrigados a cumprir o serviço militar obrigatório. 

O primeiro caso indica-nos que provavelmente o Atlético chegou a um acordo com o Oriental, o que é relevante para os alfacinhas no plano securitário, na medida em que a rivalidade existente entre os dois emblemas coloca problemas de ordem pública. 

Já o segundo mostra-se que, em matéria de ideias disruptivas, Nuno Melo situa-se num patamar de rasgo inovador. A simples relação causa-efeito “portaste-te mal vais para a tropa” deve fazer corar de inveja os seus antecessores (porque raio não me lembrei eu disso!), perspetiva-se como um alívio para os diretores prisionais e alcandora-se ao pináculo da excelência. 

Claro que surgiram de imediato uns botas de elástico a destruir a coisa, o que é corriqueiro, dado que os génios são sempre incompreendidos.»

Este governo anda a pisar areias movediças

"... Porquê? Porque espera que Miranda Sarmento goze de suficiente credibilidade perante os portugueses para pôr em causa a de Fernando Medina. É uma jogada deveras arriscada. Podemos desconfiar da competência de Medina para muitas coisas, mas não no que diz respeito a contas públicas. Para mais, foi o próprio Miranda Sarmento que tinha reconhecido a existência de um défice...

... a esmagadora maioria dos portugueses não tem formação em finanças públicas. Não consegue interpretar as recentes declarações do ministro das Finanças e sobretudo perceber se tem ou não razão. O mesmo para os esclarecimentos dados por Fernando Medina. Mas há aqui um padrão que todos podemos reconhecer: quando a direita chega ao poder, tem o costume de anunciar de forma veemente que as contas não estão bem. E a seguir parte para políticas de austeridade. 

Isto já aconteceu várias vezes. Mas houve uma mudança a que o atual Governo não deu a devida atenção e que dficulta, desta vez, o uso da mesma receita, digo da mesma estratégia. António Costa, Mário Centeno e Fernando Medina não fizeram aquilo de que as governações socialistas costumam ser acusadas, ou seja, tiveram uma preocupação — que muitos, onde me incluo, consideraram excessiva — com as contas públicas.

A análise política tem neste momento uma importância fundamental. Digo com preocupação que contemplar o caos não adianta. É preciso encontrar fio à meada e puxá-lo bem."