quinta-feira, 14 de março de 2024
Porque a vida não pode ser só tristeza, um momento de boa disposição...
EIS O ENTUSIASMO DO VENCEDOR ATÉ AO MOMENTO:"conseguimos! Portugal, Lisboa, esperávamos, desejávamos, conseguimos, vitória!
Parece que a IL já acreditou mais no futuro do governo de Montenegro...
«Ao que a SIC apurou, ponderados os resultados de domingo e o novo quadro parlamentar, o partido de Rui Rocha ter como cenário preferencial ficar de fora do Governo liderado por Luís Montenegro.
Depois de na campanha terem sido dados vários sinais no sentido de um entendimento de Governo, a Iniciativa Liberal entende que defende melhor o partido ficando de fora.»quarta-feira, 13 de março de 2024
A Cultura é uma lupa para melhor observar o passado, o tempo presente, para decidirmos no advir
Realizador e produtor. Para continuar a ler clicar aqui.
Amanhã há greve dos jornalistas
«Pela primeira vez em 40 anos, as e os jornalistas farão greve amanhã. Não faltam motivos para essa mobilização. A degradação da qualidade do jornalismo nos últimos tempos ocorre em simultâneo com a degradação das condições de trabalho no meio: cerca de um terço dos jornalistas recebe entre €701 e €1000 líquidos por mês, metade diz sentir-se inseguro com a sua condição laboral e há registo de elevados níveis de esgotamento. Como em tantos outros setores, a precariedade e os baixos salários minam a qualidade do jornalismo, colocando em causa as suas funções de informação e escrutínio rigorosos, indispensáveis à democracia.
No site do Sindicato dos Jornalistas, pode ler-se o apelo à mobilização:"Há mais de 40 anos que não fazemos greve. Nestas quatro décadas, perdemos direitos, perdemos espaço, perdemos autonomia. Há um momento em que temos de fincar o pé. Esse momento chegou. É aqui e agora. A 14 de março, paramos. Junta-te à greve!
Exigimos condições salariais e editoriais, contratos de trabalho estáveis, o aumento geral dos salários e o pagamento digno das horas extraordinárias e das compensações por penosidade: trabalho noturno, fins de semana, subsídio por isenção de horário. O mínimo é que nos paguem de forma digna para exercer uma profissão que não tem hora marcada. Por mais que se goste do que se faz, o romantismo não paga contas.
Exigimos ainda intervenção pública. Portugal não pode manter-se como a exceção europeia em que o Estado nada faz pela sustentabilidade do jornalismo, nada contribui para a pluralidade democrática. Exigimos que o Estado assuma as suas responsabilidades, faça condizer o seu investimento com a importância da informação como bem público constitucionalmente consagrado."»
O que podemos aprender com o crescimento da direita radical no resto da Europa?
Para ler melhor, clicar na imagem |
Nos países em que entrou em governos de coligação ou os apoiou, a direita radical consegue impor políticas, e parece aumentar a sua popularidade.
Na Suécia a direita radical aumentou de popularidade após apoio a governo minoritário.
Na Espanha a direita radical ficou (por pouco) à porta do Governo.
Em Espanha, os eleitores já podiam prever como se comporta o VOX, aliado do Chega, pois apoiava ou integrava executivos em seis comunidades e em mais de 140 autarquias.
Na Finlândia a direita radical entra na coligação de governo, não sem problemas.
Nos Países Baixos, há uma grande incógnita após vitória da direita radical.
Novo horário do posto dos CTT nas Alhadas a partir de Abril
"Junta do Alqueidão contesta a decisão da empresa. A presidente avisa que mobilizará a população".
Via Diário as Beiras
Nos 42 anos da “nova Ponte da Figueira”...
Era, na altura, a segunda do País e a quarta da Península...
PARTIDO SA
"O fenómeno do partido empresa, do “partido SA” surgiu em Itália com o Forza Itália, de Silvio Berlusconi, o magnata que foi primeiro-ministro, dono de cadeias de televisão e de jornais reunidos no conglomerado Mediaset, do clube AC Milan. Embora o partido SA de Berlusconi tenha obtido sucesso, impondo os negócios do proprietário como interesses do Estado, o modelo deu origem a vários processos de corrupção e o rosto a descoberto do soberano foi substituído pelo de um CEO, uma máscara personificada da marca de legitimação do poder que evita a exibição da natureza privada do partido e afasta eleitores mais exigentes.
A representação que os partidos SA se propõem fazer resulta de um contrato com os seus financiadores e não com os seus eleitores. O juízo e a opinião dos representantes eleitos pelo povo, que deviam ser os pilares da soberania, são, nestes partidos máscara como o Chega ou a IL, substituídos pela venalidade e pelo engano.
Os partidos SA seguem o modelo de negócio que transformou os clubes desportivos em SAD. Não é um acaso que o presidente do Chega tenha sido recrutado no “mundo do futebol SA”. O objetivo dos “promotores” de partidos SA é transformarem os seus eleitores em membros da claque que chefiam."
terça-feira, 12 de março de 2024
A realidade move-se e Montenegro vai ter de definir em breve quem é o "inimigo" e quem é o "adversário"...
A leitura pode ser um murro no estômago para muitos à esquerda, mas vale a pena...
Por Miguel Carvalho: 10 IDEIAS SOBRE AS LEGISLATIVAS
«1 - Quem me conhece sabe que ando, no mínimo há dois anos, a dizer a frase que Pedro Nuno Santos proferiu esta noite, (exceptuando a percentagem, claro, pois não seria bruxo para adivinhar): não há tantos racistas e xenófobos em Portugal como se pretende fazer crer. Mas o que fez a esquerda para perceber a potencial base eleitoral do Chega e o seu crescimento? Zero. O Chega cresce à custa das mentiras, enganos e sonhos por cumprir que só responsabilizam PS, PSD e, em parte, o CDS. Mas também cresce porque há uma esquerda que julga que lhe basta ter uma agenda e imensas certezas sobre um povo que, como se nota, não conhece de todo. Nem escuta de verdade.
Pedro Nuno Santos e Rui Tavares parecem ter sido os únicos a perceber, ainda que tarde, que há um trabalho que a esquerda tem de fazer (além de renovar-se, claro): falar com os eleitores, ouvi-los, mostrar que as ideias, mesmo quando são muito boas, também se explicam e podem demorar a convenver quem acumula muitos desencantos, de muitos anos, por esse País fora. Há um quotidiano devastador, no País rural e suburbano, que precisa de ser vivido e percebido, e para os quais não chega uma resposta "pronto-a-vestir". Uma esquerda que só tem agenda e acha que não deve discuti-la terra a terra serve para pouco ou nada.
2 - Para aqueles que achavam que antigos eleitores de esquerda nunca votariam no Chega, eis a resposta, contundente. Ou acham que aqueles 18 por cento vieram de Marte? Pois, é outra tese que ando a pregar há mais de dois anos, quase sempre em minoria. E nem um certo jornalismo que vive numa bolha consegue ouvir ou perceber. Sim, há muitos eleitores ex-PCP, ex-BE, ex-PS que votaram Chega. Ontem como hoje, por fé, sem terem lido Marx nem Mussolini. Mais do que estigmatizá-los, talvez fosse melhor ouvi-los e perguntar-lhes porque escolheram Ventura. Mas isso dá muito trabalho, não é?
3 - Insisto: uma boa parte dos eleitores do Chega é resgatável para o "lado bom" da democracia. Estão lá, foram lá parar pelas mais variadas razões. E é preciso entendê-las, dar uma solução a muitos problemas que se eternizam. Mas o que temos assistido, sobretudo à esquerda, é a um discurso de trincheira que varre tudo a estigmas. Não, não são todos saudosistas, racistas, xenófobos. Há muitos, mas não são todos. Bem sei que a mentira, a desonestidade, o discurso do ódio, anda de Ferrari. Mas o jornalismo e a política que se dão ao respeito não podem responder a estes fenómenos com o discurso de trincheira, estigmatizante, mesmo que a verdade ande, inevitavelmente, de trotinete nos tempos que correm. O escrutínio é necessário e urgente. Mas também deve ser metódico e inclusivo. Quem analisa o Chega não deve confundir quem manda com quem vota. Parece óbvio, mas a verdade é que não foi. O resultado está à vista.
4 - A esquerda tem de ser reponsabilizada pelo que ofereceu de bandeja hoje: a incapacidade de se entender após a "Geringonça"; uma maioria absoluta gerida com amadorismo e sem integridade em muitos setores da governação; posições controversas sobre a guerra na Ucrânia; uma agenda exposta de forma arrogante, como se bastassem as certezas quanto ao seu brilhantismo para que todo um povo as aplaudisse como avanços civilizacionais que são. Parte da esquerda não percebeu o povo português nos anos seguintes ao 25 de Abril. Não, a revolução não estava madura. Como nunca esteve. Passaram 50 anos e a culpa é apenas do povo que não percebe o bem que a esquerda lhe faz?
5 - Uma nota sobre o PCP: podem dar as voltas que quiserem, cultivar a vitimização do costume, repetirem o "olhe que não, olhe que não", mas a posição sobre a Guerra na Ucrânia é algo que eleitores de esquerda de sempre (fora os outros) jamais esquecerão. Na mentalidade de muitos, ainda habituados a pensar entre quatro paredes, a Rússia ainda é um bocadinho a União Soviética. E todos sabemos como Putin também adora ir buscar essas referências históricas enquanto financia a extrema-direita europeia. Mais: um partido que remete um João Ferreira para a humilhação de um 10º lugar em Lisboa merece parte do que lhe aconteceu. O PCP podia, em devido tempo, ter reunido o melhor do que hoje é o BE ou o Livre (e parte do PS até). Escolheu o seu caminho, sempre cheio de certezas sobre o que o povo quer e acabará por reconhecer à CDU. Agora o lema é resistir. Até quando? É assim que se defendem os trabalhadores? É assim que se oferece uma vida melhor? É assim que se representa quem não tem, nas suas vidas, outra representação que não seja dada pelo PCP? É assim que se defende Abril? "Mais 15 dias e isto piava de outra maneira". A sério, Paulo Raimundo? Já agora: na Festa do Avante dos 50 anos do 25 de Abril ainda teremos as barraquinhas da Coreia do Norte e do MPLA? É só para saber...
6 - Chamem-me doido, mas não estou a ver bem o que Ventura vai fazer com tanta euforia, além de berrar mais alto. Aqueles deputados todos vão servir para quê, exatamente, se Montenegro mantiver a palavra dada? Para já, só há um nome para isto: ejaculação precoce. Vejamos: para o governo não vai, acordo parlamentar não vejo como. Festeja o quê? Ah, sim, tem uma bancada gigante, tem. E quadros? E políticas que não andem ao sabor da espuma dos dias e do ressentimento? Ao Chega resta-lhe sonhar que a legislatura dure muito pouco e possa culpar os outros do que não fizeram pela maioria estável de direita. Aí sim, pode ser que lhe saia a sorte grande.
7 - Montenegro fez uma boa campanha, apesar do CDS, do PPM e do cheiro das tintas. Mas o cordão sanitário ao Chega não é convicção. É tática. Montenegro deve ter percebido a tempo que os custos de um qualquer acordo com o Chega seriam devastadores. Temo mesmo que muita gente com peso abandonasse de vez o partido. E com estrondo. Que PSD sobraria para a História depois de um acordo que faria Sá Carneiro dar voltas no túmulo? No momento de avaliar o que pesava mais, escolheu o que pensava ser menos destrutivo para o partido. E vendeu-o como convicção. Fez bem.
8 - O crescimento do Chega deve também muito ao jornalismo "pingue-pongue", de pouco escrutínio de fundo e muito ruído, de declaração e contra-declaração, de casos e casinhos, sem distinção de envergadura e gravidade. Há um jornalismo que também esteve em jogo nestas eleições e perdeu. Prefere a preguiça do Portugal sentado, do comentário e do parlatório, e menos o País real, que há muito anseia por se fazer ouvir no centro das decisões, mas não é escutado. Despovoado, esquecido, negligenciado, deserdado, votou para se fazer ouvir. Não gostaram? É o que lhes resta. Se lhes chamarem "fachos" só vai piorar, acreditem...
9 - Excelente discurso de Pedro Nuno Santos. Goste-se ou não do estilo, foi claro, frontal. Percebe-se que não está ali para "engonhar" e a política precisa dessa transparência, para o bem ou para o mal. Mas o PS tem muito, muito para fazer para recuperar a imagem de um partido confiável, que não trai nem se prostitui de pantufas, quando lhe dá jeito. É o trabalho de uma geração, talvez possa ser esta. “Não há 18% votantes racistas ou xenófobos em Portugal, mas há muitos portugueses zangados que sentem que não tem tido representação, queremos reconquistar a confiança destes portugueses". Estas palavras são todo um programa. Começar agora é um pouco tarde, mas ainda não é o fim do mundo.
10 - O Livre fala para uma esquerda que se cansou do mofo da esquerda. Para poder ser esquerda de novo. Uma esquerda que aprende com os erros é coisa rara. Talvez haja caminho por aqui. Sem Joacines nem outros erros de casting ou de avaliação pode ser que este seja, para muitos, o início de uma bela amizade. (O Livre foi terceiro no Centro Histórico do Porto. O que é que está a acontecer nos subterrâneos da política que ainda não detetamos?).
P.S. Perdoem, mas não estou pessimista em relação à liberdade e à democracia. Pelo contrário. Acho que, para muitos, este é o princípio do fim, embora não pareça. E entretanto, pode ser que o tempo faça cinza da brasa e outra maré cheia venha da maré vaza...
P.S. II Para um artigo que escrevi há umas semanas e será publicado em breve na Divergente, escrevi: "Nos próximos atos eleitorais, a começar pelas Legislativas de março, o eventual aumento da participação eleitoral pode acabar no colo de uma reforçada direita radical ciberpopulista, que afronta a mediação informativa profissional e reduz o escrutínio jornalístico a terra queimada". E mais não digo, leiam o resto depois.»
O sucesso eleitoral do Chega pode não ser conjuntural...
Imagem daqui |
André Ventura, é um desses populistas, que fez parte do PSD por largos anos e que foi candidato desse partido em actos eleitorais, mas que fala como se nunca tivesse feito parte do sistema e diz aquilo que a generalidade da população quer ouvir.
Portanto, para abreviar numa frase curta: "chegou a nossa vez".
Porém, não é a primeira vez que um terceiro partido se aproxima dos 20%: tal já se tinha verificado em 1979 com o PCP, que obteve 18,8% dos votos e elegeu 47 deputados). E em 1985, com o PRD a conseguir 17,92 dos votos e a eleger 45 deputados.
É possível, portanto, que este sucesso Chega signifique uma verdadeira alteração estrutural do sistema partidário em Portugal.
Para já, mesmo que não venha a entrar no Governo, o Chega vai obviamente condicionar politicamente o frágil Governo do PSD que pode sair destas eleições.
Neste momento, "os partidos democráticos e fundadores da democracia só podem combater o populismo de André Ventura e reverter o crescimento exponencial do seu partido se fizerem uma introspeção e deixarem de apontar o dedo a André Ventura, ao Chega e aos seus eleitores.
Não foi o 25 de Abril que falhou, quem falhou foi uma série de políticos que sobrepuseram os seus interesses pessoais aos interesses do país e não olharam a meios para atingir os fins.
Assim, a política deixou de ser a nobre arte de governar o país e as autarquias e passou a ser a nobre arte de alguns se governarem. Daí o crescimento da corrupção e do nepotismo.
Na verdade, pessoas sem escrúpulos, sem vergonha, sem carácter, sem princípios e sem valores começaram a espalhar-se, qual gangrena, por vários órgãos do poder."
O resultado está aí: a poucos dias do 25 de Abril comemorar 50 anos, temos 50 deputados do Chega!
Sobre os resultados das eleições de ontem, Ricardo Paes Mamede escreveu no jornal Público um texto sóbrio e implacável nas ideias ao nível a que habituou quem gosta de o ler.
“(…) A generosidade com que pessoas e instituições endinheiradas financiam organizações políticas que apostam na crispação, sugere que uma parte dos ricos em Portugal já não tolera as opções de quem governou o país nos últimos anos, por muito moderadas que fossem. Não há aqui nada de novo: quando acham que a democracia lhes retira privilégios — sob a forma de impostos ou de direitos laborais que consideram excessivos —, alguns poderosos financiam o caos, dando poder a quem oferece ordem e “moderação”. Esperam com isso manter os seus benefícios. O problema, como a história mostrou muitas vezes, é que se arriscam a perder o controlo sobre o monstro que criaram.”