domingo, 3 de dezembro de 2023

Estado-garantia

Via Ladrões de Bicicletas

"Atente-se nos números mais recentes de uma das engenharias financeiras criadas para transferir rendas e controlo para o grande capital e riscos para um Estado despojado de instrumentos decentes de política económica.

As parcerias público-privadas foram popularizadas no início dos anos noventa pelo governo conservador britânico e rapidamente adoptadas em Portugal por PSD e PS, parte de uma neoliberalização do Estado que já tem mais de três décadas. Passos Coelho apodou de Estado-garantia esta forma de Estado totalmente ao serviço da custosa entrada do capital em aéreas tradicionalmente de interesse e controlo públicos. Todo um programa.

Claro que os neoliberais, sempre utópicos nas intenções e distópicos nas consequências, garantem-nos que tal neoliberalização nunca existiu e isto num dos países da UE que, por exemplo, mais privatizou. Sim, não é um slogan."

Discurso de Vasco Lourenço nas Comemorações do 50.º Aniversário da Reunião de 1 de Dezembro de 1973 em Óbidos

A reunião conspirativa do Movimento dos Capitães realizada em Óbidos, em 01 de dezembro de 1973, na Casa da Música, foi evocada precisamente meio século depois naquela vila mediaval, numa iniciativa da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.
Para quem quiser ler e para memória futura, fica a intervenção do Coronel Vasco Lourenço.
"Senhor Presidente da República, Excelência
Senhora Ministra da Defesa Nacional
Senhores representantes dos Chefes de Estado Maior das Forças Armadas
Senhora Comissária das Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril
Senhores Presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal de Óbidos e demais autarcas desta linda Vila Medieval e Histórica
Senhores demais autarcas
Senhoras demais autoridades militares, civis e policiais
Senhoras e Senhores
Caros camaradas de Abril

Agradecendo a todos a vossa presença, permitam-me que enderece um especial agradecimento à Vila de Óbidos, na pessoa dos seus representantes, a vossa disponibilidade para, mais uma vez, aqui nos receberem com a já habitual hospitalidade.
Foi há 50 anos que aqui, nestas instalações, nos reunimos cerca de 180 oficiais do Exército, em representação de 429 camaradas das suas Unidades.
Lembro que, apesar de já haver alguns contactos com camaradas da Armada, nesta reunião ainda não compareceu qualquer deles.
Quanto à Força Aérea, que desde o início quase sempre foi representada pelos paraquedistas, já aqui demonstravam a sua propensão para os equívocos, ao proporem como possível chefe para o Movimento o General Kaúlza de Arriaga. Lamentavelmente, nunca mais acertaram o passo na consolidação do 25 de Abril. E se vieram a salvar-se à última hora, participando com uma força no 25 de Abril, o certo é que nunca mais deixaram de estar no lado errado da barreira, como se viu no 28 de Setembro de 1974, no 11 de Março de 1975 e no 25 de Novembro de 1975.
Como coordenador do Movimento, pedi aos Capitães do Regimento de Infantaria 5 (o ERRE AI FAIVE, como lhe chamávamos), situado aqui bem perto, nas Caldas da Rainha, que conseguissem um local para reunirmos sob a capa de um convívio magustal.
Foi o Luís da Piedade Faria que pediu ao seu cabo miliciano Octávio Pinto que arranjasse um local para cerca de 200 Oficiais fazerem um convívio, local onde então estivemos e onde hoje comemoramos essa data histórica, passados 50 anos.
O Piedade Faria já nos deixou, assim como outros camaradas que aqui compareceram e também já partiram, e é por isso que agora a todos evoco, pedindo um momento de reflexão em sua memória e homenagem, a que junto os demais companheiros do Movimento dos Capitães e do Movimento das Forças Armadas, que com eles estarão algures.
… … …
Obrigado!
Felizmente, ao caro amigo Octávio Pinto, aqui presente entre nós, posso saudar e agradecer-lhe a sua atitude e a sua disponibilidade. E também recordar que isso lhe valeu represálias, pois as autoridades militares, não tendo coragem para castigar os oficiais, que aqui se haviam reunido – numa atitude de afrontamento ao Poder, com o argumento de discutir a forma de como recuperar o prestígio das Forças Armadas – investiram contra o Cabo Miliciano, transferindo-o compulsivamente para os Açores.
Longe estava eu de imaginar que, passados menos de três meses, acabaria por sofrer a mesma represália e me iria encontrar com o Octávio Pinto no mesmo destino, ainda que em Ilhas diferentes…
Mas, voltemos ao dia 1 de Dezembro de 1973.
Cerca de três meses depois do nascimento do Movimento tinha já sido ultrapassada uma ruptura interna que afastou aqueles que tinham ido para Alcáçovas a pensar apenas nos decretos e interesses corporativos (felizmente a única durante todo o período da conspiração); também ficara para trás a proposta de um “cheque em branco” ao Governo saído da última farsa eleitoral da ditadura, em 28 de Outubro de 1973.
Havia agora que repensar o Movimento, estruturá-lo e definir o caminho a prosseguir.
Foi isso que aqui viemos fazer.
Convém recordar que esta reunião de Óbidos realizada há precisamente 50 anos, foi antecedida de uma outra importante reunião em S. Pedro do Estoril, no dia 24 de Novembro, seis dias antes, onde se aprovou a agenda de trabalhos que aqui discutimos.
Essa reunião revelar-se-ia fundamental, principalmente pela intervenção feita pelo tenente-coronel Luís Ataíde Banazol que, de cima do seu posto – os militares, de um modo geral, são muito sensíveis a isso – clamou que o Governo tinha de cair e só os militares o poderiam derrubar. Acrescentando que ficaríamos muito mal na fotografia e na História, se não cumpríssemos o nosso patriótico dever.
A renovação da sua proposta, aqui repetida com igual força e vigor, não obteve o enorme sucesso alcançado em S. Pedro do Estoril. Certamente porque aí estiveram cerca de quarenta oficiais e aqui o número mais que quadruplicara.
Apesar de tudo, a importância foi tal que quase levou a hipótese de “um golpe de Estado imediato” a obter a maioria dos votos. Venceu então a hipótese de “continuar a luta reivindicativa, com o objectivo da recuperação do prestígio das Forças Armadas, junto da Nação”. Mas, se juntássemos aos votos dos que assim se pronunciaram, os que votando, por essa solução reivindicativa, acrescentaram que “se não se obtiverem resultados rápidos, a solução terá de ser a utilização da força”, ficaria claro que caminhávamos inexoravelmente para a acção militar. Foi isso que, como moderador da reunião, então salientei, com a pronta reacção de protesto dos que assim não pensavam.
Quanta emoção ainda sinto, ao lembrar este e outros episódios da nossa caminhada para a libertação do país!
Recordo ainda a decisão aqui aprovada do alargamento aos outros dois Ramos das Forças Armadas, a Armada e a Força Aérea. Que, como sabemos, seria feita de modo diverso, sem uma total e perfeita integração no Movimento, mesmo depois de, em 5 de Março em Cascais, este passar a ser designado por Movimento das Forças Armadas (MFA), anulando a designação com que o baptizámos aqui – Movimento dos Oficiais das Forças Armadas (MOFA) – e cujo nome nunca vingou.
Aqui foi também escolhida a Comissão Coordenadora, que funcionaria até ao 25 de Abril.
Igualmente aqui ficariam escolhidos os futuros chefes a convidar, os Generais Costa Gomes e Spínola, que seriam ratificados na já referida reunião de 5 de Março em Cascais.
Saímos de Óbidos com a convicção firme de que, apesar de tudo o resto, continuava a ser necessário desfraldar a bandeira da recuperação do prestígio das Forças Armadas. É por isso que eu, aqui e agora, não resisto a comparar essa nossa convicção com a situação que hoje se vive: o prestígio das Forças Armadas, embora bastante razoável junto da população portuguesa, não merece grande atenção junto do Estado, apesar das inúmeras declarações de louvor proferidas pelos membros do poder político, em que tudo parece cheirar a hipocrisia. Por isso eu não acredito, nem eu nem os meus camaradas militares, que os agentes do poder político considerem importante o prestígio das Forças Armadas e tenham por elas o respeito que apregoam. Se assim não fosse, se respeitassem as suas e as nossas Forças Armadas, apesar de alguns recentes progressos, teriam muito mais cuidado com elas e não as estariam a conduzir, desde há muito, à sua quase destruição.
Não vivemos a situação de 1973, vivemos em democracia, os militares já demonstraram defender os valores de Abril, não há o perigo de nova utilização da força contra o Poder. Contudo, devemos proclamar bem alto: o Poder Politico tem o dever de respeitar e proteger as suas Forças Armadas, como instituição basilar que são de um Estado Democrático.
Quando aqui nos reunimos há 50 anos estava já em marcha o que viria a constituir o maior perigo que o Movimento correria até ao 25 de Abril: por proposta dos paraquedistas, fez-se nesse dia o primeiro contacto com o coronel Frade Júnior, que nos tentaria arrastar para um golpe radical de reforço da ditadura, com a promessa de um aumento do prestígio das Forças Armadas. Esta tentativa foi imediatamente rejeitada, ao verificarmos que para eles o aumento do prestígio era igual e se resumia ao aumento dos vencimentos. Por esse motivo, não estiveram aqui os dois elementos do Movimento destacados para essa ligação, que hoje mais uma vez saúdo: o capitão Rodrigo Sousa e Castro e o tenente José Manuel Freire Nogueira, então oficiais do CIAAC de Cascais.
As duas semanas seguintes seriam decisivas na luta contra essa tentativa de golpe, em reforço da ditadura.
Apresentando-se como representante de Kaúlza de Arriaga e de mais três Generais, Frade Júnior dizia ter os paraquedistas e duzentos ex-combatentes da área de Setúbal prontos a ajudar-nos na acção militar.
Dirigi pessoalmente a denúncia e o consequente abortar dessa tentativa. Primeiro junto de Costa Gomes e de Spínola, apresentados no plano como alvos a eliminar, depois, vendo o desinteresse, um tanto imprudente, destes dois Generais, através da denúncia pública feita pelo Carlos Fabião, no Instituto de Altos Estudos Militares em Pedrouços.
Não posso deixar de salientar a cobardia de Kaúlza de Arriaga, que negou sempre esta tentativa, até ao dia em que, no último livro que escreveu, vir a assumi-la, mas com uma alegação de “não se tratar de uma tentativa de golpe de Estado, porque feita por Generais”!
Comentários, para quê?
Saliento que esta conspiração se não resumia aos ultras, de que Américo Tomaz, Kaúlza de Arriaga e Jorge Jardim eram figuras de proa, mas também a outros sectores influentes de Portugal. À guerra de libertação dos Movimentos nas colónias, opunha-se a tentativa de independências brancas e racistas regionais. Basta lembrar Alcora, já acordado com a África do Sul do apartheid e com a Rodésia de Ian Smith.
Situação compreensível para um regime que seguia o preceito do ditador do “orgulhosamente sós”, mas altamente penoso para os portugueses que se sentiam humilhados quando, confrontados pelos países democráticos, nomeadamente os europeus.
Vencida esta luta, pudemos continuar a avançar para o Dia “inicial inteiro e limpo”, como escreveu Sofia de Melo Breyner Andersen.
Foi nessas condições que jovens generosos, sem motivações de poder ou de conquista de vantagens e de benefícios pessoais, porém suficientemente experimentados na guerra e nas suas consequências, já conscientes do valor da Paz e da importância e necessidade da negociação e do cumprimento dos acordos negociados, com boa fé e respeito pela dignidade dos diferentes protagonistas, foram capazes de, num caminhar intenso e rápido, assumirem que queriam a Paz, a Liberdade, a Democracia, a inserção na comunidade internacional, o respeito pela dignidade de todos. E que isso só poderia ser uma realidade futura, se o regime fosse derrubado, incapaz que se mostrava de renovação e de encontrar caminhos para as aspirações dos portugueses, nesses tempos difíceis.
Sentimento que se reforçava, ao constatarmos a intensificação das lutas populares de muitas e muitos portugueses, por direitos que lhes estavam vedados. Uma convicção se instalava, cada vez com mais vigor, na consciência de todos nós: o povo português ambicionava pelo fim da ditadura, ambicionava e lutava pela Liberdade e pela Paz. O nosso dever era o de servir o povo e não o de sustentar uma qualquer elite, que o oprimia há mais de 47 anos. Logo, como afirmara Luis Ataíde Banazol, dizendo claramente o que muitos de nós sentíamos e até já vínhamos proclamando, o nosso dever era acabar com a ditadura, libertar a Liberdade, fazer a Paz construir a Democracia, terminar com o isolamento internacional.
Foi um sentimento que rapidamente se instalou, convencendo-nos nós de que caminhávamos ao encontro dos anseios dos portugueses.
Por isso, nos sentimos tão felizes e realizados, com a reacção popular, de imediata adesão ao que fazíamos, no dia 25 de Abril de 1974.
Ora esse sentimento, considerando o teor das intervenções feitas na reunião de há 50 anos, e também pelos resultados obtidos nas votações, viria a instalar-se, com vertiginosa velocidade, na generalidade dos oficiais do Movimento.
E se, durante os dias seguintes, ainda houvesse dúvidas, o certo é que três meses depois, na reunião de 5 de Março em Cascais, a opção pela acção militar de derrube do regime foi consensual e aprovada sem resistência.
A evocação desta e de outras reuniões permite-nos também evidenciar a nossa postura de conspiradores: utilizámos sempre, internamente, processos democráticos, a que juntámos o respeito pela dignidade de todos, debatendo as nossas ideias de forma franca e aberta, com lealdade e transparência, o que nos permitiu superar diferenças e até divergências entre nós, ao mesmo tempo que o Governo, desesperadamente, nos tentava comprar com benesses de natureza pessoal.
Foi esta opção natural, de seguirmos o caminho da dignidade, da coragem e da responsabilidade, assumindo correr todos os inerentes riscos, que nos ajudou a caminhar, decisivamente, para o dia da libertação, e nos permitiu vencer todos os obstáculos internos e externos com que tivemos de nos confrontar nesse dia e nos dias futuros.
Foi esse caminho que nos permitiu depois – com o 25 de Abril de 1975, o 2 de Abril de 1976 e o 20 de Outubro de 1982 – regressarmos a casa, Realizados e Satisfeitos, mas essencialmente Honrados, por termos cumprido tudo a que nos propuséramos e comprometêramos, ao apresentar o Programa do MFA aos portugueses.
A conjuntura que vivemos hoje, obriga-me a fazer um paralelo com esses tempos.
Hoje, num mundo que parece ter ensandecido, com forças totalitárias a chegar ao Poder através de eleições, imitando Hitler de tão má memoria, surgem figuras dementes a enganarem os povos e a obter os seus votos, como acaba de acontecer na Argentina.
Também Portugal está numa situação muito complicada: tudo aponta para um novo tipo de perigosa actuação anti-democrática, onde, em vez da força das armas, se utiliza o poder Judicial e o poder da Comunicação Social para o levar a efeito. Onde está a informação verdadeira, não manipuladora? Será que ainda se pode falar em verdadeira liberdade de imprensa, em verdadeira liberdade de expressão, quando a manipulação se está instalando no nosso país?
Em consequência disso, e apesar de uma maioria absoluta na Assembleia da República, esta foi dissolvida e temos pela frente uma luta eleitoral, onde as forças inimigas de Abril tudo farão para que o seu próximo 50.º Aniversário não seja comemorado com base nos seus valores, da Liberdade, Paz, Democracia, Justiça Social e Solidariedade.
Se é certo que Abril começou a ser atacado logo no próprio dia e no próprio interior dos seus protagonistas, muitas conquistas se conseguiram, numa luta conjunta da generalidade do povo português e do MFA. A Constituição da República, a criação do Serviço Nacional de Saúde, o incremento da Educação para todos os portugueses, são bem exemplo das enormes conquistas alcançadas com o 25 de Abril.
Ao longo destes anos muitos ataques Abril tem sofrido – lamentavelmente, nenhuma força política pode assumir-se inocente, face aos seus comportamentos nestes 50 anos!
Os ataques aos seus valores, às suas características – onde pára a ética Republicana? – com a utilização das chamadas fake-news fizeram-nos “bater no fundo” e quase nos venceram nos tempos difíceis em que se declarava querer ir “além da Troika”. Conseguimos resistir e reerguer-nos. Não podemos soçobrar agora, quando chegam ao ponto de, esquecendo ou fazendo por esquecer que nós temos memória, procuram deturpar a História e mistificam os acontecimentos, inventando heróis da luta pela Liberdade e pela Democracia.
São muitos os que, vencidos nos seus propósitos de então, se procuram apresentar como vencedores, como responsáveis pelos valores de Abril, nomeadamente o da Liberdade e o da Democracia. A esses, sejam 80 ou mais, diremos que mantemos a memória fresca, não esquecemos, e não admitiremos deturpações da História!
Estamos comemorando o 25 de Abril de 1974, do qual fomos os principais protagonistas, o que muito nos honra. Nunca abdicaremos de assumir essa acção e os seus valores!
Fomos igualmente os principais protagonistas pelo cumprimento das suas promessas, respeitando tudo o que, logo no dia 25, assegurámos aos portugueses, dizendo ao que vínhamos através do nosso programa, o Programa do MFA.
Comemorar Abril não se pode resumir à celebração da data. Tem de se estender à celebração dos seus valores, das suas conquistas.
Celebrar Abril é lutar pela continuação e aprofundamento da Liberdade, da Paz, da Democracia, da Justiça Social, da Igualdade, da Solidariedade, do Estado Social.
Celebrar Abril é respeitar a sua História, a luta pela sua consumação, não permitindo que alguém fabrique um passado à medida dos seus actuais interesses.
Pelo caminho que alguns querem inventar, qualquer dia não foi o MFA que derrubou uma longa ditadura, mas a democracia terá vindo, de mansinho, através de uma evolução na continuidade!
O facto é que, haja ou não quem queira pensar o contrário, nem existiu um levantamento popular como alguns pretendiam, nem existiu uma evolução na continuidade como outros preconizavam!
Foi o MFA, foram os Capitães de Abril que protagonizaram a recuperação da Liberdade e abriram caminho à Paz, à Revolução Social, à construção da Democracia e à possibilidade de se construir uma sociedade mais justa, igual e solidária.
Porque concordamos que todas as datas contam para a História, não deixaremos que a comemoração do 25 de Abril não evoque todas as datas em que os seus inimigos tentaram conspurcá-lo, foram vencidos e não conseguiram evitar que ele se consumasse com a aprovação da Constituição da República. O mesmo é dizer que iremos evocar os 50 anos de todas as vitórias do MFA sobre quem quis destruir o 25 de Abril.
Que nestas comemorações consigamos obter o que alcançámos há 50 anos: a vitória sobre as forças que queriam reforçar a ditadura.
Hoje, a luta é por reforçar a Democracia, assente nos valores de Abril, onde os serviços públicos sirvam os cidadãos, onde os agentes e dirigentes do poder sirvam a comunidade e não aproveitem para se servir a si próprios!
Uma democracia onde a missão desses agentes do Poder seja a gestão da “coisa pública”, na defesa da Justiça Social, da Liberdade, da Igualdade, não permitindo a falência do sistema, abrindo caminho à mercantilização dos direitos sociais, o que nos levará inevitavelmente à desigualdade e à injustiça.
Hoje, podemos lamentar que os valores e princípios intemporais, que há 50 anos nos guiaram e permitiram chegarmos a bom porto, não estejam totalmente presentes na sociedade portuguesa.
A Democracia tem a sua natureza própria, as suas virtudes e os seus defeitos, o que lhe confere uma característica especial: a existência de vários poderes, o facto de na Casa da Democracia haver diversas e diferentes sensibilidades, tornando-a mais difícil de gerir, menos operativa do que uma ditadura. Apesar de tudo isso, continuamos a preferir, convictamente, uma imperfeita Democracia, com todos os seus defeitos, a uma “boa” ditadura.
Por isso, temos de acarinhar a Democracia, respeitando a sua idiossincrasia, onde um bom relacionamento entre os seus diversos organismos, nomeadamente os Órgãos de Soberania, é essencial.
A Democracia só vence, se os cidadãos nela acreditarem!
Cada Órgão de Soberania terá de assumir as suas responsabilidades e competências, respeitando as responsabilidades e competências de todos os outros. É isso que, apesar de todo o ruído gerado pela comunicação social, onde devemos incluir todos os outros instrumentos, como as redes sociais, nos parece que tem acontecido.
Os nossos votos são no sentido de que, no futuro, os Órgãos de Soberania não venham a atropelar-se uns aos outros. Porque isso é essencial para que Abril possa continuar.
Ora, apesar de todos os erros cometidos pelas forças que se reclamam de Abril, quando no Poder ou fora dele, são essas forças – com necessidade, é certo, de uma reformulação interna, no sentido de servirem o total dos cidadãos e não apenas a sua “tribo” – que nos dão a garantia de os valores de Abril continuarem a ser defendidos.
Por isso, não querendo entrar em posições partidárias, mas assumindo a nossa posição de não neutralidade entre Abril e não-Abril, aqui formulamos os votos de que no Poder continuem as forças que se assumem de Abril, através da sua maioria na Assembleia da República.
Mas, porque aqui assumimos esta atitude, fique certo de que estaremos sempre na linha da frente, pela imposição de que as forças que se dizem de Abril se não limitem a declarações, por mais vigorosas que sejam. Se são forças que se assumem de Abril, terão de levar isso à prática, defendendo e praticando efectivamente os seus valores!
Será essa a nossa exigência, vinda do passado, a caminho do futuro.
Com um forte abraço a todos, Abril, Sempre!
Viva o Movimento dos Capitães!
Viva o MFA!
Viva Óbidos!
Viva o 25 de Abril!
Viva Portugal!"

Um foto da barra da Figueira da segunda década do século XX

 Foto via blogue COVA GALA...entre o rio e o mar

A foto mostra traineiras a vapor a sairem da barra da Figueira da Foz. Ao fundo, dá para ver o Cabo Mondego. Em plano intermédio o Forte de Santa Catarina, que era nesse tempo, ainda o primeiro obstáculo às investidas do mar...

A construção dos molhes norte e sul, que definiram a barra como a conhecemos hoje, ainda demoraram cerca de 40 anos: os molhes exteriores  do  porto comercial foram construídos entre 1960 e 1966Com os molhes veio o aumento da praia da Figueira. Nada que não se previsse, pois tinha sido estudadoJá em 1958, antes do início das obras dos molhes, o LNEC  antevia  o  que posteriormente se veio a comprovar: o enorme  aumento  da  praia  da Figueira da Foz devido à construção do molhe norte, uma vez que funciona como uma barreira ao forte transporte de areias que se faz sentir ao longo da costa de norte para sul.   
O excessivo crescimento da praia de banhos da Figueira, em todas as soluções ensaiadas, tornou-se altamente prejudicial à manutenção de boas profundidades no canal da barra, referindo-se que “no caso da Figueira da Foz, qualquer canal que venha a ser dragado, e de que resulte uma secção molhada muito superior à que actualmente existe, não se manterá logo que as areias comecem a contornar o molhe norte".
Este  fenómeno  de  assoreamento  do  estuário  é  facilmente  compreendido através  da análise  da  passagem  de  areias  que  ocorre  da  praia  a  norte para a  praia  a  sul  do  rio Mondego e pela explicação de como se forma o banco da barra  (banco de areia que se forma em frente à Foz do rio Mondego, altamente prejudicial para a navegabilidade do porto)
Passagem de areias de norte para sul do rio
Na enchente as areias entram dentro do estuário donde são em parte ou na totalidade  expelidas  na  vazante  para  fora  do  estuário  depositando-se  a uma distância  maior  ou  menor  consoante  o  coeficiente  da  maré  e  a amplitude  da vaga. Só após o banco da barra ter atingido uma certa cota é que se começa a dar a passagem para as praias a sul. Neste caso, as areias expelidas pela vazante para o banco da barra caminham sob a acção das correntes de maré e da vaga para a praia a sul.
Uma  vez  que  a  areia  tenha  contornado  a  testa  do  molhe  norte começará a caminhar  ao longo  da  face  interior  do  molhe. Forma-se, assim, um princípio de cabedelo  que  se  vai  pouco a  pouco  desenvolvendo  até  que as correntes de vazante começam a erodi-lo e a transportar o material arrancado para fora das testas do molhes depositando-o na zona do futuro banco da barra.

sábado, 2 de dezembro de 2023

Importância da crítica e pobreza do proselitismo

"... muito mais do que armazenar conhecimento, importa o desenvolvimento da capacidade crítica. Juntando logo que, ao contrário do proclamado pelo senso comum, criticar não significa «dizer mal», ou ser-se acintoso com alguém de quem discordamos, mas exprimir convictamente uma dúvida ou hipótese alternativa destinada a abrir perspetivas dinâmicas e a impedir que alguma teoria ou interpretação possa ser tomada como indiscutível e definitiva.

Contrária à valorização da capacidade crítica é a experiência do proselitismo. Por meio do doutrinamento e da tentativa de conversão, procura impor formas de pensar pautadas pela rigidez e pelo dogmatismo, para as quais, quando a realidade muda, o problema é da realidade. Teve de início uma dimensão religiosa, associada à vontade de impor uma fé a todas as outras. No entanto, nos séculos XIX e XX, com a expansão das ideologias, ganhou um perfil abertamente político, em particular quando encontrou os programas e experiências que produziram os grandes sistemas totalitários".

Crónica publicada no Diário as Beiras.
Para ler melhor, clicar na imagem.
Versão ampliada de artigo publicado no Diário As Beiras de 2/12/2023, no blogue A Terceira Noite.

Estado pode cobrar 7,4 milhões à concessionária do Casino da Figueira, diz tribunal...

Para ler melhor clicar na imagem

Erosão costeira e o(s) inverno(s) que se aproxima(m) no Quinto Molhe

A deputada Raquel Ferreira foi apanhada na curva apertada que o PS nacional está a percorrer.  
Pimenta Machado, vice-presidente da APA, foi claro há um ano e 16 dias no Auditório Municipal: como estratégia de longo prazo  apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A memória serve mesmo para isto: para recordar a verdade.
Há um ano e 16 dias, a 15 de Novembro de 2022, realizou-se no Auditório do Museu Municipal uma reunião sobre a problemática da erosão costeira.
Para quem acompanha, atentamente e com preocupação, há dezenas de anos, o problema da erosão costeira no concelho da Figueira da Foz, se apreensivo e preocupado foi para a sessão, mais apreensivo e preocupado ficou depois da realização dessa reunião.
Mais uma vez, depois de ouvir os oradores verificou o óbvio: de erro em erro, estamos onde estamos em 2023. 
Pior que em 2022. 

Não chegámos ao ponto crítico em que nos encontramos por mero acaso: foi causa, efeito e consequência de erros sucessivos - alguns deles  estratégicos -, cometidos por responsáveis políticos e técnicos, durante décadas no concelho da Figueira da Foz. 
Para não nos alongarmos muito, lembramos um, alertado por nós há mais de 20 anos - que nem sequer foi referido na citada reunião. 
Planeamento do concelho: Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização.
O último grande erro cometido, que foi ventilado na reunião de 15 de Novembro do ano passado, o que está mais presente e acelerou a erosão costeira a sul do concelho, que só aconteceu para tentar remediar o erro anterior, foi o acrescento dos 400 metros no molhe norte.

Na altura, o Dr. Pedro Santana Lopes , presidente da Câmara da Figueira da Foz, exigiu celeridade à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou tomar formas de luta se os processos não avançarem.
Nessa sessão de esclarecimento com a APA relativa à orla costeira, o Dr. Pedro Santana Lopes defendeu que a situação no concelho apresenta “circunstâncias excepcionais”, que podem ser usadas diminuir para prazos dos procedimentos legais.
Recordemos as suas palavras.
“Estamos em circunstâncias excepcionais, que a lei prevê quando estão em causa vidas humanas, habitações, segurança e risco. Há circunstâncias mais do que ponderosas”, sublinhou na altura o autarca figueirense, salientando que o problema da erosão se arrasta há anos, afetando a marina, o porto marítimo e as populações das praias a sul do concelho.
Santana Lopes defendeu mesmo que a APA crie uma comissão para esta “sub-região do baixo Mondego para tudo o que está implicado: erosão costeira, porto e transposição de areias”.
“Que a APA perceba que a Figueira da Foz está em emergência nessas matérias”, frisou o presidente da autarquia figueirense, reconhecendo que existe “estudo e trabalho feito”, mas que falta passar à acção.
Na sua intervenção final na sessão, o autarca disse que o município não quer utilizar “outras formas de luta”, mas que se for preciso serão usadas, arrancando uma grande salva de palmas do público que quase lotou o auditório municipal da cidade.
Na mesma reunião, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, como estratégia de longo prazo  apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.

Como dá para ver nada acontece por acaso.
Percebem agora o motivo pela qual o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”?
Pimenta Machado, foi claro há um ano e dezasseis dias no Auditório Municipal da Figueira da Foz: "como estratégia de longo prazo  apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões."
A sessão ficou marcada por várias queixas de autarcas das freguesias afetadas pela erosão, preocupados com os efeitos do mar no Inverno, operadores comerciais e o movimento SOS Cabedelo, que acusou a APA de estar com uma década de atraso.

A deputada Raquel Ferreira, que já decidiu, "com os seus mais fortes sentidos de ponderação,  humildade e responsabilidade,  anunciar a  recandidatura à Concelhia do PS da Figueira da Foz", foi apanhada na curva apertada que o PS está a percorrer.  
Pois.
Porém, é em momentos destes, «como recomendava Mário Soares que " um político tem de se assumir".»

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Deputada Raquel Ferreira: a Senhora votou contra

Se o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”, quando é que isso poderá acontecer?

Cito o Figueira na Hora:

«A deputada socialista figueirense, Raquel Ferreira, face às últimas noticias em relação à questão do bypass, salienta que acompanhou a análise dos guiões de votações no dia 17 de novembro, guião onde constava a proposta de aditamento «lançar o concurso de concessão/construção e respetiva obra do sistema fixo de transposição sedimentar (bypass) da Barra da Figueira da Foz».

Tendo, em local próprio, indicado no seu sentido de voto «favorável» “por concordar com a dita proposta”, Raquel Ferreira recorda que este “problema maior” da erosão costeira da Figueira da Foz tem sido por si, desde a anterior legislatura, abordado em vários trabalhos parlamentares, quer na Comissão do Ambiente, quer em Plenário, quer em Audições Regimentais do Ministro do Ambiente e Acção Climática.

Em comunicado, a parlamentar indica que “o governo do Partido Socialista tem estado atento a esta questão da erosão costeira a sul do Concelho da Figueira da Foz

Drª. Raquel Ferreira:

Como sabe, tenho estima pessoal pela Senhora Deputada.

Sei que na campanha eleitoral de  2022, era a favor do Bypass. Mesmo hoje, a parlamentar Raquel Ferreira, diz defender importância do bypass.

Contudo, no momento em que seu voto contava efectivamente, votou contra.

Aliás, todos os deputados do Partido Socialista votaram contra: não houve nenhuma excepção.

Para que conste, por ser verdade, ficam os nomes e as caras dos deputados por Coimbra, do PS, que votaram contra a implementação do sitema sedimentar (bypass) da barra da Figueira da Foz, no Orçamento geral do Estado para 2024:  Marta Temido;  Pedro Coimbra;  Tiago Estêvão Martins;  Raquel Ferreira; José Carlos Alexandrino; Ricardo Lino.


Isto, em tempo de "vacas gordas" (para o Estado)...

Quando existe dinheiro da Europa a rodos e excedentes orçamentais.

Drª.Raquel Ferreira: acredito que a Senhora até tivesse vontade de votar a favor. Mas votou contra. E a Senhora e eu sabemos porquê.

Os deputados não são eleitos para defender quem os elege, mas para serem úteis ao Partido.

A "praga dos jacintos -de-água"

 Via Diário as Beiras

Manter a memória fresca é importante...

Via TSF

"Passos Coelho não quer recuperar feriados tão cedo 

No início da semana, o vice-primeiro ministro Paulo Portas anunciou que vai propor a reposição do feriado de 1 de dezembro. Sobre este debate interno no CDS, prometido por Portas, Passos Coelho diz que esse é um assunto interno dos centristas que não o faz sentir-se incomodado.

O presidente da CIP, a propósito deste tema, tem a mesma opinião do primeiro-ministro. No Fórum TSF, António Saraiva afirmou que por uma questão de princípio não defende a reabertura do debate porque existe um acordo que deve ser respeitado."

Henry Kissinger morre aos 100 anos

Para muitos militantes de esquerda, Kissinger foi um criminoso ao serviço dos Estados Unidos. 
Mas o que são Lyndon Johnson Biden, Clinton ou Nixon? 
Só que Kissinger, dizem, era mais inteligente.
Obama agradeceu-lhe o exemplo de «liderança» e George W. Bush evocou uma das «mais fiáveis e distintas» personalidades dos EUA, «um amigo» para Hillary Clinton. 
O ex-Secretário de Estado norte-americano esteve directamente envolvido nas preparações para o golpe de estado contra o Governo democraticamente eleito de Salvador Allende, garantindo um continuado apoio dos EUA ao regime fascista que matou milhares e torturou mais de 40 mil pessoas. 
O processo revolucionário português, que acabou com 48 anos de uma sangrenta ditadura fascista, também não lhe escapou. Numa reunião na Casa Branca a 27 de Março de 1975, Kissinger afirma que «os europeus estabeleceram dois objectivos [quanto a Portugal]: a realização de eleições e evitar a tomada do poder pelos comunistas. Acho que podemos conseguir esses dois objectivos e, mesmo assim, "perder" o país porque os comunistas "governam" através do MFA. O que vamos fazer se este tipo de Governo quiser manter o país na NATO? Quais os efeitos disso em Itália? E em França? Provavelmente, temos que atacar Portugal, qualquer que seja o resultado, e expulsá-lo da NATO».
Por muito caricato que possa parecer, Henry Kissinger recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1973, pela negociação de um cessar-fogo no Vietname, um prémio dividio a meias com Le Duc Tho, dirigente comunista vietnamita. Duc Tho rejeitou ser distinguido (um caso, quase, único; apenas Sartre também rejeitou um Nobel) ao lado de um criminoso de guerra.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Orçamento de 94,1 milhões de euros para 2024 foi aprovado


Via Notícias de Coimbra

"A Câmara da Figueira da Foz aprovou hoje o orçamento municipal para 2024, no montante de 94,1 milhões de euros, depois de ter havido garantias de se incorporar algumas propostas do PS na primeira revisão orçamental.
O presidente da autarquia, Pedro Santana Lopes, eleito pelo movimento Figueira a Primeira, que detém a maioria na Câmara, aceitou incluir no documento várias propostas apresentadas pelos vereadores do PS, que é maioritário na Assembleia Municipal.
Por proposta dos socialistas, o orçamento vai incluir uma linha de apoio de 35 mil euros para comparticipação de rendas à habitação de famílias carenciadas que não consigam apoio através da Segurança Social, por situações que não sejam da sua responsabilidade.
O executivo liderado por Santana Lopes aceitou também reduzir o preço dos bilhetes no Centro de Artes e Espetáculos (CAE) em 50% do seu valor para jovens até aos 25 anos, numa medida de apoio e incentivo à cultura.
O aumento de verbas nas transferências para as Juntas de Freguesia consta também do pacote socialista apresentado na reunião de quarta-feira, que teve continuidade na tarde de hoje para efetivar a negociação.

“São propostas que, para permitir a sã convivência, podemos acolher”, salientou Santana Lopes, que pretende “estabilidade e equilíbrio orçamental na vida financeira do município”, numa altura em que “se vive uma instabilidade profunda”.

O autarca frisou que não se trata de um “orçamento de rutura, nem de mudanças drásticas, mas de um documento que procura assegurar estabilidade de vida aos figueirenses”.
Segundo o presidente da autarquia, os investimentos municipais serão efetuados com recurso aos programas de financiamento e “pouco a capitais próprios”.

Como principais investimentos, o orçamento para 2024 apresenta investimentos de cerca de 10 milhões de euros nas zonas industriais do concelho, 1,2 milhões de euros em três piscinas municipais, 4,5 milhões de euros no programa de reabilitações municipais, no âmbito do programa 1.º Direito, e 3,6 milhões de euros para a construção da Ponte Eurovelo sobre o rio Mondego, embora Santana Lopes entenda que este investimento tem de ser assumido pelo poder central.

Na apresentação do documento, a vice-presidente Anabela Tabaçó destacou o aumento de 15,18% nas receitas correntes, com destaque para os impostos diretos que sobem de 23 milhões de euros para 26,3 milhões de euros.

As ações financiadas totalizam 20,2 milhões de euros.

As despesas correntes também aumentam, sobretudo com o pessoal, que sobem 11,80%, passando de 16,9 para 18,9 milhões de euros, e nos juros e outros encargos, que representam um aumento de 136% [de 272.587 para 645.255 euros].
O executivo estima um saldo de gerência de 2023 na ordem dos 15 milhões de euros.

Na sessão de hoje, foi ainda aprovado, por maioria, com a abstenção do PS, a redução da participação variável do IRS para 3% para os jovens até aos 35 anos, seguindo o modelo adotando pelo Governo, mantendo-se em 3,5% para os restantes contribuintes."

Ninguém está livre

"MP iliba Siza Vieira, Medina e Duarte Cordeiro no caso dos ajustes diretos"

Em causa alegados ajustes diretos irregulares e eventual violação das regras da contratação pública.

Passo a citar uma Senhora:
"E eu pergunto a todos os jornalistas, comentadores e tropa fandanga dos partidos que perseguiram aquelas pessoas a perguntar-lhes, de forma massacrante, se tinham condições para continuarem no Governo e que andaram a perorar contra a fraca qualidade dos ministros que Costa escolheu, o que vão agora fazer?
Nada?
Vão assobiar para o lado e fazer de conta que não se portaram miseravelmente?
E onde o destaque dado a isto? Não deveria ser dado igual destaque ao que, na altura, deram ao lançar lama sobre pessoas contra as quais, afinal, não há quaisquer indícios de práticas ilícitas?
E à tropa fandanga do Ministério Público que tem andado a queimar a reputação de gente séria e digna, lançando difamação sobre difamação, sobre políticos honestos, uma vez mais não vai acontecer nada?
E o Presidente da República que tanto fez para queimar a maioria absoluta, a que, desrespeitosamente, chamou 'requentada', como assiste a isto?
Agora que por duas vezes dissolveu a Assembleia da República, desrespeitando o voto dos Portugueses, e que permitiu e alimentou o reforço do populismo e da justicialização da política, fica calado?
Depois de ter feito o que fez, agora é que acha que deve ficar calado...?
O que Marcelo fez tem tradução directa no aumento das intenções de voto no Chega, na degradação do nível e da qualidade democrática na política portuguesa. E fica calado? Não nos pede desculpa?
Quanto a Lucília Gago, já sabemos: nada disto lhe assiste, segundo ela não é responsável por coisa alguma.
Uma tristeza.
Lucília Gago, a senhora que já fez saber, alto e bom som, que, haja o que houver, ela não é responsável por coisa alguma. Portanto, se alguém tem que responder pela continuada pouca-vergonha, esse alguém não é ela.
Uma vergonha, tudo isto.
Nem me apetece dizer mais nada."

Animação de Natal começa amanhã em vários pontos do concelho

Via Diário as Beiras

"A animação de Natal começa amanhã, em diversas zonas do concelho, com destaque para o Parque de Natal, no Parque das Gaivotas, na cidade. Esta zona de diversões para toda a família mantém-se até 14 de janeiro. Por seu lado, o jardim Fernando Traqueia, em Buarcos, é animado pelo Mercadinho de Natal, de 1 a 22 de dezembro.

Entretanto, o programa de descentralização de atividades culturais CAE Fora de Portas, promovido pelo Centro de Artes e Espetáculos (CAE) da Figueira da Foz, leva concertos de Natal, de 1 a 10 de dezembro, a vários locais do concelho.
Aquele equipamento municipal, de resto, tem uma programação de Natal para todos os públicos. O cartaz inclui o espetáculo infantil “Quebra-nozes”, no dia 10 de dezembro."

O estado da doença

"Atentem no número e na percentagem, atentem nas cumplicidades orçamentais. Atentem na separação entre financiamento público e provisão crescentemente privada. Atentem então nas iniciativas liberais de construção, inevitavelmente política, do capitalismo da doença. 

É sabido que os capitalismos realmente existentes nunca prescindiram dos Estados. Nem doses cavalares de ideologia obscurecem hoje esta articulação. Isto é particularmente visível na área da saúde, uma das que mais está fadada a crescer por razões demográficas, tecnológicas e por tantas outras: sem Estado não existe o igualitário SNS, mas também não existe o desigual capitalismo da doença que o corrói. 

Como assinalou Isabel Vaz, quando estava no BES-Saúde, melhor negócio só a indústria de armamento. E esta também está em crescimento..."

Daqui

Entre o aprofundanto do rio e a invasão há muito anunciada do mar

Ao que parece, mesmo em fim de linha, o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba deixou uma grande notícia aos figueirenses: "o concurso público para o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial e da barra deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano."

“É uma obra importantíssima para a economia da Figueira da Foz e da região”, sublinhou ontem no decorrer de uma reunião de câmara o presidente de câmara da Figueira da Foz, manifestando-se “muito contente” por avançar uma das suas reivindicações desde que iniciou o mandato.

Aos jornalistas, o autarca lembrou que se trata de uma obra “com dinheiro desde o período anterior à pandemia da covid-19” e que tinha sido retirado. 

“É dinheiro que volta à Figueira da Foz”, sublinhou.

O aprofundamento do canal de navegação vai permitir a atracagem de navios de maior calado no porto, que nos primeiros nove meses deste ano movimentou 1.535.500 toneladas, menos 9,1% relativamente ao período homólogo de 2022.

A intervenção prevista vai permitir a entrada de navios até 140 metros de comprimento e oito metros de calado, quando actualmente só permite a acostagem de navios com 120 metros de comprimento e 6,5 metros de calado.


No mesmo concelho da Figueira da Foz, uns 4 ou 5 quilómetros para sul, existe um enorme desastre ambiental, que faz andar com o "coração nas mãos", há muitos anos, os moradores da zona.

Sim estou a referir-me ao "Quinto Molhe" que, até Março, vai ser local de peregrinação dos políticos que certamente irão a andar por aí em campanha eleitoral.

Todos sabemos, que a ocupação desordenada do litoral contribuiu para situações de desequilíbrios e fenómenos de erosão costeira que têm vindo a pôr em causa a segurança de pessoas e bens.

Foi o que aconteceu,  a sul do porto da Figueira da Foz, depois das obras do prolongamento do molhe norte em 400 metros, onde nos últimos anos se agravaram os efeitos erosivos.

A obra, considerada fundamental pelas cabeças pensadoras da tutela e da comunidade portuária, visava a melhoria das condições de acessibilidade ao porto da Figueira da Foz.

Porém, isso não aconteceu. Os acidentes entretanto ocorridos à entrada da barra, depois de 2011, provam isso. A agravar, desde o prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto comercial, um investimento de 14,6 milhões de euros, inaugurado em 2011, a erosão nas praias a sul acentuou-se, com destruição da duna de proteção costeira em vários locais, com especial ênfase na praia da Cova, alvo de duas intervenções de emergência nos últimos anos.


O prolongamento do molhe norte e a erosão a sul tem sido um brutal sorvedouro de dinheiros públicos. Com o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial da barra, que deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano, lá irão mais uns milhões.

Entretanto, ao que parece, a panaceia para atenuar sustentavelmente a erosão a sul existe, já foi estudada e alvo de consenso: chama-se bypass.

Sabe-se, porque foi estudado, que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz, com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada.

“Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, veio dizer aos figueirenses o então ministro João Pedro Matos Fernandes, em meados do mês de Agosto de 2021, curiosamente a mês de umas eleições autárquicas que se advinhavam difíceis para o PS, o que acabou por se concretizar.

Carlos Monteiro foi derrotado por Santana Lopes.


De palpável, passados mais de dois anos, tirando o estudo que situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros, nada mais aconteceu.

“Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, disse o ministro em Agosto de 2021.

E assim ficámos: o sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz continua a ser uma miragem.

E assim vai continuar. A prova disso é que, há poucos dias, O Livre viu “chumbada” a proposta sobre a inscrição da instalação do bypass (sistema mecânico de transposição de areia) na barra da Figueira da Foz no Orçamento do Estado de 2024. 

Penso que presumem quem evitou isso: os votos contra da maioria absoluta do PS na Assembleia da República. O PAN absteve-se e os restantes grupos parlamentares votaram a favor.

Passadores de moeda falsa... "São a favor do Bypass mas votam contra a sua implementação..."
Imagem via Sos Cabedelo

Se o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”, quando é que isso poderá acontecer?


Como parece que ninguém se importa com o assunto, como morador a sul do Mondego, resta-me a tristeza de constatar que a merda grossa, merda da boa, a bela cagada obrada pelos cagões da Figueira e de Lisboa, não vai ser limpa.

A enorme borrada (que a foto mostra) vai continuar a poder ser vista. 

É triste presumir que, maioritariamente,  ao votar em Março próximo, os eleitores do sul, com o seu voto, como tem acontecido, vão continuar a comprometer um bocado a possibilidade de resolução do problema, que o mesmo é dizer, vão perpetuar a enorme cagada que torna este País difícil de habitar, tal é o cheiro.

Apesar deste texto terminar um tanto ou quanto brejeiro e brincalhão, o assunto é sério.

E, sobretudo, inquietante.

Concurso para aprofundamento do Porto da Figueira da Foz previsto para Janeiro

Segundo o Campeão das Províncias, "o presidente da Câmara da Figueira da Foz revelou que o concurso público para o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial e da barra deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano."

A informação foi dada por Pedro Santana Lopes no decorrer da reunião de Câmara extraordinária realizada ontem. Na oportunidade, o presidente da câmara disse «ter recebido a garantia da Administração do Porto da Figueira da Foz e do ex-ministro das Infraestruturas João Galamba.

“É uma obra importantíssima para a economia da Figueira da Foz e da região”, salientou o autarca eleito pelo movimento Figueira a Primeira, manifestando-se “muito contente” por avançar uma das suas reivindicações desde que iniciou o mandato.

Aos jornalistas, o autarca lembrou que se trata de uma obra “com dinheiro desde o período anterior à pandemia da covid-19” e que tinha sido retirado. “É dinheiro que volta à Figueira da Foz”, sublinhou.

O aprofundamento do canal de navegação vai permitir a atracagem de navios de maior calado no porto, que nos primeiros nove meses deste ano movimentou 1.535.500 toneladas, menos 9,1% relativamente ao período homólogo de 2022.

A intervenção prevista vai permitir a entrada de navios até 140 metros de comprimento e oito metros de calado, quando actualmente só permite a acostagem de navios com 120 metros de comprimento e 6,5 metros de calado.

O presidente da Câmara da Figueira da Foz anunciou ainda que “está por dias” a adjudicação dos estudos económico da marina, que poderá passar pela ampliação da actual e a construção de uma nova infraestrutura na zona do Cabedelo (sul).»

A reunião extraordinária de ontem, cujo principal ponto era a aprovação do Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2024, vai ter continuidade na tarde de hoje, quinta-feira, pelas 17 horas, para que o Executivo analise a eventual inclusão de propostas do PS, que está em minoria naquele órgão, mas detém maioria absoluta na Assembleia Municipal.