sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Henry Kissinger morre aos 100 anos

Para muitos militantes de esquerda, Kissinger foi um criminoso ao serviço dos Estados Unidos. 
Mas o que são Lyndon Johnson Biden, Clinton ou Nixon? 
Só que Kissinger, dizem, era mais inteligente.
Obama agradeceu-lhe o exemplo de «liderança» e George W. Bush evocou uma das «mais fiáveis e distintas» personalidades dos EUA, «um amigo» para Hillary Clinton. 
O ex-Secretário de Estado norte-americano esteve directamente envolvido nas preparações para o golpe de estado contra o Governo democraticamente eleito de Salvador Allende, garantindo um continuado apoio dos EUA ao regime fascista que matou milhares e torturou mais de 40 mil pessoas. 
O processo revolucionário português, que acabou com 48 anos de uma sangrenta ditadura fascista, também não lhe escapou. Numa reunião na Casa Branca a 27 de Março de 1975, Kissinger afirma que «os europeus estabeleceram dois objectivos [quanto a Portugal]: a realização de eleições e evitar a tomada do poder pelos comunistas. Acho que podemos conseguir esses dois objectivos e, mesmo assim, "perder" o país porque os comunistas "governam" através do MFA. O que vamos fazer se este tipo de Governo quiser manter o país na NATO? Quais os efeitos disso em Itália? E em França? Provavelmente, temos que atacar Portugal, qualquer que seja o resultado, e expulsá-lo da NATO».
Por muito caricato que possa parecer, Henry Kissinger recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1973, pela negociação de um cessar-fogo no Vietname, um prémio dividio a meias com Le Duc Tho, dirigente comunista vietnamita. Duc Tho rejeitou ser distinguido (um caso, quase, único; apenas Sartre também rejeitou um Nobel) ao lado de um criminoso de guerra.

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