quarta-feira, 27 de abril de 2022

Pode haver motonáutica...

Recorde-se.
Motonáutica na Figueira: em 18 Novembro passado, o "tema não foi pacífico na reunião de câmara".
«O protocolo celebrado entre o município e a FPM foi votado na reunião câmara.
A oposição absteve-se, mas não se mostrou tão entusiasmada como os promotores e parceiros do evento. O PS, através das vereadoras Mafalda Azenha e Ana Carvalho, defendeu que a citada prova não se enquadra nos critérios da sua vereação, sustentando que quando era poder privilegiava os desportos de natureza, em detrimento dos motorizados. 
Por outro lado, e aqui também se juntou o vereador do PSD, Ricardo Silva, frisaram que o município contribui com 145 mil euros em dinheiro, sem o apoio logístico contabilizado, num evento cujo retorno económico se desconhece, e que o tempo para a sua organização é curto, dado que, frisaram, só este mês se ficou a saber que a prova se realizaria na cidade. E só porque, afiançaram, “Portimão não a quis”.
Entretanto, a prova realizou-se.
Recentemente, surgiu uma notícia alarmista no jornal Tal & Qual, falando de contas que ficaram por pagar relacionadas com a realização do Grande Prémio de Portugal, na Figueira da Foz, em finais de Novembro passado.
Na edição de hoje do Diário as Beiras, o presidente da Federação Portuguesa de Motonáutica diz:  "Estamos na mesma abertos a fazer a prova. Se tudo correr bem, será realizada no próximo ano." |

"Câmara da Figueira da Foz com resultado negativo superior a 4 ME em 2021"

Via Diário as Beiras

«O valor total da dívida à banca passou de 14 ME em 2020 para 17 ME em 2021, tendo o aumento decorrido do “efeito conjugado da redução da dívida dos empréstimos (1,95 ME) e da contabilização da dívida (4,9 ME), referente ao acordo com o BCP, relativo à execução da garantia bancária prestada no âmbito do processo judicial da insolvência da sociedade Paço de Maiorca”.

No que respeita à transferência de competências na área da Educação, Anabela Tabaçó revelou que, em 2021, os gastos do município com o Pessoal e Fornecimentos e Serviços Externos totalizaram cerca de 5,8 milhões de euros e o pacote financeiro do Estado foi de quase 4,6 ME, o que se traduziu num défice superior a um milhão de euros.

O vereador socialista Carlos Monteiro, anterior presidente da Câmara, reconheceu que o resultado negativo se deveu às circunstâncias excecionais de combater a pandemia e de antecipar o “Estado Social Local que o atual presidente quer criar”.

O autarca vincou ainda que, desde 2011, a dívida municipal baixou de 53 milhões de euros para aproximadamente 17 milhões e que o prazo médio de 24 dias para o município efetuar os seus pagamentos “ainda deve ser encarado como uma referência”.

Relativamente ao défice na transferência de competências na área da educação, Carlos Monteiro defendeu que deve existir conversações com o respetivo ministério para se proceder a “alguns acertos”.

O vereador único do PSD votou contra as contas do exercício de 2021 por considerar que a Câmara continua a não controlar as despesas correntes, salientando que outras autarquias vizinhas “controlaram as despesas e investiram mais”.

As contas foram aprovadas com oito votos a favor dos nove vereadores que constituem o executivo, quatro do movimento Figueira a Primeira e outros tantos do Partido Socialista.»

terça-feira, 26 de abril de 2022

Isto é emoção...

Um gajo até fica um bocado fora de si...
A prestação de cuidados de saúde para os mais desprotegidos marcou ontem, na sessão comemorativa do 25 de Abril, o discurso do presidente da Câmara da Figueira da Foz, para quem «neste mundo desequilibrado e desorientado há tendência para esquecer os seus bens mais valiosos, saúde, honra e liberdade». 

Assembleia Municipal realiza sessão para comemorar o 25 de Abril

 Via Diário as Beiras

Carlos Monteiro e outro?...

Que pena que eu tenho hoje não ser dia 1 de Abril...

Imagem via Diário as Beiras

Coreto...

 Via Diário as Beiras


Santana Lopes anuncia criação do Estado Solidário Local (ESL)

«O presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, na sua intervenção na sessão solene do 25 de Abril da Assembleia Municipal, que se realizou ontem no CAE,  destacou que a saúde, a honra e a liberdade são “bens preciosos” para as pessoas. 
Falou também  na necessidade de haver um Estado Social Local.
Depois, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, defendeu que prefere que a sua proposta para as respostas sociais seja designada como Estado Solidário Local (ESL). 
Afinal, em que consiste o ESL? 
“Os municípios, neste momento em que estão a receber tantas competências do Estado Central, têm de se consciencializar que têm de organizar esses minis estados sociais ou solidários, para se substituírem ao Estado, o que já muitas vezes acontece”. O ESL, na opinião de Santana Lopes, criará respostas sociais para as áreas da saúde, incluindo cuidados continuados e paliativos; Segurança Social; apoio social em situações de carência; educação e formação em áreas que não existem, como a musical. E, ainda, “favorecer a inclusão dos mais desfavorecidos”. “Eu acredito num Estado Solidário Local, até prefiro esta expressão, que é tratar de um modo diferente aqueles que têm vidas diferentes e não dar apoios iguais independentemente da vida de cada um”, ressalvou. 
A saúde é uma das principais apostas de Pedro Santana Lopes. A este propósito, o autarca disse não compreender porque razão os médicos aposentados não podem trabalhar nos centros de saúde, apesar de estarem disponíveis e de fazerem falta. “Temos médicos na Figueira dispostos a trabalhar nos centros de saúde e a Administração Regional de Saúde diz que é proibido. Não me entra na cabeça”. A
Autarquia quer criar bolsas de profissionais de saúde Para contornar os obstáculos e facilitar aos figueirenses o acesso aos Cuidados de Saúde Primários (CSP), revelou Pedro Santana Lopes ao DIÁRIO AS BEIRAS, o executivo camarário irá “ajudar a criar bolsas de profissionais das várias áreas [dos CSP] que possam ser transferidos para a administração de saúde e sugerir trabalhar naquilo que, pelos vistos, a Administração Pública tem dificuldade em fazer, porque não consegue suprir as vagas”. Ou seja, esta proposta poderá caminhar para um “Serviço Local de Saúde”. “Isso é uma sigla, mas é nesse sentido que temos de trabalhar”. 
Na campanha eleitoral, o candidato do movimento independente Figueira A Primeira colocou a defesa do normal funcionamento das extensões de saúde do concelho no topo das suas prioridades. Este tópico da sua agenda política foi retomado quando assumiu funções de presidente da câmara, em outubro do ano passado. Por outro lado, no início deste mês, o executivo camarário liderado por Pedro Santana Lopes consumou a aceitação da transferência de competências, por parte da Administração Central, para os CSP. Esta medida, no entanto, impede as autarquias de contratar e gerir os profissionais de medicina e enfermagem e coloca entraves à contratação de assistentes técnicos. 
“Estamos impedidos de contratar, mas há-de chegar o tempo em que vamos ter [essa possibilidade]”, afiançou o autarca. 
E se as câmaras encerrassem serviços por falta de pessoal? 
Os polos de saúde espalhados pelo território figueirense continuam com intermitências no funcionamento por falta de pessoal. No discurso feito na Assembleia Municipal, o autarca indagou se o mesmo acontecesse em Lisboa os cidadãos e os “media” também se resignariam. “[Defendo que] todos tenham direito à saúde e aos cuidados inerentes”, enfatizou o presidente. 
Pedro Santana Lopes questionou ainda qual seria a reação coletiva se as câmaras municipais suspendessem ou encerrassem serviços por falta de pessoal.»

Degradação dos serviços de saúde é preocupação no Bom Sucesso

 Diário as Beiras

10 depois freguesias agregadas querem separar-se, mas...

 Via Diário as Beiras

segunda-feira, 25 de abril de 2022

16 anos depois e milhões de exemplares "vendidos"...

 
A primeira coisa publicada pelo OUTRA MARGEM viu a luz do dia em 25 de Abril de 2006.
Iniciamos hoje o 17º. ano de publicação.
Obrigado pela paciência, atenção e sentido crítico com que têm acompanhado este OUTRA MARGEM
Publicar um blogue não é apenas comunicar. É igualmente tentar contribuir para construir memória. 
No fundo, praticar cidadania.

Foi escolhido Abril como o mês para iniciar este OUTRA MARGEME o dia, 25, também não foi por acaso. 
 orgulho em que este blogue faça anos em 25 de Abril.
Tem sido um desafio e uma experiência praticamente diária. Que tem valido. Por diversos motivos. O simples acto de escrever, reagindo ao que vai sucedendo, deitando para fora o que vai na alma, são motivos mais do que suficientes para que, daqui a um ano, estejamos a comemorar o décimo sétimo aniversário e a entrar no ano que nos vai levar à maioridade. 

Com esta já avançada idade, para um blogue, resta continuar a fazer-se o que se pode. A aprendizagem da independência mental é uma tarefa árdua - e mesmo impossível para alguns. Contudo, não há nada como procurar ter momentos de felicidade.
A escrita pode ser sentinela, calcorreando os caminhos da verdade, da intervenção e do combate. Todavia, a escrita só se complementa se percorrer, igualmente, os caminhos da ternura e do amor.
E se há coisa de que por aqui se gosta, é de ter momentos de felicidade.
O nosso objectivo é sermos felizes. 
Algo vai mal, quando alguém pensa que tem o mundo todo contra si.
Façam como nós: divirtam-se. 
Um abraço.

domingo, 24 de abril de 2022

«A PIDE e a polícia batiam nos corpos. A censura moldava as cabeças»

«A PIDE e a polícia batiam nos corpos. A censura moldava as cabeças. E deixou um rasto que ainda hoje é vivo. Por exemplo, a desvalorização da democracia; a desvalorização da política como não sendo uma atividade nobre; a desvalorização dos partidos, como sendo apenas organizações de carreiristas e organizações destinadas a garantir aos seus membros melhores condições. A obsessão pelo consenso, ou seja, no fundo, um penalização da ideia de conflito. Há uma frase do professor Cavaco Silva que traduz muito bem este tipo de mundividência da censura que ainda é vivo hoje. É uma frase em que ele diz o seguinte: "Duas pessoas com a mesma informação chegam às mesmas conclusões". Nada mais falso. Duas pessoas com a mesma informação têm interesses diferentes, têm visões do mundo diferentes, têm ideologias diferentes, têm experiências diferentes. E, portanto, não chegam necessariamente à mesma afirmação. E esta obsessão pelo consenso, pelo entendimento, esta desvalorização daquilo que carateriza a democracia é, sem sombra de dúvida, um rasto da censura.»

José Pacheco Pereira, na recente «Grande Entrevista» (RTP3), a propósito da exposição «Proibido por inconveniente - Materiais das Censuras no Arquivo Ephemera», patente até 27 de abril no edifício do Diário de Notícias, em Lisboa.

Abrigo da Montanha "vai ter uma função nobre"...



Recordando figueirenses (alguns deles completamente esquecidos), que lutaram pela Liberdade na Figueira

Forte de Peniche, testemunho de opressão e luta pela Liberdade.
"É preciso gostar muito de Liberdade, para fugir daquela maneira"

Este ano, para comemorar o 48º. aniversário do 25 de Abril de 1974, tomei a Liberdade de recordar algumas pessoas na minha página do facebook que lutaram, quando isso era perigoso e difícil, pela Liberdade. 
Se o facebook serve para tanta coisa porque não servir também para isso?
Lembrei Leitão Fernandes, João Cenáculo Vilela,  Ruy Alves, Guije Baltar, José da Silva Ribeiro, Cristina Torres, José Martins, Joaquim Namorado, Agostinho Saboga, Luís Fernando Argel de Melo e Silva Biscaia, Mário Neto e Luís da Cruz Falcão Martins.

O critério, foi a minha memória. E, sobretudo, as minhas vivências. Se cada um der o seu contributo, podemos todos ter melhores, maiores e mais justas memórias. 
Eu tentei fazer a minha parte. Mas, não posso fazer tudo: não sei tudo e nem tenho tempo para tudo. 
Tal como muita gente, limitei-me a "agradecer, corporizando na figura destas pessoas, a todos que sofreram horrores para hoje sermos livres em Portugal."
À minha maneira, ficou o reconhecimento sentido e grato que consegui fazer.

Como aprendi com muitos dos que acima mencionei, no tempo da ditadura de Salazar e Caetano, a Figueira foi um forte e valioso baluarte em defesa da Liberdade e da Democracia.
Entre 1933 e 1974, a polícia política teve muito que fazer no nosso concelho. Realizou devassas domiciliárias abusivas, proibiu reuniões e convívios dos democratas opositores ao regime. E, entre outros mimos, efectuou prisões.

A Figueira, terra de tradições na luta pela Liberdade, antes do 25 de Abril de 1974, tinha um grupo de democratas, dinâmicos e corajosos, que não abrandaram nunca na sua luta.
Para além dos que recordei ontem no meu facebook, lembro mais alguns que conheço só de nome: Maurício Pinto, comerciante; Júlio Gonçalves, advogado; Adelino Mesquita, advogado; Albano Duque, contabilista, casado com a Professora Cristina Torres; José Rafael Sampaio, professor, talvez de todos o que mais prisões sofreu; João Bugalho, médico; Lopes Feteira, médico; João de Almeida, advogado; Mário Rente, tipógrafo; Valdemar Ramalho, gestor comercial; Irmãos Rama, comerciantes; Vieira Gomes, médico;  Gilberto Vasco, médico; Santos Silva, médico; José de Freitas, comerciante; Vieira Alberto, engenheiro; Cerqueira da Rocha, advogado; Marcos Viana, professor; Manuel Lontro Mariano. E, certamente,  muitos mais por todo o concelho, sem esquecer os felizmente ainda vivos Dr. Joaquim Barros e Sousa, Joaquim Monteiro, Cação Biscaia, José Iglésias e Augusto Menano.

Estes são alguns que, na Figueira,  tiveram acção de destaque no combate à ditadura, o que sempre fizeram com tenacidade e sem medo. Uns, em tempos já longínquos, que eu já não conheci. Outros, mais próximos do fim da ditadura, que eu ainda conheci.
E houve outros que, dada a sua profissão, tiveram de levar a cabo a sua luta pela Liberdade de forma anónima. Em todos, porém, existia uma "unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito".

Antes do 25 de Abril de 1974, realizaram-se muitas reuniões (sempre em locais diferentes para despistar a polícia), elaboraram-se muitos manifestos e muitos documentos de propaganda contra a ditadura, distribuídos a altas horas da noite de casa em casa.
Alguns desses democratas ainda estavam vivos em 1974 e viram a chegada da Liberdade com a Revolução dos Cravos, que libertou o povo português de uma ditadura, "que quase ia aniquilando a alma nacional."
Recordar essas pessoas, é recordar exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos.
Muitas vezes, as reuniões realizavam-se com a Pide à porta do restaurante. Num dos anos, no restaurante “Tubarão”, um agente quis deter a Drª. Cristina Torres, que presidia ao jantar. Porém,  não o conseguiu, tal foi o “barulho” que todos os presentes fizeram e os argumentos apresentados, o que levaram o agente a pedir que, ao menos, se acabasse com a reunião.

Nesses encontros, por vezes, vinham até à nossa cidade democratas de fora da Figueira, como Orlando de Carvalho (o melhor orador que eu vi discursar), vindo de Coimbra, Vasco da Gama Fernandes, de Leiria, Fernando Vale, de Arganil, "que proferiam arrebatadores e entusiastas discursos, animando os democratas figueirenses a prosseguir na luta contra o fascismo."
Eram tempos de muita coragem, em que se defendiam essencialmente ideais, por vezes diferentes. Porém, todos estavam unidos na acção contra a ditadura.
Foram tempos de grande preocupação e também valia política, em que os interesses pessoais eram sempre superados pelo desejo intenso de contribuir para a Liberdade e para a Democracia, no sentido de tornar possível um Portugal livre e progressista.

Como dizia o Dr. Luis Melo Biscaia, "defendiam-se ideais e havia unidade no combate a um regime assente na violência, na intolerância, na denúncia e perseguição dos que não apoiavam o chamado Estado Novo, na ignorância do povo, na atribuição de privilégios injustos,  um regime que apostava em amarfanhar a alma nacional. E quando já poucos acreditavam que um regime com cerca de meio século de vigência pudesse ser vencido, veio afinal a verificar-se que estava efectivamente podre, caduco, propício à Revolução do 25 de Abril de 1974."
Na véspera de um dia em que se celebra o 48º, aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974 ficou a minha evocação de alguns democratas figueirenses que, com coragem e persistência, lutaram contra a ditadura que nos governou durante cerca de meio século. 
Recordar a  memória destes que mencionei, que lutaram pela Liberdade, foi a minha forma de lhes agradecer - a eles e a todos os que combateram - terem-me permitido viver 48 anos da minha vida em Liberdade.
Viva a Liberdade. Viva o 25 de Abril. Sempre.