quarta-feira, 19 de maio de 2021

Abdique, Rui Moreira

Via jornal Público
«Depois do despacho de pronúncia que leva o presidente da Câmara do Porto a julgamento pelo crime de prevaricação, deixou de haver qualquer argumento do direito, da razão ou da ética pública que sustentem a sua recandidatura. Rui Moreira tem direito à presunção da inocência e a lutar pela justiça que apregoa; mas a gravidade da sua condição vai muito para lá da justa luta de um homem pela sua verdade. A sua recandidatura tem um custo: o do descrédito da política. E um preço: o de ameaçar a imagem do Porto como cidade de valores. 

Ser acusado de prevaricação por, alegadamente, ter defendido os interesses da sua família contra os interesses do município e essa acusação ter sido reforçada com uma pronúncia, deixou de o afectar em exclusivo. Tornou-se um problema da democracia e, acima de tudo, um problema da cidade. Não se pode esperar que os políticos sejam modelos de virtude acima do homem comum; mas deve-se exigir que estejam acima de qualquer suspeita razoável. Não é o caso — como não é o caso de cerca de 20 autarcas do PS e do PSD na mesma situação. 

Rui Moreira pode argumentar que em causa está uma ingerência da Justiça na política, uma perseguição, o acumular de erros grosseiros. Está no seu direito. Mas há que encarar a realidade. As acusações gravíssimas do Ministério Público foram integralmente aceites pela juíza de instrução. Ser pronunciado, diz a lei e a jurisprudência, significa para o tribunal que, face aos indícios apresentados, “é muito provável a futura condenação do arguido” ou que esta será “mais provável que a sua absolvição”

As provas sugerem que, depois de chegar ao poder, o tratamento da sua empresa familiar, a Selminho, mudou. As testemunhas adensam dúvidas. Rui Moreira diz que nada mudou, mas não é verdade. A juíza de instrução validou na íntegra as acusações do MP. E isso faz a diferença. 

Pergunta-se, pois, como pode um autarca nestas condições ser candidato numa democracia adulta. Sem que contamine a campanha com a nódoa da suspeita. Impedindo que a cidade se discuta para lá do ego ou da honorabilidade do seu presidente. Deixando-a na dúvida sobre se a política pode ser um braço do tribunal. 

Rui Moreira não foi ainda condenado por um “juízo de certeza como no julgamento”, lê-se no despacho. É, por isso, inocente. Num assomo de devoção à cidade que o elegeu, deve continuar a lutar pela sua defesa não na qualidade de político, mas na condição de cidadão. A bem da democracia e do Porto que ele diz “amar”, era bom que não se recandidatasse.»

Desconfinem. Vão aos restaurantes e vão ao teatro. O dinheiro público apoia (alguns)...

 Imagem via Diário as Beiras

Podemos passar à frente? Um pica pau e uma mine e tenho o problema resolvido...

CIM-RC paga metade da conta do restaurante aos clientes

Com o objectivo de contribuir para a recuperação da restauração, hotelaria e turismo, a CIM-RC (Comunidade Inter-municipal da Região de Coimbra) apresentou ontem quatro medidas de apoio à restauração, destinadas aos 19 concelhos que a integram. Medidas no âmbito da distinção de “Região de Coimbra: Região Europeia de Gastronomia 2021-2022”, que visam reduzir o impacto da pandemia no sector e que passam pelo “Programa de Selecção Gastronomia e Vinhos”, a criação de um “Passaporte Gastronómico”, de um “Voucher Restauração” e de menus “Prova Região de Coimbra”.
Uma das medidas é um incentivo ao consumo, que consiste na entrega, aos clientes, de vales de desconto. Assim, quem consumir 30 ou mais euros terá um desconto direto de 15 euros. Ou seja, pode representar uma redução da conta para metade. 
O incentivo está limitado a dois mil vales, que podem ser levantados, pelos consumidores, nos postos de turismo dos 19 concelhos da CIM-RC e nas instalações da Turismo Centro de Portugal. 
Quem paga aquele incentivo aos restaurantes aderentes é a CIM-RC, com recursos próprios e fundos europeus. Se a adesão for boa, deverá ser renovado. 
Esta medida poderá vir a ser aplicada, também, à hotelaria, adiantaram o presidente da Câmara da Figueira da Foz e anfitrião da sessão de apresentação, Carlos Monteiro, e o secretário executivo da CIM-RC, Jorge Brito.

terça-feira, 18 de maio de 2021

"Quem tem menos acesso à cultura é quem vai estar a patrocinar a raspadinha do património"

«A 'raspadinha' do Património Cultural chega hoje aos quiosques: custa um euro e terá um prémio máximo de 10 mil euros. A iniciativa não é inédita e está longe de ser consensual. Os psicólogos criticam o Estado por promover um jogo de sorte e azar que pode criar dependência e que visa sobretudo os mais pobres.»

Erosão costeira carece de uma resposta urgente!

Foto António Agostinho

"A necessidade de intervenção na gestão e proteção da faixa costeira tem atravessado diversos Governos. Recordo que a 8 de setembro de 2009 foi aprovada pelo Governo liderado José Sócrates a Estratégia Nacional para a Gestão Integrada da Zona Costeira e que no mandato do Governo liderado por Passos Coelho, foram criados o Grupo de Trabalho do Litoral e o Grupo de Trabalho dos Sedimentos.

Com base nas conclusões extraídas dos relatórios de ambos os Grupos de Trabalho, a APA encarregou uma equipa da Universidade de Aveiro de elaborar o Estudo de viabilidade da transposição aluvionar das barras de Aveiro e da Figueira da Foz.

Recordo também, que paralelemente à normal concretização destes estudos e dado que este problema se tem vindo a agravar, por iniciativa dos deputados do PSD, foi aprovada a 17 de março de 2017 na Assembleia da República a Resolução número 64/2017, que recomenda ao Governo entre outras ações, que “durante o ano de 2017, apresente um estudo que avalie a implementação do bypass na entrada do porto da Figueira da Foz.”

No entanto, à data de hoje a situação vivida da costa sul do concelho da Figueira da Foz é dramática, tendo inclusive verificado o rompimento de vários geotubos, cuja função prende-se com a mitigação da erosão costeira, provocada pela força do mar.
É preciso agir com urgência e não podemos ficar a aguardar paulatinamente por estudos e mais estudos!"

Portugal, um país ao serviço de sua majestade ...

Continuamos a viver na ilusão da monocultura do turismo, dependentes das oscilações globais, até à próxima pandemia, ou outro acontecimento qualquer.
No dia em que milhares de turistas britânicos aterravam no aeroporto de Faro, o director da Região de Turismo do Algarve deixava no ar uma constatação que tanto serve de regozijo, como assusta.
Nada se aprendeu!..
Ontem foi notícia de grande impacto em Portugal a chegada de 5 500 passageiros, repartidos por 17 voos do Reino Unido para o aeroporto de Faro
Vale a pena pensar nisto: algo perfeitamente normal, desde a segunda metade da década de 60 do século passado, voltou a ser de novo notícia, meio século depois.

Cruzeiros no Douro

«Siza Vieira pagou do seu bolso, Cristina foi convidada por ser CEO da AHP. Amigo de Costa esteve como administrador da Mystic Invest.»
 

De ladrão a ladrão

«Escrever é uma maneira de nos escondermos, de não termos de aparecer, de podermos ficar rigorosamente sozinhos — mas podendo à mesma falar. 
Só lendo é que se pode estar com alguém sem ter de o ver ou ouvir. E, para mais, à velocidade que escolhermos, onde quisermos e, já agora, sem ser preciso bateria ou electricidade. 
Ler é uma forma de roubo legitimada por ser um ladrão que é roubado. O escritor-ladrão dispensou a nossa presença e, logo, nós podemos dispensar a presença dele e ficarmos só com o que ele deixou. 
E fazermos disso o que quisermos. 
É por isso que ler é tão bom.»

O almoço que assinalou a abertura da época da sardinha na Figueira, juntou três candidatos à Câmara à mesa...

A época da sardinha começou ontem.
Segundo o que pode ser lido nos jornais de hoje, há sardinha em  quantidade e qualidade. As traineiras regressarem ao porto de pesca da Figueira com o máximo de carga permitido por lei. 
Porém, os armadores querem ir além das 24 mil toneladas anunciadas: 10 mil até 31 de julho e as restantes 14 mil a partir de 1 de agosto e até ao fi m do ano. 
O presidente da direcção da organização de produtores de peixe Centro Litoral, o figueirense António Lé, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, defende que, tendo em conta a reposição do stock e a “abundância desmedida” da espécie, a quota portuguesa “podia ir até às 50 mil toneladas”. Não sendo permitido, advogou, “no mínimo, deve ir até às 30 mil toneladas”. Ou seja, 10 mil mais 20 mil. 
O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, não rejeita esta possibilidade, se o parecer científico o permitir. “Não quero adiantar valores, mas, de facto, houve uma recuperação do manancial significativa, e isso está refletido nos dados que estão na mesa, e, portanto, tenho boas expetativas que tenhamos oportunidades de pesca acrescidas”, ressalvou aquele membro do Governo ao  mesmo jornal.
António Lé acrescentou que a abundância de sardinha permite aos armadores “pedir, com clareza e com justiça, aquilo que [lhes] pertence”. Isto, ressalvou, “respeitando a ciência e as boas práticas de gestão dos recursos e o equilíbrio dos oceanos”

O primeiro dia da safra da sardinha foi assinalado com um almoço, organizado por António Lé num  restaurante da Figueira da Foz. Além de Ricardo Serrão Santos, participaram no repasto a secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, Ana Paula Vitorino, ex-ministra do Mar, e o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Carlos Monteiro. O presidente da Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado, e a presidente do conselho de administração do Porto da Figueira da Foz, Fátima Alves, também marcaram presença no almoço.

Em ano de autárquicas fica o registo: estiveram presentes três candidatos à Câmara da Figueira da Foz: Carlos Monteiro, Pedro Machado e Santana Lopes, este convidado a título pessoal, já que não desempenha nenhum cargo público.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Rio, o inaudito...

Ter capacidade para fazer piadas, sendo o próprio o objecto da piada é digno do registo...

A Esperança e as duas filhas

Santo Agostinho:
"A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação ensina-nos a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las."

Autárquicas 2021 na Figueira: ponto da situação em 17 de Maio de 2021

Tal como na vida, também na política, em situações sem retorno possível, agarramo-nos a pormenores.
A cada pormenor, como se fosse a boia de salvação. 
Ávidos de encontrar uma saída. 
Noutras ocasiões, houve a avidez de poder e de dinheiro na luta pela sobrevivência...
Na política, tal como na vida, porém, ninguém quer morrer poderoso e rico.
No fundo, andamos todos ao mesmo: o objectivo principal é não morrer. 
E, se possível, sobreviver...

Horácio, poeta

“A força bruta, quando não é governada pela razão, desmorona sob o seu próprio peso”.

Quinto Horácio Flaco, em latim Quintus Horatius Flaccus, (Venúsia8 de dezembro de 65 a.C. — Roma27 de novembro de 8 a.C.) foi um poeta lírico e satírico romano, além de filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas da Roma Antiga.

domingo, 16 de maio de 2021

Morreu Diniz de Almeida

Fica a saudade e um enorme agradecimento a um "Capitão de Abril"!
Foto via OBSERVADOR

Tendências para o que resta de 2021: andar de bicicleta...

Na Figueira, a mais sólida tendência para o que resta de 2021, ano de autárquicas, é esta: tudo o que está suficiente passará a medíocre. Tudo o que está mau ficará pior. 
Vamos ver a evolução do covid. No que toca à pobreza, o desemprego, à economia, às dívidas, às falências, os ataques aos direitos, às liberdades e às garantias individuais, não vamos melhorar. O direito à opinião vai ter de ser defendido.... 
O "bom povo figueirense" vai ficar azedo: a razão é simples- não vai aguentar a crispação. 
Nem vale a pena perder tempo e palavras com isto. Está escrito nas estrelas.
E quanto às eleições autárquicas de Outubro próximo?.. A ver vamos como diz o ceguinho...
Entretanto, vou continuar a dar umas voltas de bicicleta... E não só na Figueira...
Houve tempo, em que o meu maior desejo era ter uma bicicleta.
Agora, que é tempo em que posso ter todas as bicicletas, não é uma bicicleta que quero.
Este é o tempo de querer a idade de poder ter uma bicicleta, quando não podia ter bicicleta nenhuma.
Em Portugal, houve tempo em que não se podia votar livremente.
Agora, que é tempo de democracia, sinto que é o tempo em que o meu voto não altera nada.
Mas, em Portugal, tem de ser sempre tempo de haver eleições livres.
Espero é poder chegar ao tempo em que o meu voto mude alguma coisa.
Será que chegarei a tempo de saber o que é esse tempo?
Gostaria de ter tempo para viver o tempo de vir a ser um velho sábio.
Seria então o tempo de conhecer o significado do tempo que leva uma vida.
Mas será que todos os velhos conseguem alcançar o significado do tempo que leva uma vida?
É certo que ainda não tenho tempo para ser velho, mas o tempo passa.
Entretanto, passou já tempo para perceber que a luta contra o tempo está perdida.
Também já é tempo de saber que o tempo acontece rápido.
Tenho tentado que o meu tempo não seja uma corrida contra o tempo.
Gostaria de conseguir que o meu tempo fosse uma corrida com o tempo.
Entretanto, sei perfeitamente que já perdi muito tempo.
Mas será que todo o tempo perdido foi tempo inútil?
E terá acontecido que todo o meu tempo útil foi tempo ganho?
 

Há dias para o repúdio presidencial?

«Uma gralha numa notícia da Lusa da responsabilidade de um jornalista motivou o repúdio do presidente. Quanto à vigilância e a agressão a jornalistas só silêncio. É mais do que falta de sentido de Estado. É mais um exemplo da vacuidade presidencial. E assim vai a República»

Pacheco Pereira na Revista Sábado

 

Benjamim Disraeli, antigo primeiro-ministro do Reino Unido:
- "o mundo é governado por personagens muito diferentes daquelas que são imaginadas por aqueles que não estão atrás dos bastidores".

O que fizeram ao Cabedelo!..

Memória...

Ontem, foi uma tarde de sábado livre.
Deu para fazer algo agora pouco habitual. Fui até ao Cabedelo. 
É raro, agora, ir até aquelas bandas.
O Cabedelo, em anos anteriores, por esta altura, constituía já um ponto de referência estival no concelho da Figueira da Foz.

O tempo passou.
Há obras em curso.   
E quando há obras e o tempo passa, muda tudo - sobretudo os velhos hábitos.
 
Ontem, a mente, liberta de preocupações, deixou-se inundar por inúmeras recordações que se sobrepunham de forma intemporal.  
Deu para dar conta do apagamento de velhos pontos de referência. 
Triste ver esse apagamento. 
Dói. 
Mas também dói o vazio humano que se via no café, nos novos arruamentos e, até, praia. 

Um vazio humano, um vazio de sentimentos e um vazio de esperanças. 
Dói ver o vazio e a decadência a desfilar perante os olhares de quem se entretém, durante uma bela tarde, a analisar os passantes e o ambiente. 
Interroguei-me sobre o que se passava, como se fosse muito complicado encontrar as explicações. O que não é: a desoladora realidade está ao alcance de qualquer um de nós.

O Cabedelo perdeu encanto e capacidade de sedução. 
Agora, é um local vazio de gente, vazio de sentimentos e vazio de esperança. 
O Cabedelo está morto. É um  vazio humano num cemitério de obras completamente desajustadas e que nada têm a ver com aquele local. 

O Cabedelo está morto. Mas está mesmo. 
Não fiquei muito tempo. Os espaços  onde passei  belas tardes, locais de alegrias e de esperanças, no fundo altares de almas, estavam vazios. Incomoda-me o vazio, incomoda-me a agonia do Cabedelo, incomoda-me gente que aceita com resignação a morte do Cabedelo. 
Triste Povo. Triste Figueira. Triste concelho. Triste Cabedelo.