terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Dia de Natal, dia de paz e amor, dia de demonstrar uma serena inteligência...

Miguel Figueira, caro Amigo, hoje não é dia para falar de política. Eu ainda estou em festa, em homenagem ao nascimento daquele que veio para trazer benevolência, sabedoria e solidariedade aos homens.
Neste momento, ainda estou a apreciar, deleitado, os presentes recebidos (devo ser mesmo boa pessoa para me darem tantos e tão bons presentes: obrigado família) e a fazer a recuperação da jantarada de ontem para estar em forma no almoço de hoje.
Bom era na Mesopotâmia: a celebração durava 12 dias. Na Grécia também não devia ser mau: os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa...
Portanto, não percamos a esperança... Não estamos no Egipto antigo, onde antigamente esta data servia para os egípcios relembrarem a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos.
Contudo, existe um problema: estamos em 2018, mas na Figueira...

Chove. É Dia de Natal

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.

Fernando Pessoa, in Cancioneiro

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Megalomania

Aqui pela Figueira, para certas figuras da política, aspirar a ser uma pessoa normal, era o mesmo que demonstrar um sinal exterior de megalomania.

Coletes amarelos

Esta foto de Pedro Agostinho Cruz, mostrou "Carlos Marques, o colete amarelo solitário que luta pelas gerações futuras.
Carlos Marques esteve na estrada nacional 109, em luta: «estou na rua pelas gerações futuras. Felizmente ainda tenho trabalho. Sim! Trabalho para sobreviver é verdade, mas tenho trabalho! As gerações futuras estão em risco, falta de trabalho, salários precários (...) Mas, que futuro é este? Que Portugal é este?»"


Saturado de tanta negociata, corrupção e compadrio, farto de tanta impunidade e do descaramento, o portuga há muito que utiliza as redes sociais para manifestar a sua indignação.
Em França, levantaram o cu do sofá, desligaram o computador, vestiram o colete amarelo e foram para a rua exigir justiça social. No primeiro protesto, terão saído à rua 300 mil. Desde então, o número de manifestantes foi diminuindo, mas isso não impediu que Macron recuasse, de forma desastrada, após o quarto protesto, numa tentativa desesperada de recuperar popularidade junto do eleitorado francês. De pouco lhe valeu.
Ainda assim, o recuo do presidente foi uma clara vitória dos manifestantes, extremistas ou não. Quatro protestos depois, Macron falou ao país para rasgar o aumento do preço dos combustíveis e anunciar um aumento de 100€ no salário mínimo, entre outras medidas que integravam o rol de exigências dos coletes amarelos.
A solução encontrada por Macron mostrou ao mundo, e aos europeus em particular, que pequenas mudanças, tão importantes para quem vive a contar trocos, são difíceis, mas possíveis. Até porque o presidente francês sabe que tem Marine Le Pen à perna. Ou, como Ricardo Araújo Pereira o colocou no Governo Sombra da passada semana, “porta-te bem, senão voto dos fascistas”.


Por cá, na passada sexta-feira, tivemos uma manifestação de coletes amarelos. Uma manifestação que se quis ordeira, sem violência ou outros incidentes  - à portuguesa, o que não tem mal. Uma manifestação que se dizia apartidária, apesar de ter entre os seus organizadores, adeptos de Trump, Bolsonaro e Salazar. Uma manifestação que, apesar disso, teve bandeiras com as quais praticamente todos nos identificamos. Como se viu, foi um movimento extremamente desorganizado. Os organizadores, eventualemente terão considerado que o barulho nas redes sociais chegaria para trazer as pessoas para a rua. A escolha, desastrada, de uma sexta-feira a três dias do Natal, a oportunística infiltração da extrema-direita e uma série de reivindicações irrealistas ou incompatíveis, contribuiu para que o protesto dos coletes amarelos portugueses fosse o fracasso que foi.
O fracasso da iniciativa, contudo, não significa que as pessoas que estão fartas de viver no fio da navalha, sufocadas por uma fiscalidade insustentável, cansadas de resgatar bancos, de sustentar caciquismos e de financiar regabofes público-privados, onde o risco fica a seu cargo e o lucro é enviado para um paraíso fiscal, saturadas de uma justiça que não tem mão nos poderosos, de serviços públicos insolventes e de um sistema que não promove o mérito ou a igualdade de oportunidades, não continuem insasisteitos.
A prolongar-se o estado a que isto chegou, há um risco que não pode ser ignorado: pode haver milhares de democratas que transitem para as garras do populismo autoritário, que hoje veste colete amarelo, mas que se chegar ao poder os proibirá de imediato.

Eu Sou do Tamanho do que Vejo



Da minha aldeia veio quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.

Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

Alberto Caeiro, (
heterónimo de Fernando Pessoa) in "O Guardador de Rebanhos - Poema VII"

Mensagem de Natal



Na Figueira, continuam os enfeites e as luzinhas que distribuíram pela cidade, presumo que para o Natal. 
Mas para quê? Nada resolveram...

domingo, 23 de dezembro de 2018

Boas e santas festas

Edmundo Martinho é o presidente da SCML
MÁRIO CRUZ/LUSA
"Santa Casa  dá mais de 1,16 milhões de euros em vales de compras no El Corte Inglés aos funcionários.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) deu um cartão-oferta de 200 euros a todos os funcionários, aos quais acresce ainda mais 15 euros por cada filho, para compras no El Corte Inglés. Para isso a SCML lançou um concurso público, no qual gastou 1,163 milhões de euros (multiplicando os 200 euros por cerca de 5500 mil funcionários somados aos 15 euros por cada um dos 4200 filhos dos funcionários com menos de 18 anos). Aliás, o valor-base do concurso público — publicado em Diário da República — era de 1.177.550 euros.  Nos últimos anos — numa tradição que começou no tempo da gestão Santana Lopes — a SCML deu um bónus de 200 euros em dinheiro a todos os funcionários. Mas essa solução tinha um problema: o bónus era tributado e os funcionários ficavam com pouco mais de 100 euros extra. A SCML explica que esta é uma forma de valorizar e motivar os trabalhadores."


Via OBSERVADOR

sábado, 22 de dezembro de 2018

Lado oculto

"As “fake news”, tal como entraram muito recentemente nas nossas vidas, trazem no bojo uma ambição de censura não institucionalizada mas muito mais eficaz. A operação “fake news” impõe, de facto, as verdades oficiais do sistema dominante transmitidas precisamente através dos meios que sempre produziram as falsas notícias, os chamados mainstream. Ou seja, a comunicação social de grande consumo não apenas continua a limitar o acesso dos seus frequentadores – seguramente mais de 90 por cento da população mundial – à realidade em que vivem como aponta o dedo inquisitorial aos que lutam por desvendar e divulgar essa mesma realidade, transformados assim em criminosos fazedores de “fake news”. Por isso, a operação “fake news” não apenas reforça o juízo moral, político e económico, que pretende ser absoluto, como tenta asfixiar a contestação fundamentada desse juízo. A operação “fake news”, no limite, quer inviabilizar os efeitos dos mecanismos através dos quais se divulgam realidades diferentes, factos contraditórios, opiniões contrárias – desacreditando-os, perseguindo-os, caluniando-os."

José Goulão O Lado Oculto. Antídoto para a propaganda global. Semanário digital de informação internacional.

Salva-vidas está disponível

Via DIÁRIO AS BEIRAS

Cabedelo...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

A comunicação social anda a brincar com coisas sérias...

Cem ou duzentos mil, a desfilarem do Marquês ao Rossio, enquadrados pela CGTP, com um caderno reivindicativo definido e propostas concretas, merece meio minuto no telejornal a seguir ao intervalo.
Uma manif de palermas inventada pelas televisões, teve directos intermináveis, dois jornalistas por manifestante, drones com câmaras de filmar.

Rewind

Discutiram-se, mais uma vez, em sessão camarária, os problemas de segurança e de acessibilidade na barra da Figueira.
Estou a seguir a reunião com muitas dificuldades, por causa da péssima qualidade da transmissão que é proporcionada pela Câmara Municipal, via internet.
"Espírito guerreiro", foi o pedido da Miguel Babo ao presidente da Câmara perante este problema que preocupa muitos figueirenses. Mais à frente, o senhor presidente mostrou disponibilidade para exibir o seu "espírito guerreiro", mas espera "que os vereadores vão à frente"...
Espero, apesar das interferências, ter conseguido captar o espírito revolucionário em que está a decorrer esta sessão camarária.
Por falta de condições, vou desistir. Vou deixar a secretária, para ir à procura das gaivotas a voejarem em contraluz de encontro ao, ora alaranjado, ora avermelhado do poente, que todos os dias tenho a soerguer-se deste meu mar lindo.
Neste momento, o silêncio é total, mas a atenção e a maravilha estão presentes no voo das gaivotas. Elas planam, planam e planam neste crepúsculo gradativo que se repete dia após dia. Não quereria dizer uma boutade, mas diria que é invisível o som do seu planar... Tão invisível, quanto gracioso. Tão invisível, quanto belo! E assim vou estando em paz! Uma paz relativa, mas ainda assim paz!
E, tudo por a qualidade da transmissão da reunião camarária que se está a realizar neste momento ser completamente insuportável. Mesmo para uma alma casta e inocente como a minha.

Crónica da semana

Via DIÁRIO AS BEIRAS

Dez & 10, com o convidado João Ataíde (III)

MUSEU DO MAR
"Indagado acerca da localização do futuro museu do mar, João Ataíde mostrou-se inclinado para São Pedro, em detrimento de Buarcos, tendo em vista a existência de espaço no Cabedelo, zona da margem sul da cidade com rio e mar e cujas obras de requalificação arrancam em breve. No entanto, o edil ressalvou que ainda nada foi decidido, sendo certo que, segundo revelou, prefere um espaço museológico interactivo."

Via DIÁRIO AS BEIRAS

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Dez & 10, com o convidado João Ataíde (II)

A sucessão.
Jot´Alves, cerca dos 47 minutos: "a propósito de Carlos Monteiro: se ele for o candidato à Câmara vai contar com o seu apoio?"
Ataíde: "claro que sim. Se ele for candidato do PS à Câmara, claro que sim. O candidato terá de ser sempre escolhido pelo Partido Socialista."
Jot´Alves: "vai fazer campanha ao lado dele?"
Ataíde (engasgou-se ligeiramente...):  "depende em que papel eu estiver nessa altura?"
Se vai cumprir o mandato, se não pode candidatar-se mais à Câmara, o que obsta o presidente em exercício, nessa altura, de fazer campanha ao lado do candidato apresentado pelo PS em 2021?


Pelos vistos, Vossa Excelência, senhor presidente, a três anos de distância, tem já um problema.
O problema, o grande problema, é que Vossa Excelência, tem dificuldades na forma como resolver o problema.
É claro que, para Vossa Excelência, é um gravíssimo problema, uma vez que não foi eleito para resolver problemas.
Nove anos são disso a melhor prova. Não se lhe conhece a solução de um problema, fosse ele qual fosse. A maneira como resolveu o caso Figueira Parques vai ser disso prova.
Vossa Excelência quer estar de bem com todos, em especial com os da sua classe, portanto, o povo que se sacrifique.
Quando há problemas, como o que ora existe, Vossa Excelência pode  ouvir os "senadores da Figueira", mas ignora o Povo, os que o elegeram.
Na Democracia, os problemas resolvem-se com o Povo, pelo Povo, nunca nas costas do Povo, em manobras palacianas, no escuro, na arrogância dos silêncios, como se quem elege nunca mais tivesse voz activa no que o eleito faz e vai fazendo.
Os  donos da Figueira, Vossa Excelência, neste momento, é um deles, discutem na sombra, nos sofás do poder, nos palácios e não prestam contas do que pensam, do que acham dever fazer, do que nos espera. Somos a "carne para canhão". Os eleitos exercem os poderes sem ter em conta a mais profunda natureza de um estado de direito e do significado de uma palavra tão simples quanto esta - Democracia.
Impingem-nos um governante "eleito" por meia dúzia de confrades, no silêncio (sempre o silêncio) de um salão partidário, sem, ao menos, o acordo do partido em causa. É a sucessão monárquica.
Neste momento, Vossa Excelência e a sua equipa  tornou-se o problema -  é o problema.

Vossa Excelência deve saber, como há muito ensinam os pensadores sérios, que as crises geram condições para a acção. A Figueira permanece na crise porque não crê na acção e na força da acção democrática de quem a governa há mais de 9 anos.
Vá lá, em 2021 preste um serviço à Figueira: não aceite um príncipe designado para o substituir na governação da Figueira e do concelho.
Até lá decida-se e confie no Povo que o elegeu.

Sapataria da Figueira da Foz encerra a três anos do centenário

Foto: DB-J.A.
"A sapataria Quaresma da rua Cais da Alfândega (existe outra, na rua 5 de Outubro) é dos espaços comerciais mais antigos da cidade. E uma dos últimos representantes do comércio tradicional histórico da zona das praças da Baixa da Figueira da Foz. No entanto, vai encerrar, em finais de janeiro de 2019, dois meses antes de cumprir 97 anos.
“Éramos quase os últimos resistentes dessa era”, frisou o empresário Hugo Quaresma. Os postos de trabalho poderão estar em risco. “Estamos a analisar a situação. Se houver transferência de clientes para a outra loja, não haverá despedimentos”, garantiu."
 

Via DIÁRIO AS BEIRAS

Dez & 10, com o convidado João Ataíde

Uma hora e quase 50 minutos, neste tipo de programa, parece-me um formato muito longo.
Dado que para o senhor presidente, "é mais fácil dizer mal", vou apenas referir o momento que, para mim, valeu a pena ter aguentado aquela estopada.
Por volta da 1 hora e 22 minutos desta edição do Dez & 10 pergunta o Jot´Alves: "a tempestade Leslie foi  o momento mais difícil dos seus mandatos?"
Resposta, pareceu-me que sentida, de João Ataíde: "o mais difícil, aquele que verdadeiramente me tocou mais, foi  a morte dos pescadores (em 2015). O ver aquele homem naquela situação, ainda hoje me está presente..." 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Ataíde encerra Dez & 10...

A primeira temporada do ciclo de entrevistas ao vivo Dez&10, na Filarmónica Dez de Agosto, à quarta-feira, pelas 21H30, chega hoje ao fim.
O último convidado da série é o presidente da Câmara da Figueira da Foz.

João Ataíde, juiz desembargador em licença sem vencimento, cumpre o terceiro mandato como Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz e lidera também, desde 2014, a Comunidade Intermunicipal da CIM Região de Coimbra. 
Motivos de conversa não irão faltar, numa entrevista informal e descontraída conduzida pelo jornalista Jot'Alves.
Na sessão da passada quarta-feira a convidada foi Ana Machado.