quinta-feira, 14 de julho de 2016

Dia 14 de julho

Saudade, seja lá o que isso for, não tem outra palavra, sentimento ou forma que a expresse ou defina. 
Quando pensamos que descansa, reaparece, em dias como o de hoje.
É um sentimento esquisito e diverso que cresce no peito, sem nome.
Normalmente, este blogue serve para tudo, menos para falar de mim ou da minha família.
Há momentos, porém, que foram a excepção...
As datas têm o valor que lhe quisermos dar.
Encerra-se hoje um ano, que foi uma outra e nova medida do meu tempo... 
Feche-se então este bem fechado, que não me deixou saudades!
Como sou um homem da esperança, acredito que a única coisa boa de um ano mau, é que as probabilidades de o próximo ser melhor são altas.
Por hoje, peço desculpa pela interrupção. Amanhã, será outro dia. 
A vida e a luta vai ter de continuar
Portanto...

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Vida difícil para os trabalhadores...

A Cooperativa de Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas da Figueira da Foz (CERCIFOZ) tem salários em atraso desde abril...

"A CMFF, ao licenciar o evento no Coliseu entre a 01h00 e as 02h00 da manhã, procurou de forma deliberada inviabilizar a sua realização tendo, contudo, adoptado critérios distintos em relação a outras situações idênticas a quem foram permitidos horários mais alargados, como foi o caso da Piscina Praia, espaço esse da CMFF..."

O Cavaco de sempre...

"Conselho de Estado: Cavaco terá legitimado aplicação de sanções".

Nota de rodapé.
Será que Cavaco ainda pensa que pode vir a dissolver o Parlamento, declarar guerra a Espanha e desanilhar todas as cagarras?..
O Sr. Silva deve continuara a viver em Marte...
Ser coerente, significa continuar a ser tão ignorante hoje como há uns anos atrás?

Há pessoas que mostram coerência por sempre terem pensado do mesmo modo. 
Pois cá o je,  já mudou de opinião várias vezes e não se arrepende nada de o ter feito, nem se envergonha de o confessar publicamente. 
É tudo uma questão de se procurar ser coerente.

Lá diz o provérbio muito português: "as cadelas apressadas parem os cães cegos..."

imagem sacada daqui
"Belém, em menos de 45 minutos, "reagiu" à notícia sobre condecorações a campeões nacionais não futebolistas. Que as vai atribuir antes dos Jogos Olímpicos. Muito bem. Mas, já agora, fica um pequeno esclarecimento sobretudo para os jornalistas sentados, à escuta, ao lado das osgas e das lagartixas dos jardins do Palácio de Belém. No domingo, em Paris, o Doutor Marcelo anunciou que ia condecorar a rapaziada com "grau mais elevado" do que o de Oficial que Sampaio, em 2004, concedeu à selecção de futebol então ultrapassada pela Grécia. De facto, o "grau" é mais elevado mas a Ordem é mais baixa, o que vai dar ao mesmo. Mais. Só na mesma Ordem há mais 2 graus acima (Grande-Oficial e Grã-Cruz). E há, pelo menos, sete Ordens mais importantes. O grau que o Doutor Marcelo pretendia impor a todos - o de Comendador da Ordem do Infante - já não podia ser confiado a Ronaldo porque o jogador já tinha um grau acima, o de Grande-Oficial. Tal como o dr. Fernando Gomes, presidente da FPF, ambas (Grande Oficial da Ordem do Infante) impostas pelo Presidente Cavaco Silva. Então decidiu, digamos assim, "nivelar por baixo" e concedeu a todos a Ordem (Mérito) em geral, com o devido respeito, atribuída a presidentes de Câmara ou a presidentes de IPSS'S. A pressa nunca foi boa conselheira.
Adenda: Fernando Pimenta, campeão em canoagem, outro Grande Oficial da Ordem do Infante pelo Presidente Cavaco Silva, em 2015, soube pela TSF que amanhã vai ser "promovido para baixo" a Comendador da Ordem do Mérito. Alguém devia preparar umas papeletas básicas ao PR.

Marcelo anunciou frugalidade nas condecorações para se distinguir dos antecessores. Como o que primeiro se paga nesta vida é a língua, o desporto nacional não lhe dá, famosamente, descanso."

João Gonçalves

Sempre a aprender: tradição taurina!..

"La tradición obliga a matar a toda la familia del toro que mató a Víctor Barrio en Teruel"...
E pronto. 
Assim, ficámos a saber que para cumprir a "tradição", quando um touro, em legítima defesa, mata o toureiro que o está a torturar em público, para deleite e gozo  do público, a mãe do touro deve ser assassinada, sentença que é alargada a toda a "família" do animal.
Considerando a quantidade de touradas de morte que se realizam todos os anos em Espanha   - ao longo de tantos anos - já imaginaram este hipotético cenário?
Os touros tomarem o poder por um dia e decretarem a chacina das famílias inteiras de cada toureiro que já assassinou touros na arena, com efeitos retroactivos!..
A Espanha corria o risco de ficar despovoada...

"A União Europeia não é união e nem sequer se pode dizer que seja europeia, porque a ideia de Europa deveria ser outra, especialmente depois de tanta História"

O verdadeiro Euro 2016 é este, o campeonato em que há jogadores que são árbitros e que, por isso, podem distribuir porrada à vontade, porque são os donos do apito. Todos sabem que as metas do défice não são alcançáveis, mas usam-nas como instrumento de pressão, para ajudar multinacionais e bancos, à espera do prémio.

De acordo com o Institute for Economic Research, já houve 114 violações das metas estabelecidas e, neste momento, apenas Portugal e Espanha estão sujeitos a possíveis sanções. Essas 114 (por extenso: cento e catorze) violações não foram levadas a cabo apenas por Portugal e Espanha: o país que mais vezes falhou neste campeonato foi a França, mas Juncker já explicou por que razão a França não pode ser castigada.

Note-se, ainda, que as possíveis sanções são consequência do défice deixado por Passos Coelho e por Maria Luís Albuquerque. Relembre-se, também, que os vários falhanços das metas estabelecidas foram sempre considerados sucessos pelas mesmas instituições que hoje ameaçam um governo que ainda não falhou as previsões. Percebe-se: com Passos, o país continuaria a retirar direitos e dinheiro aos trabalhadores, que os PIIGS querem-se pobrezinhos e prontos a pegar nas bandejas com bebidas exóticas.

No Paião: uma questão de dinheiro, pode tornar-se numa questão de princípios?..

para ler melhor clicar na imagem

A Europa das punições contra os fracos...

“Além disso, estima-se que o esforço orçamental acumulado empreendido por Portugal no período entre 2013 e 2015 tenha ficado significativamente aquém do recomendado pelo Conselho, o que leva a concluir que a resposta de Portugal à recomendação do Conselho não foi suficiente.” 
(EU Press release)

Nota de rodapé.
"O Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin) considerou hoje que Portugal e Espanha não tomaram medidas eficazes, no ano passado, para corrigir os défices excessivos...
… e decide iniciar um processo de sanções por violação do Pacto de Estabilidade e Crescimento.


Comandada hoje por um homem – Juncker – que fez todos os favores fiscais às multinacionais com sede no Luxemburgo e teve outro à sua frente – Barroso – que agora vai para o pior que existe na finança mundial, revelando assim ao serviço de quem se encontra, esta Europa que isenta sempre os mais fortes, não hesita em punir os mais fracos.
A França, quando descumpre, não é punida. A Alemanha, idem. Mas Grécia, Portugal, Espanha… podem ser castigados.
Ainda por cima por um órgão – o Ecofin – que nem sequer tem existência legal consagrada nos Tratados e cujas figuras não eleitas se tornaram odiosas desde a chantagem exercida sobre Atenas.
Com a agravante suplementar de haver implícito no processo de sanções aberto hoje e no nosso caso, uma clara nota de intolerância política.
Enquanto o governo português anterior, que aplicava à risca as receitas da troika (e queria mesmo ir além dela!), não foi sancionado, apesar de ter falhado todos os objectivos, Bruxelas pressiona agora Portugal pelo facto do novo executivo tentar aplicar um mix de medidas que sai um pouco fora da ortodoxia, não lhe conferindo qualquer benefício da dúvida.

Sanções-Punições

Ou seja – tolerância máxima para os amigos do Partido Popular Europeu – onde se abrigam os fundamentalistas da direita dominante – e máximo rigor para que ousam afastar-se, o mínimo que seja, do caminho austeritário traçado. Para a direita, tudo. Para a esquerda, nada. Ou melhor, para a esquerda – sanções!
“Sanções é tudo o que não precisamos; pensamos que ninguém deve ser punido” – dizia há dias o secretário-geral da OCDE, Angél Gurria, advertindo para os riscos de agravamento da situação económica.
Mas isso que importa para os burocratas de Bruxelas ao serviço de Berlim? O que importa, para eles, é dar um sinal de domínio, mesmo sabendo que dessa forma estão a atiçar os lobos da especulação financeira, sempre prontos a saltar sobre as suas vítimas ao mínimo sinal de sangue.
Mesmo que através de manobras de bastidores as sanções acabem por ser reduzidas a zero, a simples abertura do processo já é uma vergonha inadmissível que ofende o nosso mais elementar sentido de dignidade nacional!
A Europa devia ser solidária, promover a igualdade e a convergência, mas está afinal ao serviço dos poderosos contra os mais fracos.
Ao agir assim, trai-se a si própria – trai os ideais que inspiraram os seus fundadores e alimentaram durante décadas a esperança de um futuro de paz, desenvolvimento e unidade em todo o continente.
Esta Europa que a si mesma se trai não tem moral nem dignidade e por isso não tem futuro."
Carlos Fino

P.S.
Quando chegamos aqui - isto é, ao ponto de dois emblemáticos comentadores de direita criticarem os seus próprios partidos, com argumentos inatacáveis, por serem a favor das sanções a Portugal - percebe-se melhor o baixo nível de gente  como Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque ou Assunção Cristas.
Vale a pena ver o vídeo...

terça-feira, 12 de julho de 2016

Não há como regressar ao passado...



"É praia, é cidade, é serra, é porto e é rio. 
Tem centro de artes, tem galerias, tem museus e tem casino! 
Tem proximidades vantajosas de vilas e cidades com património histórico único, tem acessibilidades; não falta nada! 
O estio do verão traz à cidade os “sunset” diários de brisa marítima inconfundíveis! 
Não façam da Figueira da Foz apenas a cidade do “(F)estival”. 
Reposicionem-na como cidade Estival!"

Isabel Maranha Cardoso, no jornal AS BEIRAS.

Apelo aos criminosos, sabujos, estúpidos, vândalos, calinos, biltres, nódoas, pulhas, vesgos, monstros, vis, malandros, vigaristas, predadores e patifes do meu País...

Por favor: não estraguem o mel!..

A necessidade não aguça o engenho, antes o exige...

Calma: hoje ainda não é assim. Amanhã, não sabemos...
"Pedi-vos que se lembrassem dos portugueses que vivem cá dentro e dos que vivem lá fora e vocês lembraram-se sempre em todos os minutos. Lembraram-se do que podiam fazer pelo orgulho de ser português e os portugueses retribuíram: os que foram há 50 anos ou os de agora e que hoje entram nos empregos dizendo que não são só cidadãos de primeira, mas são «tão bons ou melhores do que vocês»".

Via Record

NOTA DE RODAPÉ.
Não sei o que pensam, mas tudo isto parece-me um pouco lamechas, piegas e manhoso...
Recordo Manuel António Pina.
"Obrigado, futebol, por tudo o que nos deste, pelo vinho e pela cicuta (e pelo esquecimento).
Obrigado pelos dias desordenados e pelas noites transbordantes, obrigado por não teres cabido em nós e por nós não termos cabido em nós, obrigado pelas lágrimas e pelo riso, pelas cataratas de cantos, pelo incêndio das bandeiras, pelo amarelo e pelo azul, pelo oiro e pela tempestade, obrigado pelo escândalo ruidoso da alegria, obrigado pelo regozijo e pela esperança, pelos muros efemeramente derrubados, por todos os abismos que, por um momento, se fecharam entre nós.
Agora que partiste, voltaram eles, saídos da sombra, os dos discursos, os das promessas, os economistas, os usurários, os eunucos («os eunucos devoram-se a si mesmos / lambuzam de saliva os maiorais…», cantava, recordas-te? o Zeca Afonso), os meros aldrabões. As palavras deixaram de ser límpidas e sonoras, e servem de novo, não para iluminar, mas para confundir, e as mãos para mistificar e para ocultar. Aqueles desconhecidos que ainda ontem abraçávamos na rua olhamo-los agora com estranheza e com desconfiança e, se vêm na nossa direcção, viramos a cara para o lado e apressamos o passo.
Que nos aconteceu, que ficámos sós?
De repente fez-se um grande silêncio: copos vazios, papéis pelo chão, realidade, sujidade. De que falaremos agora? Que diremos uns aos outros? Olha para nós, cabisbaixos como essas bandeiras pendendo ainda das últimas janelas, destroços cansados de um passado quase perfeito. As ruas estão de novo desertas e já ninguém passa de automóvel gritando e saudando-nos com os braços imensamente abertos.
Agora que tudo voltou a ser lento, sórdido e obscuro, obrigado, futebol, por nos teres permitido um instante de claridade."
Manuel António Pina, Visão, 29 de Julho de 2004

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Um momento que marcou o Euro 2016

A ternura não é um sentimento.
Contudo, é um comportamento que se enquadrar num relação, ainda que fugaz, como foi o caso.
Como comportamento, a ternura é sem dúvida dos mais belos.
Ao mesmo tempo é, ainda, fácil de ser entendido pelo outro, até porque, como foi o caso, foi expresso por um acto concreto. 
Este puto marcou um golo, pelo menos, tão espectacular e eficaz como o golo do Éder!

Lembram-se do tempo da censura que cortava entrevistas, reportagens, notícias e encerrava jornais?..

Completam-se hoje 70 anos que o Diário de Coimbra retomou a sua publicação depois de ter sido suspenso por mais de um ano pela ditadura do Estado Novo. 
A censura do Estado Novo viu afrontas a Salazar num artigo do jornal Diário de Coimbra, mantendo-o encerrado por mais de um ano.
Tal aconteceu por causa de um artigo - “Max, artista de circo”
O jornal foi impedido de sair entre 7 de Julho de 1945 a 11 de Julho de 1946. 
A intenção era fazer desaparecer o jornal, que vinha publicando na coluna “A Cidade”, artigos sobre escassez de água, pão, batata ou peixe, assuntos que não interessavam ao regime salazarista. 

A industria do futebol...

Portugal ganhou a final do Euro.
Como era de prever, a maioria dos jornais generalistas e todos os desportivos, reservaram a primeira página para falar do jogo de Paris.
A excepção foi o Jornal de Notícias, com uma pequena nota de rodapé, para lembrar as medalhas de ontem no atletismo e a participação de Rui Costa na volta à França em bicicleta.
Ter havido ontem medalhas como nunca no atletismo (Portugal conquistou quatro medalhas neste Europeu de Amesterdão: às medalhas de ouro de Sara Moreira  e de bronze de Jéssica Augusto, na meia maratona, logo ao início da manhã, juntaram-se as medalha de ouro de Patrícia Mamona ao final da tarde, no triplo salto e de  Tsanko Arnaudov, que alcançou o bronze no lançamento do peso) e Rui Costa ter sido segundo na nona etapa da Volta a França em bicicleta, merecia outro destaque e outro registo na imprensa portuguesa de hoje.
Fica aqui o registo do resultado destes fantásticos desportistas portugueses, ontem, felizmente complementado pela alegria da vitória da noite de ontem em Paris.

Pena é que a imprensa portuguesa - generalista e da especialidade - não valorize o desporto português como deveria ser valorizado.
Mas a sociedade em que vivemos em Portugal é isto.
As mudanças sociais, culturais, políticas e económicas que marcaram as sociedades contemporâneas das últimas décadas tiveram um impacto significativo no futebol. 
Os grandes clubes têm vindo a sofrer profundas transformações. A crescente internacionalização e comercialização do futebol transformou os clubes com maior projecção em corporações transaccionais, processo para o qual contribuíram, entre outros agentes, as grandes companhias multinacionais. O papel dos grandes interesses na busca da maximização do lucro, a que se juntou os interesses financeiros dos media, das televisões e dos organismos que tutelam as competições nacionais e internacionais, acentuou-se nos últimos 15 anos, como reflexo do fortalecimento das políticas neoliberais nas sociedades contemporâneas.
Os adeptos, por seu turno, viram-se progressivamente relegados para o fundo de uma estrutura de poder, embora, ironicamente, sejam eles os responsáveis pela centralidade que o futebol ocupa na representação das culturas populares.

Sendo o futebol um palco privilegiado de afirmação de identidades locais, regionais e nacionais, facilmente se depreende que uma parte significativa dos adeptos se posiciona veementemente contra o emburguesamento e a comercialização da modalidade.
Face ao reforço das políticas comerciais e financeiras no futebol, o que alterou significativamente o quadro de relações que se estabelecem entre os aficionados e os clubes, os antigos adeptos passaram a ser tratados, pela máquina que industrializou o futebol,  por meros consumidores.
Será que o mercantilismo, também no futebol, deverá deve ser assumido como uma inevitabilidade histórica?