"Em Janeiro de 1975 chegou à Câmara uma carta de um pescador figueirense, residente nos Estados Unidos que, “em nome de todos os emigrantes que nasceram e pertencem à Cova e Gala” solicita ao Presidente que desencadeie “providências de protecção da nossa praia e da nossa terra”… ”para que se evite uma grande catástrofe”.
A preocupação não se continha na necessidade de proteger a zona sul dos avanços do mar mas estendia-se “à nossa cidade da Figueira da Foz”. Visava sobretudo a segurança das suas “casinhas, que tanto custaram a ganhar” mas, tratando-se de homens do mar, conhecedores do seu comportamento, pode inferir-se o seu desassossego com a situação da barra, posto que, menos de vinte anos antes ali tinham ficado dezoito pescadores, além do histórico trágico.
Não adivinhava que, quarenta anos depois, se poderiam contar mais alguns naufrágios, o último dos quais levou a vida de cinco pescadores em outubro passado e que a sua terra continuava a ser ameaçada pelo avanço do mar. Recentemente o ministro do ambiente, em dezembro, e a ministra do mar, a semana passada, anunciaram que vão ser estudadas medidas para resolver problemas do litoral e, principalmente da segurança na barra da Figueira, criando um grupo de trabalho que envolverá os serviços do ministério do mar e a autarquia local.
Vale a pena criar as condições para que se evitem outros avisos convocando quem melhor conhece o mar: os pescadores."
Esta crónica, hoje publicada pelo eng. Daniel dos Santos, no jornal AS BEIRAS, é elucidativa: qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência.
Pobre concelho, este, que, quarenta anos depois, tem esta Aldeia à beira mar, com ar de Aldeia de um município de terceiro mundo.
Suja, desmazelada, abandonada, carenciada: numa palavra, pobre.
A vida por aqui é uma miséria.
Por aqui, somos tão pobres, tão pobres, que, por vezes, tenho a sensação que quando perdemos a carteira, enriquecemos...
Vale pelo sítios onde se pode comer e pelas abandonadas praias...
Quanto ao resto, estamos conversados.
Até o hospital nos colocaram dentro de um parque de estacionamento pago e com problemas de operacionalidade à espera de serem avaliados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil!..
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
«Filho de Deus e do Diabo», do «Diabo e da maldade»...
Chamem-me nomes à vontade, mas não me ponham nos dedos coisas que não escrevi.
Quem disse isto sobre Marcelo foi Portas...
Agora, é seu apoiante...
Quem disse isto sobre Marcelo foi Portas...
Agora, é seu apoiante...
Vergonha: ex-políticos vão receber subvenções vitalícias com retroativos
"Não há igualdade que resista a um tribunal superior que trata ex-políticos de uma maneira e o cidadão comum de outra, da mesma maneira que não há confiança que resista à cobertura dada pela falta de vergonha dos juízes que o compõem ao anonimato cobarde de pelo menos 23 nódoas que mancham um Parlamento composto por 230 deputados todos diferentes.
A gravidade da decisão de ontem está aqui."
Em tempo.
Eis a lista completa dos deputados signatários do requerimento:
Alberto Costa (PS), Alberto Martins (PS), Ana Paula Vitorino (PS), André Figueiredo (PS), António Braga (PS), Arménio Santos (PSD), Carlos Costa Neves (PSD), Celeste Correia (PS), Correia de Jesus (PSD), Couto dos Santos (PSD), Fernando Serrasqueiro (PS), Francisco Gomes (PSD), Guilherme Silva (PSD), Hugo Velosa (PSD), Idália Serrão (PS), João Barroso Soares (PS), João Bosco Mota Amaral (PSD), Joaquim Ponte (PSD), Jorge Lacão (PS), José Junqueiro (PS), José Lello (PS), José Magalhães (PS), Laurentino Dias (PS), Maria de Belém Roseira (PS), Miguel Coelho (PS), Paulo Campos (PS), Renato Sampaio (PS), Rosa Maria Albernaz (PS), Sérgio Sousa Pinto (PS) e Vitalino Canas (PS).
A gravidade da decisão de ontem está aqui."
Em tempo.
Eis a lista completa dos deputados signatários do requerimento:
Alberto Costa (PS), Alberto Martins (PS), Ana Paula Vitorino (PS), André Figueiredo (PS), António Braga (PS), Arménio Santos (PSD), Carlos Costa Neves (PSD), Celeste Correia (PS), Correia de Jesus (PSD), Couto dos Santos (PSD), Fernando Serrasqueiro (PS), Francisco Gomes (PSD), Guilherme Silva (PSD), Hugo Velosa (PSD), Idália Serrão (PS), João Barroso Soares (PS), João Bosco Mota Amaral (PSD), Joaquim Ponte (PSD), Jorge Lacão (PS), José Junqueiro (PS), José Lello (PS), José Magalhães (PS), Laurentino Dias (PS), Maria de Belém Roseira (PS), Miguel Coelho (PS), Paulo Campos (PS), Renato Sampaio (PS), Rosa Maria Albernaz (PS), Sérgio Sousa Pinto (PS) e Vitalino Canas (PS).
O ajuste directo...
No decorrer da reunião de ontem, que segui via internet - um luxo a que só tenho direito uma vez por mês - tive oportunidade de ver Ana Catarina Oliveira, vereadora Somos Figueira, na oposição, interrogar o executivo acerca do concurso para concessão da exploração do Complexo Piscina Mar.
Em resposta, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde, declarou que “é altura de começar a pensar”.
Miguel Almeida, também vereador Somos Figueira, na oposição, veio a terreiro para "reclamar uma resposta concreta."
João Ataíde ripostou: “Vamos abrir e enviar o convite aos vários interessados para se apresentar, com tempo, uma solução”.
A reunião camarária, estava no chamado período antes do período da ordem do dia.
No entanto, a questão levantada por Ana Catarina Oliveira, a proposta de contratação de serviços de consultadoria, no âmbito do processo de reabilitação e exploração do complexo Piscina de Mar, fazia parte da agenda de trabalhos.
Na oportunidade, a vereadora da oposição solicitou mais esclarecimentos sobre o referido ponto e lembrou que, no passado mês de novembro, foi à reunião de câmara um ponto em tudo semelhante, onde o valor era de 15 mil euros.
As explicações foram dadas pela vereadora Ana Carvalho.
Afirmou que a consultadoria estará a cargo de Carlos Figueiredo (foi o penúltimo dos concessionários do Complexo Piscina Mar). “O acordo foi definido por ajuste directo ao arquitecto Carlos Figueiredo, no valor próximo de 18 mil euros”, disse a vereadora Ana Carvalho.
"Só o arquitecto Figueiredo reúne as condições? E com que base chegaram ao valor 18 mil euros?” foram algumas das questões levantadas a seguir pela vereadora da oposição Somos Figueira, Ana Catarina Oliveira.
A vereadora socialista Ana Carvalho, em resposta, argumentou que o arquitecto já havia feito o levantamento exaustivo no complexo, trabalho que iria demorar muito tempo se fosse outra pessoa. Isto porque, alegou que o arquitecto “reúne todas as condições”.
“Vai fazer o caderno de encargos, acompanhará as propostas, analisa e conduzirá a obra”, disse Ana Carvalho.
Miguel Almeida veio novamente à discussão deste ponto.
Admitindo desconhecer que os serviços tinham sido adjudicados ao arquitecto Carlos Figueiredo, o vereador Miguel Almeida fez alusão ao facto de que “em 1998, a câmara lançou um concurso para as obras do concelho, pelo que já existia um levamento total do edifício”.
“É preciso perceber o que aconteceu a isso”, sublinhou Miguel Almeida, que disse ainda: “Não deixa de ser extraordinário que o arquitecto tenha feito o ajuste directo”.
“Afinal tem os 32,5 mil euros que ele tinha pedido (com base na resolução do contrato de concessão da exploração, aprovado com os votos contra da Somos Figueira, em junho)”.
Ao que Ana Carvalho argumentou: “Desconheço que haja esse levantamento rigoroso. A autarquia vai pagar ao arquitecto que melhor conhece o edifício".
Já para o presidente Ataíde, esta é a “melhor forma de resolver o assunto”.
“Ficamos, neste contexto, com os trabalhos por ele desenvolvidos. É a pessoa mais avalizada para levar isto com serenidade e de acordo com os direitos de autor”, justificou o presidente, fazendo referência à relação de proximidade que Carlos Figueiredo tem com o arquitecto Isaías Cardoso.
Ao que Miguel Almeida respondeu: “A mim não me custa aceitar que Carlos Figueiredo reúna as condições. O que custa é a forma como o processo foi conduzido. E não foi bem conduzido, constitui uma ilegalidade”.
Resposta de João Ataíde: "Foi o possível em função das circunstâncias. Reconheço que é a solução possível no contexto que foi criado. Achamos que estamos a fazer isto nos termos correctos de boa gestão dos dinheiros públicos”.
E pronto.
A proposta de contratação de serviços de consultadoria, no âmbito do processo de reabilitação e exploração do Complexo Piscina Mar, foi aprovada com três votos contra da Somos Figueira. |
As maiorias absolutas têm uma função bem definida desde que Deus as inventou: servem para isto...
Em resposta, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde, declarou que “é altura de começar a pensar”.
Miguel Almeida, também vereador Somos Figueira, na oposição, veio a terreiro para "reclamar uma resposta concreta."
João Ataíde ripostou: “Vamos abrir e enviar o convite aos vários interessados para se apresentar, com tempo, uma solução”.
A reunião camarária, estava no chamado período antes do período da ordem do dia.
No entanto, a questão levantada por Ana Catarina Oliveira, a proposta de contratação de serviços de consultadoria, no âmbito do processo de reabilitação e exploração do complexo Piscina de Mar, fazia parte da agenda de trabalhos.
Na oportunidade, a vereadora da oposição solicitou mais esclarecimentos sobre o referido ponto e lembrou que, no passado mês de novembro, foi à reunião de câmara um ponto em tudo semelhante, onde o valor era de 15 mil euros.
As explicações foram dadas pela vereadora Ana Carvalho.
Afirmou que a consultadoria estará a cargo de Carlos Figueiredo (foi o penúltimo dos concessionários do Complexo Piscina Mar). “O acordo foi definido por ajuste directo ao arquitecto Carlos Figueiredo, no valor próximo de 18 mil euros”, disse a vereadora Ana Carvalho.
"Só o arquitecto Figueiredo reúne as condições? E com que base chegaram ao valor 18 mil euros?” foram algumas das questões levantadas a seguir pela vereadora da oposição Somos Figueira, Ana Catarina Oliveira.
A vereadora socialista Ana Carvalho, em resposta, argumentou que o arquitecto já havia feito o levantamento exaustivo no complexo, trabalho que iria demorar muito tempo se fosse outra pessoa. Isto porque, alegou que o arquitecto “reúne todas as condições”.
“Vai fazer o caderno de encargos, acompanhará as propostas, analisa e conduzirá a obra”, disse Ana Carvalho.
Miguel Almeida veio novamente à discussão deste ponto.
Admitindo desconhecer que os serviços tinham sido adjudicados ao arquitecto Carlos Figueiredo, o vereador Miguel Almeida fez alusão ao facto de que “em 1998, a câmara lançou um concurso para as obras do concelho, pelo que já existia um levamento total do edifício”.
“É preciso perceber o que aconteceu a isso”, sublinhou Miguel Almeida, que disse ainda: “Não deixa de ser extraordinário que o arquitecto tenha feito o ajuste directo”.
“Afinal tem os 32,5 mil euros que ele tinha pedido (com base na resolução do contrato de concessão da exploração, aprovado com os votos contra da Somos Figueira, em junho)”.
Ao que Ana Carvalho argumentou: “Desconheço que haja esse levantamento rigoroso. A autarquia vai pagar ao arquitecto que melhor conhece o edifício".
Já para o presidente Ataíde, esta é a “melhor forma de resolver o assunto”.
“Ficamos, neste contexto, com os trabalhos por ele desenvolvidos. É a pessoa mais avalizada para levar isto com serenidade e de acordo com os direitos de autor”, justificou o presidente, fazendo referência à relação de proximidade que Carlos Figueiredo tem com o arquitecto Isaías Cardoso.
Ao que Miguel Almeida respondeu: “A mim não me custa aceitar que Carlos Figueiredo reúna as condições. O que custa é a forma como o processo foi conduzido. E não foi bem conduzido, constitui uma ilegalidade”.
Resposta de João Ataíde: "Foi o possível em função das circunstâncias. Reconheço que é a solução possível no contexto que foi criado. Achamos que estamos a fazer isto nos termos correctos de boa gestão dos dinheiros públicos”.
E pronto.
A proposta de contratação de serviços de consultadoria, no âmbito do processo de reabilitação e exploração do Complexo Piscina Mar, foi aprovada com três votos contra da Somos Figueira. |
As maiorias absolutas têm uma função bem definida desde que Deus as inventou: servem para isto...
Maria de Belém acusada de insultar Mário Soares
O fundador do PS Alfredo Barroso entrou em polémica com Maria de Belém e acusa a candidata à presidência da República de insultar Mário Soares por ter afirmado que Almeida Santos é "porventura o maior de todos os socialistas vivos".
Alfredo Barroso classifica a afirmação da ex-ministra da Saúde como “estúpida” e “vergonhosa” e apela a “todos os socialistas convictos, para que nem um só dê o seu voto a uma candidata a Presidente da República capaz de tamanha canalhice, que de socialista não tem absolutamente nada e que sempre se encostou vergonhosamente à Igreja, às grandes empresas do sector da saúde e à direita reaccionária para fazer pela vida”.
Via jornal i
Alfredo Barroso classifica a afirmação da ex-ministra da Saúde como “estúpida” e “vergonhosa” e apela a “todos os socialistas convictos, para que nem um só dê o seu voto a uma candidata a Presidente da República capaz de tamanha canalhice, que de socialista não tem absolutamente nada e que sempre se encostou vergonhosamente à Igreja, às grandes empresas do sector da saúde e à direita reaccionária para fazer pela vida”.
Via jornal i
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
"(…) Ontem como hoje, vinham por aí abaixo (…)"
"Nos séculos passados, é evidente o que deve ter acontecido"…
"(…) Alguns lembram-se de ouvir a mesma coisa aos velhos e teimam: — Somos de Ílhavo… Viemos de Ílhavo… — Também tenho a ideia de que foram os cagaréus que povoaram os melhores e mais piscosos pontos da costa. Ontem como hoje, vinham por aí abaixo, aos dois e três barquinhos juntos, até ao Algarve. (…) O peixe era tanto como no princípio do mundo (…)"
(…) Isto, de que não se deram conta os historiadores que têm tratado do mais célebre capítulo da História de Portugal, sabem-no os etnólogos que têm estudado as pobres comunidades piscatórias, da Póvoa a S.João da Foz, da Afurada à Murtosa, de Ílhavo a Buarcos, da Nazaré a Peniche. Sabem-no até os escritores e poetas que têm observado os pescadores e o seu largo mundo de miséria e de azul.
Apeteceria convidar os historiadores dos Descobrimentos a lerem Pedro Homem de Mello: (…) Virei costas à Galiza; voltei-me antes para o sul… (…) Virei costas à Galiza, voltei-me antes para o mar… (…).
Apeteceria convidá-los a lerem Raul Brandão: (…) Fito-os. É o mesmo tipo que conheço de Aveiro, de Caparica e de Sesimbra. O patrão Joaquim Lobo, de grandes barbas brancas, afirma que esta gente veio de Ílhavo. Alguns lembram-se de ouvir a mesma coisa aos velhos e teimam: — Somos de Ílhavo… Viemos de Ílhavo… — Também tenho a ideia de que foram os cagaréus que povoaram os melhores e mais piscosos pontos da costa. Ontem como hoje, vinham por aí abaixo, aos dois e três barquinhos juntos, até ao Algarve. Aparecia-lhes toda a costa incógnita, os penedos nascidos no meio do mar, os fios de areia reluzindo e as baías entranhadas nos paredões. À aventura iam ter às águas do peixe. E eu sinto como eles a primeira impressão dum panorama nunca visto e duma frescura que ninguém respirou. Descobriram os sítios a que a sardinha se encosta, os fundões que dão a pescada e o cherne, e os melhores abrigos para refúgio do mau tempo. Sabiam a costa a palmos. Voltavam um dia com a mulher, os filhos, a rede e a panela da caldeirada. Fixavam-se no areal, construíam os palheiros, cobrindo-os com rama, e fundavam uma nova povoação. O peixe era tanto como no princípio do mundo (…).
Já no nosso século, o processo continuou, semelhante ao que sempre deve ter sido nos séculos anteriores: como mostram Octávio Lixa Filgueiras e o Com. Gomes Pedrosa, as inovações contemporâneas (como a traineira) alastram a partir da zona basca e cantábrica: uma década mais tarde usam-se na Galiza, duas décadas depois usam-se em Peniche. Os exemplos de fixação galega contemporânea, como Vila Praia de Âncora, junto ao Forte da Lagarteira, simplesmente nos exemplificam os processos congéneres anteriores, ocorridos nos séculos passados em Buarcos, na Ria de Aveiro ou em Peniche.
Nos séculos passados, é evidente o que deve ter acontecido. Os historiadores dos Descobrimentos parecem até hoje não se ter apercebido de que o primeiro dos Descobrimentos Portugueses foi… precisamente… o do litoral português…
E os Descobrimentos seguintes, mais para sul… foram a continuação natural do anterior… e feitos pela mesma gente… (…)
ALFREDO PINHEIRO MARQUES
A Maldição da Memória do Infante Dom Pedro e as Origens dos Descobrimentos Portugueses
"(…) Alguns lembram-se de ouvir a mesma coisa aos velhos e teimam: — Somos de Ílhavo… Viemos de Ílhavo… — Também tenho a ideia de que foram os cagaréus que povoaram os melhores e mais piscosos pontos da costa. Ontem como hoje, vinham por aí abaixo, aos dois e três barquinhos juntos, até ao Algarve. (…) O peixe era tanto como no princípio do mundo (…)"
(…) Isto, de que não se deram conta os historiadores que têm tratado do mais célebre capítulo da História de Portugal, sabem-no os etnólogos que têm estudado as pobres comunidades piscatórias, da Póvoa a S.João da Foz, da Afurada à Murtosa, de Ílhavo a Buarcos, da Nazaré a Peniche. Sabem-no até os escritores e poetas que têm observado os pescadores e o seu largo mundo de miséria e de azul.
Apeteceria convidar os historiadores dos Descobrimentos a lerem Pedro Homem de Mello: (…) Virei costas à Galiza; voltei-me antes para o sul… (…) Virei costas à Galiza, voltei-me antes para o mar… (…).
Apeteceria convidá-los a lerem Raul Brandão: (…) Fito-os. É o mesmo tipo que conheço de Aveiro, de Caparica e de Sesimbra. O patrão Joaquim Lobo, de grandes barbas brancas, afirma que esta gente veio de Ílhavo. Alguns lembram-se de ouvir a mesma coisa aos velhos e teimam: — Somos de Ílhavo… Viemos de Ílhavo… — Também tenho a ideia de que foram os cagaréus que povoaram os melhores e mais piscosos pontos da costa. Ontem como hoje, vinham por aí abaixo, aos dois e três barquinhos juntos, até ao Algarve. Aparecia-lhes toda a costa incógnita, os penedos nascidos no meio do mar, os fios de areia reluzindo e as baías entranhadas nos paredões. À aventura iam ter às águas do peixe. E eu sinto como eles a primeira impressão dum panorama nunca visto e duma frescura que ninguém respirou. Descobriram os sítios a que a sardinha se encosta, os fundões que dão a pescada e o cherne, e os melhores abrigos para refúgio do mau tempo. Sabiam a costa a palmos. Voltavam um dia com a mulher, os filhos, a rede e a panela da caldeirada. Fixavam-se no areal, construíam os palheiros, cobrindo-os com rama, e fundavam uma nova povoação. O peixe era tanto como no princípio do mundo (…).
Já no nosso século, o processo continuou, semelhante ao que sempre deve ter sido nos séculos anteriores: como mostram Octávio Lixa Filgueiras e o Com. Gomes Pedrosa, as inovações contemporâneas (como a traineira) alastram a partir da zona basca e cantábrica: uma década mais tarde usam-se na Galiza, duas décadas depois usam-se em Peniche. Os exemplos de fixação galega contemporânea, como Vila Praia de Âncora, junto ao Forte da Lagarteira, simplesmente nos exemplificam os processos congéneres anteriores, ocorridos nos séculos passados em Buarcos, na Ria de Aveiro ou em Peniche.
Nos séculos passados, é evidente o que deve ter acontecido. Os historiadores dos Descobrimentos parecem até hoje não se ter apercebido de que o primeiro dos Descobrimentos Portugueses foi… precisamente… o do litoral português…
E os Descobrimentos seguintes, mais para sul… foram a continuação natural do anterior… e feitos pela mesma gente… (…)
ALFREDO PINHEIRO MARQUES
A Maldição da Memória do Infante Dom Pedro e as Origens dos Descobrimentos Portugueses
A Figueira nunca foi uma cidade de pequenos ditadores...
Estou a assistir à reunião da câmara municipal, via online (na Figueira, as reuniões de Câmara públicas, apenas a última de cada mês, são transmitidas em directo na internet)...
Neste momento, ao assistir a mais uma
destas reuniões tão intensamente polvilhadas de realidade, nem sei
bem porque me voltei a lembrar de sonhos.
Já passaram mais de 3 meses sobre o
acidente do Olívia Ribau e ainda não se sabe nada sobre o inquérito
aberto pelo ministro da Defesa da altura.
Agora, segundo o que veio a público no
sábado, a
ministra do Mar, "Ana Paula Vitorino vai criar um grupo de trabalho para avaliar as condições de segurança da barra do porto da Figueira da Foz, onde em outubro morreram cinco pescadores".
A reunião de câmara está a
continuar. Neste momento, estão a falar das obras da praia da
“calamidade” e eu estou a ficar com a sensação de estar a ver
mais um daqueles filmes em que o protagonista chega a uma aldeia que
só parece deserta porque, uns estão a fazer a sesta e os que o
esperam não contavam com ele tão cedo...
"A obra vai-se fazer", diz o presidente Ataíde a arrumar a questão...
A oposição é que ainda não percebeu o seu papel: colocar questões e levantar dúvidas, então isso é o papel de quem perdeu eleições?..
Aprendam a não chatear: João Ataíde é, apenas, um "ditador à moderna"...
Aldeia do Mar
"Na campanha eleitoral da candidatura para o primeiro mandato – vai no segundo – , João Ataíde prometeu a Aldeia do Mar, um conceito para desenvolver a economia azul, a nível local. Indagado pelos jornalistas sobre o assunto, à margem da inauguração do referido laboratório, o autarca gracejou: «As aldeias vão-se construindo, casinha a casinha. [O centro de investigação da UC] é uma espécie de igreja matriz ou um coreto»."
Via AS BEIRAS
Via AS BEIRAS
Coisa rara e pouco vista: só acontece uma vez por mês...
Hoje, pelas 15H00, realiza-se uma reunião de câmara à porta aberta.
Entre os diversos pontos da agenda encontram-se a renegociação da dívida da autarquia, que permite uma redução do spread, de 3,25% para 2,75%, e o processo de reabilitação e exploração do complexo da piscina-mar.
domingo, 17 de janeiro de 2016
sábado, 16 de janeiro de 2016
Mortes no porto da Figueira preocupam a Ministra do Mar, que "admitiu que das conclusões do grupo de trabalho poderão levar a uma intervenção de fundo na barra"
para ver melhor, clicar na imagem |
Recorde-se Alfredo Pinheiro Marques: "a obra do aumento de quatrocentos (400) metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz (e com a alteração da sua orientação, de oés-sudoeste [WSW, c.247º] para sudoeste [SW, c.225º]), criou um novo e muito diferente enfiamento da linha de entrada e saída das embarcações, que deixou de ser de oeste [W, 270º], ou oés-sudoeste [WSW, c.247º], e passou a ser de su-sudoeste [SSW, c.202º], e muito mais longa do que era antes… Assim obrigando, portanto, a que as embarcações pequenas fiquem expostas, lateralmente, às vagas da ondulação marítima dominante (que, aqui, na enseada de Buarcos, é de noroeste [NW, c. 315º]… Expostas, de través, numa extensão longuíssima… a sul de uma costa arenosa (areia acumulada…) e com fundos baixos… Expostas, obliquamente, enquanto demandam a barra, não aprofundável, que se situa em cima das lajes de pedra em cujo extremo norte está o Forte de Santa Catarina, na Foz do Mondego.
Uma situação impossível para os barcos pequenos, os de pesca e recreio.
Essa obra foi exigida, anunciada, e aprovada, em 2006, 2007 e 2008; teve início neste último ano; realizou-se ao longo de 2009; e ficou pronta em 2010 — e, por isso, logo a partir desse ano começou a alterar as condições da deriva sedimentar, e com o tempo acumulou as areias, ao longo dos anos (até começarem mesmo a contornar a cabeça do molhe norte…), e esse acrescido assoreamento das areias levou, concomitantemente, ao consequente alteamento das vagas nessa zona.
Um assoreamento que, como era previsível, se avolumou mais e mais, ao longo dos anos. Os resultados não se fizeram esperar."
A impressionante lista dos acidentes e dos mortos pode ser de novo conferida clicando aqui.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
Ficou todo apanhado do lado esquerdo... Apesar da fisioterapia que teve que fazer, a coluna encolheu tanto que desse lado parece um anão...
Francisco Assis faz forte ataque a
Sampaio da Nóvoa, acusando a esquerda portuguesa de aderir a uma
"retórica programaticamente eunuca".
Por Belém...
«O professor Marcelo das análises aos problemas profundos do país, dos lares de idosos, da marmita da bolacha, do desemprego e da pobreza, mal chegue a Belém, vai falar com o Ronaldo. Tanta sabedoria, tanta vida, tanta pátria e faz o que faria qualquer "teenager". Provavelmente, quer uma "selfie" com ele. (…)
Sempre pensei que, assim que chegasse a Presidente da República, o seu primeiro gesto não fosse para com os que tudo têm. Do que conheço de Marcelo, esperava que o seu primeiro gesto fosse para os que foram donos disto tudo. Marcelo ainda me surpreende.»
A explicação é tão simples...
Se os figueirenses, nos últimos 40 anos, tivessem acompanhado com alguma atenção o que se tem passado na vida política local, teriam facilmente verificado que na Figueira, ao longo destas 4 décadas, nem os que governaram, nem os que fizeram oposição, actuaram a pensar no povo.
Mais do que correntes políticas, ou de pensamento, a Figueira esteve sempre nas mãos de elites que detêm todos os poderes - em especial o económico.
Ao longo de todos estes anos, se tivessem estado atentos ao que se passa na sua cidade, teriam verificado que estas elites (há quem lhe chame seitas...) exerceram o poder político em função dos seus próprios interesses - individuais e de grupo.
Na Figueira, a política é feita com alianças estranhas, que envolvem troca de favores, facilitação de "tachos" e atitudes e negócios difíceis de entender para o comum dos locais.
A cereja em cima do bolo, ao longo dos últimos 40 anos, tem sido a exibição permanente de diversas vaidades pessoais.
Os donos da Figueira sabem que interesses próprios, são diferentes dos interesses públicos.
Reparem no seguinte pormenor: sabem qual é a grande obra do regime que vai arrancar em Fevereiro próximo?..
Com tanta coisa que a cidade e o resto do concelho precisam, acham que, ao contrário de tudo o que é racional, é por acaso que vão ser gastos cerca de 2 milhões de euros no areal da praia da Calamidade?
Nos últimos 40 anos, PS e PSD repartiram o poder autárquico na Figueira.
PSD 12 anos e o PS o resto do tempo.
Ambos foram iguais: associações de albergue aos apaniguados, salvo uma ou outra muito rara excepção, o que de pior a sociedade produz, gente que ganha a vida como lhe for possível, não olhando a outros interesses que não os seus.
Portanto, calma. O pó vai assentar e os mesmos do costume vão acabar por entender-se e continuar a fazer a sua vida à sombra desta democracia de maus costumes e de más práticas.
Mais do que correntes políticas, ou de pensamento, a Figueira esteve sempre nas mãos de elites que detêm todos os poderes - em especial o económico.
Ao longo de todos estes anos, se tivessem estado atentos ao que se passa na sua cidade, teriam verificado que estas elites (há quem lhe chame seitas...) exerceram o poder político em função dos seus próprios interesses - individuais e de grupo.
Na Figueira, a política é feita com alianças estranhas, que envolvem troca de favores, facilitação de "tachos" e atitudes e negócios difíceis de entender para o comum dos locais.
A cereja em cima do bolo, ao longo dos últimos 40 anos, tem sido a exibição permanente de diversas vaidades pessoais.
Os donos da Figueira sabem que interesses próprios, são diferentes dos interesses públicos.
Reparem no seguinte pormenor: sabem qual é a grande obra do regime que vai arrancar em Fevereiro próximo?..
Com tanta coisa que a cidade e o resto do concelho precisam, acham que, ao contrário de tudo o que é racional, é por acaso que vão ser gastos cerca de 2 milhões de euros no areal da praia da Calamidade?
Nos últimos 40 anos, PS e PSD repartiram o poder autárquico na Figueira.
PSD 12 anos e o PS o resto do tempo.
Ambos foram iguais: associações de albergue aos apaniguados, salvo uma ou outra muito rara excepção, o que de pior a sociedade produz, gente que ganha a vida como lhe for possível, não olhando a outros interesses que não os seus.
Portanto, calma. O pó vai assentar e os mesmos do costume vão acabar por entender-se e continuar a fazer a sua vida à sombra desta democracia de maus costumes e de más práticas.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Câmara e Naval dialogaram hoje
"A pedido da direcção da Naval 1º de Maio decorreu hoje nos Paços do Concelho uma reunião com o Presidente da Câmara.
O objectivo deste encontro foi esclarecer pessoalmente o Sr. Presidente acerca de alguns comunicados publicados recentemente nas redes sociais e que em nada contribuem para o alcançar de uma solução, que se pretende célere e eficaz.
Reconhecendo o incumprimento do contrato assinado com o Município, a direcção da Naval 1º de Maio comprometeu-se a apresentar uma proposta que não ponha em causa a continuidade da utilização do Estádio Municipal José Bento Pessoa.
O Presidente João Ataíde agradeceu a cordialidade da direcção da Naval 1º de Maio, disponibilizou toda a ajuda técnica necessária e pugnará pela resolução breve desta questão."
Via Município da Figueira da Foz
O objectivo deste encontro foi esclarecer pessoalmente o Sr. Presidente acerca de alguns comunicados publicados recentemente nas redes sociais e que em nada contribuem para o alcançar de uma solução, que se pretende célere e eficaz.
Reconhecendo o incumprimento do contrato assinado com o Município, a direcção da Naval 1º de Maio comprometeu-se a apresentar uma proposta que não ponha em causa a continuidade da utilização do Estádio Municipal José Bento Pessoa.
O Presidente João Ataíde agradeceu a cordialidade da direcção da Naval 1º de Maio, disponibilizou toda a ajuda técnica necessária e pugnará pela resolução breve desta questão."
Via Município da Figueira da Foz
Subscrever:
Mensagens (Atom)