quinta-feira, 3 de julho de 2014

A propósito de Sophia...

deve e o haver...

Gostei de ler


"O senhor vereador da cultura da câmara municipal da Figueira da Foz não é um homem sem qualidades. Pelo contrário. Uma delas é que é um homem de ideias fixas.
O vereador António Tavares, ele próprio também escritor (embora não seja nenhum Musil), acha que a literatura é assim uma espécie de concurso de abóboras. Para ele alguns escritores são mais dignos que outros – mais bem comportados; mais belos; mais, sei lá, redondinhos ou simétricos; mais fotogénicos; enfim, mais recomendáveis.
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A Biblioteca Municipal acaba, pelos vistos, de perder o espólio de Joaquim Namorado porque os familiares do poeta se fartaram de ver o nome e o legado deste continuamente enxovalhados pela câmara municipal de uma cidade que ele escolheu para viver e morrer e a quem deu tudo.
O vereador acha, peremptório, que “a opção da autarquia, no que a prémios literários respeita, se esgota no figueirense João Gaspar Simões”
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Eu acho que o escritor e cidadão Tavares está no seu direito de preferir o segundo modernismo ou presencismo ao neo-realismo. Mas também acho que o vereador da cultura não tem o direito de impôr os seus gostos ou desgostos. 
Acrescento que nada tenho contra o prémio literário João Gaspar Simões. Penso todavia que faria sentido a recuperação do prémio Joaquim Namorado (uma coisa não impediria a outra, como referi aqui). Seria um sinal de civilidade, de justiça, de maturidade. de pluralismo, que sei eu, de capacidade de conviver com os seus eus contraditórios.
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Que diabo, esta pequena cidade de província sempre é a cidade natal (e adoptada) de dois dos mais representativos escritores das correntes literárias que, embora antagónicas, foram as dominantes na literatura portuguesa no século vinte. Mas também é a cidade que deu à cultura portuguesa vultos como o filósofo Joaquim de Carvalho, o pintor surrealista Cândido Costa Pinto, o escultor e professor Gustavo Bastos, o escritor e cineasta abjeccionista João César Monteiro, o genial (e hoje um tanto esquecido) maestro e compositor David de Sousa.
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Não, a Figueira da Foz não é uma cidadezinha qualquer, no que à cultura diz respeito. É uma cidade plural, rica em diversidade, contraditória. Devia celebrá-lo. Com orgulho e sem preconceitos; sem pruridos nem psicoses, nem complexos paroquiais.
A cultura na Figueira merecia mais; muito mais. Não devia esgotar-se nas opções ideológicas do seu regedor."

A crise de S. Pedro e o acompanhamento que os partidos políticos dão aos seus eleitos

A direcção do Secretariado da Concelhia do PS, segundo o jornal AS BEIRAS de hoje, reúne-se no próximo domingo, pelas 21 horas, com os elementos que concorreram pelo Partido Socialista à junta de Freguesia de S. Pedro em 2013.
Só depois da reunião do próximo domingo é que a concelhia do PS e o presidente da junta de S. Pedro se voltam a pronunciar sobre o assunto.
Por vezes, penso que devo ser um ser de outro planeta
Desde que este assunto anda a marinar pelos locais do diz-se diz-se da Cova-Gala, até chegar ao jornal AS BEIRAS, por intermédio de uma investigação do j´Alves, que deve ter sido dificílima, e depois ter chegado à Assembleia de Freguesia de S. Pedro, esta foi a primeira medida sensata tomada pelo PS figueirense na gestão desta crise. Espero que, por sua vez, o António Samuel se cale até domingo. 
Se a oposição cumpriu o seu papel, não por ser oposição, mas pela posição que  tomou,  confesso que a posição que o PS ainda não tomou, deixando arrastar o caso, me deixou apreensivo
Tudo o que o António Samuel disse nas 4 entrevistas que li é de bradar aos céus... 
Que um presidente de junta, admita que errou, poderia, no limite,  revelar alguma maturidade política dependendo da amplitude do erro.

Agora, que um presidente de junta diga que se soubesse o que sabe hoje, faria as coisas de forma diferente, ajustando a informação entretanto adquirida à realização dos factos, revela que não tem ideias fixas, nem condições nem discernimento pessoal e político para continuar a ser presidente de junta.
E o PS da  Figueira tinha a obrigação de se ter apercebido disto há mais tempo... 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

O fim político de António Samuel - que diariamente agoniza aos nossos olhos - está a ser uma tragédia: o «político» está a morrer no circo mediático figueirense, ao estilo de sacrifício romano... Espero que o homem consiga sobreviver ...


para ler melhor clicar na imagem

A homenagem do vereador Tavares ao Dr. Joaquim Namorado, na Figueira...

Diário de Coimbra de 2 de Julho de 2014, quarta-feira, página 12. Para ler melhor clicar em cima da imagem abaixo.
CULTURA Cerca de 600 livros, entre obras de Joaquim Namorado e primeiras edições, devem deixar a Figueira em breve, com o aval do vereador da cultura
O dia, que era de homenagem, acabou por ficar marcado pelo anúncio da intenção da família de Joaquim Namorado em retirar da Biblioteca Municipal da Figueira da Foz o seu espólio, levando-o para o Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, onde Joaquim Namorado é um dos nomes grandes.
As vitrinas com material de e sobre Joaquim Namorado - na mostra bibliográfica com que a Divisão de Cultura assinalou, esta segunda-feira, o centenário do nascimento do poeta e escritor - não chegaram para convencer os seus descendentes do interesse em manter na Figueira o espólio em depósito. O fim aparentemente irreversível do Prémio de Conto Joaquim Namorado, instituído quando o poeta ainda era vivo e dado por findo no mandato de Santana Lopes na autarquia figueirense, está na origem da decisão, difícil, que umas das filhas, Teresa, já trazia na bagagem.
«Também havia homenagens ao meu pai, em Coimbra, a que gostaria de ter ido, mas optei por vir à Figueira, para perceber se havia intenção de reeditar o prémio», explicou ao Diário de Coimbra. «O meu pai era um apaixonado pela Serra da Boa Viagem e pela Figueira da Foz, ficou muito emocionado com a homenagem que a Barca Nova lhe fez em 1983 e com a instituição do prémio com o seu nome. Foi por isso que destinou parte do do seu espólio a depósito na biblioteca municipal», recordou. «Na altura os livros ficaram expostos, numa estante com o nome dele e da minha mãe, como ele tinha pedido. Agora estão guardados, são consultáveis mas estão, literalmente, em depósito», lamentou. «Julgo que o meu pai merecia mais e, sem o prémio e sem as obras expostas, não vejo grande interesse em mantê-las cá», disse, reconhecendo, no entanto, que da parte das  pessoas «há ainda um grande carinho na Figueira pelo poeta. Mas, em termos públicos está esquecido», concluiu.
«Está esquecido e  não devia», disse Pedrosa Russo, amigo do poeta falecido em 1986, na conversa que se seguiu à apresentação de Joaquim Namorado por António Augusto Menano.
«Chegou a ser aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta, mas hoje o nome que lá está é outro», lamentaram algumas dos presentes, recordando «a figura» que era Joaquim Namorado, «homem são, frontal e generoso», para além de prolixo autor. A concretizar-se a intenção da família, em breve o espólio de Joaquim Namorado poderá ser visto e consultado, de forma integrada, no Museu Neo-Realista, em Vila Franca de Xira.
«Faz sentido», admitiu no final da homenagem, o vereador da Cultura, António Tavares, reafirmando que a opção da autarquia, no que a prémios literários respeita, se esgota «no figueirense João Gaspar Simões».
 

Em tempo.
Não sei se vocês se lembram, mas nos tempos da minha juventude, havia uma secção nalguns jornais, como por exemplo no «Diário Popular», que despertava particularmente a minha curiosidade.
Intitulava-se «Acredite se quiser...» e era um misto de retratos do insólito e de jornal do incrível, onde se relatavam factos extravagantes e acontecimentos inacreditáveis.
Desde então, tenho visto atitudes de responsáveis políticos que, pela sua inverosimilhança ou hipocrisia, me fazem lembrar, inevitavelmente, essa fantástica secção.
Foi o que senti na passada segunda-feira no Museu da Figueira da Foz no pouco que consegui aguentar: foi duro ver um resistente à ditadura de Salazar, ser assim (mal) tratado por esta profunda tristeza democrática em que a Figueira mergulhou...

terça-feira, 1 de julho de 2014

Será que os socialistas são crianças* a vida inteira?..

António Samuel fez três levantamentos com o cartão de crédito de Junta de Freguesia de São Pedro para uso pessoal.
O caso foi revelado na assembleia de freguesia, no final da semana passada, e admitido ontem pelo próprio presidente, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS. 
“Foi uma grande emergência pessoal. Foi uma situação aflitiva e a inexperiência fez-me fazer isso. Podia ter solicitado dinheiro vivo e não utilizar o cartão”, declarou o autarca ao jornal.
Foi a urgência da situação que o levou a não ponderar a alternativa do “dinheiro vivo”, revelou ainda António Samuel. 
Os levantamentos, num total de cerca de 500 euros, foram feitos no início de novembro, dois num dia e o outro no dia seguinte, apurou o DIÁRIO AS BEIRAS. O dinheiro foi levantado para pagar uma multa pessoal, disse o presidente da junta de São Pedro na assembleia de freguesia. Cerca de três meses depois dos levantamentos, António Samuel repôs o dinheiro.”


* Em tempo. 
Foi escrito em 1964. Sophia de Mello Breyner Andresen, umas das maiores escritoras portuguesas, terá conseguido, nesta obra, a sua melhor história para crianças. 
E tantas outras elas escreveu, igualmente a não perder - «A Fada Oriana»«O Rapaz de Bronze»«A Menina do Mar»«A Floresta», contos que Sophia escreveu nas décadas de 50 e 60 e que ficaram marcados como obras incontornáveis no seu riquíssimo percurso literário. 
«O Cavaleiro da Dinamarca» é um livro escrito para as crianças, que todos os adultos deviam ler. Fala de um percurso pessoal, fala de honra, fala de História e cruza, de uma forma magistral, a verdade histórica com a imaginação. Apela à memória, mostra a importância de cumprirmos as nossas promessas e faz-nos ver que, por muitas voltas que a vida dê, precisamos muito, precisaremos sempre, de voltar a estar perto de quem nos quer bem.
Leiam. 
É um livrinho, muito barato, muito acessível, que se lê num fôlego. 
E é muito bonito.

Carlos do Carmo


Lançamento do livro "Joaquim Namorado - No centenário do seu nascimento" de Jaime Ferreira


A editora Lápis de Memórias e o autor Jaime Ferreira, convidam V. Exa(s) para a apresentação pública do livro, “Joaquim Namorado – No centenário do seu nascimento”, a realizar, hoje, dia 1 de Julho, às 18h00, na sala polivalente da Casa Municipal da Cultura (Rua Pedro Monteiro – Coimbra).

segunda-feira, 30 de junho de 2014

O MELHOR PRÉMIO

Como todos os que passam por este espaço sabem, Joaquim Namorado, hoje, pelas 18h30, vai ser recordado na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, na passagem do centenário do seu nascimento.
Em janeiro de 1983 o jornal barca nova prestou-lhe uma merecida homenagem, na sequência da qual a edilidade figueirense criou um prémio literário com o seu nome.
Na sua passagem pela Figueira, Santana Lopes resolveu acabar com essa homenagem a Joaquim Namorado.
Na minha opinião, se a homenagem que a Câmara da Figueira da Foz vai promover na passagem do centenário do Dr. Joaquim Namorado não incluir a reposição do Prémio Literário que a Direita extinguiu considero isso uma traição à sua memória. Há princípios que não são provisórios.
Só quem esteve na homenagem que a Figueira e o País prestou a Joaquim Namorado, em janeiro de 1983, sabe o que representou, na altura, para o Poeta da Incomodidade o Prémio Literário que a Câmara da Figueira criou com o seu nome.
Foi, apenas e só, nas palavras do prórprio Dr. Joaquim Namorado, “o melhor Prémio...”.

FERNANDES TOMÁS, PATRIARCA DA LIBERDADE

Na Figueira,  sempre foi proibido questionar convenções.
Quem o faz é imediatamente alvo de campanhas de ostracização.
Se algo ameaça a postura convencional, então é porque é extremista, ou marginal, ou pior.
Assim, não é de surpreender que – talvez na Figueira mais do que em qualquer outra cidade - os génios sejam todos póstumos.
É biografia recorrente aquela que acaba por concluir que, em vida, a excelsa pessoa nunca foi compreendida ou admirada.
Foi preciso morrer na miséria e na amargura para postumamente lhe reconhecerem o devido valor.
FERNANDES TOMÁS, PATRIARCA DA LIBERDADE, nasceu há 234 anos.

H, de “hipocrisia”...

foto Figueira na Hora
Santana Lopes fez um enorme esforço na promoção do concelho, captando mais turistas e tornando a Figueira numa referência no turismo nacional, para que se tornasse menos difícil convencer os grandes grupos hoteleiros a investir. Ainda assim, Duarte Silva, não teve tarefa fácil na captação desses investimentos.
Chegou a ser anunciado um hotel do Grupo Monte Belo, junto das Abadias, mas o investidor acabou por desistir. A única tentativa que deu frutos foi a do agora estreado Hotel da Ponte do Galante.
Duarte Silva, para alcançar este investimento, teve de permitir ao investidor a construção de cerca de trezentos apartamentos, o que causou um coro de críticas de vários sectores da sociedade civil e em especial dos vizinhos do empreendimento. O que é certo é que foi a única forma que o autarca encontrou para viabilizar uma grande unidade hoteleira. Discutível? Certamente, mas foi uma opção e a história o julgará por isso.
Na semana em que abriu portas, a comunicação social e a câmara foram convidadas a conhecer o Hotel. Não é que num enorme exercício de hipocrisia, à excepção de António Tavares, os membros do executivo camarário que no passado fizeram uma guerra sem quartel contra o empreendimento turístico, lá estavam todos?!
Quando foi para abrir o “champanhe”, lá foram deslumbrados cantar hossanas.”
Miguel Almeida, hoje no jornal AS BEIRAS.

Nota de rodapé.
Ao tempo que eu andava curioso por saber quem iria estar presente na inauguração do "babilónico edifício da Ponte Galante", como podem confirmar aqui, aqui e aqui...

Joaquim Namorado: 100 anos...


Joaquim Namorado viveu entre 1914 e 1986. Nasceu em Alter do Chão, Alentejo, em 30 de Junho. Se fosse vivo, faria hoje 100 anos. Por tal motivo, Alter do Chão, Coimbra e a Figueira da Foz, as terras por onde repartiu a sua vida, assinalam a data.
Mas Joaquim Namorado, em vida teve uma Homenagem. Tal aconteceu nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983. Por iniciativa do jornal barca nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem, que constituiu um acontecimento nacional de relevante envergadura, onde participaram vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa.
O vídeo acima, contém a gravação do discurso que Joaquim Namorado fez na oportunidade – já lá vão mais de 31 anos.

Há pessoas que nos estimulam. São as pessoas  que nunca se renderam ao percurso da manada.
Joaquim Namorado foi desses raros Homens e Mulheres que conheci.
Considerava-se um figueirense de coração e de acção – chegou a ser membro da Assembleia Municipal, eleito pela APU.
Teve uma modesta residência na vertente sul da Serra da Boa Viagem. Essa casa, aliás, serviu de local para reuniões preparatórias da fundação do jornal barca nova.
Joaquim Namorado, foi um Cidadão que teve uma vida integra, de sacrifício e de luta, sempre dedicada à total defesa dos interesses do Povo.
Nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal barca nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem.
Na altura, lembro-me como se fosse hoje, nos bastidores do Casino Peninsular, escutei-o com deslumbramento.
Ao reviver o seu discurso, o que consegui a partir de uma gravação que obtive por um feliz acaso do destinofiquei com a certeza de que era necessário trazê-lo até aqui (fica o meu agradecimento ao Pedro Agostinho Cruz), pois o que escutei fala mais de quem foi e continua a ser Joaquim Namorado, no panorama cultural português, do que tudo o que alguém, por mais talentoso que seja, conseguiria alguma vez transmitir sobre uma personalidade tão especial e genuína. Neste documento, para mim com uma carga emocional enorme, está o Joaquim Namorado com quem convivi nas mesas do velho café Nau e na redacção do barca nova, que permanece vivo na minha memória. Ainda por cima, ouve-se também, ainda que de forma breve, a voz do Zé Martins.  
Na sequência dessa homenagem, a Câmara Municipal da Figueira, durante anos, teve um prémio literário, que alcançou grande prestígio a nível nacional.
Santana Lopes, quando passou pela Figueira, como Presidente de Câmara, decidiu acabar com o “Prémio do Conto Joaquim Namorado”.

Joaquim Namorado l
icenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Exerceu durante dezenas de anos o professorado no ensino particular, já que o ensino oficial, durante o fascismo, lhe esteve vedado.
Depois do 25 de Abril, ingressou no quadro de professores da secção de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Notabilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc. Obras poéticas: Aviso à Navegação (1941), Incomodidade (1945), A Poesia Necessária (1966). Ensaio: Uma Poética da Cultura (1994).)
Dizem que foi o Joaquim Namorado quem, para iludir a PIDE e a Censura, camuflou de “neo-realismo” o tão falado “realismo socialista” apregoado pelo Jdanov...
Entre muitas outras actividades relevantes, foi redactor e director da Revista de cultura e arte Vértice, onde ficou célebre o episódio da publicação de pensamentos do Karl Marx, mas assinados com o pseudónimo Carlos Marques. Um dia, apareceu na redacção um agente da PIDE a intimidar: “ó Senhor Doutor Joaquim Namorado, avise o Carlos Marques para ter cuidadinho, que nós já estamos de olho nele”...

Aquilo que se passou - o passado realmente acontecido - é o que resta na nossa memória. 
Joaquim Namorado continua presente na minha memóriaE é uma memória de que tenho orgulho.
Doutor (foi assim que sempre o tratei) - também sou um Homem coberto de dívidas. 
Consigo e com o  Zé, aprendi mais do que na escola: ensinamentos esses que deram sentido à minha vida, onde cabem a honra, a honestidade, a coragem, a justiça, o amor, a ternura, a fidelidade, o humor
Mas, para  Companheiros do barca nova nada há agradecer...
“É assim que as coisas se têm de continuar a fazer, pois a sarna reaccionária continua a andar por aí...”
A luta por uma outra maré continua!..
Até sempre e parabéns pelos cem anos, meu caro Doutor Joaquim Namorado

domingo, 29 de junho de 2014

S. Pedro da Cova e Gala 2014

Foto Pedro Agostinho Cruz

ALTA TENSÃO NA MINHA ALDEIA... (FESTAS DE SÃO PEDRO DA COVA-GALA – 2014) - V

As Festas de São Pedro na Cova-Gala terminam hoje.
Todavia, pelos vistos a polémica em torno do Mega Arraial no Cabedelo, cuja organização acabou por ver revogada a licença especial de ruído para o evento, vai continuar. Pedro Adérito, da comissão de festas, e Ana Carvalho, vereadora responsável pela emissão da licença, expõem aqui os seus argumentos.
A Dona Ana Carvalho, promovida a vereadora do presidente Ataíde, continua a desperdiçar óptimas oportunidades para se manter calma e quietinha depois de ter acordado mal disposta aí pelas 4 da manhã de uma noite destas... 
Numa cidade normal, já não era vereadora...

Já há muito tempo que não conseguia ver um jogo de futebol inteiro, mas ontem valeu a pena...

“Dos árbitros e da sorte não é lícito esperar uma coisa: que se virem ao mesmo tempo contra o Brasil.
De uma equipa de Scolari pode-se esperar todo o tipo de qualidades – entrega, crença, coração, empenho, devoção – entre o bélico e o religioso, só não se deve esperar bom futebol.
Isto é o fato à medida de uma competição a eliminar, com o tumulto emocional contínuo, o discernimento substituído pela fé cega que vai de tropeço em tropeço até ao paraíso.
Só o Brasil de Scolari sobreviveria ao remate do intruso Pinilla ao minuto 119...”

Recordando Joaquim Namorado e a necessidade de promover a unidade dos democratas

Vila Verde, 29 de Janeiro de 1982.  
Nessa data, realizou-se o jantar comemorativo do 4º. aniversário do barca nova.
Nessa noite, vivi uma das jornadas mais inesquecíveis da minha vida: foi uma jornada onde esteve presente o apelo à unidade das forças democráticas.
Posso viver muito mais anos ainda, mas jamais vou esquecer. Jamais se apagará da minha memória a recordação dessa jornada de 29 de janeiro de 1982 em Vila Verde.
Essa noite de 29 de janeiro de 1982, para quem a viveu – e alguns ainda estão vivos: Martelo de Oliveira (ex-deputado da ASDI), dr. Luis Melo Biscaia (nas palavras proferidas, na altura, por Joaquim Namorado: “em todas as manifestações da resistência, na longa noite fascista, Melo Biscaia não foi nunca um Companheiro que estava ao lado, mas sempre um Companheiro que estava do nosso lado”), Joaquim Jerónimo (em representação do PS), António Augusto Menano (em representação do PCP), dr. Joaquim de Sousa (presidente da câmara da Figueira da Foz na altura) – foi uma jornada inesquecível: não apenas por ter sido uma reunião de amigos; não apenas por ter sido uma reunião de pessoas  que mutuamente se respeitavam; mas, sobretudo, porque um modesto jornal como o barca nova, provou que era possível a congregação de esforços de pessoas de várias tendências na defesa intransigente de um ideal comum: a DEMOCRACIA.
Era assim em 1982, deveria continuar a ser assim em 2014.
Como disse na oportunidade o dr. Joaquim Namorado, “o barca nova tinha de ser o jornal dos operários, dos camponeses, dos intelectuais, de todos os trabalhadores. Temos de fazer do barca nova o jornal não de uma facção, mas de todas as forças democráticas. Definitivamente unidas”.
Estas palavras nunca mais me saíram da memória.
Tal como ouvi na altura ao dr. Orlando de Carvalho: temos de congregar esforços em torno do que nos une, afinal de contas muito mais do aquilo que nos divide.
29 de de janeiro de 1982, uma data importante na minha vida...

Joaquim Namorado


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Bom domingo