"Cheira mal.
Fechamos as janelas do carro e seguimos viagem.
Após 3 minutos e 3 quilómetros, já passou.
Ufa!
Olhamos para a roupa que seca ao ar livre. Imaginamos o que será viver a sul das celuloses. Ou melhor, não conseguimos imaginar. Será possível alguém habituar-se a este cheiro pestilento?
E se os "chefes" das celuloses fossem obrigados a viver aqui, a sul?
Ninguém duvida da importância das celuloses para a criação de emprego.
Sabemos também que são unidades industriais preocupadas com a saúde dos seus trabalhadores. Além de certificadas por diversas organizações, nacionais e internacionais.
Contudo, uma análise critica mostra uma falta de interesse da sociedade pela poluição directamente atribuível a esta indústria.
Um jornalista do Diário de Notícias, em 2002, revelou isso mesmo quando visitou a Leirosa: foi difícil falar sobre o assunto, nem os visados pela poluição deram a cara. É assunto tabu.
Na semana passada, uma ONG de defesa do ambiente publicou um top ten das unidades que mais poluem no país, com base em dados oficiais.
As celuloses da Figueira figuravam na lista.
Esperava-se uma "defesa", troca de argumentos e dados sobre a poluição, relativizando-a.
Nada disso.
Silêncio. Uma "não posição" inteligente, esvaziando um debate necessário.
Será que as celuloses podem fazer mais para reduzir a poluição?
Qual o verdadeiro impacto na qualidade do ar, na paisagem (eucaliptos), nas águas e no ambiente marinho?
Porque tememos a discussão."
Nota de rodapé.
Poluição, celuloses e tabus, é mais uma interessante crónica de João Vaz publicada no jornal AS BEIRAS.
Esta, publicada ontem, a meu ver, por motivos mais do que óbvios: de uma vez por todas, temos de tomar consciência, que a poluição está a dar cabo da nossa qualidade de vida e que, a prosseguir por este caminho, continuaremos a destruir o legado que recebemos.
A dissimulação é uma característica necessária à sobrevivência de alguns animais.
Contudo, quando se trata do homem toma conotações lá não muito recomendáveis, já que a associamos a uma certa dose de demagogia e falsidade...
Mas, pensando melhor: lá me estava a esquecer que, na sociedade figueirense, não se pode discutir tudo!..
Ainda vou acabar mal, por continuar a entender, que viver é enfrentar a vida e os seus perigos diariamente.
Ainda me vou lixar a valer, por continuar a entender, que a vida é luta permanente de sobrevivência - e não apenas a nível físico.
Calma pá. Isto, é um dia de cada vez: sobreviver mais um dia é uma pequena grande vitória, mas não deixa de ser o adiamento do inevitável.
Presumo que pouca gente deverá pensar nisto, pois é uma grande chatice...
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