terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Liberdade


Ser livre é querer ir e ter um rumo

e ir sem medo,

mesmo que sejam vãos os passos.

É pensar e logo

transformar o fumo

do pensamento em braços.

É não ter pão nem vinho,

só ver portas fechadas e pessoas hostis

e arrancar teimosamente do caminho

sonhos de sol

com fúrias de raiz.

É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto

e, mesmo assim,

só de pensar gritar

gritar

e só de pensar ir

ir e chegar ao fim.

Armindo Rodrigues.

Poeta, que não merecia estar assim tão esquecido.

“Licenciou-se em Medicina pela Universidade Nova de Lisboa, tendo sido dirigente da Associação Académica da respectiva Faculdade, participando na organização de uma greve, o que conduziu à sua primeira prisão.

Participou activamente no MUD e nas campanhas eleitorais para a Presidência da República sendo, de novo, preso.

Desenvolveu toda a sua vida profissional como médico nas zonas pobres de Lisboa”.

Num dia que está a ser particularmente difícil e doloroso, olho em frente, embora com certos sinais de tristura e desencanto, mas, também, de esperança, deleito o olhar no rio da minha Aldeia, a correr, ali mesmo, ao lado, em direcção à Figueira, e lembro, com saudade, esses dias de Abril já quase perdidos de vista…

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