Memória pessoal
Um dos rostos desta importante Exposição, promovida pelo Museu Marítimo de Ílhavo (lugar da memória dos ilhavenses que o criaram...) é o meu Pai, José Pereira Agostinho, náufrago por três vezes na pesca do bacalhau – nos navios Rio Caima e Comandante Tenreiro e ainda noutro que a memória da minha Mãe, actualmente com 79 anos de idade, já não consegue trazer à colação.
Hoje de manhã, fui visitar esta mostra de maus tratos, (“má comida, má dormida...Trabalhavam vinte horas, com quatro horas de descanso e isto, durante seis meses. A fragilidade das embarcações ameaçava a vida dos tripulantes") e emocionei-me.
Figueirenses: já que quem manda na nossa cidade, não soube honrar a memória destes heróis, não deixem passar esta oportunidade única e, até 31 de Dezembro próximo, passem pelo CAE.
Não percam “este intenso documentário de uma viagem ao bacalhau, que foi composto por Alan Villiers, um afamado repórter do National Geographic Magazine que, em 1950, embarcou no lugre Argus, vivendo e anotando todos os detalhes da campanha nos mares frios da Terra Nova e Gronelândia. Desta viagem deixou-nos um livro, um filme e um álbum de fotografias, que aqui se exibem, na sequência de um projecto expositivo elaborado pelo Museu Marítimo de Ílhavo."
Para que não fiquem para sempre no esquecimento, os os rostos e nomes dos heróis anónimos, naturais do Concelho da Figueira da Foz, que andaram ao bacalhau entre 1935 e 1974...
Como filho, neto e bisneto de pescadores, fica aqui a minha sentida homenagem a estes extraordinários Portugueses e um muito obrigado ao Museu Marítimo de Ílhavo.
Bem hajam.
Nota: mais fotos aqui.
Um dos rostos desta importante Exposição, promovida pelo Museu Marítimo de Ílhavo (lugar da memória dos ilhavenses que o criaram...) é o meu Pai, José Pereira Agostinho, náufrago por três vezes na pesca do bacalhau – nos navios Rio Caima e Comandante Tenreiro e ainda noutro que a memória da minha Mãe, actualmente com 79 anos de idade, já não consegue trazer à colação.Hoje de manhã, fui visitar esta mostra de maus tratos, (“má comida, má dormida...Trabalhavam vinte horas, com quatro horas de descanso e isto, durante seis meses. A fragilidade das embarcações ameaçava a vida dos tripulantes") e emocionei-me.
Figueirenses: já que quem manda na nossa cidade, não soube honrar a memória destes heróis, não deixem passar esta oportunidade única e, até 31 de Dezembro próximo, passem pelo CAE.
Não percam “este intenso documentário de uma viagem ao bacalhau, que foi composto por Alan Villiers, um afamado repórter do National Geographic Magazine que, em 1950, embarcou no lugre Argus, vivendo e anotando todos os detalhes da campanha nos mares frios da Terra Nova e Gronelândia. Desta viagem deixou-nos um livro, um filme e um álbum de fotografias, que aqui se exibem, na sequência de um projecto expositivo elaborado pelo Museu Marítimo de Ílhavo."
Para que não fiquem para sempre no esquecimento, os os rostos e nomes dos heróis anónimos, naturais do Concelho da Figueira da Foz, que andaram ao bacalhau entre 1935 e 1974...
Como filho, neto e bisneto de pescadores, fica aqui a minha sentida homenagem a estes extraordinários Portugueses e um muito obrigado ao Museu Marítimo de Ílhavo.
Bem hajam.
Nota: mais fotos aqui.
6 comentários:
Adorava estar aí para poder apreciar e estar bem perto desse rosto familiar.
Beijinhos
No Museu Marítimo de Ílhavo pode ver a recriação de um bacalhoeiro e de toda a vida da faina do bacalhau. Vale a visita!
Tive oportunidade, há 4 ou 5 anos atrás, de visitar este espaço, que me pareceu único, num País onde “persistem factores de ordem cultural que inibem o redimensionamento do papel dos museus e limitam as expectativas sociais sobre a oferta cultural dessas instituições”. O atraso, também cultural de Portugal, e a fraca imaginação na programação da maioria dos museus (sempre legitimada pela carência de recursos financeiros - facto e justificação) não favorecem o crescimento do “público de museus”. Todavia, o Museu Marítimo de Ílhavo distingue-se dos demais, desde logo pela arquitectura (foi nomeado para vários prémios), mas, igualmente, pelas colecções e sua interpretação, que me pareceram um hino e uma homenagem à memória de uma população ligada às actividades marítimas.
Eu, que tenho as raízes mais longínquas em Ílhavo (em finais do século XVIII, uma grave crise económica, acompanhada de fomes e epidemias, atinge o povoado de Ílhavo. A pesca que os Ílhavos praticavam na Ria e na costa de mar que lhes era próxima decaiu, obrigando-os a procurar outras paragens.), também recomendo uma visita àquele espaço único. Para abrir o apetite podem começar por consultar este site
http://www.museumaritimo.cm-ilhavo.pt.
É assim mesmo como dizes. Eu que não descendo de pescadores, mas de gente vinda das montanhas do norte e do centro deste país também gosto que a memória exportada para Ílhavo, em boa hora, já que na Figueira o que interessa realmente já não sei o que é, tenha tido o bom gosto de mostrar como se faz a quem não sabe ou não quer fazer. Um abraço do coimbrinha
Pelo que li, num dos muitos livros dedicados ao tema da pesca dos bacalhau era que as pessoas iam para essa profissão para evitarem prestar serviço militar, sendo por assim dizer uma troca. não iam para a tropa, iam para a pesca.
Será verdade? Já não tenho bem presente onde li isto.
Essa é uma questão interessante. Isso, realmente passsou-se na década de sessenta do século passado. Dada a escassez de mão de obra para a dura pesca do bacalhau o regime de salazar, cerejeira, tenreiro, tomás, concedia essa benesse: não se ía para a guerra colonial, mas em contrapartida teriam de fazer-se um número de viagens (penso que 12) à pesca do bacalhau. Se os homens do mar interrompessem, por qualquer motivo, as vagens iam bater com o costado em áfrica. Por aqui se vê a dureza das campanhas do bacalhau. E já não estamos a falar dos anos 30, 40, 50...
Há muitas estórias, muitos dramas, muita crueldade por contar na chamada epopeia da pesca do bacalhau num Portugal que era, como sabemos, mas alguns pretendem branquear, um regime fachista, onde quem trabalhava não tinha o mínimo de direitos. Só havia deveres. dentro do barco, o RDM ditava leis, aplicado por Capitães (nem todos...) déspotas e, em certos casos, perfeitamente insensíveis e quase desumanos. Prevalecia a lei do mais forte.
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