António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quinta-feira, 11 de janeiro de 2007
O que é que a Figueira tem contra a lampreia?
Janeiro a Abril são, por excelência, os meses da lampreia.
De captura e de degustação. Considerada uma praga nos Estados Unidos e Canadá, a lampreia é um dos petiscos mais caros e mais apreciados da gastronomia portuguesa.
É nas chamadas zonas tradicionais da pesca de lampreia, como o rio Mondego, que a podemos encontrar com facilidade e onde é consumida em doses consideradas “industriais”.Os empresários da restauração chegam a facturar, nesta altura, quase tanto como no resto do ano.
Curiosamente, porém, no concelho da Figueira e na Freguesia de São Pedro, onde algumas dezenas de pescadores se dedicam à sua captura, que saibamos, não existe nenhum restaurante especializado na confecção deste “petisco”.
Já Montemor-o-Velho, aqui mesmo ao lado, como se pode ver no site http://www.cm-montemorvelho.pt/, valoriza a lampreia.
A realização do “festival da lampreia” em Montemor-o-Velho, vai trazer ao Baixo Mondego no próximo mês de Março, entre os dias 2 e 11, milhares de visitantes.
A lampreia em Montemor, assume-se assim como um importante factor de desenvolvimento da economia local, numa altura do ano em que o turismo se encontra a viver a chamada “época baixa”.
E na Figueira, concelho onde na zona centro é pescada a maior quantidade do tão apreciado ciclóstomo, passa-se alguma coisa para tentar combater a sazonalidade turística?
Por cá, vamo-nos entretendo com algo que ainda não passa de um ideia do vereador Lídio Lopes, que “poderá ser parecido com a Europa dos Pequeninos, um projecto que, em tempos, a Fundação Bissaya Barreto tentou materializar em Aveiro, mas que caiu por terra devido a um conjunto de circunstâncias”...
Tenhamos confiança: a ideia está a ser analisada pelo presidente da câmara “com interesse”. “Estamos a pensar no assunto, sendo certo que há interesse em criar um parque temático que junte a vertente recreativa e o conhecimento”, disse Duarte Silva ao jornal as Beiras...
De recordar, que a Figueira da Foz, ainda no ano passado, foi palco do Festival de Peixes Tradicionais, certame esse que decorreu entre 16 e 27 de Março e contou com a participação de muitos restaurantes do concelho. O certame, organizado pela empresa municipal Figueira Grande Turismo (FGT) e pela delegação local da Associação de Restauração e Hotelaria do Centro (ARHC), teve por objectivo «divulgar a gastronomia regional e promover o consumo de peixe», numa zona em que a pesca representa uma importante actividade económica. Assim, os apreciadores puderam encontrar diversos pratos com base em peixe e outros produtos do mar, como solha, faneca, cação, chocos e lulas, acompanhados de iguarias como migas, arroz malandro, açorda ou feijão frade, entre outras. O festival pretendeu também contrariar os efeitos da época baixa, dinamizando a cidade e os restaurantes locais e contribuindo para afirmar a Figueira da Foz a nível gastronómico e da qualidade do peixe da zona.
O que é que a Figueira tem contra a lampreia?
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9 comentários:
Em Portugal, a lampreia é comida sobretudo em arroz de lampreia, com uma confecção próxima da cabidela, e à bordalesa, um guisado normalmente acompanhado de arroz. Alguns restaurantes e casas fazem-na também assada no espeto. A lampreia é comida de finais de Janeiro a meados de Abril.
BOA QUESTÃO.
«O que é que a Figueira tem contra a lampreia?»
Um abraço
A Figueira é uma cidade aristocrática, não precisa de fazer valer as suas valências! Para quê ? Os verdadeiros aristocratas sabem onde podem comer na lampreia...onde...onde NA FIGUEIRA DA FOZ...pois está CLARO, Claríssimo! Enfin!
A Figueira não tem nada contra a lampreia. Os figueiredos, sim e o resto da malta fandanga, também.
Então como se passa directamente da pesca, sem ir à Lota, para o bolso dos intermediários do costume, a coisa atinge tal preço que o melhor é ir a Montemor ou à Ereira. Ali sim, come-se Lampreia bem confeccionada e a preços justos. Aqui rouba-se o Estado não levando o pescado à Lota, o pescador auto-rouba-se ao ir levar o produto ao ladrão e depois rouba-se quem quer comer lampreia e cai na asneira de ir ao restaurante.
tó (da lota):
E onde é que os de Montemor ou da Ereira vão comprar a Lampreia?
à lota?
Já vi que tá a leste do paraíso...
É só areia pros olhos dos incautos...
Sabe alguma coisa das condições (isto é, da falta delas) que a lota tem para transaccionar lampreia?
Sabe? Mas sabe mesmo?
A lota é a sua especialidade...
Este tó (da lota) é mesmo uma sumidade...
Então é na lota que os da Ereira e de Montemor vêm comprar as lampreias?...
Você nem a lota conhece... SERÁ QUE EXISTEM CONDIÇÕES PARA MANTER AS LAMPREIAS VIVAS NA LOTA?
Diga-me você que é o dono de muita coisa. será que também é da lota e nem sabe como funciona o que é seu!...
Martinha e zé dos percebos:
O que eu não defendo é o facto de porque a Lota não tem condições de manter lampreias vivas, os pescadores vão entregá-las de mão beijada aos intermediários. Se a martinha e zé dos percebos são associados nessas negociatas, é o transparece da reacção.
Continuem, pois, a engordar à custa do trabalho do pescador deixando este no estado habitual.
tó (da lota)
Cu migo não vale a pena...
Troca, interpreta mal deturpa tudo...
Alguém defendeu a candonga?
No meu tempo valia mais uma terceira classe do que ser eng. ou prof, ginastica....
oh tó (da lota) o ze dos percebos é pescador, não é "chulo"...
Desculpem me a intromissão, apenas para dizer que a Docapesca, embora sendo o organismo oficial para a correcta venda e transação do pescado não está a zelar pelos interesses dos pescadores, senão vejam-se e analisem-se os preços de venda na lota e os preços praticados pelos revendedores! A disparidade existente leva à fuga, a necessidade de um maior controle dos preços da venda em lota e do preço praticado no mercado, permitiria uma maior mais valia para o pescador e uma diminuição dos lucros dos revendedores e um preço mais justo ao consumidor.
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