"Em 2018, vinte e dois anos depois dos "Encontros do Mar 96" organizados em 1996 pelo Centro de Estudos do Mar (CEMAR) e pela Câmara Municipal da Figueira da Foz (CMFF) -- os "Encontros" que se encerraram com o jornal da cidade, "A Voz da Figueira", a noticiar (como conclusão final), a seis colunas, a cores, na sua primeira página inteira (!), que "houve um erro histórico na construção do porto da Figueira da Foz" [sic]... --, agora, em 2018, vinte e dois anos depois, já se admite publicamente na cidade da Foz do Mondego que é necessário "atenuar os efeitos de um erro histórico" [sic]... e já se diz e já se escreve que o "by-pass" mecânico de transposição de areias, da margem norte para as praias do sul, poderá ser uma solução… (uma solução em que deverão juntar esforços, para avaliar da sua exequibilidade, a comunidade portuária, a administração do porto figueirense e a Câmara Municipal da Figueira da Foz).
E até está a acontecer a situação -- verdadeiramente engraçada (e que alguns poderão considerar anedótica…) -- de agora estarem a aparecer, também, como neófitos apaixonados defensores desta ideia de um "by-pass" que resolva os problemas ambientais causados pelo molhe norte do porto comercial da Figueira (e estarem a aparecer para com isso tentarem fazer luta política partidária contra o actual executivo da Câmara Municipal…), os Exos. Srs. do mesmo partido político (o partido político chamado PPD-PSD) que, por acaso, se deu a coincidência de terem sido, no passado recente, os mais ardentes defensores do aumento (que foi feito…), praticamente para o dobro (400 metros), do comprimento desse tal molhe norte do porto da Figueira… De resto, o mesmo partido político PPD-PSD que, nos seus mandatos de gestão da autarquia da Figueira da Foz, governados por um Exº. Sr. estadista televisivo lisboeta e os seus respectivos continuadores locais, fez uma portentosa "obra", de "marketing mediático", para "pôr a Figueira no mapa" [sic], que deixou a Câmara Municipal da Figueira da Foz arruinada e com dívidas avassaladoras para muitos muitos anos (dívidas que, entretanto, têm vindo a ser pagas, penosamente, pelos executivos camarários posteriores).
O Centro de Estudos do Mar (CEMAR), isentamente, congratula-se com esta evolução, faz votos de que essa junção de esforços seja possível (sem tacticismos, piruetas e chicanas partidárias), e louva o verdadeiro pioneirismo que aqui existiu: o pioneirismo dos surfistas figueirenses... Os surfistas dos movimentos cívicos SOS Cabedelo e O Mar à Cidade que, uma dúzia de anos depois de esse nosso diagnóstico de 1996 ter sido publicado, logo nos inícios do século XXI (e, logo então, desde o primeiro momento, apoiados também pelo CEMAR), foram quem na cidade da Foz do Mondego foi capaz de pensar, de inovar, de sugerir… Foram capazes de, com a ideia do "by-pass" das areias, propor e oferecer à cidade da Figueira da Foz (à "Praia da Calamidade"...) uma possível terapêutica e uma possível solução para a situação de catástrofe ambiental em que durante tantas décadas esta cidade se havia deixado sepultar nas areias do conformismo: do desleixo político e da rotina académica (os dois grandes aliados, em todas as inércias).
Foram os surfistas da cidade da Figueira da Foz quem foi capaz de pensar... olhar para a realidade, ver mais longe, procurar exemplos alheios, e apresentar termos de comparação… E, assim, encontrar e propor soluções…
Pensar, e olhar mais longe (sem vistas curtas). Ao mesmo tempo que, da parte de alguma majestática universidade pública que, por acaso, se dá a coincidência de ser a mais próxima geograficamente (e que, por acaso, ao longo destes anos se deu a espantosa e engraçada coincidência de ter sido, durante tanto tempo, dirigida por dois Magníficos Reitores, sucessivos, que eram, academicamente, doutorados e especializados precisamente em Riscos e Catástrofes Ambientais [!] e em Hidráulica Marítima… [!]…), se andou sempre a vir à Figueira da Foz (à cidade dita "Coimbra C" dos conimbricenses...), para se vir jantar ao Casino da Figueira… A mesma universidade pública em que, por acaso, tenha existido algum especialista de Urbanismo que, por acaso, se tenha dado a coincidência, engraçada, de ser também especializado num tema academicamente tão interessante (e tão útil para o Urbanismo contemporâneo da Figueira da Foz?) como a Egiptologia… (a Egiptologia... sem dúvida não menos interessante do que o Bizantinismo... o tema também lá especialmente cultivado nessa grande universidade pública vizinha…).
Mas, antes tarde do que nunca…! Parabéns à cidade da Figueira da Foz por estar, finalmente, a conseguir pensar e encontrar soluções para si própria, para o seu Ambiente e para o seu Urbanismo, em vez de continuar a esperar que de algum "sábio" e vizinho "grande centro de Saber" lhe venha, doutoralmente, o "Conhecimento" (o conhecimento efectivo, sobre Mar, ou sobre Urbanismo, que se julgue que lá possa existir…)."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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