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sábado, 25 de março de 2017

“Deus, Pátria, Família: a Trilogia da Educação Nacional” *

"Quero agradecer à Irmã Pilar da Casa da Nossa Senhora do Rosário e sua equipa, pelo trabalho que desenvolvem e pela forma carinhosa como me receberam. A minha estima pelas Irmãs Doroteias já vem de longa data e através da minha mãe, que pertenceu e apoiou a instituição desde muito nova. Tive oportunidade, em conjunto com o Sr. Padre Verissimo, de trocar algumas ideias, com toda a equipa e conhecer todos os projectos que desenvolvem de cariz social. No fim fui agraciado com uma resenha histórica dos Diários do Lar de Coimbra, entre os anos de 1945 e 1947, elaborada pelas Irmãs onde é referida a minha mãe e meu tio. Por toda esta atenção agradeço". 

Via página no facebook  de João Ataíde.
* Título sacado daqui.


A propaganda, ou seja, a publicidade política, teve uma enorme importância para os políticos adeptos da Autoridade e da Ordem
O seu objectivo era claro: influenciar a sociedade em geral, e os mais novos em particular, incutindo-lhes as ideias que lhes interessam.
O Secretariado da Propaganda Nacional, no tempo da Ditadura, foi um instrumento de grande relevância para a consolidação desta doutrina, em Portugal, desenvolvendo várias estratégias propagandistas.
A publicidade é uma forma paga de comunicação através da qual se transmitem mensagens orais ou visuais destinadas a informar e influenciar os alvos, utilizando o espaço e tempo dos disversos meios de comunicação disponíveis.
Muitas vezes, os conceitos de publicidade e propaganda confundem-se, pois ambas procuram criar e transformar opiniões. Contudo, a propaganda distingue-se da publicidade por não visar objectos comerciais, mas sim ideais políticos. A propaganda impõe crenças e atitudes que, a longo prazo, modificam o comportamento, a mentalidade e mesmo as convicções religiosas ou filosóficas.
A propaganda política, de forma organizada,  surgiu somente no século XX. 
A propaganda, é uma coisa muito séria, pois tem a ver com a transmissão dos ideais dos políticos.
A publicidade é outra coisa: tem a ver com a promoção, por exemplo,  de perfumes, automóveis, roupa, telemóveis, moda, ou «políticos descartaveis».  
Toda a gente sabe, é uma verdade básica da condição humana, que todo mundo mente. 
Mas, nem todos se conseguem aperceber, que há políticos que exageram...

sábado, 18 de julho de 2015

Reflexão sobre o nosso tempo

Portugal está num beco com poucas saídas.
E tudo começou no seio família. Os pais - e isto não é uma crítica para ninguém, é apenas uma constatação - andam preocupados em educar os filhos para o sucesso.
Não fui educado assim, nem eduquei assim.
Será que a generalidade dos pais de agora se interrogaram alguma vez: para além dos sinais exteriores de sucesso (carros, casas, telemóveis etc. – tudo do melhor!..) não  existem equivalentes interiores de insatisfação e de carência de vivência em plenitude?

O sucesso nunca constou da minha lista de preocupações.
O  que me ocupa o tempo  não se mede numa escala de mensuráveis bens exteriores. Gosto de pequenas coisas: um passeio à beira mar; uma boa conversa; das palavras – da sua  doçura ou da sua aspereza; da companhia dos Amigos; do convívio à volta de um almoço ou de um jantar.

Sem pensar no sucesso, ele tem surgido – neste momento, tenho uma vida sossegada, mas não monótona...
Agradeço ao meu Pai e à minha Mãe, não me terem educado para o sucesso.
Agradeço ao meu Pai e à minha Mãe, que o seu espólio não tenha incluído bens quantitativos perecíveis ao tempo, carros, casas, dinheiro.
Deixaram-me o  que mais gosto:  potencial  para admirar as pequenas coisas e os pequenos pormenores do dia-a-dia - o sol e o mar - e a capacidade de sentir as palavras e as coisas fantásticas que elas podem fazer acontecer e a capacidade de ser feliz apenas com isso.

À direita deste espaço na lista de blogues “do concelho da Figueira da Foz” e “nacional” existem vários  que já morreram ou estão em coma profundo.
Por experiência própria, sei que com os blogues, aprende-se, com tempo, tanto a gostar de ler, como o contrário.
Sabemos que existe gente que vive com sentimentos a escrevê-los.
Parece que andam por aí à solta vários gabarolas... Vamos ver se para a semana consigo recomeçar...

quarta-feira, 18 de março de 2015

Neste país vai ter de acontecer alguma coisa...

Carlos Paz

“Hoje faleceu a minha mãe.
Faleceu doente, triste e sozinha.
Sozinha porque eu, filho único, estou em Luanda a trabalhar. O trabalho de cujo rendimento preciso para viver. O trabalho que me é negado em Portugal por ser alguém que não me calo.
E, mesmo desse rendimento, os senhores que nos governam me ROUBAM 90% (não é gralha, são mesmo 90%):
- 30% de IRS;
- 35% de TSU (tenho de pagar a minha e a do empregador – é assim mesmo para os recibos verdes), para uma Segurança Social da qual NADA tenho direito a usufruir;
- 20% de taxa média de IVA;
- 5% para os restantes impostos e taxas (IUC, IMI, ISPP, etc…, etc…, etc…).
Faleceu doente, triste e sozinha uma Senhora que escolheu chamar-me Carlos, porque era um nome que, etimologicamente, significava: Homem Livre.
Como todas as mães, ensinou-me muita coisa ao longo da vida. Mas, acima de tudo, ensinou-me a ser isso mesmo: um Homem Livre.
Faleceu doente, triste e sozinha, num País que se está a desagregar moralmente a olhos vistos.
Faleceu doente, triste e sozinha, num País que expulsa os que se atrevem a ser Homens Livres.
Faleceu doente, triste e sozinha. Não sei sequer se consigo chegar a tempo do funeral. Estou revoltado contra TODA a escumalha que me obrigou a estar longe, por necessidade de sobreviver.
Faleceu doente, triste e sozinha.
Em Honra dela, da Senhora que me ensinou a ser um Homem Livre, faço aqui uma promessa solene (de Homem de palavra que me Orgulho terem-me ensinado a ser):
- Não mais darei descanso a TODA esta CANALHA que a obrigou a falecer doente, triste e sozinha!
Um dia estes CANALHAS, de TODAS as cores, mais tarde ou mais cedo, deixarão de andar rodeados de seguranças, públicos (pagos por nós todos) ou privados (pagos com o que nos roubam). E nesse dia eu irei aparecer qual assombração.
E, mesmo tu, meu CANALHA de Estimação, que por inerência de funções terás segurança (da pública, paga por todos nós) para o resto da tua vida, mesmo tu, eu dizia: vais ter de olhar por cima do ombro muitas vezes. Mesmo a ti, um dia eu irei aparecer qual assombração.
Faleceu hoje a minha mãe. Faleceu doente, triste e sozinha. Estou revoltado!”

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Pedro Arroja, simplesmente...

Acha que as deputadas do BE são “esganiçadas”, elogia Salazar e pensa que os negros trabalham menos porque gostam de sexo. 
Chama-se Pedro Arroja.

Em tempo.
Se a mãe de Pedro Arroja, era incapaz de fazer um idiota chapado, então só podemos aceitar esta aberração como uma criação divina...
A relação dos crentes com Deus está repleta de nuances espirituais. 
Os franciscanos acreditam que os laços com o divino se estreitam com a abnegação material. 
Os jesuítas entendem que para chegar ao criador é necessário ajudar os mais frágeis no caminho da fé. 
Pedro Arroja acha que Deus existe porque a mãe não sabia fazer pénis.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Porque há muita falta de memória...

Estamos no primeiro dia do mês de Abril, 50 anos depois.
Para que possam saber o que foi realmente o 25 de Abril, há um livrinho ilustrado muito útil e elucidativo chamado O Meu Primeiro 25 de Abril, da autoria de José Jorge Letria e com ilustrações de Helder Teixeira Peleja. O ilustrador já nasceu em Democracia (em 1978). O autor do texto, em 1974 era jornalista e cantautor e viveu com grande emoção esses dias de alegria na cidade de Lisboa ao lado de pessoas como Zeca Afonso. Este livro conta como tudo aconteceu. 
Neste tempo, de que parece que já existe muita falta de memória (estou farto de encontrar gente que não faz a mínima ideia do que foi um dia tão importante para Portugal como o 25 de Abril de 1974), talvez não seja má ideia ler este livro.
Palavras de José Jorge Letria num almoço com a mãe, em Cascais, no dia 24 de Abril de 1974 e reproduzidas neste livro.
“Mãe, amanhã fique em casa, não vá às compras e vá sempre ouvindo rádio. Eu sei o que vai acontecer e estou seguro.” 

Imagem via jornal Público

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Morreu o Homem que, talvez sem o saber, me mostrou a importância de sorrir, sorrir muito!..

foto sacada ao facebook do Pedro Rodrigues
Todos temos um prazo de validade! 
Normalmente é um conceito que, porém, só pensamos que possa ser pensado para as coisas e para os outros! 
Nunca a nós. A morte só acontece com os outros. Raramente a imaginamos como possível em nós. Mas não nos devemos preocupar, pois isso, é um sinal de vitalidade.
Este pensamento, assaltou-me hoje de manhã, logo que tive conhecimento que morreu o meu "primaço"
Desde miúdo que me cumprimentava  da mesma maneira – “então primaço Tó…”  
E, ultimamente, até julho do ano passado, logo a seguir, vinha a pergunta: “como vai a tua Mãe?..”

O "Querido avô" do Pedro Rodrigues era uma figura:  “alto; cabelo branco, literalmente, como a neve; forte como um touro - um homem do mar à moda antiga. Daqueles que já não se fazem”!.. 
Aquilo que podia ser dito, escreveu-o melhor do que ninguém, o neto, o meu Amigo Pedro Rodrigues
É um momento de morte, mas como tudo o que é escrito pelo Pedro, é belo, embora a  perda de um "amor maior", nada tenha de belo!

"Tinhas oitenta e seis anos. A tua cabeça já não encontrava datas – talvez porque os dias já fossem todos iguais. As tuas pernas cediam aos caprichos da gravidade, embora tu nos tentasses enganar com ginásticas inventadas. Os teus cabelos eram brancos, embora tu me contasses que quando eras novo o teu cabelo era escuro como a noite – e eu acreditava. Esquecias-te das luzes acesas, da água a correr depois de fazeres a barba, das situações mais corriqueiras, aqui da terra, mas não te esquecias das histórias de outros tempos. Passavas horas a repetir-me que eras o mais trabalhador de todos. Que as tuas mãos e os teus braços tinham tanta força que conseguiam dobrar aço, talvez mover montanhas. Nos navios todos os capitães te gabavam “não há nenhum marinheiro como o Pimentel”, pau para toda a obra. Foste pai, avô e bisavô...

Hoje, antes de descer para o meu quarto, passei pelo teu. Estava vazio. As lágrimas teimaram em cair porque me apercebi que daqui para a frente assim será. Ficam as fotografias. As paredes frias que ainda escondem os restos condensados da tua respiração, do teu último suspiro. Penso ter apertado pela última vez as tuas mãos calejadas; ter beijado, pela última vez, a pele fina da tua testa. Partirás enorme, como sempre foste. E assim o serás, para todo o sempre. Gostava de continuar a escrever, mas as palavras começam a confundir-se com as lágrimas e tudo se torna turvo e difícil. Fico-me por aqui, e pela imagem da fotografia que dorme ao meu lado, na mesa de cabeceira, em que estou eu, tu e a mãe, muito felizes, de sorrisos rasgados nos rostos. É assim que te recordo: a sorrir, por eu ter chegado.

Adeus, meu amor maior." 

Sentidas condolências à família.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Os Arcos de sua Mãe

Velhinha Ponte dos Arcos. Verdadeiro ex-líbris de S. Pedro, modelo de arquitectura simples mas elegante, que emprestava ao Mondego um toque de especial beleza. Uma moldura ondulante de fino porte, agradável à vista e de harmonioso perfil panorâmico, já deixa saudades em todos que viam nela uma importante referência paisagística.
A figura que ilustra esta mensagem de saudade, uma rede envolvente a abraçar a Ponte dos Arcos, que foi imagem de marca dos Grandes Prémios de Atletismo de S. Pedro nos anos de 1989 e 90, revela-nos também a mística de um puro sentimento de abstracta cumplicidade entre a Ponte e a mais tradicional das artes de S. Pedro - a Pesca. Os nossos pescadores, o nosso povo, as gentes de S. Pedro, recordarão com saudade – assim penso – a velha Ponte dos Arcos.
A nova ponte, mais eficiente, mais consentânea com as reais necessidades de escoamento e fluidez de trânsito, não deixa de ser bela, e mais bela ainda só pelo facto de herdar, com imponência e orgulho, os Arcos de sua Mãe.
A todos os saudosistas da vetusta Ponte dos Arcos, ou mesmo aos que o não são, não ficaria mal deixar também aqui uma mensagem de saudade ao velho monumento, e votos de uma feliz continuidade à nova (adianto como sugestão) “Ponte dos Arcos de S. Pedro”.

Ilustração e texto de Carlos Lima

Nota:
- Não somos o Pacheco Pereira, nem lhe pretendemos roubar a ideia, ou seja, O Outra Margem feito pelos seus leitores. No entanto, entendemos que um espaço como este fica mais rico e interessante com colaborações categorizadas, como é o caso desta de Carlos Lima.
Os responsáveis do OUTRA MARGEM agradecem, por isso, a deferência de Carlos Lima.

domingo, 18 de agosto de 2013

Memória da tiragem do sal à moda antiga...


Está a decorrer no Núcleo Museológico do Sal, uma Safra à Moda Antiga.
Esta recriação da recolha de sal por métodos artesanais faz parte das minhas memórias de infância, pois durante muitos anos, lá pelos idos anos 60 do século passado, acompanhei muitas vezes a minha mãe e a minha avó Rosa Maia, tiradeiras de sal - elas iam trabalhar no duro e eu, criança, ia brincar aos marnotos.
Recorde-se, que na altura as salinas constituíam uma actividade económica relevante na Figueira da Foz.
Como acabou de me dizer a minha mãe, quando lhe pedi para colocar aqui a foto dela a tirar o sal, para dar-me  conta da dureza desta lide, "o sal era branco, mas fazia o coração preto".
O Pedro Agostinho Cruz, fez esta manhã um trabalho fotográfico da iniciativa promovida pelo Núcleo Museológico do Sal. Para ver clicar aqui.  

terça-feira, 30 de abril de 2024

“A prisão dos presos que não cometeram crimes”

Museu Nacional Resistência e Liberdade, de Peniche, abre portas em festa


«O sonho tornou-se realidade: foi inaugurado o Museu Nacional Resistência e Liberdade, a 27 de Abril de 2024, 50 anos depois da saída dos últimos presos políticos daquela fortaleza sobre o mar, onde o regime fascista encarcerava, para cumprir pena, os homens condenados por lutar por um mundo melhor.

No pátio da fortaleza encontra-se o memorial, inaugurado em 2019, que lembra o nome de 2 626 presos entre 1934 e 1974. É daí que começa a visita ao museu, que só existe porque a unidade dos democratas - ex-presos políticos, familiares, antifascistas em geral e organizações que lutam pela preservação da memória, entre as quais a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) - foi mais forte do que o Decreto-Lei nº 161/2019, do XXI Governo Constitucional.
“Quando não se desiste e se luta por causas justas como esta pode demorar tempo, mas a força da razão e da luta acabam por vencer”, diria o coordenador da URAP, José Pedro Soares, quando interveio no final da cerimónia.
O governo queria, designadamente, transformar uma das mais sinistras cadeia da ditadura, considerada como símbolo maior da resistência antifascista e da luta pela liberdade, numa pousada de luxo ao abrigo do Programa Revive.
Antes de entrarem no Forte, ao som do hino do MFA, milhares de pessoas vindas de todos os pontos do país encheram as ruas de Peniche num desfile encabeçado por ex-presos políticos e personalidades “erguendo de novo, os nossos cravos de Abril”, como diria o coordenador da URAP na sua intervenção.
“25 de Abril Sempre, Fascismo nunca mais”, lia-se na faixa da URAP. À subida para o forte a banda da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense toca Grândola, Vila Morena. A cerimónia no forte vai começar.
Guilherme Velez, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa leu a mensagem do ex-preso político António Borges Coelho. O historiador diz que os museus “guardam memórias que marcam o nosso quotidiano”, mas este “é um museu singular, um museu destinado a resgatar a memória daqueles que ousaram oferecer a sua vida para resgatar a liberdade roubada durante 48 anos de repressão e obscurantismo”.
Borges Coelho presta também homenagem ao povo de Peniche lembrando a mulher anónima que, em 1962, na frente dos guardas, lhe pediu um abraço junto à fortaleza quando saía de seis anos e meio de prisão.
Herculana Avilez, filha do ex-preso Joaquim Diogo Avilez, toma a palavra. Começa por dizer que “Fomos meninos e meninas. Não nascemos adultos, tonámo-nos adultos em tempo de ser criança”, para contar que, aos 3-4 anos, esteve na clandestinidade com os pais durante quatro anos até os pais serem presos.
A mãe sairia ao fim de um ano e o pai de nove. “Nove anos passados em função desta cadeia, ora a caminhar a fim de visitar o meu pai, ora assistindo às lutas travadas na entrada desta fortaleza pelas companheiras e mães, principalmente, mas também por outros familiares exigindo direitos como saber, por exemplo, porque determinado preso, ou um grupo de presos, não tinha direito a visitas”.
“Se eu tinha medo? Nunca chorei, nunca demonstrei medo, nunca falei. Eu não falava nem para dizer o nome!”, contou Herculana Avilez. “O que me trazia a esta cadeia era o regime fascista, era o governo da ditadura, era a falta de liberdade. A ditadura que alimentava a miséria e a ignorância. E a quem se lhe opunha torturava, prendia e matava. Se esta menina ficou marcada pela vida clandestina, pelos sacrifícios e a luta dos pais resistentes antifascistas, sem dúvida!”.
“Estou hoje aqui mas algumas crianças não puderam aqui chegar, (…) ficaram pelo caminho meninos e meninas quer pela fome ou falta de assistência médica, ficando nas nossas memórias. Presto-lhe a minha mais sentida homenagem”, bem como “a todos os homens e mulheres que abnegada e corajosamente se entregaram à luta contra o fascismo pagando com longos anos de prisão (…)”, disse Herculana Avilez.
“Quero deixar aqui também o meu agradecimento e homenagear o povo de Peniche que, vencendo o medo e ameaças da PIDE, prestou auxílio e uma enorme solidariedade às famílias dos presos políticos em condições económicas mais desfavorecidas, abrindo as portas das suas casas para que nelas pernoitássemos. Eu e a minha mãe ficamos em algumas dessas casas”, revelou.
Depois do secretário-geral da Federação Internacional de Resistentes (FIR), Ulrich Schneider, ter dito algumas palavras, entregou aos resistentes portugueses, na pessoa da directora do museu, Aida Rechena, livros editados pela FIR sobre a resistência antifascista.
A encerrar, José Pedro Soares, lembrou que “há precisamente 50 anos, nas primeiras horas do dia 27 de Abril de 1974, vencidas as resistências de Spínola que não queria a libertação de todos os presos políticos, em Peniche tal como em Caxias, a vontade do povo foi mais forte, as portas destas cadeias finalmente abriram-se para, entre aplausos e vivas à liberdade e ao 25 de Abril, saudar a libertação dos presos políticos do fascismo”.
“Passados 50 anos, aqui estamos, para celebrar a concretização desse apelo, a concretização do direito à memória, para evocar a resistência à opressão, à luta contra a guerra e o colonialismo, pela democracia, pela liberdade, por um mundo mais justo e liberto da exploração, porque foi esse o combate, foram essas as causas porque se bateram os que, entre 1934 e 1974, aqui estiveram encarcerados”.
Depois de relatar os difíceis passos que foram dados para que o museu se tornasse uma realidade, José Pedro Soares quis recordar muitos dos seus obreiros: “Lembramos a Dra. Paula Silva, da Direcção Geral do Património Cultural, sua Directora quando foi tomada a decisão, o Arquitecto João Barros Matos que concebeu o projecto e o plano das obras do museu, a Dra. Teresa Albino, técnica superior, que acompanhou o processo desde a primeira hora, e a Dra. Aida Rechena, directora do museu, cujo empenho, determinação e competência todos lhe reconhecem”.
“Não podendo enumerar todos os que contribuíram para o notável empreendimento, queremos, entretanto, deixar público agradecimento, ao camarada Domingos Abrantes e ao Professor Fernando Rosas, para ambos, o mais elevado apreço pela relevante contribuição no estudo e elaboração de conteúdos para a instalação do Museu Nacional Resistência e Liberdade”, disse a finalizar.
Das cerimónias, para além do descerramento de uma placa comemorativa, constou um concerto pelo grupo “Sopa de Pedra”, e a actuação de Sofia Lisboa que cantou o Fado de Peniche e o Hino de Caxias.»

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

TANTRIC: uma banda rock a fazer sucesso na América



A banda chama-se TANTRIC, o vocalista é Português, e está a fazer sucesso nos EUA.
Vanessa Reboca, uma jovem jornalista portuguesa, natural da Cova-Gala, da redacção
de http://www.ojornal.com/ , fez a entrevista que publicamos para ficarem a conhecer um pouco desta banda rock.
O website da banda é
http://www.tantriconline.com/. Aí pode ser ouvida a sua música.

"KENTUCKY – A banda de rock Tantric já atingiu um patamar relevante na indústria discográfica norte-americana tendo já se apresentado no canal MTV e nos programas televisivos de grande audiência Jay Leno e Conan O’Brien. No entanto, o que a maioria do público desconhece é que o seu vocalista é 100% português.
Nascido a 7 de Março de 1974, Hugo Fernando da Silva Ferreira é natural de Luanda, Angola, antiga colónia portuguesa. Com apenas um ano de idade, mudou-se juntamente com os seus pais para Hudson, Massachusetts, numa altura em que a situação naquele país estava instável. No entanto, anos mais tarde o pai decide regressar a Portugal.
“Saí de Angola com quase dois anos e viemos viver para os Estados Unidos,” realçou ele. “Aos oito anos fui para Portugal, o meu pai decidiu irmos viver para Trás-os-Montes onde temos casa. Durante os dois anos que estivemos em Portugal andei no conservatório a aprender música clássica.”
Hugo Ferreira sente que a música sempre foi a sua paixão pois descende de uma família em que a música esteve sempre presente. O pai tocava acordeão e o avô tinha conhecimentos em vários instrumentos.
“Eu não me lembro de não saber tocar música,” disse ele. “O meu pai ensinou-me a tocar. Eu virava o acordeão do meu pai de lado para fingir que era um piano.”
O pai comprou-lhe um piano, tendo sido o salto para anos mais tarde, já nos Estados Unidos, tocar no conjunto Origens, com Arlindo Andrade, actuando em casamentos e em festas.
“Toquei teclados nesse conjunto, mas foi por pouco tempo pois a minha paixão era tocar rock,” disse ele.
Após ter terminado o liceu, em 94 mudou-se de malas e bagagens para Detroit, Michigan, para poder seguir e concretizar o seu sonho - tocar e compor música. Iniciou-se numa banda chamada Merge onde ganhou experiência durante quatro anos. No entanto, Hugo sentia a correr nas veias o seu sangue luso, querendo que a sua vida ganhasse uma outra direcção e ambiciando novos desafios. Juntamente com três elementos do grupo Days of The New formou um novo conjunto, os Tantric.
“Antes de escolhermos o nome Tantric, chamávamo-nos Cover 14, mas a companhia discográfica não gostou e tivemos de arranjar outro nome,” afirmou Hugo. “Tantric não tem nada a ver com o tipo de música que tocamos, mas tem uma grande energia positiva. Nós tocamos hard rock, com uma pequena diferença, não é um rock muito duro nem de gritos.”
Com o primeiro disco (Tantric) a vender mais de um milhão de discos e o segundo álbum (After We Go) ainda nos tops de venda, os seus temas têm influências em bandas como Pearl Jam, Soundgarden e Alice in Chains. O grupo esteve recentemente em estúdio a gravar e a produzir um novo álbum, mas segundo Hugo este novo disco será diferente dos anteriores.
“O Toby Wright (produtor de álbuns dos Alice in Chains, Korn e Metallica) ajudou a produzir os primeiros dois álbuns. Aprendemos e gostámos muito de trabalhar com ele, mas este disco fizemos sozinhos pois queriamos mudar um pouco,” referiu Hugo.
Os Tantric assinaram recentemente um contrato com uma nova companhia discográfica, tendo estado anteriormente ligados à Maverick Records, editora fundada por Madonna que também representa nomes sonantes como Alanis Morissette. No entanto, Hugo disse não poder divulgar o nome da nova companhia devido a questões burocráticas.
O vocalista dos Tantric, actualmente a residir em Louisville, Kentucky, demonstrou o sentimento de um dia poder actuar em Portugal.
“Gostava muito de poder tocar em Portugal, mas a anterior companhia não tinha condições e nunca nos deram a oportunidade de actuar em países onde se fala a língua portuguesa,” disse ele.
Hugo, 32 anos e adepto do Futebol Clube do Porto, numa entrevista telefónica a O Jornal evidenciou o orgulho de ser português.
“O meu pai é tipicamente português,” salientou ele. “Eu sou do Futebol Clube do Porto, mas não importa o clube desportivo, o que interessa é ser português. Gostava de falar mais a língua, mas aqui é impossível. Quando vou a Hudson a minha amiga Sandra [Bettencourt] obriga-me a falar português.”
O pai, natural de Vila Real, e a mãe oriunda de Santo Estevão, Trás-os-Montes, costumam passar férias frequentemente naquela região de Portugal.
“Já há mais ou menos cinco anos que não vou a Portugal, porque tenho estado a trabalhar muito... mas vou tirar umas férias e quero ir lá passar uns dias com os meus pais,” disse ele.
Hugo nutre, ainda, uma paixão pela cozinha tradicional portuguesa.
“Cozinho para mim e para os meus dois cães que também são portugueses...” gracejou Hugo. “Estou a aprender a cozinhar com um livro de receitas que a minha mãe me ofereceu. Faço caldo verde e quando quero cozinhar bacalhau telefono-lhe a perguntar como se faz.”
A jornada de Hugo tem tido cada vez mais grandes impulsos. Viajou por vários palcos actuando em digressão com bandas de renome fazendo a primeira parte dos espectáculos dos Coldplay, 3 Doors Down, Creed, Kid Rock, Stained, entre outros.
“A primeira vez que toquei para 20,000 pessoas, as minhas pernas estavam a tremer tanto... mas é uma sensação espectacular!” disse Hugo, acrescentado que “nem posso acreditar que cheguei a este ponto.”
E é no palco que este jovem cantor se alenta.
“O palco é a minha casa e é onde me esqueço de todos os problemas do mundo. Sinto-me mais confortável no palco do que fora dele e tento dar tudo e toda a minha energia.”
A energia de Hugo passa também pelo facto de ter tatuado no braço o escudo da bandeira portuguesa por se considerar um verdadeiro português dando-lhe inspiração e entusiasmo para continuar a viver aquilo que sempre sonhou – exprimir os seus valores e patriotismo através da música rock.
“Sou português e serei sempre português,” acrescentou Hugo. “Apesar de ser um país pequeno vou tentar representar sempre o país onde nasci.”

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

"O sal era branco, mas fazia o coração preto"

O Núcleo Museológico do Sal está a comemorar 16 anos de existência.
O video de José Manuel Teixeira da Ponte mostra uma das actividades realizadas para comemorar o evento: a recreação da safra do sal à moda antiga.
Como me dizia a minha Mãe, tiradeira de sal durante décadas: "o sal é branco, mas fazia-nos o coração preto".
A autenticidade, é a possibilidade de alguém ser capaz de revelar a realidade. 
O texto abaixo (que resgato de uma publicação OUTRA MARGEM de 24 de Abril de 2020) é isso mesmo: a revelação de uma realidade que existiu mesmo.

Texto José Elísio Oliveira
Fotos: Arquivo pessoal de Décio Salema Neves

"Pelos meados do século passado, nos anos quarenta, cinquenta e sessenta; nesta altura do ano, O SALGADO DE LAVOS já fervilhava de grande actividade. Nas cerca de 300 SALINAS que nessa altura se encontravam activas, mais de mil trabalhadores, MARNOTOS, MOÇOS e SALINEIRAS, trabalhavam freneticamente na preparação das Salinas para as colocar em condições de produzirem o bom e se possível muito SAL LAVOENSE que haveria de ser utilizado em todo o País e até no Estrangeiro.
Procedia-se à limpeza das lamas, dos limos, dos cachelros (Salicórnia) e outros lixos que as tinham invadido desde a última “SAFRA”, durante o Outono e o Inverno. Os limos e as lamas a que os Marnotos davam respectivamente os nomes de “ESCOICE” e “TORRÃO”. Eram colocados em cima das “CILHAS” para secar e ficarem mais leves.
Salina das Craveias...
As mulheres transportavam à cabeça, primeiramente em “GIGAS DE VIME” e mais recentemente em “GAMELAS DE MADEIRA” para determinados locais aos quais os carros de bois, camionetas ou os barcos de sal tivessem acesso para serem vendidos principalmente para a Região das Gândaras onde eram muitos apreciados como fertilizante natural (ecológico) dos terrenos onde semeavam batatas, cebolas e outros produtos hortícolas. Idêntico tratamento era dado aos limos que eram retirados dos VIVEIROS antes de serem pescados. De seguida as Salinas eram levadas a seco.
Os TALHOS onde se iria produzir o sal ficava alguns dias ao sol, para “ESTURRAR” e para que o outro que disso necessitasse fosse reparado, nos “CANEIROS”, nas “MARACHAS” ou até mesmo de alguma nascente de água doce ou salobra que se verificasse no seu interior. O passo seguinte era consolidar o piso dos talhos pelo que o Marnoto e/ou os Moços os pisassem usando os “CIRCIOS” que mais não era de que um enorme rolo de madeira (um tronco grosso de árvore) que tinha em cada extremidade uma “MANGA” que se puxava. Terminado este trabalho, passo seguinte era o “ARIAR” que consistia em cobrir os talhos com uma camada fina de areia branca que era levado das serras de que já falei (Caldista, Castanho), e de outros locais, para que o sal não ficasse directamente em contacto com o fundo do talho e não se sujasse.
Era e ainda é muito importante que o sal fosse muito clarinho é sinal de qualidade. Este procedimento foi sendo posto gradualmente de lado e hoje nas poucas Salinas ainda em actividade já ninguém o pratica.

Salina das Craveias...
Estava-se já na fase final dos preparativos para que o sal começasse a brilhar. A última etapa consistia em alagar os talhos com uma camada de água bem salgada “LARGAR” com a altura que cada Marnoto sabia bem calcular, a que se “ESGOTAR”. Havia até um certo despique entre os Marnotos para ver qual esgotava primeiro e consequentemente produzia o primeiro sal e, sobretudo em Julho e Agosto era lindo de ver O SALGADO DE LAVOS coberto de milhares de pequenos montes de sal aos quais se dava e dá o nome de “RASA” e era a azafama das Salineiras , (cada Salina ocupava entre seis a dez Salineiras, consoante o seu tamanho e a distancia a que se encontrava do barracão) a transportarem o sal à cabeça, em “CESTA DE VIME” autênticos objectos de arte artesanal feitas pelos irmãos Grazina, numa correria “SILHA A CIMA SILHA A BAIXO” com desenvoltura e destreza, procurando concluir a tiragem da “REDURA” o mais rapidamente possível pois normalmente daquela tinham que partir para outra onde o Marnoto já as esperava.

Acrescente-se que cada “RASA” normalmente teria entre cinco a dez cestas de sal e havia Salineiras que “TIRAVAM" em três, quatro e cinco Salinas, além de que ainda integravam a equipa que carregava e descarregava os barcos de sal e havia certos dias em que cada barco levava mais do que uma “BARCADA”. Refiro aqui por me parecer muito curioso que as Salineiras nunca eram avisadas das horas a que deveriam estar na Salina para tirar o sal, os Marnotos diziam-lhe que a tiragem era “ CEDO, ou “ATRÁS DE CEDO”, ou “À TARDE”, ou “JANTAR E IR” ou “ATRÁS DE TARDE” ou “ SEAR E IR” e elas já sabiam a que horas correspondia cada uma daquelas designações. No caso das “BARCADAS”, já era indicada a hora a que deveriam estar em determinada Salina. A Barcada era mais dura que a redura, sobretudo quando o “ESTEIRO” que dava acesso do barco ao barracão era pouco profundo e as mulheres tinham que ir por cima das MOTAS” puxando o “O BARCO À CIRGA” para ajudar os “BARQUEIROS”.
E eram estas Mulheres que ainda tinham que tratar dos filhos, ir à “SEMENTEIRA”, buscar feixes de lenha, de caruma, de “ RUSSOS” para as camas do gado e para os pátios, fazer a comida, acartar também à cabeça feixes de erva e pasto, lavar a roupa nos lavadouros, passar a ferro, entre muitas mais coisas. Eram autênticas “MULHERES DE AÇO” e “HOMENS DE BARBA RIJA”...

Hoje tudo é diferente para melhor, e ainda bem, mas é sempre de justiça não esquecer o passado…"

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Propósitos de vida

Esta foto dos anos 50 do século passado, do Dr. Doutor Gilberto Branco Vasco, mostra uma Mulher, que poderia ser a minha Mãe, pois retrata o que foi a sua vida até ao último dia: uma vida de “trabalhos”. Como temos vindo a verificar cá pela Figueira, e como escreveu o filósofo Friedrich Nietzsche, "afinal, ninguém consegue que as coisas, incluindo os livros, lhe digam mais do que aquilo que já sabe. Para aquilo que, por experiência, não se tem acesso, também não se tem ouvidos".
Todos nós, na vida, temos propósitos.
Os propósitos de vida não se podem dividir em úteis ou inúteis, justos ou injustos.
Os dez mandamentos bíblicos da lei de Deus chegam para isso. 
Por exemplo, não matarás não é um propósito de vida: é uma regra. 
Já escrever um blogue, tal  como amar aquela pessoa, e não outra, é, simplesmente, um propósito de vida. 
Porque, ao decidir escrever um blogue e amar aquela pessoa, e não outra, eu sabia que jamais o meu caminho poderia continuar como se nunca tivesse começado um blogue ou não tivesse amado aquela pessoa, e não outra.
Boa semana.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Na Figueira, quase 246 anos depois do seu nascimento, continua a ser oportuno recordar Manuel Fernandes Tomás, "O Patriarca da Liberdade" e da consciência cívica...

Hoje, na sua habitual crónica das segundas-feiras no jornal AS BEIRAS, Teotónio Cavaco, deputado municipal do PSD, fala de Manuel Fernandes Tomaz.


"A morte de Manuel Fernandes Tomaz, a 19 de novembro de 1822, impediu-o de continuar a sua luta em prol de um Portugal mais justo, mais livre, mais elevado, mas também o preservou de assistir à incapacidade dos seus contemporâneos em aplicar as bases da Declaração dos Direitos do Homem, fundamento principal da “sua” Constituição de 1822. Manuel Fernandes Tomaz é reconhecido como o honrado e austero liberal que libertou o nosso País do jugo estrangeiro, liderando uma revolução “que se fez por aclamação, porque ninguém a ela naquele tempo se opôs e foi universalmente recebida e festejada como a restauradora da pública felicidade”, de acordo com José Liberato Freire de Carvalho, e iniciando, com a Constituição de 1822, “a organização jurídica da democracia”, segundo Joaquim de Carvalho. Quase 195 anos após a sua morte, será desapropriado ou demagógico chamar-lhe “o mais ilustre de todos os fi gueirenses”? Nós, como sociedade democrática - a qual está, assim, por imperativo ideológico, baseada em valores (como o da tolerância, da cooperação, do compromisso, por exemplo, conforme nos mostrou Fernandes Tomaz) -, todos juntos, não conseguiremos trabalhar com o intuito de, em 2020, por ocasião do duplo centenário da Revolução-mãe, centrarmos na Figueira da Foz, terra natal de Manuel Fernandes Tomaz, as comemorações nacionais desta épica efeméride?"

"Conseguiremos?", é a pergunta de Teotónio Cavaco.
Pois, eu não sei e tenho muitas dúvidas.
Entretanto, há muita trabalho pela frente.
A Figueira é o berço do Patriarca da Liberdade e uma Terra aberta e disponível para a democracia. 
Contudo, isto,  da democracia,  tem muito que se lhe diga.
Quase 246 anos depois do seu nascimento, como entender e aceitar que tivessem sido impostas e realizadas, por um executivo camarário PS, com maioria absoluta, tendo como presidente de Câmara o Dr. João Ataíde, reuniões camarárias à porta fechada?..
Ele há males que vêm por bem e bens que vêm por mal. 
Um destes é a maioria absoluta...Tenham juízo, portanto, no próximo dia 1 de outubro...

Por obra e graça do senhor que ocupa o cargo de presidente da câmara de uma cidade com tradições democráticas e aos vereadores que aprovaram a novidade, pós 25 de Abril de 1974, recordo que na Figueira a primeira reunião de Câmara, em cada mês, ficou vedada à presença de público e imprensa.
Lembro ao eleitorado figueirenses que quem se deixa chicotear, merece-o...
Noto, com preocupação,  que na Figueira a Liberdade foi ameaçada e a cidade de Manuel Fernandes Tomaz, PATRIARCA DA LIBERDADE,o mais ilustre de todos os figueirenses, não soube  lutar por Ela. Na minha opinião, a começar pela maioria dos eleitos nas últimas eleições. O que não me admira, pois “A QUALIDADE DOS NOSSOS POLÍTICOS É O REFLEXO DO PADRÃO ÉTICO DOS ELEITORES”.
Recordar Manuel Fernandes Thomaz, um figueirense que «fez à Pátria mui relevantes serviços, e morreu pobre» é uma obrigação de todos nós.
Porém, a meu ver, não deve ser apenas no dia 24 de agosto de cada ano: hoje e sempre, "...vale a pena celebrar a liberdade, relembrar a biografia deste figueirense ímpar da História, a dimensão do corajoso e impoluto lutador pela liberdade, um homem livre, honrado e de bons costumes. O seu exemplo persiste e serve de referência ..." [palavras proferidas por José Guedes Correia. Jornal O Figueirense, 27/08/2010, p. 14]

A Figueira é uma terra cruel.
Foi preciso morrer na miséria e na amargura para, postumamente, reconhecerem o devido valor a Manuel Fernandes Tomaz...

sábado, 16 de maio de 2015

Disponibilizem a praia da Figueira para a expansão das hortas...

"Após os 40 anos, muitos sentem o apelo de “voltar ao cultivo da terra”. Esse fenómeno é visível até nas crescentes vendas de livros sobre “a horta em casa”. Conheço vários “horticultores modernos” que sentem prazer em cultivar, fertilizar, sachar, regar, apanhar, etc. Enfim, cuidar da terra. Os mais conscientes fazem-no de forma biológica, sem herbicidas nem pesticidas. Espanto-me com a quantidade de laranjas, alfaces, limões, couves, tomates e muitos outros produtos da época que são colhidos pela minha mãe na sua horta. É um espaço pequeno, pouco maior que uma sala grande, confinado entre muros e paredes. À primeira vista, aquele espaço “não daria para nada”, mas o trabalho e o engenho humano fazem milagres e de um pedaço de terreno pouco produtivo brota vida. Este tipo de contributo de todas “as mães e pais agricultores” para a economia é importante: produtos saudáveis colhidos da terra directamente para o prato, sem intermediários nem desperdício. Qual será o impacto no PIB? Quantos milhões de euros se produzem assim? Além do benefício que a actividade proporciona para a saúde física e mental dos horticultores. Na Figueira, o actual executivo municipal incentivou a criação de hortas urbanas, desde 2009. Uma aposta ganha contra a opinião dos conservadores da nossa praça para os quais um “espaço verde tem que ter relva”. Precisamos ainda de mais. E por que não disponibilizar mais zonas verdes municipais (relvados e prados abandonados) para este fim?"

O texto acima, que a meu ver é interessante e merece ser divulgado e lido, é a crónica publicada hoje no jornal AS BEIRAS, assinada pelo eng. João Vaz. 
Como escrevi há tempos aqui, «não sou adivinho. Não tenho grandes fontes privilegiadas. Portanto, resta-me andar o mais atento possível e tentar ler os sinais. 
A Ana já explicou alguma coisa. A ideia é "perder características de praia", para "se poder fazer lá alguma coisa". O António explicou muita coisa. "Esta é a única praia que conheço que era lavrada", disse o vereador, que considerou "positivo o surgimento de condições naturais no solo que possam vir a permitir à autarquia reclamá-lo para equipamentos, já que está a «deixar de ser praia"
Complementado o que escreve o eng. João Vaz, hoje, no jornal AS BEIRAS, apesar de saber que estamos num momento delicado, porque a Figueira está em plena travessia do deserto, no que a ideias políticas diz respeito, e eu como figueirense estou a suportar um calor quase insuportável, mesmo assim, vencendo o medo, fica o meu desinteressado contributo: e porque não disponibilizar os espaços verdes da praia outrora da Claridade, agora da "Calamidade",  para a desejada expansão das hortas urbanas?..
Os tomates já lã estão... Plantem alfaces para complementar a salada...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

AINDA SE RECORDAM QUE A FIGUEIRA TEVE MATERNIDADE DURANTE 59 ANOS?...

Imagem via Marcha do Vapor
A última bebé a nascer no bloco de partos do Hospital Distrital da Figueira, veio ao mundo poucas horas depois de se conhecer a data de encerramento daquele espaço. Uma menina com 3.230 gramas, com mãe de nacionalidade russa, nasceu às 00h30 do dia 1 de Novembro de 2006. Foi fechado um ciclo que durava há 59 anos e que foi criado para responder a uma necessidade de um concelho que se acreditava estar em desenvolvimento...
O rosto politico do fecho da Maternidade da Figueira da Foz tem nome: CORREIA de CAMPOS.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

"A Verdadeira História de Portugal…" - Nota prefacial de Alfredo Pinheiro Marques, director do Centro de Estudos do Mar (CEMAR), no livro "A CONSTRUÇÃO NAVAL E A INDÚSTRIA BACALHOEIRA NA FOZ DO MONDEGO…"

De "altieiros" a "vareiros", mas sempre capazes de recomeçar navegações e pescas longínquas desde a Índia e o Brasil até ao Canadá e à Terra Nova, já desde os séculos XV-XVI (na chamada "Época dos Descobrimentos") existiram em Portugal navegadores e pilotos com o nome de família Luís (e, no século XVI, um deles, Lázaro Luís, em 1563, até foi também um cartógrafo… responsável pelo célebre atlas que hoje se conserva na biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa), e depois disso, mais tarde, nos séculos XVIII-XIX (na época da asfixia e da decadência marítima e económica portuguesa), existiram nos litorais desertos portugueses da Ria de Aveiro e Ovar, "sozinhos com Deus e o Mar", de São Jacinto e Ílhavo até aos areais da foz do Mondego, companhas da "Arte" (a pesca de arrasto para terra, com barcos em "meia-lua") chamadas com o nome de "companha dos Luises"
Não é portanto de admirar que, depois, nos séculos XIX-XX — na época em que, com novas tecnologias norte-americanas, a partir dos Açores e da Figueira da Foz (1885-1886), os Portugueses conseguiram recomeçar a fazer pescarias longínquas do bacalhau na Terra Nova (1886), e logo depois, também, a partir de Ílhavo, na Gronelândia (1931) —, uma vez mais se tenham afirmado como expoentes máximos e como exemplos paradigmáticos dessa faina árdua e heróica, quer como "primeiras-linhas", quer como contramestres (e, logo depois, também, como responsáveis mecânicos e motoristas dos lugres e outros navios já motorizados), homens de gerações sucessivas dessa mesma família "dos Luises". Antepassados e familiares próximos do nosso caro Amigo Senhor Manuel Luís Pata — ele próprio também descendente, pelo lado materno, dos Pata, outra das famílias dos primeiros patriarcas que no século XVIII vieram dos litorais da Ria de Aveiro e Ílhavo para fundarem as companhas da "Arte" na Cova, junto à foz do Rio Mondego (num dos exemplos da "diáspora dos ílhavos", ou da "colonização das areias do litoral português"… a diáspora a que o autor destas linhas prefere chamar "o humilde descobrimento marítimo de Portugal, pelos pescadores portugueses"…).

Secular e heróica aventura… Trágica, e marítima… Uma aventura feita de coragem e de sal, de necessidade e de sorte, pobreza e solidão, acaso e vento, esforço e determinação.

Só a título de exemplo, diga-se que no fatídico ano de 1938 — no ano em que tantos homens e navios se perderam — quando, no dia 10 de Maio, a bordo do lugre-motor "Trombetas II" (da Lusitânia Companhia Portuguesa de Pesca, da Figueira da Foz), nove homens foram levados borda fora por uma súbita vaga assassina, e sete deles desapareceram para sempre, três dos mortos eram da família de Manuel Luís Pata (eram o seu tio paterno João Luís, o seu tio materno Manuel Maria Pata, e um seu primo, sobrinho de sua Mãe). E, desses nove homens arrastados pela vaga assassina, os dois náufragos que, nesse dia, apesar de tudo, desesperadamente, ainda puderam ser resgatados ao mar e à morte certa, foram salvos pelo próprio contramestre do navio, Joaquim Maria Luís (o Pai de Manuel Luís Pata), e pelos seus outros dois irmãos que também iam a bordo, e que sobreviveram, Francisco Luís, e Armando Luís (os outros dois tios paternos de Manuel Luís Pata).
Iam a bordo quatro irmãos… E um deles não pôde ser salvo.

Esse tio Francisco Luís, veterano de dezoito campanhas, viria a ser depois, ele próprio, a partir de 1939, o contramestre do lugre "Lusitânia", o outro grande navio da empresa figueirense do mesmo nome (e o primeiro a ser motorizado em Portugal, em 1932). E, depois disso, Francisco Luís viria a ser contramestre de outros mais navios dessa mesma empresa, a mais significativa e longamente instalada na Figueira da Foz. Mas em 1958 sofreu uma trombose, no mar, ao largo da Terra Nova, e não houve dinheiro para o repatriarem imediatamente para um hospital em Portugal.
E o outro seu tio, Armando Luís, veterano de vinte e duas campanhas, viria a ser em 1946 o contramestre do lugre-motor "Ana I", da Sociedade de Pesca Luso-Brasileira, da Figueira da Foz, navio em que já em 1943 e 1944 tinha navegado (quando o seu jovem sobrinho Manuel Luís Pata também embarcou, como motorista, fazendo o seu próprio baptismo de mar na Terra Nova).

Quanto ao Pai de Manuel Luís Pata, Joaquim Maria Luís, já antes em 1934 havia sido o contramestre desse mesmo navio "Lusitânia" (o melhor da companhia do mesmo nome, e recentemente motorizado); e em 1944 veio a sê-lo também do "Ana I", da Luso-Brasileira (levando a bordo o seu próprio irmão Armando, como pescador, e o seu próprio filho, como motorista); e em 1946 veio a sê-lo igualmente do "João Costa", também da Luso-Brasileira, etc, etc. Depois da tragédia em que perdeu o irmão mais novo, João Luís, em 1938, Joaquim Maria Luís nunca mais quis embarcar com o mesmo capitão do "Trombetas" em que havia sido contramestre. Foi um dos melhores homens do mar da Figueira do seu tempo, requisitado por vários navios, capitães e companhias.

E ainda havia mais um outro irmão — o qual em 1938 não ia a bordo do segundo "Trombetas" da Lusitânia (e por isso não participou da tragédia) —, Manuel Luís, o qual já em 1935 havia sido contramestre do majestoso lugre-motor de quatro mastros "José Alberto", o grande navio da Sociedade de Pesca Oceano que veio a ficar como o mais emblemático dos navios da Figueira da Foz, e que era comandado pelo capitão figueirense João de Deus junior (João Deivas), de ascendência originária dos Açores e de Buarcos. E o homem do leme que, no dia 10 de Maio de 1938, apesar de também ferido pela onda assassina, aguentou firme… e assim salvou o navio… era um primo do contramestre…

É isto a História — a verdadeira História… — de Portugal…

Filho e sobrinho dos contramestres dos mais célebres veleiros da Foz do Mondego nos anos 20-30-40 do século XX (e ele próprio, nas décadas de 40-50, responsável das máquinas de novos navios motorizados figueirenses entretanto surgidos), Manuel Luís Pata fez depois disso a sua vida de mar, durante os anos 60, em Moçambique (acreditando no sonho africano que então na sociedade portuguesa foi cultivado); e voltou a Portugal, nos anos 70, com esse sonho desfeito (como tantos outros); e a partir dos anos 80-90 abalançou-se a ter a coragem — uma outra forma de coragem… —de fazer aquilo a que na sua cidade da Figueira da Foz quase ninguém mais se atreveu (só ele e o seu conterrâneo João Pereira Mano): reunir os elementos para a História Marítima da região da Figueira.

O Senhor Manuel Luís Pata publicou em 1997, 2001 e 2003 os seus três volumes em que coligiu notícias, referências escritas e testemunhos orais, textos, comentários e recordações pessoais, sobre a Figueira da Foz e a Pesca do Bacalhau, e publicou um livro de memórias do Zambeze (2008); e eis que, por fim, agora (em 2016) — uma vez mais numa edição preparada pelo próprio Autor (e uma vez mais com a colaboração editorial que pela parte do CEMAR-Centro de Estudos do Mar tivemos e temos o prazer e a honra de lhe prestar) — publica ainda mais um livro seu… Um livro no qual agora retoma muitos dos elementos contidos nos seus três volumes anteriores sobre a Figueira da Foz e a pesca longínqua do bacalhau, mas, desta feita, apontando-se mais especificamente para a realidade dos estaleiros e das construções navais levadas a cabo na Foz do Mondego para servirem a esse tipo de pesca longínqua, outrora tão significativa nesta região, e depois tão decaída.

Com efeito, nas últimas décadas do século XIX (a partir do seu [re]início em 1885-1886), articulada com os círculos dos Açores e da Nova Inglaterra (costa leste dos E.U.A.), foi a Figueira da Foz (nela se incluindo Buarcos e a Cova-Gala) que se cotou como a praça pioneira, dominante, e mais significativa, da (nova) Pesca Longínqua do Bacalhau que veio a ser praticada pelos Portugueses. Só na década de 30 do século XX (e depois, mais ainda, nas décadas seguintes, devido ao cada vez maior estrangulamento do seu impossível porto fluvial) a Figueira perdeu essa sua primazia quantitativa e qualitativamente (uma primazia que Ílhavo e a Ria de Aveiro herdaram, e que honrosamente logo depois avolumaram, cada vez mais e mais, de maneira esmagadora, ao longo do século XX). A própria Atlântica acabou por se transferir para o Tejo (Seixal). Só a Lusitânia (e os seus Estaleiros Navais do Mondego, entretanto criados em 1941) se manteve na Figueira. Tudo mais faliu. Incluindo até, com o tempo, a Oceano (cujo último navio figueirense foi para a sucata… e não conseguimos salvá-lo, em 1999… e cujos antigos estaleiros Foznave, em 2015, acabaram abandonados, roubados, vandalizados).

Extraordinário erro histórico, o de em 1913, quando a frota bacalhoeira da Figueira da Foz liderava a nível de Portugal inteiro (!), não se ter avançado para a construção do porto oceânico de águas profundas em Buarcos (Cabo Mondego) que então foi proposto pelo figueirense Com. Antonio Arthur Baldaque da Silva (ele próprio, talvez não por acaso, o especialista de construção de portos com verdadeira viabilidade e também, ao mesmo tempo, o especialista, com verdadeira competência e verdadeira sistematicidade, da Etnografia e da Tecnologia das comunidades dos pobres Pescadores Portugueses)… Extraordinário erro histórico…! Erro de funestas e trágicas consequências para o futuro da cidade da Foz do Mondego, da região de Coimbra e da Beira Litoral, e de Portugal inteiro.

Já o escrevemos, e aqui o repetimos. Se a Figueira da Foz tem reunidos os elementos para a sua História Marítima nos séculos XIX-XX, deve-o à Cova-Gala (São Pedro): deve-o ao Capitão João Pereira Mano, e ao Senhor Manuel Luís Pata. E nós tivemos o extraordinário prazer, e orgulho, em ter sido o Centro de Estudos do Mar (CEMAR) que esteve na publicação dos seus livros, desde 1997.

Alfredo Pinheiro Marques
(Centro de Estudos do Mar - CEMAR)

domingo, 22 de setembro de 2019

PARA MEMÓRIA FUTURA - O BIFE

Pela habitual ironia. Pela explanação culta e bem conseguida. Pelo apurado sarcasmo. Pela irreverência de sempre. E pela persistência que já vai longa, leiam este texto de Nelson Fernandes. Garanto que são dois ou três minutos que valem a pena.
"A carne entrou na minha vida aos bocadinhos, bem misturada com muita massa, muito arroz, muitas batatas; a carne era cara e nós éramos muitos à mesa. O «Fonisca» quando se referia ao chouriço dizia: - O meu pai come-lhe a carne, a minha mãe come-lhe as peles e eu «chucho-lhe» os baraços.
Um bife! Ouvia-mos falar no bife. E pasmava-mos como é que se podia comer, sozinho, um bife inteiro. Que me lembre, penso que a minha primeira vez, terá sido no ano de 1957, ou 1958, na pensão Areias em Vila Real. Por alguma razão que se foi, num dia de Verão, há hora de almoço, uma toalha vermelha e branca pousada em cima de uma mesa de madeira, recebeu uma travessa com dois bifes inteiros. Um deles era-me destinado. O outro calhava ao meu pai.
Ainda hoje o sabor daquele bife é o padrão gustativo dos bifes que, acompanharam o meu crescimento, e, mais tarde, temperam o meu corpo de ácido úrico.
Um bife, hoje, é ir ao Miguel, vê-lo a pegar na peça de alcatra e examiná-la com amor e sabedoria. Pousa-la na mesa de corte, pegar na faca e no afiador e casa-los como só um talhante sabe fazer. Dois dedos? Pergunta por desfastio; e, enquanto a mão direita desfere o golpe certeiro, a mão esquerda ampara carinhosamente o bife, como que a impedir que se magoe na queda.
Prepara-se com sal grosso (outra espécie em vias de marginalização social), dum lado e doutro. Quem quiser pode pincela-lo com manteiga e alho esmagado, mas evite complicações. Esbraseie até ficar com as marcas do arame, e coma mal passado, depois de um pequeno repouso que a carne merece, e o seu palato agradece.
Este «prazer da carne» está vedado ao Magnifico Reitor da Universidade de Coimbra, e por via dele aos estudantes, ou antes aos frequentadores das cantinas universitárias. Eu há tempos que ando com medo que um dia, um qualquer «maduro» nos imponha, como dieta, palha ao almoço e erva ao jantar. Morreremos cheiinhos de saúde. Mas tão sensaborões que nem os bichos nos hão-de querer."

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Isto não é a melhor forma de concluir ou começar um ano: isto é uma vergonha num País Europeu

Foto via Diário as Beiras
Em Outubro de 2006, apesar da luta corporizada num abaixo-assinado com mais de 8 mil assinaturas, uma grande manifestação em Maio, e outras iniciativas, não foi possível evitar o que um governo do Partido Socialista já tinha determinado. O bloco de partos do Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF) encerrou a partir das 00h00 do dia 4 de Novembro de 2006

E assim se mantém. Normalizou-se.
Mais uma vez, com as habituais dificuldades logísticas e técnicas tudo acabou por correr bem tanto para o bebé como para a mãe que, depois, foram transportados em segurança para a maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra.
Temos  uma capacidade brutal "pró desenrascanço".
Oxalá que não, mas isto um dia vai acabar mal...

Se, em 2006,  todas as maternidades com menos de 1500 partos constituíam um risco para a saúde pública, em 2024, esta ideia deverá ser levada até às suas últimas consequências:
1. os partos em casa e nas ambulâncias têm de ser proibidos;
2. todas as clínicas privadas com menos de 1500 partos/ano também têm de ser encerradas.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Hoje não dá para ter saudades do outono...

Dorati da Conceição, uma vida de “trabalhos” que valeu a pena (4 de Agosto de 1928/14 de Julho de 2015)
Saudade. 
Mais do que a ausência é a vontade da presença.
Hoje, a minha Mãe teria 89 anos. 


Bom, bom, seria tê-la connosco.
Foram 86, quase, quase 87 anos - uma vida.
Em tempos difíceis, como estes que atravessamos, a sua presença e o seu exemplo –  de trabalho, de seriedade, de dignidade, a sua preocupação em cuidar da família - faz ainda mais falta.

A família sempre foi o reduto inexpugnável da nossa esperança.
E vai continuar a ser.

Como escreveu Jorge Luís Borges, "hoje não me alegram as amendoeiras do horto. 
Me lembro de ti."