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domingo, 9 de janeiro de 2022

Um maneira alegre e bem disposta de começar um domingo...

Na foto, da esquerda para a direita: a minha Mãe, eu e o meu Pai

No passado dia 5 comemorei 68 anos de vida.
Vida longa. Já vivi mais 21 anos que o meu Pai. O meu Pai nasceu a 17 de Abril de 1927 e faleceu em 6 de Junho de 1974. Viveu pouco mais de 47 anos.
Na altura, Portugal vivia a Revolução de Abril. Eu vivia em revolta pessoal, por verificar que o meu Pai não iria usufruir da merecida melhoria das condições que os pescadores e as suas famílias tiveram nas suas vidas, após o 25 de Abril de 1974.
O meu Pai, tal como eu, era um sonhador à antiga. Tinha apenas a 4ª. classe, mas era culto. Lia muito. Jornais e romances - sobretudo, não sei explicar porquê, os que na época deram guiões de grandes filmes.
Ficar sem pai com pouco mais de 20 anos não me tornou mais adulto.
A vida complicou-se. A minha Mãe ficou viúva nova, com 3 filhos e a Mãe - a minha avó Maia. Vivemos dias complicados, mas tivemos sempre uma casa farta: de valores familiares e amor. O resto superou-se.
A morte do meu Pai marcou-me para o resto da vida.
Tudo passou a ser mais difícil. Ficar sem poder contar com a sua presença física e convivência, a sua opinião, a sua coragem, a sua alergia à injustiça e o seu companheirismo, foi duro. Foi mesmo muito duro.
Com a morte da minha Mãe (4 de Agosto de 1928/14 de Julho de 2015) voltei a sentir verdadeiramente o que é a ausência. Algo mitigada, porém, por saber que a minha Mãe viveu quase oitenta e sete anos, uma longa vida. Embora vivida com muitas dificuldades, inúmeros desgostos e algumas amarguras. Não conheceu o Pai, soldado na I Grande Guerra. Ficou viúva, aos 46 anos de idade, no tempo em que não havia reformas, com 3 filhos e uma Mãe de idade já avançada para cuidar. A vida é tão difícil para alguns…
Contudo, a minha Mãe deu a volta por cima e foi sempre uma mulher lutadora e uma filha, mãe, avó e bisavó dedicada. Pena não ter conhecido o Zé Miguel, o meu neto, que nasceu em Maio passado.
Legou-me o exemplo. Nunca desistiu: e, isso, foi o mais importante.
Viveu muitas alegrias no seio familiar – toda a família a rodeou de cuidados, amor, carinho e atenções até ao último dia.
Ao longo do percurso aconteceu de tudo: chuva e sol, sorrisos e lágrimas, chegadas e partidas – e, sobretudo, trabalho, muito trabalho e muita luta pela sobrevivência com honra e dignidade – o maior e mais importante legado que deixou à família.
Os quase oitenta e sete anos da minha Mãe, deram para descobrir o que é verdadeiramente importante na vida - as pessoas que nos rodeiam e que amamos. E, disso, a Dona Dora, minha Mãe, esteja onde estiver, não se pode queixar.
A 14 de Julho de 2015 a amargura e a revolta que senti deveram-se sobretudo a um facto: nesse dia perdi a minha Mãe – que, durante mais de 41 anos, foi, também, o pai que me restava. Ficar sem Mãe e o Pai que me restava ao mesmo tempo é a pior traição que se pode fazer a um filho.
Nestes tempos conturbados, complicados e algo penosos que estamos a viver neste início de 2022, faz-me a falta a confiança que sempre tive, vinda dos meus Pais.
Falta-me o aconchego de alguém que nos faria sentir que está tudo bem e vai ficar tudo bem, mesmo quando não fizessem ideia da dimensão do problema.
Os Pais sugerem o percurso. E os filhos caminham.
Para mim, acabou no dia 14 de Julho de 2015 algo que mais ninguém me pode proporcionar: a possibilidade de regressar, voltar de novo a caminhar e mudar o destino.
É com alegria que, todos os dias, recordo os meus Pais. Apenas lamento a ausência de resposta. Bastava-me algo simples e sem importância. Com o meu Pai, chutar umas bolas à baliza por ele defendida (ele gostava que eu tivesse sido jogador de futebol). Com a minha Mãe, comer um belo prato de papas feitas por ela com a sobra da sopa de feijão do dia anterior, acompanhado com umas belas sardinhas assadas salgadas no tempo da "matança".
A vida está uma confusão e uma trapalhada. Não sabemos como vamos sair disto.
De uma coisa, porém, tenho a certeza: evocar os meus Pais fez-me bem.
É possível encarar o futuro controlando o medo e dobrando a esperança no futuro.
É tão bom ser pequenino. Ter Pai é ter "sempre um sol a pino". Ter mãe é ter um Deus só nosso, que o mesmo é escrever, um escudo protector.
Que bom ter começado hoje o dia com esta recordação dos meus Pais. Que grande e gloriosa alegria. Bom dia para todos.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Dorati da Conceição, uma vida de “trabalhos” que valeu a pena (4 de Agosto de 1928/14 de Julho de 2015)

A minha Mãe foi baptizada de Dorati da Conceição, nasceu na freguesia de Lavos, Figueira da Foz, descendente de uma família de pescadores naturais de Ílhavo, que desceram a costa portuguesa à procura de peixe e água potável que lhes permitisse a sobrevivência, que se vieram a sediar na cova de uma duna, um local a que passaram a chamar de Cova por volta de 1750/1770.
A Gala, onde a minha Mãe nasceu, é uma povoação mais recente, nasceu cerca de 40 anos depois, quando alguns dos pescadores se deslocaram para nascente e ergueram pequenas barracas ribeirinhas, para recolha de redes e apetrechos de pesca.
Os familiares que me antecederam eram gente com mãos rugosas do trabalho  e faces marcadas pelo sol e pelo mar, onde arriscaram a vida para continuar a viver.

A vida da minha Mãe, até ao último dia, foi, sobretudo, uma vida de “trabalhos”.
Normalmente, este blogue serve para tudo, menos para falar de mim ou da minha família.
Hoje, é uma dessas raras excepções… Mas, como é que se escreve sobre uma Mãe que teve uma dura e difícil vida e que acaba de me deixar?
Neste momento, não sei se não sei, não sei se não consigo.
Sei que foram quase oitenta e sete anos, uma longa vida, ainda por cima, vivida com muitas dificuldades, inúmeros desgostos e algumas amarguras.
Não conheceu o Pai, soldado na I Grande Guerra. Ficou viúva, aos 46 anos de idade, no tempo em que não havia reformas, com 3 filhos e uma Mãe de idade já avançada para cuidar.
A vida é tão difícil para alguns… Contudo, a minha Mãe deu a volta por cima e foi sempre uma mulher lutadora e uma filha, mãe,  avó e bisavó dedicada.

Nunca desistiu: e isso foi o mais importante.
Viveu muitas alegrias no seio familiar –  toda a família a rodeou de cuidados, amor, carinho e atenções até ao último dia.
Porém, as consequências de uma vida longa, dura e difícil pesaram no final – as últimas semanas foram penosas, muito penosas mesmo.  
Ao longo do percurso aconteceu de tudo: chuva e sol, sorrisos e lágrimas, chegadas e partidas – e, sobretudo, trabalho, muito trabalho e muita luta pela sobrevivência com honra e dignidade – o maior e mais importante legado que deixou à família.
Quase oitenta e sete anos deram para descobrir o que é verdadeiramente importante na vida - as pessoas que nos rodeiam e que amamos.
E, disso, a Dona Dora, minha Mãe, não se pode queixar.

Hoje perdi a minha Mãe – que, durante mais de 41 anos, foi, também, o pai que me restava. Lembro-me de tudo. De como ela era bonita. E bem disposta e divertida, como esta  foto de 2012 mostra.
É assim que a vou recordar. Sinto a sua partida e o que teve de sofrer nos últimos meses, como uma profunda injustiça. Como a pior traição que se faz a um filho.
“Consola-me” um pouco, porém que, hoje, a morte vai ser a primeira noite sossegada que vai ter de há largos meses a esta parte…
Até um dia Mãe.
Um beijo.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

LIBERDADE

 A crónica de António Agostinho publicada na Revista Óbvia em Abril de 2022

Foto António Agostinho. Local: Praça da República, Coimbra.

No dia 25 de abril de 1974 tinha 20 anos de idade. Vivia na Cova e Gala, uma Aldeia bisonha, cinzenta, deprimida e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto, incluindo as que me estavam mais próximas. O preto era a cor das suas vidas. A minha avó Carmina Pereira, Mãe do meu Pai, viúva de um pescador do bacalhau, desde a década de sessenta que vestia de preto. A minha avó Rosa Maia, Mãe da minha Mãe, viúva de um combatente da I Guerra Mundial, vestia de preto desde 1928. 

A minha Mãe, ficou viúva a 6 de Junho de 1974. No dia 25 de abril de 1974 tinha 20 anos de idade. Vivia na Cova e Gala, uma Aldeia bisonha, cinzenta, deprimida e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto, incluindo as que me estavam mais próximas. O preto era a cor das suas vidas. A minha avó Carmina Pereira, Mãe do meu Pai, viúva de um pescador do bacalhau, desde a década de sessenta que vestia de preto. A minha avó Rosa Maia, Mãe da minha Mãe, viúva de um combatente da I Guerra Mundial, vestia de preto desde 1928. 

Passou, logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, a vestir de preto até 14 de Julho de 2015, dia em que morreu.

O 25 de Abril de 1974 vai fazer 48 anos. 

Portugal, antes, era diferente! Havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado, licença para poder usar isqueiro... 

E havia medo, muito medo.


Apesar das dificuldades actuais, mudou-se muito. E para melhor. 

A democracia política foi conquistada. Em 2022, não é o 25 de Abril que está em causa. O que está em causa é o retrocesso de quase todos os valores de Abril. Em nome de um economicismo balofo que despreza as pessoas, estão a descaracterizar tudo o que de positivo, a nível social e laboral, foi conquistado nos anos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974. 

Temos assistido ao esvaziamento de conquistas fundamentais da revolução. Neste momento, estamos perante a tentativa da  hegemonia da ideologia política da economia neoliberal e do seu projeto regressivo de nova opacidade e gerador de novas desigualdades. Têm vindo a tirar o básico aos portugueses: pão nas mesas, acesso à saúde, ensino de qualidade e habitação digna, em nome de que valores civilizacionais? 

Portugal, antes do 25 de Abril de 1974, era um país pobre que tinha alguns ricos. Vivia em ditadura, mas havia democratas que lutavam e morriam pela Liberdade (com os comunistas na primeira linha do combate). Vivia em capitalismo, mas os empreendedores eram quase todos "merceeiros protegidos do regime salazarista". Vivia isolado, mas tinha uma "ala moderada" que aspirava europeizar-se. Era um País ameno e de brandos costumes, mas onde quem procurava remar contra a maré era perseguido, preso, torturado e até morto. Dizia-se crente e civilizado, mas era bárbaro. Religioso, mas não praticante. Recusava ser considerado fascista, mas tinha a PIDE e presos políticos encarcerados sem julgamento, ou com julgamentos fantoches. 


Nesse País havia a minha Aldeia. A Cova e Gala era, em Abril de 1974, um pequeno povoado mal iluminado. Quase que não existiam ruas. As casas eram praticamente todas desconfortáveis. Na altura, a Cova e Gala era uma pequena Aldeia esquecida, com cerca de  2 000 habitantes, localizada à beira do Atlântico. Vivia-se ainda pior na minha Aldeia que em algumas localidades vizinhas: nas casas não havia esgotos e a corrente eléctrica era  ausência em muitas habitações. Existia muita miséria material, fome e outras privações, as condições de trabalho eram desumanas, existia má nutrição. E havia quadros familiares de risco. 

A vivência na  Cova e Gala era influenciada pelo que se passava no Atlântico Norte a bordo dos barcos da "faina maior". A pesca ao bacalhau era  sustento das família e uma vida para pessoas moldadas às agruras de uma existência dependente de ventos e marés, rijas de corpo e com o coração curtido pelas perdas de amigos e familiares dedicados à mesma lida, mas que encontravam na pesca do bacalhau a expressão máxima desse sacrifício diário que lhes proporcionava angariar o sustento das famílias. 

Gente habituada a ter de arriscar a vida para continuar a existir.

O cenário em que cresci, foi o de uma Aldeia de um País negro nas ideias, economicamente débil, que vivia na escuridão de uma ditadura com 48 anos de existência. 

Em 25 de Abril de 1974 caiu a ditadura. Chegou a democracia. Considero-me um privilegiado. Nunca deixei (nem deixarei enquanto tiver forças para isso) de exercer o voto, “um direito” que adquiri com a democracia e um “legado” de todos aqueles que lutaram décadas (com os comunistas na primeira linha) para que eu pudesse ter uma vida vivida "quase" toda em democracia, que foi o melhor que ganhei com o 25 de Abril.

O dia 27 de Abril de 1974, na Figueira, foi “uma loucura, extraordinária”. Foi talvez o momento mais vibrante da democracia figueirense. Foi único - nunca vi tanta gente na Rua a manifestar-se. Nunca vi manifestação tão genuína, tão forte, tão festiva, tão alegre e tão intensa no nosso concelho.

Nos anos a seguir ao 25 de Abril o povo envolveu-se e participou na construção da democracia. 

Deixo o meu testemunho: a  única coisa que me interessava era participar na construção democrática de um País renascido. Preocupei-me em conhecer gente culta e politicamente evoluída para aprender. Fui dirigente sindical. Participei em listas para eleições autárquicas. Fui dirigente associativo. Nessa altura, os partidos estavam activos. Na Gala, ajudei a abrir uma delegação do MDP/CDE. Da sua actividade, recordo a alfabetização de muitas mulheres que tinham os filhos emigrados e não sabiam ler as cartas que recebiam. 

Anos mais tarde, em 1986, fiz parte do primeiro executivo da Junta de Freguesia de S. Pedro.

A liberdade de informação e o fim da censura foi uma conquista fundamental e “imbatível” da democracia. 

Em 1976, com 22 anos de idade, o jovem que eu era, curioso e sedento de aprender, que vivia numa Aldeia "que era como um novelo de lã em que não sabíamos onde estava a ponta por onde se devia puxar para a desenvolver”, começa a interessar-se pelo exercício do jornalismo. Primeiro, como correspondente do jornal O Diário. Depois, fazendo parte da equipa Barca Nova, onde conheci pessoas extraordinárias, com quem muito aprendi e evoluí.

O que sou hoje, devo-o na totalidade ao facto de ter tido a oportunidade de viver a maior parte da minha vida em liberdade. Por ter vivido 20 anos no salazarismo, que é o nome que se dá ao Estado Novo português, período ditatorial que foi iniciado em 1933 e finalizado em 1974, com o triunfo da Revolução dos Cravos, sei avaliar o que é viver numa ditadura e a reconstrução de uma democracia. Olhando para os 68 anos que tenho de vida, recordo os primeiros 20, os que vivi em ditadura, como um espaço de tempo que custou a passar. Os 48 que vivi em democracia passaram num instante. Do 25 de Abril de 1974 para cá, tudo parece que foi ontem.

A ditadura castra e oprime, bloqueia o pensamento e impede que se escolha. 

Viva a Liberdade! Viva o 25 de Abril! Sempre!

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Tempo de emoções...

Uma foto da minha mãe, a tirar o sal da marinha. Apesar da má qualidade da foto, pode ver-se a dureza do trabalho. "O sal era branco, mas fazia o coração preto", dizia-me a minha mãe.
Gosto do que é autêntico. 
Gosto da concordância das emoções. 
Porém, a verdade e a autenticidade nem sempre são a mesma coisa. 
A verdade, por vezes, é o que convém.
A autenticidade é a possibilidade de alguém ser capaz de revelar a realidade.
Uma guerreira é uma guerreira
E a palavra que melhor define a minha Mãe, que era uma mulher da paz e dos consensos, é essa mesmo - guerreira.
Leia-se: na luta pela sobrevivência, dela e dos seus. 
Foram quase oitenta e sete anos, uma longa vida, ainda por cima, vivida com muitas dificuldades, inúmeros desgostos e algumas amarguras.
Não conheceu o Pai, soldado na I Grande Guerra. Ficou viúva, aos 46 anos de idade, no tempo em que não havia reformas, com 3 filhos e uma Mãe de idade já avançada para cuidar.
A vida é tão difícil para alguns… Contudo, a minha Mãe deu a volta por cima e foi sempre uma mulher lutadora e uma filha, mãe,  avó e bisavó dedicada.
João: o teu comentário emocionou-me. 
Mais: humedeceu-me os olhos, o que não é demonstração de fraqueza.
Num tempo em que pessoas têm medo de exprimir emoções vividas ao longo do seu percurso, fica o meu agradecimento. 

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Livros e recordações

A propósito do livro O Coro dos Defuntos, prémio Leya 2015,  "um romance que precisa de dicionário", e que na opinião de Carlos Maria Bobone, "usa uma linguagem pretensiosa e anda aos tropecções entre um romance de costumes e um mistério", obra literária acerca da qual, depois de ao longo da minha vida ter lido tanta coisa, não tenho nada a dizer,  deixo  uma recordação de um dos livros da minha vida: A Mãe - Máximo Gorki.
 

"Gorki é o escritor russo que melhor faz a transição entre a monumental literatura russa de finais do século XIX e a literatura ideológica desse país no século XX.
"A Mãe" é uma história revolucionária em todos os sentidos. Talvez nunca o espírito revolucionário tenha sido expresso de uma forma tão pungente, sincera e romântica. Diria mesmo, de uma forma tão ingénua, em todo o bom sentido que este adjectivo pode ter.
Escrito e publicado em 1907, este romance descreve em pormenor a desgraça, a tristeza e a miséria em que vivia o povo russo no tempo do czar Nicolau II. É entre essa miséria que emerge um grito lancinante de revolta, o grito profundo das almas feridas que arrancará a esperança das profundezas da injustiça.
Um grupo de jovens operários desperta para as ideias bolcheviques e encara-as como a solução para pôr fim à miséria e à injustiça de que eram vítimas os operários e camponeses russos. Mas essa revolta que se sonha é encarada como um movimento universal, capaz de libertar todos os injustiçados do mundo. É nesse sentido que se trata de uma mensagem ingénua. Essa mensagem não encerra em si qualquer ambição de poder. Pelo contrário, o que se pretende é acabar com o poder como forma de opressão.
Pavel é o mais brilhante desses jovens. Mas por trás dele, ou melhor, ao lado dele emerge a força imensa de uma mulher: a sua mãe, Pelágia. Sinceramente não faço a mínima ideia de Gorki conhecia a história da Península Ibérica mas o certo é que este nome é semelhante àquele que é considerado um dos maiores guerreiros da história ibérica: Pelágio, primeiro rei das Astúrias, herói da resistência e guerra aos Muçulmanos na Reconquista Cristã. Seja como for, Pelágia é a grande guerreira, que sofre em silêncio todas as vicissitudes de uma mulher pobre na Rússia czarista: vítima da miséria mas também de um marido bêbado e violento. Até que ele morre e Pelágia passa a seguir o caminho do filho na senda da revolução.
Pelágia sente-se a mãe de todos os revolucionários; a mãe da revolução. Neste aspecto, Gorki estabelece um curioso paralelismo entre o amor maternal e uma espécie de amor universal que comanda a mente e a acção destes revolucionários; uma espécie de “amor ao próximo”, ao fim e ao cabo. Aliás é bem clara a proximidade entre este comunismo nascente e o verdadeiro espírito do cristianismo.
Esta pureza do ideal revolucionário fica bem clara nesta ideia: não devemos derramar sangue dos inimigos porque ele envenenará a terra; o nosso sangue, pelo contrário, quando derramado, purificá-la-á. No entanto a luta irá, mais tarde ou mais cedo desencadear a violência, quando o ódio vencer.
E ele vencerá mais tarde… Dez anos após a publicação desta obra, em 1907, Lenine liderará, finalmente, a Revolução.
E mais tarde Estaline encarregar-se-á de a manchar com todos os crimes."

domingo, 1 de maio de 2011

Dia da Mãe

Não sou fervoroso  adepto destes dias comemorativos.
Neste caso, em especial, procuro que, para mim, todos os dias sejam Dias da Mãe.
Felizmente, ainda tenho Mãe.
Contudo, como ao que parece, neste país, todos, menos este, são os dias dos filhos da mãe, fica aqui o registo carinhoso, justo e merecido ao Dia da Mãe.

domingo, 7 de maio de 2017

Todos os dias, para mim, são dias da minha Mãe

Por isso, assinalo e recordo este dia.
Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!

Nota de rodapé.
Miguel Torga nasceu em Trás-os-Montes, região que o marcaria para toda a vida. A sua obra reflecte a força da sua ligação à terra onde nasceu.
Médico, escritor e poeta, criado entre os trabalhadores rurais, Torga transmite todo o carácter humanista, em cada uma das suas facetas profissionais.
O poema dedicado a sua mãe, incluído no “Diário IV”, é um exemplo da comovedora capacidade de acreditar que a morte não poderia afastá-la da sua vida.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

"Ajudem a partilhar esta vergonha, para ver se é desta que fazem alguma coisa!"

À ATENÇÃO DA FIGUEIRA DOMUS: se a habitação social, no concelho da Figueira da Foz, por falta de "obras de conservação nos fogos municipais", está em mau estado, bem como a "manutenção dos espaços exteriores dos bairros", deixa muito a desejar, fica a pergunta: para que serve a Figueira Domus, E.M.?


Via Pedro Rodrigues
"Vejo muita gente a querer mudar o mundo. Mas o mundo, o global, começa numa escala mais pequena, a um nível regional. Este caso, que me é próximo, é um exemplo da negligência do poder local, da falta de respeito pelo cidadão. É esta negligência (repito o termo com toda a pompa, não ligando à má prática da redundância, porque o caso assim o exige) que leva as pessoas ao desespero. Uma entidade responsável não pode agir desta forma. Os senhores engravatados da CMFF não podem ignorar os cidadãos que deviam proteger. Para que serve afinal a Figueira Domus? Que entidade é essa? O Leslie foi em Outubro de 2018. Faltou tempo? Vontade? Não podemos querer mudar o mundo, se nem a nossa casa conseguimos manter nos eixos."



Mais fotos e vídeos clicando aqui 

Via Susana Moreira
"Está é a casa em que a minha mãe vive com uma criança de 11 anos, uma habitação social que a instituição responsável é a Figueira Domus. Isto está assim desde a tempestade Leslie, ou seja, há mais de um ano!
A vistoria da Figueira Domus veio cá reconhecer a existência de várias anomalias (muitas mais das que apresenta nas fotografias) mas até à data ainda ninguém fez nada. Não sei a quem mais recorrer.
O tecto do quarto tem um buraco como se pode verificar, sendo que chove muito e as paredes já tem infiltrações. Na cozinha tinha um exaustor e com a chuva a cair por ali ardeu, sendo que a chuva continua a cair e temos de colocar um alguidar, como também podem verificar nas fotos. Passa-se o mesmo com o tecto/paredes da sala e restante casa, que está cheia de humidade e infiltrações.
Já marcamos reuniões com a devida instituição responsável, já enviamos cartas/ e-mails com fotografias e nada foi feito até agora.
Esta casa é um risco para a minha mãe e para o meu sobrinho, está cheia de humidade e o tecto do quarto pode cair a qualquer momento!
Tentamos contactar com a câmara municipal e nada foi feito, recorremos à deco como forma de auxílio e eles referiram para enviarmos cartas registadas e assim o fizemos e mais uma vez não tivemos resposta.
Mesmo com todas as tentativas, a figueira dommus conseguiu aumentar a renda da minha mãe de uma forma exorbitante, não sendo de todo correto. Como a minha mãe diz “se me arranjassem a casa ou me colocassem noutra, eu não me importava de pagar”, mas como podem verificar isto não faz sentido, nem está arranjada, nem lhe deram outra.
Hoje deu-se o temporal que toda a gente sabe e quando chegamos a casa, encontramo-la como podem ver nas fotografias e vídeos.
"

domingo, 4 de maio de 2014

Mesmo a terminar o dia da mãe...

"Há três anos ouvi Passos Coelho tecer loas à "mãe troika", mulher de grandes virtudes que o iria ajudar a cumprir os seus objectivos.
Hoje Passos Coelho traiu a mãe celebrando a sua hipotética expulsão de Portugal.
Os tipos sem carácter  renegam  as mães  com a mesma  facilidade com que se servem delas, para alcançar os seus objectivos.
Podiam era escolher outro dia para as trair."

sábado, 4 de janeiro de 2020

E se este caso tivesse acontecido no SNS?..

«Menina de 12 anos morre após ter alta de urgência na CUF

Médica achou que só queria atenção, diz a mãe. Leonor foi duas vezes à urgência da CUF Almada com dores fortes e febre após dar "um jeito nas costas". Na última, médica achou que era "chamada de atenção"
Morreu horas depois.

A família aguarda agora o resultado da autópsia, embora os médicos tenham indicado à mãe que “suspeitavam de uma infecção ou de a Leonor estar a perder sangue”. Ao Público, o Hospital Garcia de Orta — que a mãe elogia na mensagem que deixou no Facebook — confirma que “foi admitida uma criança de 12 anos na urgência pediátrica e posteriormente transferida para a Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos e que viria a falecer, poucas horas após admissão”.

Contactada pelo mesmo jornal, a CUF diz lamentar “profundamente” a morte da criança: “Por forma a concluir o inquérito entretanto iniciado, foi ainda decidido não incluir, temporariamente, a médica em questão na escala de serviços clínicos da Clínica CUF Almada, salvaguardando a competência e a experiência de mais de 27 anos que lhe é reconhecida”, responde o grupo José de Mello Saúde, que acrescenta que “deposita nos seus profissionais e nos seus processos a maior confiança”
Via Observador

domingo, 11 de setembro de 2016

Hoje, a título excepcional, vou falar de mim e do meu objectivo de vida

Quando eu nasci, em 1954, na minha casa não havia electricidade (apesar da luz eléctrica ter chegado à Cova e Gala em março de 1940), rede de esgotos e nem água canalizada.
Imagino, o quanto isso não será complicado de compreender para certas pessoas que, nos dias de hoje, vivem na Aldeia!..

O meu berço foi pobre e as fraldinhas eram de pano. 
A minha saudosa avó Rosa Maia e a minha mãe lavavam as fraldas que me acolhiam os sobejos do corpo, com a água do poço, o recordado poço do Tzé Maia, num tanque ao lado e com a ajuda do sol, que as corava. 

Não havia casa de banho na minha casa. 
Para me darem banho na cozinha, a minha mãe e a minha avó aqueciam, em lume de lenha, uma panela de água.
O gás era caríssimo e a energia eléctrica ainda não tinha chegado à minha casa...
Sou do tempo do candeeiro a petróleo.

Entretanto, o tempo foi passando e as condições melhoraram.
O meu pai até ser vivo (morreu em junho de 1974), a minha mãe e a minha avó, sacrificaram as vidas para darem o melhor que puderam à família.
E, por isso, conseguimos melhorar, apesar de todos os que vieram a seguir, vivam e continuem a andar na vida a pulso. 
Isto é: conforme podemos.
Umas vezes de lado, outras a subir, muitas delas a descer, mas vamos sempre para algum lado. 

Viver assim assim nem sempre é fácil e muito menos simpático ou sedutor. 
A sociedade não facilita o percurso de quem escolhe viver com dignidade e independência.  Nesta sociedade que vive de aparências, a linha do equilíbrio é ténue. Todos sabemos isso. 
Mas, isso é óbvio, é aquilo que que nos querem obrigar, é o que esperam de nós, é o que os outros esperam das nossas acções, dos nossos sonhos e das nossas projecções. 

Mas nem todos somos iguais. Ao longo da vida, sempre procurei trabalhar com a conta, o peso e a medida que me permitiu não necessitar de favores, mas procurei fazê-lo sempre sem exageros que me perturbassem o equilíbrio para viver a vida da forma que optei por viver: com responsabilidade mas independência. 
Tenho uma vida simples, equilibrada, transparente e translúcida. 
Isto, claro, tirando as noites de prazer, óbvio, quando toda a barraca tem o direito de abanar e a cama de ranger... 
Chegado aqui, passado o tempo em que exigi a mim próprio ser profissional e competente, posso garantir que me estou marimbando que as pessoas pensem se sou eu que valho pouco, ou se eram os outros que queriam mais de mim.

Na minha juventude os tempos eram outros, mas ao menos sabia, porque estava bem explicito e definido, que não havia liberdade.
Hoje, a maioria, vive numa prisão disfarçada de espaços abertos, habilmente mantida, numa movimentação repleta de espartilhos, vivendo numa luz a fingir que brilha ao sol, mas, na realidade, secando devagarinho, até morrer totalmente exaurida, seca e gasta.

É disso que sempre tentei fugir ao longo da vida...
Será que vou consegui-lo até ao fim?

domingo, 1 de novembro de 2009

Mãe, um poema de Custódio Cruz

Todos temos, pelo menos, uma faceta desconhecida.
Custódio Cruz, é um nome que logo associamos ao futebol. Quase toda a gente conhece o seu percurso no chamado “desporto-rei”. Passou como treinador, sempre com mérito, por quatro Clubes do nosso concelho. A saber: Associação Naval 1º de Maio (duas vezes), Grupo Desportivo de Buarcos, Grupo Desportivo de Maiorca e Grupo Desportivo Cova-Gala.
De há anos a esta parte, sempre com a competência e conhecimentos na matéria, que sem favor lhe reconhecemos, tem colaborado como comentador aos microfones da Rádio Maiorca e Foz do Mondego Rádio, em diversos programas desportivos.
Pois, é deste homem do futebol, de seu nome Custódio Cruz, que este blogue tem o privilégio de revelar a tal faceta desconhecida: a de poeta.
Neste 1 de Novembro, um dia sempre especial para quem já perdeu pessoas que lhe são queridas, como aconteceu há meia dúzia de meses atrás ao Custódio Cruz, publicamos um seu poema:

Mãe

Espalhou-se no tempo…
e esvaziou-se no imenso ar,
flutua no vento
e sinto que a estou a tocar!..

Já não a vejo,

nem aqueço essa ilusão,
apenas sei
que a encontro no coração!...

Nunca de certo perder te vou,
por doces lembranças que ninguém detém,
este silêncio ninguém mo tira,
e assim perto de ti…
sempre estarei!..

Como um manto estendido na mente,
tão doce e amargo,
tão frio e tão quente!...

Num gelo de sombras fito teus olhos escondidos,
Naquele olhar…
Que apenas sente!..

Por aqui estás
e por ali andas…
numa leve brisa que sei de onde vem,
como sempre foi
e sempre será,
o carinho de minha mãe!...

Custódio Cruz

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Ao que chegámos! ...

Tenho o maior respeito pela juventude.
Compreendo a sua força, a sua irreverência, a sua capacidade para sonhar.
Não compreendo a falta de educação, civismo, formação e irresponsabilidade.
Seja a que título for.
Sei que há gente pequenina, mesquinha, que não me pode ver – tudo bem, insultem-me. Se quiserem, façam aquilo que têm na vontade, sejam homenzinhos e venham “partir-me o focinho”, como já foi escrito em comentários anónimos.
Há uma coisa, porém, que ultrapassou tudo, mas mesmo tudo: meteram-se com a minha Mãe, uma Senhora impoluta, pobre, modesta, mas de uma honradez a toda a prova.
Para além disso, é uma pessoa doente e com 78 anos de idade.
Tenham juízo meninos. Sim, porque mesmo que os mentores tenham sido homens, não passam de uns rapazolas parvos e irresponsáveis.
Cova-Gala, onze horas e cinco minutos do dia 2 de Agosto de 2006
António Agostinho



COVA GALA
........................................http://chavedespedro.blogspot.com/

Terça-feira, Agosto 01, 2006
Chave de São pedro - Nova Geração
É com enorme prazer que aqui apresentamos o novo visual do blog que, apesar do trabalho, nos deu bastante gozo melhorar, para nós e para todos os que nos visitam diariamente.
Espero que gostem e nos continuem a visitar e a deixar os vossos comentários.
Voces são importantes para nós!
Vamos todos contribuir para um aceso, mas controlado, debate de ideias, sobre a terra, o país e o mundo!
Abraços e Beijinhos, conforme as preferencias.
Ricardo, Nuno e Zé-Tó


Sábado, Julho 29, 2006
Estudar na Figueira...
Se o teu objectivo é ir para o ensino superior a Universidade Internacional da Figueira da Foz (UIFF) pode dar-te essa oportunidade de tirares uma licencenciatura em Psicologia, Direito ou Gestão. A academia da UI tem vindo a ganhar pontos e prestígio lá fora. É uma excelente alternativa para aqueles que não conseguem entrar nos sítios que querem. Se fores um deles não desanimes a UI espera por ti! A UI de Lisboa pode ser também a tua escolha. Estar perto de casa, não ter despesas em renda, alimentação e gasolina, são algumas das vantagens de estudar na Figueira para quem é de cá, e que são um tormento para os universitários que vão estudar para longe da sua terra-natal.
posted by José António Manata at 3:49 PM >5 comments


Comments on "Estudar na Figueira..."

<$BlogCommentAuthor$> said ... (8:29 PM) :
Caro Zé Tó:Estará tudo muito bem, mas sabendo, como sabes, o que valem esses cursos, devias fazer publicidade a outra coisa. Olha mira lá isto:A Figueira da Foz, tem cerca de 250 advogados, muitos eles sem nada que fazer a não ser defesas oficiosas.Para que são precisos mais psicólogos? Lá que a população anda a ficar necessitada de apoio psicológico é certo, mas quem vai precisar mais desse apoio são os próprios psicólogos e não tarda nada. Gestão, gerir, gerir...o quê?Cada vez há menos que gerir e mais gestores que não se conseguem gerir a si próprios.Hoje, ter um curso destes em Portugal, é quase o mesmo que nada.

<$BlogCommentAuthor$> said ... (9:45 PM) :
Um curso bom e que teria certamente, pelo menos um aluno era:Como ser um homenzinho na Blogosfera.O pupilo n.º 1 desse curso seria o doutorado em asneira e censura:Dr. Agostinho Daquela Margem.

<$BlogCommentAuthor$> said ... (4:23 AM) :
Apoiado!Esse segundo coment está divinal, o amigo tem toda a razão!Por acaso estava só de passagem, mas não resisti e penso que a blogosfera regional está de acordo comigo.

<$BlogCommentAuthor$> said ... (6:20 PM) :
esse dr. agostinho é um asno.vá censurar a puta da mãe..é uma vergonha pra blogosfera regional local nacional e internacional.esse filho da mãe devia ser corrido da nossa freguesia....

<$BlogCommentAuthor$> said ... (9:31 PM) :
Estão a ver a que é que eu me refiro?Basta analisar o comentário anterior anonimo das 6.20PM para entender o que pode ser a falta de civilidade, educação e humanidade.Espero bem que não seja jovem, porque se o for, envergonha-se a si e a seus pais.


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Confesso que fiquei incomodado


Não vai ficar pedra sobre pedra.
Passo a passo vão-nos tirando tudo...
Quase já nem vejo televisão.
Cansa andar sempre com o sobrolho carregado e franzido e a barafustar…
Mas, o que é que eu posso fazer:  fingir que não vivo cá?..
Por isso, fiz uma excepção e vi e ouvi "o ministro que comenta as medidas por si aprovadas em Conselho de Ministros na sede do partido, saiu apressadamente da sala para se esquivar às perguntas incómodas dos jornalistas, apresentando como justificação ir celebrar o dia da mãe em casa de sua mãe."
Confesso que fiquei incomodado.

sábado, 14 de julho de 2018

Saudade... Que raio de saudade...

Faz hoje 3 anos que fiquei definitivamente pobre.
Perdi a minha Mãe – que, durante mais de 41 anos, foi, também, o pai que me restava. Lembro-me de tudo. De como ela era bonita. E bem disposta e divertida, como esta  foto de 2012 mostra.
É assim que a continuo a recordar. Sinto a sua partida e o que teve de sofrer nos últimos meses de vida, como uma profunda injustiça. Como a pior traição que se faz a um filho.
“Consola-me” um pouco, porém, saber que, faz hoje 3 anos, a morte foi a primeira noite sossegada que teve nos últimos meses de vida…
Há pessoas de quem temos mesmo saudade...
Até um dia Mãe.
Um beijo.

sábado, 14 de dezembro de 2019

A ministra da saúde continua a confiar em nós...

Quer dizer, na nossa capacidade "pró desenrascanço"...
A última bebé a nascer no bloco de partos do HDFF foi uma menina de mãe russa, às 00H30 do dia 1.11.2006. Nessa noite, foi fechado um ciclo que durava há 59 anos, criado para responder a uma necessidade de um concelho que se acreditava estar em desenvolvimento…
Via Diário de Coimbra
"A madrugada de ontem vai ser inesquecível para José Carlos Costa e Francisco Morais, dois Bombeiros Voluntários desde 2005 e, nessa noite, de serviço na Secção Destacada do Paião. Francisco Morais explica que já levou algumas parturientes para Coimbra, «mas este foi o primeiro parto. Estava um bocadito nervoso, mas correu tudo bem. O bebé nasceu bem, com ajuda dos elementos da VMER e o mais importante é que a mãe e o menino estão bem», diz, «contente» por ter ajudado a vir ao mundo «uma nova vida. Temos formação específica e o que importa é que tudo decorreu com normalidade», explica este bombeiro a tempo inteiro, mas que nesse dia, se encontrava como voluntário."

terça-feira, 1 de agosto de 2023

"Primeiro de Agosto, primeiro de inverno"

Nunca nos habituamos à dor causado pela falta de algo ou de alguém.
Esse sentimento de perda tem nome: chama-se nostalgia.
Todos temos nostalgia de algo ou de alguém.
Hoje, é dia 1 de Agosto. 
Na minha Aldeia os antigos costumavam dizer: "primeiro de Agosto, primeiro de inverno".
Sinto nostalgia, não da frase, mas de quem me dizia essa frase. Principalmente da minha avó Rosa Maia e da minha Mãe.
Naqueles anos da minha juventude, o mês de Agosto vinha fresco, com dias de chuva e muito vento.  A temperatura refrescava. Cheirava a fim de verão, a fim de férias e a mudança.

Hoje, dei comigo, atavicamente, a pensar como os que me antecederam: "primeiro de Agosto, primeiro de inverno".
Há alguns anos que já não faço praia. Limito-me, para apanhar sol, aos passeios de bicicleta, às caminhadas e às esplanadas junto ao mar. 
Portanto, o tempo em que sentia ser o tempo de começar a arrumar a toalha de praia e começar a despedir-me dos vestígios de sal, do sol e do cheiro da areia, já não existe: porém, são recordações sensoriais ainda bem vivas na minha memória.
A recordação que tenho dos verões  da minha vida, são sobretudo isso: sensações, imagens, sons, cheiros, odores, sabores, texturas. Uma corrida junto ao mar pela areia molhada. Uma futebolada na Praia do Hospital - os banistas eram poucos e havia muito espaço - e depois um mergulho rápido para refrescar.

Nesta altura do ano, temos a possibilidade de retomar um imaginário enraizado no passado e saboreá-lo novamente - apesar do clima estar a mudar aceleradamente: "primeiro de Agosto, primeiro de inverno".
Esse  imaginário, nesta fase já avançada da minha vida, é a possibilidade de recordar e brincar com as vivências e as imagens que foram ficando acumuladas desde criança.
Quando isso deixar de acontecer, sentirei que algo terminou e então, sim, sentirei o peso de ser  velho e as suas consequências.
Até agora, em cada verão que finda, sinto apenas que foi mais um verão perdido da minha infância e juventude. 

Por isso, a passagem de mais um "primeiro de Agosto, primeiro de inverno", como sentimento de perda que tem nome e se chama nostalgia, até agora, ainda não existe.
Continuo a sentir nostalgia, não da frase, mas de quem me dizia essa frase. Principalmente da minha avó Rosa Maia e da minha Mãe.
O verão não envelhece.
A seguir a este verão vem o outouno, depois o inverno, a primavera e a seguir novamente outro verão.
Há sempre lugar para a renovação. 
Até nas nossas vidas.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Dona Dora: 88 anos

Mãe: 
(…)
Que és a eterna mulher entre as mulheres. 
Que nem a morte te afastou de mim! 
Miguel Torga, in "Diário IV"

Saudade. 
Mais do que a ausência é a vontade da presença.

Hoje, a minha Mãe  festeja o seu 88º. aniversário.
É um dia doloroso, mas bonito. 

Bom, bom, seria tê-la connosco.
Foram 86, quase, quase 87 anos - uma vida.

Em tempos difíceis, como estes que atravessamos, a sua presença e o seu exemplo –  de trabalho, de seriedade, de dignidade, a sua preocupação em cuidar da família - faz ainda mais falta.

A família sempre foi o reduto inexpugnável da nossa esperança.
E vai continuar a ser.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Obrigado

Há dias de que nunca esquecemos, mesmo quando os dias se esquecerem de nós.
Talvez por ser homem, apesar de ter mais duas irmãs, fui sempre “o filhinho da mamã”.
A minha Mãe gostava muitos de todos os filhos, mas a mim guardava-me e protegia-me como um tesouro.
Hoje, no dia em que o seu corpo sofrido e desgastado por uma doença que não perdoa a ninguém desceu à terra e ficou a repousar no cemitério de Lavos junto aos seus Pais, Irmãos e ao seu único Homem – o meu Pai – olho para trás e sinto que não lhe agradeci tal amor e dedicação o suficiente.
Sempre me senti acompanhado pela família, mesmo quando rodeado de silêncio. A família sempre foi o reduto inexpugnável da minha esperança. E vai continuar a ser. Ficámos mais pobres, mas continuamos “possantes”.
É isso que a minha Mãe, onde estiver, exige de nós – que nos mantenhamos fortes e unidos.
Somos feitos da mesma massa, do mesmo sangue. Há algo que nos une: as mesmas origens, a mesma pobreza, o mesmo orgulho, os mesmos sonhos - a mesma honradez.
Logo que possível este espaço vai retomar a normalidade. Para já, em nome da família, fica o agradecimento a todos – e muitos foram – os que estiveram e estão connosco nos momentos difíceis que ainda estamos a atravessar.
Obrigado pela solidariedade demonstrada. Jamais esqueceremos.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Oxalá que não aconteça, mas um dia isto ainda acaba por correr mal...

O bloco de partos do Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF) encerrou a partir das 00h00 do dia 4 de Novembro de 2006
E assim se mantém.

Bebé nasce à porta de casa na Figueira da Foz

"Um bebé nasceu ontem, domingo, à porta de casa, em Buarcos, dentro de uma ambulância do INEM, ao serviço da Cruz Vermelha da Figueira da Foz.
A grávida, de 31 anos, com 39 semanas de gestação e mãe de três filhos, já se encontrava com contrações de três em três minutos quando a Cruz Vermelha chegou ao local. Perante o parto iminente, foi levada para dentro da ambulância para ser transportada para o hospital mas o bebé, Santiago, acabou por nascer no local.

De acordo com o Diário de Coimbra, mesmo com as dificuldades logísticas e técnicas tudo acabou por correr bem tanto para o bebé como para a mãe que depois foram transportados em segurança para a maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra."

Isto é uma vergonha num país europeu

Se  todas as maternidades com menos de 1500 partos constituíam um risco para a saúde pública, ao ponto de terem sido encerradas maternidades, então terá que levada esta ideia até às suas últimas consequências:
1. os partos em casa e nas ambulâncias têm de ser proibidos;
2. todas as clínicas privadas com menos de 1500 partos/ano também têm de ser encerradas.