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quinta-feira, 24 de agosto de 2006

E pronto: quatro meses já cá cantam.

“Anonymous said...
Caramba, aqui ninguem gosta de nada!...Que enjoo!Então gostam de quê, pessoalzinho...digam a verdade, vá...Circo, nao gostam,tourada, também não...exigentes...!já sei! Futebol e copos, certo!!!!!????Vamos fazer um concurso, pra ver quem consegue matar o bicho mais rapidamente? Não, não me refiro ao toiro!!! É ao bagaço mesmo!!! AMEN...
22 Agosto, 2006 23:42”

Aqui está um comentário tipo do famosoerudito, neste caso transvestido de anónimo moço de recados dos mandantes.
A técnica é velha: o boato torna-se mais facilmente autopropagável quando se fere o brio e o os valores que são importantes para quem se quer atingir.
Sabendo que gostamos da nossa Terra, o bairrismo, nestes quatro meses, foi muito utilizado, como arma de arremesso, para tentar desmotivar e desmoralizar. Daí, o martelar da tecla dos insultos cobardes, grosseiros e mentirosos tentando achincalhar a Terra e os covagalenses.
Mais um exemplo:

“Anonymous said...
Vou-vos contar uma coisa: quando fiz a tropa em Coimbra, eu sou de lá, tive um camarada de pelotão que era da Cova Gala. Passados dois/três anos, vim acompanhar o meu clube, como director, num jogo aí na Gala. O meu camarada de armas, que pensava eu ser meu amigo, não é que passou o jogo a ameaçar-me que me matava a mim, jogadores e directores que se encontravam no banco de suplentes ? no início ainda pensei ser brincadeira, mas quando ele foi buscar familiares e amigos imaginam, não é preciso explicar.Conclusão: Vocês ainda são como naqueles tempos ?”
0 Agosto, 2006 01:43”

Se a vanguarda é forte, passa-se ao ataque pelos flancos.
A calúnia, a mentira, a ofensa, a falta de carácter, a cobardia, para esta gentalha não tem limites. Já se atacou o Agostinho, a mãe, como não resultou, ataca-se o puto. Um exemplo, que de tão elucidativo, dispensa mais palavras:

“emanuel pimba said...
Peço desculpa mas eu é que sou o verdadeiro emanuel pimba e sei que foi o menino pedro cruz da "outra margem" quem escreveu o último comentário mas eu já resolvi o problema para que não prejudiquem a blogosfera regional:"Queria só dizer ao Pedro Cruz, Mantorras, que foi apanhado a minar os blog´s. Logo vi que essa táctica mineira de usar capas de outras pessoas só para dizer mal, não ia longe, deves ter um bom professor! Essa atitude só mostra a total falta de respeito e uma total criancice perante os outros blogger's, vocês só conseguem denegrir o que pretendem utilizar como hobbie! Fechem este blog e aprendam a conviver como os seres humanos...tenham vergonha! Não fui o único a ficar desapontado, havia muitas pessoas assiduas a este espaço, estragaram tudo!As outras pessoas podem não ver este comentário mas eu resolvo isso!Publiquei este comentário no "outra margem" e não só para o caso de eles não o mostrarem ás pessoas, eu mostro a vergonha que eles andam a fazer, minagem de mau caráter sobre tudo o que se faz de bem dentro do possível, quanto a vocês, Cova-Gala, não parem com o excelente trabaho!
7:45 PM “


Como no OUTRA MARGEM levaram para trás, em desespero de causa, repetiram a dose, atacaram pelo mesmo lado, utilizando quem se deixa manipular. Esse problema não é nosso, é de quem utiliza e de quem é utilizado.
Só nos fere a atenção, a falta de competência e a pobreza de imaginação!..
Isto é o que de mais primário e básico existe. A técnica está gasta e foi bebida num suposto livro didáctico difundido nos Estados Unidos, um país cuja primeira grande minoria nacional, com dezenas de milhões de integrantes, são justamente os "hispanics", isto é, os de origem latino-americana, que poderão tornar-se maioria nos próximos 50 anos.
Portanto, escolham outro palhaço de serviço, pois este famosoerudito (e respectivos apêndices) merece ser despedido com justa causa, por visível e manifesta incompetência ...Aliás, já foi! ,,,

O importante é o óbvio.
É que o Mondego tem duas margens. Direita e esquerda.
Mas, esta, é a OUTRA MARGEM.
Um espaço de intervenção cívica e de liberdade.Bem, liberdade, liberdade! ... Neste contexto, é de colocar algumas reticências ...
Há fulanos abusadores, mal educados, perversos, arrogantes e, aí, um cheirinho de travão não prejudica ninguém e ajuda a manter o blog desinfectado.
Sim, porque há que ter todo o cuidado do mundo com as infecções! ...Liberdade, liberdade, liberdade, é escrever para nós, livres de todas as contingências... Arriscar escrever num blog é, desde logo, restringir a liberdade de expressão.
Sejamos claros: dar a cara, expor-se, implica ter em conta para quem se escreve. E isso implica restringir a liberdade, em troca de aceitação social.Sem eufemismos, blogar implica aceitação social.. Para quê escrever em público, arriscando ostracismo ou indiferença, se não é para se ser lido?
E nós temos sido lidos, oh se temos ...
Para que serve o OUTRA MARGEM?
Responsavelmente, para colocar desafios. Para questionar. Para dar voz a quem não teria possibilidade de se expressar em qualquer outro meio.
O pensador é mais do que aquele que pensa: é aquele que assume o que pensa, que expõe o que pensa, que trabalha o que pensa e que consegue viver com o que pensa.
Pronto: quatro meses já cá cantam.
Pensem! ...

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Progresso? Insucesso? Ou retrocesso?...

Aí pelos idos de 2010, 2011, as Câmaras Municipais (a Figueira também...) colocaram as aldeias às escuras, à noite, desligando as luzes para não gastarem energia. Assim aconteceu na minha aldeia (a excepção, foi a minha Rua). Há sessenta anos atrás, a minha aldeia quase que não tinha electricidade: nem de noite nem de dia.
Em 2011 - basta consultar os jornais - a moda para as mulheres passou pelo retorno do  espartilho e os "soutiens” feitos de materiais duros, como a corticite. Há sessenta anos atrás, as mulheres usavam espartilho.
Aqui há tempo  a Segurança Rodoviária quis  instituir a velocidade máxima de 30 km/h. Era o que acontecia há sessenta anos atrás, quando em vez de automóveis havia carroças.
Devido ao aumento do preço do tabaco, há muita gente que ressuscistou o hábito de fumar  tabaco de enrolar. Tal como era frequente há sessenta anos atrás. 
As cabras voltaram  a ser utilizadas para prevenir os incêndios florestais, mandando-as pastar para as florestas comer aquilo que, não sendo eliminado constitui, um figo à deflagração dos fogos. Foi recuperada uma técnica de sessenta anos atrás.
Tudo isto está aconteceu em nome do futuro, recuperando aquilo que havia no passado.
Há sessenta anos atrás, havia o barco que fazia a travessia entre a Figueira e o Cabedelo. Até hoje, apesar das promessas, não foi reatada a travessia fluvial do Mondego.

Raros são os recantos, como é o caso do Cabedelo, em que as pessoas, quase todas vindas do outro lado da cidade, consegue ter ali uma vivência e uma vida que, em conjunto, faz sentido. E que, por ser diferente e orgânica naquele lugar especial que é o Cabedelo (na sua normalidade quotidiana), emociona e dá paz e harmonia à alma de quem, vindo do lado norte da cidade, a consegue contemplar da outra margem. 
Fala-se muito na requalificação do espaço e menos noutros pormenores felizes e representativos do espírito da zona: os espaços naturais de convívio que lá existem. Não têm a sofisticação – sobretudo e ainda bem - artificiosa dos recriados espaços que, dizem, estar a requalificar, mas são os autênticos do espírito do verdadeiro Cabedelo, que proporcionam, a quem o visita, sentir que está num lugar diferente e especial.
Estão a matar o Cabedelo, aquele local que ainda consegue oferecer essa antiga ilusão que ninguém consegue ver, mas alguns conseguem sentir, que se chama  intimidade - talvez, a mais importante de todas as utopias.


Dois elementos do executivo da junta de freguesia de S. Pedro foram ao local e retiraram a placa. Foram eles, os senhores António Manuel dos Santos Salgueiro, presidente, e Jorge Aniceto Pimentel dos Santos, penso que tesoureiro.
A liberdade de expressão é, na liberdade, um dos direitos mais importantes que se tem.
Sem ela, nada mais existe. O meu entendimento de liberdade, de expressão e opinião, tem no centro o direito de os outros se exprimirem com toda a liberdade, mesmo que isso nos ofenda. O que não era o caso. É o direito de os outros dizerem aquilo que mais nos choca, que quem ama a liberdade defende acima de tudo. Não há relativização possível para este critério. Isto, para quem ama a liberdade, é uma questão de vida ou de morte, pois estamos perante uma questão política.
A liberdade é, por si própria, um bem inquestionável e a sua conquista um motivo de regozijo sem espaço para reticências. Não é uma matéria de direita ou de esquerda.
É um assunto transversal da sociedade.
Como qualificar este processo? Progresso? Insucesso? Ou retrocesso?
O que vai restar? Do que é que as pessoas se vão lembrar?
Não sei se é por ter me ter criado e crescido por ali, "à solta", mas do que me vou lembrar é de uma fatia que vai fazer parte do saque feito ao litoral, desde o Minho até ao Algarve.
A coberto das denominadas requalificações, sítios onde antes, e a pretexto da defesa da natureza, do meio ambiente e da protecção do ecosistema, nem sequer uma tenda de campismo selvagem se podia erguer, estão agora ocupados por urbanizações e resorts, mais as suas piscinas, campos de ténis e campos de golfe.
É disto que me vou lembrar quando pensar no Cabedelo de há 60 anos: da destruição do património natural comum para benefício de uns quantos.

domingo, 10 de junho de 2018

Que bom!..

Via jornal Público

O que se segue são excertos do artigo da Wikipédia sobre a cocaína. Como este não é um artigo científico, posso citar a Wikipédia à vontade:

A cocaína (...) é um alcalóide, estimulante, com efeitos anestésicos, utilizada fundamentalmente como uma droga recreativa. Pode ser aspirada, fumada ou injectada. Os efeitos mentais podem incluir perda de contacto com a realidade, um intenso sentimento de felicidade ou agitação. Os sintomas podem envolver aceleração do ritmo cardíaco, transpiração e dilatação das pupilas. Quando consumido em doses elevadas, pode provocar hipertensão arterial ou hipertermia. Os efeitos têm início alguns segundos ou minutos após a sua utilização e duram entre cinco e noventa minutos. (...) A cocaína é muito viciante, graças aos efeitos provocados (...) no cérebro. Existe um sério risco de dependência, mesmo se consumida por um curto período de tempo. A sua utilização aumenta ainda o risco de acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio, problemas pulmonares em pessoas que a fumam, infecções sanguíneas e paragem cardiorrespiratória súbita. (...) No seguimento de administração repetida das doses, a pessoa pode ver diminuída a sua capacidade de sentir prazer e fisicamente sentir-se muito cansada.

Interessante esta descrição, porque se aplica que nem um fato de latex — dizer que “nem uma luva” é antiquado — ao que se vai passar nos próximos meses. Aliás, ao que se passa já há vários anos, mas que agora conhece o ritmo galopante de uma epidemia, melhor, de uma pandemia: a pandemia do futebol. Tudo serve de pretexto para encher televisões — ainda o meio de comunicação mais importante —, em conjunto com toda a outra comunicação social, para termos uma overdose maciça de futebol, de droga, de cocaína. O que se passa nas chamadas “redes sociais” só consigo imaginar, visto que não ando por todos os locais mal frequentados, só alguns.
As escassas notícias que ainda conseguem penetrar entre os Brunos e as claques, os Vieiras e os “directores” e os “assessores jurídicos” e os porta-vozes, as fraudes e os pagamentos a árbitros e jogadores, os jogos manipulados, os negócios com as apostas, com a publicidade com os produtos do merchandising, as extorsões e espancamentos, são abafadas e mesmo assim parecem ser de mais. A fronteira que já não existe entre canais noticiosos e desportivos tornou-se uma competição para ver quem é que mais fala da bola. E as “audiências” viciam-se. Oh, se se viciam!
O futebol é a coisa mais parecida com a máfia que existe em Portugal — ou melhor, é a nossa máfia lusitana. Eles produzem a cocaína, muitas vezes em sentido literal, mas a rede de distribuição é a comunicação social. Como o negócio antigo das notícias não vende, o negócio moderno é tornar o futebol, como agora se diz, “incontornável”, ou seja, as pessoas não podem fugir dele, como os distribuidores de droga nas escolas, e ficam tão “agarrados” que já não sabem ver, ouvir e ler outra coisa. O efeito é um círculo vicioso: só se tem audiências, ou seja, publicidade e negócios, se se passa futebol, senão as “audiências” circulam de canal em canal atrás da imagem do circo leonino, ou da sombra da prisão por cima dos encarnados, ou das memórias agora mais calmas do Apito Dourado, do Macaco e do “café com leite”.
É por isso que se pode reescrever o artigo da Wikipédia sobre a cocaína:
O futebol é um estimulante, com efeitos anestésicos, utilizado fundamentalmente como uma droga recreativa, muito útil quando há pouco pão, para que haja muito circo. Pode ser visto, ouvido, lido, aspirado, fumado ou injectado. Os efeitos mentais podem incluir perda de contacto com a realidade, um intenso sentimento de felicidade ou de violenta agitação. Os sintomas podem envolver aceleração do ritmo cardíaco, transpiração e dilatação das pupilas, grunhidos, gestos obscenos, pinturas de guerra e porte de cornos na cabeça. Quando consumido em doses elevadas, pode provocar hipertensão arterial ou hipertermia ou definhamento da inteligência em geral. Os efeitos têm início dentro de alguns segundos ou minutos após a sua utilização e duram entre cinco e noventa minutos, pelo que é necessário estar sempre a ver televisão, a ouvir rádio, a ler jornais, a falar de futebol nos cafés, a discutir no emprego, em doses cada vez maiores. O futebol é muito viciante, graças aos efeitos provocados no cérebro, que assume cada vez mais a forma de uma bola. Existe um sério risco de dependência, mesmo se consumido por um curto período de tempo. A sua utilização aumenta ainda o risco de acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio, problemas pulmonares em pessoas que o fumam, infecções sanguíneas e paragem cardiorrespiratória súbita, violência doméstica, homofobia e outras filias. No seguimento de administração repetida das doses, a pessoa pode ver diminuída a sua capacidade de sentir prazer e fisicamente sentir-se muito cansada, e ter várias formas de impotência, a começar por cima e a acabar em baixo.
Há muitas coisas que ajudam a estupidificar o país. Mas, nos dias de hoje, a mais eficaz é o futebol. Vamos todos para Moscovo de bandeirinha."

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Recordando a Cova e Gala dos anos 50 e 60 do século passado - o tempo da caridadezinha…

O CENTRO SOCIAL DA COVA E GALA  comemorou no passado dia 31 de Outubro  o  43º aniversário do início oficial da sua actividade.
Na oportunidade, o Pastor João Neto, agora reformado, mas não acomodado (como sempre, continua atento e interessado ao que se passa em S. Pedro, freguesia de que fazem parte  a Cova e a Gala,  essas duas povoações tão importantes no riquíssimo, sob o ponto vista social e humano, percurso de vida do Pastor João Neto), publicou no jornal "A Voz da Figueira" o trabalho de que transcrevemos grande parte mais abaixo.
Sem pretender comparar-me com uma figura de referência (e não só a nível local e regional: é  uma figura respeitada  nacional e internacionalmente), fica aqui uma singela homenagem a um Homem com quem, pelo menos, ouso ter a veleidade de afirmar que tenho uma coisa em comum: nem eu, nem o Pastor João Neto, nos imaginamos a viver longe da Cova e Gala.
Fica o artigo do Pastor João Neto que me trás recordações da Cova e Gala de há cerca de 50 anos – o tempo difícil, mas feliz, da minha meninice.
Aceite a minha gratidão e um abraço, meu caro Pastor João  Neto.

Sous-développement ET COVA, VOUS CONNAISSEZ ?

“Cova é uma pequena aldeia de 2.500 habitantes, localizada à beira do Atlântico, perto da importante cidade balnear da Figueira da Foz (Portugal), onde se vive pior que nas localidades vizinhas: a ausência de esgotos, a corrente eléctrica considerada uma excepção, a miséria material, as condições de trabalho desumanas, a deterioração das células familiares, a má nutrição é, lamentavelmente, a situação de toda uma região economicamente desfavorecida”. Era assim que começava um artigo no “Journal de Genève”, de 12 de Setembro de 1970. Nesse dia um grupo de jovens suíços, que tinha participado, nesse verão, em dois campos de trabalho na Cova, organiza uma marcha silenciosa, partindo do Monumento da Reforma, percorrendo as ruas daquela cidade helvética, seguindo-se uma conferência de imprensa. O seu objectivo foi chamar a atenção da população local de que o subdesenvolvimento não é só um problema de certas regiões da África e da Ásia, mas que ele também existe na Europa, como era o caso da Cova.

Esses jovens não estavam longe da realidade. Algum tempo mais tarde, tendo o Centro Social da Cova e Gala convidado o então presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Eng. Jorge Pinho, a visitar a localidade, ele, acompanhado de vários técnicos camarários, concluía a sua visita, referindo-se aos muitos problemas  existentes : “Cova é como um novelo de lã em que não sabemos onde está a ponta por onde se deve puxar”. Quem conheceu a Cova desse tempo sabe que assim era. Foi por isso que a Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal, baseada na sua pequena comunidade da Cova e Gala, se lançou, em 1969, num Projecto de Desenvolvimento Comunitário. O primeiro passo foi abrir a aldeia ao exterior, chamar a atenção de quem de direito para ela e seus problemas. Apesar de Cova e Gala se encontrarem apenas a três quilómetros da Figueira da Foz, Cova era um lugar isolado, quase que perdido, onde ninguém se deslocava. Daí o termos organizado ao longo dos anos mais de cem campos internacionais de trabalho, em que participaram mais de três mil jovens de diversas nacionalidades europeias, do Canadá e dos Estados Unidos, tornando-se verdadeiros e singulares embaixadores do Projecto da Cova e Gala nos seus países. Ao mesmo tempo, foram organizadas, anualmente, viagens de informação pela Europa, acompanhadas pelo Grupo de Folclore Infantil e Grupo Coral de Adultos do Centro Social da Cova e Gala, em que se procurava dar a conhecer a situação social e política, mas também cultural da nossa região. A sua acção foi de um  valor inestimável, de tal maneira que, em 1980, uma editora alemã convida o jornalista germânico Hans Gerhard Gensch a escrever um livro sobre o Projecto de Desenvolvimento da Cova e Gala, com o título “Ernte in den Dunen” (Colheita nas dunas). Este livro chegou a ser usado em muitas escolas suíças e alemãs como livro de texto duma experiência de desenvolvimento. Também a televisão alemã desloca-se ao concelho da Figueira da Foz e faz um programa sobre o Centro Social da Cova e Gala. Muitos são os recortes de jornais europeus e americanos que noticiam e relatam as actividades da instituição e seu projecto. Dizia alguém, com certa graça : “Cova e Gala é mais conhecida no estrangeiro do que em Portugal”. E era verdade ! Cova e Gala tornou-se  internacional, abriu as suas portas e deixou para trás o seu isolamento inicial. Estava atingido o primeiro objectivo.

Sempre foi seu alvo prioritário ser um projecto ecuménico, aberto, colaborante e participativo, independente de ideologias, tendo como alvo servir o próximo, sobretudo, os mais fracos, mais pobres e desprotegidos, procurando dar voz a quem não tem voz.  A sua máxima “Não fazer sozinho o que puder fazer conjuntamente” é o princípio orientador de toda a intervenção do Centro Social da Cova e Gala desde o seu começo. Daí termos trabalhado conjuntamente com toda a equipa concelhia do então Instituto da Família e Acção Social, com destaque da assistente social Alzira Fraga, responsável pelo núcleo concelhio. Criou-se então o Grupo de Apoio à Primeira e Segunda Infância do concelho da Figueira da Foz, iniciativa inédita e única, num país burocrático e em que cada um  quer  ser senhor da sua quinta. Estivemos presentes em muitas  outras  iniciativas concelhias, distritais, nacionais e internacionais e participámos na organização de várias instituições. Sentimos que ao longo dos anos temos sido enriquecido nas nossas experiências, ainda que em certos momentos, sobretudo durante a Ditadura, sofrêssemos dificuldades e reveses. Porém, tudo contribuiu para o fortalecimento da instituição.
O Centro Social da Cova e Gala surgiu numa época de grandes aberturas internacionais. A acção libertadora do Conselho Mundial de Igrejas, o II Concilio do Vaticano, a Teologia da Libertação, o Centro Ecuménico Reconciliação, na Figueira da Foz, tudo contribuiu para que as pessoas se abrissem ao diálogo e as suas consciências fossem possuídas pelo espírito de revolta e desejo de libertação e destruição de todo o tipo de opressão e de injustiça. O Centro Social está nessa linha e, por isso, funda-se e segue a pedagogia de Paulo Freire (alfabetização, conscientização e politização), adaptada à realidade portuguesa e a experiência de desenvolvimento comunitário do Centro Social de Riesi (no interior da Sicília), dirigido pelo já falecido Pastor Tullio Vinay. O nosso programa procura responder às necessidades das famílias, das crianças, dos jovens e dos idosos. Dá atenção ao desenvolvimento da agricultura intensiva através de estufas. Promove acções culturais e está aberto a outras iniciativas que estejam de acordo com os seus princípios. Por isso, realizações  de avaliação periódicas. Em 1980, com a colaboração do Instituto Ecuménico para o Desenvolvimento dos Povos (INODEP), com sede em Paris, realizou-se o primeiro seminário sobre “Elaboração e Avaliação de Projectos de Desenvolvimento”, porquanto toda a instituição deve reflectir sobre a sua prática para avaliar até que ponto a sua intervenção está a contribuir para a transformação da realidade onde se insere e actua, tendo em consideração o projecto de desenvolvimento que assume e os objectivos que pretende atingir. Posteriormente outras acções de avaliação tiveram lugar.

Face à crise social, económica e financeira que se vive no nosso país, instituições como o Centro Social da Cova e Gala vivem momentos muito difíceis por falta de recursos para responder a todas as necessidades e apelos. Apesar de tudo, não fossem as instituições particulares de solidariedade social a tentarem responder, nesta hora,  às necessidades de quem precisa de apoio e solidariedade, e os dramas seriam muito maiores. Para realizarem o seu trabalho as IPSS precisam da colaboração das entidades oficiais. Elas não podem nem querem substituir o Estado nas suas responsabilidades sociais. Elas querem tão-somente colaborar, mas para isso precisam de ajuda empenhada por parte do Estado.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Tomada de posse de transição...


Numa Terra jovem, como a nossa, onde o Património artístico e monumental é praticamente inexistente, seria normal, cuidar-se da preservação dos raros vestígios do passado. 
Estou a referir-me, concretamente, às Alminhas, uma pequena edificação de 1917. 
Por vezes pergunto a mim próprio: o que pensam as pessoas que visitam a nossa freguesia e passam pelo local que a foto mostra...

As eleições foram sempre divertidas - não tanto pelo acto em si, mas por todo o folclore que as rodeia. 
Lembro-me das primeiras em Liberdade, em 25 de Abril de 1975, realizadas com o objectivo específico de elaborar uma nova constituição para a República Portuguesa, após a queda do Estado Novo em resultado da revolução de 25 de Abril de 1974. Foi uma festa - fui votar a Lavos, pois a Aldeia ainda não era freguesia e, muito menos, vila.  
Depois, durante muitos anos, na Aldeia o local de voto foi a minha antiga escola primária. Finalmente, passou a ser onde agora é: a junta de freguesia de S. Pedro. 
A população de S. Pedro é maioritariamente sénior, pelo que requer alguma paciência, tolerância e bonomia, votar. É esta a nossa gente, são estas as “forças-vivas” da Aldeia, pois a juventude prima pela abstenção.
Será por isso que esta porra não corre bem?.. 

No último ano, a realidade política na Aldeia ultrapassou qualquer filme de ficção que tenha passado numa sala perto de nós. 
Os acontecimentos foram-se sucedendo. No passado dia 30 de outubro, quinta-feira, pelas 18 horas, discretamente  (decorridos 5 dias, ainda não consegui ler uma linha do evento em lado nenhum...), como convém nestes casos verdadeiramente excepcionais, ocorreu a tomada de posse do novo executivo resultante das eleições intercalares de 19 de outubro passado. 
Pelo que me contaram, a coisa decorreu na  «sala das sessões da Junta de freguesia de S. Pedro, pelas 18 horas. Estiveram presentes entidades oficiais e oficiosas, Presidente da Câmara e fauna que o rodeia, muitos populares, quase todos afectos da maioria. Numa palavra: num ambiente algo bafiento.»

Continuando.
Depois de um breve interregno, a Aldeia voltou à normalidade: estão de regresso ao poder as velhas e conhecidas caras do poder local. 
Portanto, pode aguardar-se tudo, menos a mudança. 
Por conseguinte, é fácil de prever a continuação da matéria dada na aula anterior... 
Logicamente, os três próximos anos vão ser percorridos em ziguezague - a normalidade desde 1997... 

Com esta maioria, lata e abrangente, o centrão voltou à ribalta na Aldeia. 
E pronto, pouco mais há a dizer: nas urnas, a malta da Aldeia legitimou, uma vez mais, estes mesmos de sempre... 
Portanto, tudo está bem quando (re)começa bem. Como sabemos, (re)começa sempre tudo com a melhor das intenções. 
É para o vosso bem, é para o bem comum (que ainda é mais importante do que o vosso bem), é para garantir o bom-nome, é para garantir a garantia. 
E tal e coisa... E por aí adiante. Como sempre, desde 1997, disseram-nos que o mais importante foi a freguesia de S. Pedro. E, agora, dado que estamos noutro patamar, a vila de S. Pedro. 
E por aí fora, pois, por cá, salvo raríssimas e incomodativas excepções, continuamos adormecidos... 

Entretanto, tivemos o 19 de outubro de 2014.
Segundo as estatísticas, a comparência ao acto litúrgico ficou-se por cerca de quarenta por cento.
E, presumo, que mais de quarenta por cento dos que o frequentaram deve ter mais de 50 anos. 
Se falarmos da crise de vocações para vivenciar a democracia, os números são de alarme... 
Quem ainda duvida do crescente desfasamento da maioria relativamente aos reais problemas da Aldeia, que atente nestes dados...

Na Aldeia, recuámos, pelo menos, vinte anos. 
Isto não quer significar, no entanto, que a política na Aldeia seja um compartimento estanque, e que os políticos sejam os culpados de todos os males. 
Os políticos são, porventura, a expressão pública máxima da mediocridade que grassa na Aldeia e no país. 
Que música se ouve? Que livros se lêem? A que filmes assistimos? Que programas vemos na TV? Qual é o nosso comportamento cívico? Qual o grau de intervenção nos actos eleitorais? 
Neste contexto, será razoável esperar milagres?.. 
Vivemos numa sociedade onde predomina a ânsia do sucesso e do dinheiro - enfim, vivemos numa Aldeia de aparências. 
É para isso, e por isso, que se vive. 
A grande mudança -  a mudança de mentalidades, como vimos na prática há pouco mais de um ano atrás, não acontece de um dia para o outro. Nem de um ano para o outro. 
Mais: pelo andar da carruagem, nem nos próximos 20 anos...

A terminar. 

S. Pedro, é o exemplo do que não devia acontecer em eleições autárquicas.
Fosse a Aldeia uma democracia, já na maioridade, e vivesse uma cidadania plena, com direitos e também assunção de deveres, e tudo isto não teria sido uma perda de tempo. 
Assim, do alto da nossa idiossincrasia, o que interessa é não ofender a obra do regedor do regime...  
Mas, a lição não deverá ser de grande utilidade para o PS - o perdedor maior.  
A mesquinhez do aparelho figueirense não o irá permitir.

Finalmente.
Mais do que os erros cometidos, o pior é assistir à sua repetição. 
A vergonha da estupidez é muito superior à da ignorância.

terça-feira, 27 de junho de 2023

O areal da Praia

Na edição de ontem do jornal Diário as Beiras, li uma carta do eng. Daniel Santos.
Passo a citar: 
«O Plano Estratégico de Desenvolvimento da Figueira da Foz aprovado em 2014, que se encontra disponível no portal do município sob a égide da conhecida afirmação de Séneca “para quem navega sem rumo, todos os ventos são desfavoráveis”, propõe um “ordenamento da Praia da Claridade e de toda a baía de Buarcos, criando diversas valências e usos das mesmas e dinamizando o seu extenso areal. Aborda-se, assim, a enorme extensão de praia como um ponto forte da cidade”.
O planeamento urbanístico inconsequente para o areal da praia tem um histórico de décadas, remontando ao período de antes do 25 de abril.
Já nos anos 70 o engenheiro-chefe dos serviços municipais opinava, no seu parecer sobre o proposto Plano de Urbanização, que, sobre a construção do molhe norte, haveria que optar entre o turismo e a atividade portuária, atendendo às consequências que a respetiva construção teria no crescimento da praia, como veio a acontecer e estava previsto.
O Plano de Urbanização da cidade, que vigorou entre 1995 e 2017, definiu a praia como sendo uma zona sujeita a planeamento de pormenor. 
Ao longo do tempo, desde 1981 até 2001, foram propostos vários estudos, ante-planos e planos, nunca se tendo tornado nenhum deles plenamente efi caz, nem sequer sido completado. 
Até a Sociedade Figueira-Praia propôs um plano. Alguns chegaram a participação pública, da qual resultou que “aos costumes se disse… nada”.
Há não muito tempo, o CDS local quis discutir a praia. Da meia dúzia de cidadãos que apareceram, apesar das intervenções, não pode dizer-se que tenham resultado novas ideias.
Sobre a praia e quanto a planeamento, o que vale é a intenção manifestada no Plano Estratégico que acima se indicou. E não é um plano de território, isto é, não vincula.
Enquanto se riscavam os planos, a praia foi fazendo o seu caminho, as intervenções foram avulsas e voltou-se ao ponto inicial, ou seja, não há decisão.
Sendo certo que a Figueira não pode abdicar dos eventos anuais, também não pode deixar-se a situação no limbo. É preciso tomar uma decisão.
Donde se poderá propor que a solução para a praia não pode deixar de passar pelo planeamento eficaz, com prévia discussão pública, sobretudo hoje que existem ferramentas para que o mesmo seja dinâmico e se vá adaptando às realidades que forem surgindo.
Sem plano, isto, é, como afirmou Séneca, sem objetivo, não chegaremos à solução!»
Daniel Santos
A discusssão que o CDS promoveu sobre o tema, realizou-se em 15 de Maio de 2019 e conseguiu juntar 46 pessoas pessoas, de todas as tendências políticas.
Mattos Chaves, presidente da concelhia do CDS, sabendo da distância ideológica que nos separa, que nenhum de nós esconde ou disfarça, convidou-me para ser orador nas “TERTÚLIAS FIGUEIRENSES”
Fui convidado e aceitei. Gosto deste e de todos os debates livres, de preferência com vozes dissonantes. É a falar que a gente se entende. Aceitei porque  sou do tempo em que os debates eram proibidos na Figueira. Haja debates e, já agora, que deles saiam algumas ideias.
Lá estive, portanto,  numa sessão moderada por Pedro Vieira, com o Dr. Joaquim de Sousa e a Drª. Isabel João Brites e onde tive oportunidade de deixar expresso aquilo que penso.
O areal da praia da Figueira é um problema que remonta à definição da barra da Figueira, tal como ela é hoje, com a construção dos molhes, o que ocorreu no final da década de 50, princípio dos anos 60 do século passado.
Li um dia que "que os homens não aprendem muito com as lições da História. E esta, acaba por ser a mais importante de todas as lições que a História tem para nos ensinar"
O prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto da Figueira da Foz foi adjudicado e feito, apesar dos vários alertas feitos em devido tempo, a que a realidade infelizmente deu razão: a "Barra da Figueira da Foz  é  uma Armadilha Mortal para os Pescadores",  nos últimos anos morreram 11 pessoas. Cerca de 13 anos depois de concluída a obra, a barra  da Figueira, para os barcos de pesca que a demandam, está pior que nunca e a erosão, a sul, está descontrolada. Neste momento, pode dizer-se, sem ponta de demagogia, que o mar continua a “engolir” sistema dunar em S. Pedro, Costa de Lavos e Leirosa – e por aí adiante até à Nazaré. A meu ver, há uma ideia simples que é preciso ter em conta. Não é a Figueira que se tem de aproximar do mar. É o contrário: é o mar que se tem de aproximar da Figueira. Para isso é preciso retirar a areia a mais que existe na Figueira e distribui-la por onde é necessária: as praias a sul do estuário do Mondego. E tão necessária ela é até à Nazaré. Isto, embora sendo uma ideia simples, não está ainda entendida por muita gente que manda.
O poder autárquico figueirense, com a execução das chamadas obras de requalificação do areal de 2015, demonstrou bem o seu posicionamente nesta questão do que fazer com o areal da praia da Figuiera da Foz... 
E tão avisados que foram...  Manuel Luís Pata, o meu saudoso Amigo, em devido tempo, fartou-se de avisar. Porém, ninguém o ouviu. Temos as consequências...
A Praia da Figueira não é um problema dos que habitam na cidade. É um problema territorial de todo o concelho e mais além.
É positivo o contributo de todos os figueirenses. Estamos num momento em que é importante "discutir pública e livremente, com todos, os assuntos da Figueira".

sábado, 24 de julho de 2021

Vamos acreditar?..

Estamos na Figueira.
A vida muda. As pesssoas também. A política também.
Faltam dois meses para as eleições autárquicas 2021.
Por saber de experência feita, sei que pode demorar muito pouco tempo para algumas pessoas se transformarem naquilo que criticavam nos políticos que exerciam o poder.
Já me aconteceu: depois de ter lutado para tentar mudar as práticas, vi que afinal apenas tinha contribuido para conseguir substituir os executantes.
As práticas continuaram as mesmas.
A vida é o que é. As pessoas e a natureza humana são o que são.
Os hábitos e a  "cultura" demoram muito tempo a alterar-se. Têm um valor meramente instrumental. 
Os poetas, a música e a poesia foi o melhor que os seres humanos conseguiram.
O altruismo é uma coisa importante, apesar de também, por vezes, ser meramente instrumental.
Temos de aceitar a realidade: a Figueira não é uma ode.
A vida é o que é. A Figueira é o que é. 
A vida muda. Os anos passam. As pesssoas também. A política também.
Mas, as práticas têm continuado sempre as mesmas.
Vamos acreditar que, desta vez, algo vai mudar no futuro?
Os poetas, a música e a poesia foi o melhor que os seres humanos conseguiram...

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Os condicionalismos da pesca da lampreia, os problemas da marina, os jacintos-de-água e as lições do senhor presidente Monteiro...

Figueira da Foz quer viabilizar pesca de lampreia no Mondego «infestado» de detritos

“A Câmara da Figueira da Foz divulgou ontem um conjunto de medidas para viabilizar a actividade dos pescadores de lampreia no Mondego, face aos detritos, como restos de plantas invasoras, que correm rio abaixo.
Em declarações aos jornalistas, o presidente daquela autarquia do litoral do distrito de Coimbra, Carlos Monteiro, frisou que as medidas agora implementadas prevêem “escoar [pelo rio] o maior número possível de jacintos-de-água entre Montemor-o-Velho e a Figueira da Foz”.
Esta intervenção, em articulação com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), irá decorrer até quarta-feira, aproveitando as marés vazantes, e incidirá concretamente na abertura de comportas da estação de bombagem do Foja – localizada no limite com o concelho de Montemor-o-Velho – para canalizar as plantas que estão no chamado leito abandonado para o rio Mondego e daí até à barra da Figueira da Foz.
Carlos Monteiro disse ter reunido no sábado com pescadores de lampreia, que se manifestaram preocupados com os efeitos da presença dos jacintos-de-água na sua actividade, tendo ficado decidido que, “em vez [das plantas] estarem constantemente a correr [rio abaixo], era necessário libertar o mais possível [de jacintos a montante, presos no leito abandonado junto à povoação da Ereira] para depois a pesca ser feita com mais normalidade”.
“Temos marés de lua e eles vão chegar em grande abundância ao concelho da Figueira da Foz”, enfatizou o autarca.

Já João Matias, da Protecção Civil municipal da Figueira da Foz, precisou que os jacintos-de-água que estão no leito abandonado do Mondego – e que na semana passada se estendiam por vários quilómetros, deixando ver apenas um tapete em tons de castanho e verde – vão passar para o canal principal do rio “por gravidade e com auxilio de uma máquina, em todas as marés baixas até quarta-feira”.

Carlos Monteiro revelou, por outro lado, que os pescadores de lampreia “têm vários condicionalismos”, desde logo porque para terem as licenças renovadas “têm de vender por ano no mínimo cerca de 7.500 euros de peixe em lota”.
“E é muito importante para a gastronomia da Figueira da Foz e da região a apanha de lampreia”, lembrou.
Questionado porque é que aquelas plantas invasoras não são retiradas da água para terra e se opta por as canalizar para o Mondego, o autarca frisou que esse trabalho “não era exequível em tempo útil”.
“As pessoas têm dificuldade em perceber a quantidade de jacintos que lá estão [no leito abandonado], era preciso uma imensidão de recursos. E o tempo entre retirar, carregar e transportar não tinha exequibilidade no curto período de tempo que nós temos”, observou Carlos Monteiro.
“Assim, estamos a tentar resolver em três dias [para permitir a pesca da lampreia]”, acrescentou.
Já sobre as criticas de utilizadores da marina à falta de medidas preventivas da administração portuária – face à acumulação, nas últimas semanas, de milhares de plantas e dezenas de troncos de árvores que descem o rio, uma situação que se repete há vários anos, mas que tem maiores proporções em anos de cheias – Carlos Monteiro disse que a administração do Porto da Figueira da Foz está “a tentar colocar uma manga [flutuante]” para impedir a entrada dos detritos na zona das embarcações de recreio.
“Não quer dizer que seja a solução óptima, vamos tentar perceber se funciona ou não, porque se pretende manter a possibilidade de entrada e saída da marina a qualquer hora. Vamos tentar perceber se com a manga se consegue atenuar o problema”, argumentou.
O presidente da Câmara disse ainda esperar que este ano “seja a última situação de crise” por acção dos jacintos-de-água, lembrando o investimento de mais de meio milhão de euros anunciado recentemente pela comunidade intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra precisamente para combater estas e outras espécies invasoras.
O plano inclui a compra de uma ceifeira anfíbia, que pode operar em cursos de água e em terra “para ir retirando a maior parte dos jacintos do rio, em trabalho contínuo” e, nessa sequência, passarem a existir equipas no terreno “para manter o controlo e ir limpando de cada vez que eles estão a propagar-se”, explicou.

E pronto. Via Notícias de Coimbra, ficou para a posteridade a promessa  que esta pode ter sido, assim o espera o presidente Monteiro,  “a última situação de crise por acção dos jacintos-de-água”

sábado, 24 de janeiro de 2015

Cova-Gala: a terra onde o pinhal se une com o mar

foto António Agostinho
"Tenho assistido, ao longo dos anos, à negligência da classe política. Não sou de falar sobre a mesma, - diz-se que as pessoas de bom senso não o fazem - não defendo cores, ou outra coisa qualquer. Não sou um niilista, tão pouco. Falo daquilo que vejo, do declínio a que chegámos. Na minha terra, o mar mistura-se com o pinhal. A praia que frequento desde miúdo, teima em desaparecer. Podia dizer que a culpa não é de ninguém, que é apenas o resultado de uma evolução natural. No entanto, tal não é verdade. Atiram-nos, constantemente, areia para os olhos. Mas de tanto o fazerem, começamos a aprender a fechá-los no momento certo e abri-los na altura exacta. Os alertas foram feitos ao longo dos anos. Pediu-se atenção para os erros cometidos. Ninguém nos ouviu. Somos pequenos, é uma verdade. Mas existimos. Merecemos respeito. Merecemos atenção. Somos gentes humildes, é um facto. Somos gentes do mar. No entanto precisamos de terra firme para viver. Todo o barco precisa de um porto onde atracar. Todo o marinheiro precisa de terra para compreender o mar. No meio de tudo isto, a pergunta que faço é a seguinte: por que motivo temos de ser nós a pagar pelos erros de pessoas que não conhecemos? Fico assustadíssimo com estes sábios que não nos entendem. Que parecem negar a nossa existência. Que parecem negar a existência do mar. Continuo, então, confiante na minha teoria: pior que ter um burro no leme, é ter um chico-esperto a mandar no barco. À custa desses iluminados, aqui, o rio não corre para o mar."
Em tempo
Pois é Pedro Rodrigues: “A ganância ainda vai acabar por dar cabo disto tudo!..” 
Os números, tal como o algodão não enganam: já repararam como os sucessivos records do porto comercial estão cada vez mais bonitos? 
Isso, sim, é que é o importante... 
Que interessa a barra com condições de segurança para os pequenos barcos dos pescadores!..  Que interessa a praia da Figueira - o seu principal motivo de atracção?!..  
Que interessa a erosão a sul!.. 
E tudo  isto aconteceu, não porque não se soubesse que ia acontecer, mas porque foi essa a vontade de quem manda... 
As pessoas não contam... O que é realmente importante são os números...  Os records...  Enfim, o sucesso dos gestores de Aveiro que tomaram conta do porto da Figueira..

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

OLÍVIA RIBAU: "O NAUFRÁGIO NÃO É O PIOR" - HOJE, PELAS 17 HORAS, NO NÚCLEO MUSEOLÓGICO DO MAR, EM BUARCOS.

JOANA COELHO
"...vamos fazer com que este caso não caia no esquecimento! Infelizmente não vou poder estar presente para apoiar o meu amigo e fotógrafo Pedro Cruz, mas vocês estão todos convidados!"
A Joana perdeu o Pai e o Tio no Naufrágio do "Olívia Ribau"
O Pedro recebeu esta mensagem da Joana Coelho: 
"Olá Pedro, tenho pena de não poder estar presente na inauguração da exposição e nem a conseguir ver depois (só devo ir a Portugal em Junho), mas tenho a certeza que fizeste um bom trabalho e que vai espelhar exactamente o outro lado do naufrágio... de facto o naufrágio não foi o pior... o pior vem depois com a perda física das pessoas que foram, com o sentimento de injustiça e a com certeza que muita coisa falhou naquele dia e é exactamente por uma mudança e por uma "justiça" que continuamos a lutar depois de 1 ano e 4 meses. 
Como tu me disseste um dia parece que as pessoas se esqueceram... mas, nunca me vou esquecer daquele mar que muitas vezes foi o meu refúgio e me transmitia tranquilidade, foi também aquele que um dia me roubou uma das pessoas mais importante da minha vida, perante o olhar de todos aqueles que tiveram a infelicidade de assistir. Desculpa o desabafo, mas passado todo este tempo ainda choro a morte do meu pai"
VAMOS FAZER COM ESTE CASO NÃO CAIA NO ESQUECIMENTO.
A mensagem da Joana, na minha opinião, transmite o sentir e a dor, autêntica e profunda, de uma filha.
Comoveu-me. 
Quem me conhece bem, sabe que por detrás desta aparência de durão (não podemos ser todos), existe um fulano que se comove com alguma facilidade. 
Quando as situações me tocam, como continua a acontecer com este infausto e infeliz acontecimento, as lágrimas chegam a humedecer-me os olhos. Não quero com isto dizer que sou um choramingas, mas fico perturbado por me sentir impotente perante o infortúnio, a dor, o desespero! 
A IMPORTÂNCIA DA EXPOSIÇÃO DO PEDRO
Esta exposição do Pedro, apesar de não poder fazer muito para alterar a situação que se continua a viver nesta nossa barra, pois apesar das tragédias que por cá aconteceram nos anos a seguir ao prolongamento dos 400 metros do molhe norte, de então para cá nada de substancial se alterou, vejo-a como a maneira de um jovem e voluntarioso foto-jornalista se oferecer inteiro - isto é, de corpo e alma, com honestidade e autenticidade ao serviço de uma causa nobre: alertar para os perigos que quem tem de arriscar a vida todos os dias para continuar a viver, tem de enfrentar nesta barra da Figueira
Esta tragédia continua a perturbar-me e não posso deixar de tomar partido. 
OS AVISOS ATEMPADOS
Cito Alfredo Pinheiro Marques, em 2006 e em 2008 (...)
"Quem vai conseguir evitar que os barcos pequenos, as embarcações de pesca e os iates de recreio, quando passarem a ter que entrar e sair nessa nova barra criada devido à nova orientação do molhe norte, se exponham ao mar de través...? Esta será uma situação que poderá vir a ser desastrosa para os pescadores e os iatistas, e ruinosa para o futuro das pescas e da marina de recreio." (...) [01.03.2006] (...) 
"Quem vai ter a culpa dessa catástrofe...?" (...) [01.10.2008]
9 MORTOS EM POUCOS ANOS
Em poucos anos, perderam-se 9 vidas na barra da Figueira, depois da obra que foi exigida, anunciada e aprovada, em 2006, 2007 e 2008.
Iniciada neste último ano, continuaram os trabalhos ao longo de 2009 e ficou pronta em 2010. 
Logo a partir desse ano começaram a alterar-se as condições da deriva sedimentar. Com o tempo acumularam-se as areias, (com a passagem dos anos as areias acumuladas começarem mesmo a contornar a cabeça do molhe norte…) e esse acrescido assoreamento  levou ao consequente alteamento das vagas nessa zona. 
Um assoreamento que, como era previsível, se avolumou mais e mais, ao longo dos anos. Os resultados não se fizeram esperar.
A LISTA DOS ACIDENTES E DOS MORTOS 
A impressionante lista dos acidentes e dos mortos pode ser de novo conferida. 
A saber.
Logo em 26.10.2010, deu-se o naufrágio da traineira "Vila de Buarcos",  na entrada da barra do porto fluvial da Figueira da Foz, com dezassete tripulantes. Felizmente, todos se salvaram.
Em 06.05.2011, a Marinha Portuguesa, meritoriamente —  antecipando a possibilidade de problemas que pudessem vir a ser causados pela nova orientação para sudoeste do molhe norte do porto fluvial da Figueira da Foz… —, fez localmente exercícios de treino (realizou um simulacro de combate à poluição marítima supostamente causada por um hipotético navio "Mondego" que haveria embatido nesse molhe norte acrescentado e alterado na sua orientação).
Mais tarde, em 17.01.2014, após os desastres seguintes (os do ano de 2013, que adiante iremos listar), a Marinha ainda viria, uma vez mais, a chamar a atenção, na Figueira da Foz, para as condições de segurança (e para a cultura da segurança…) nas actividades marítimas, quando entregou na capitania local mais uma moderna lancha rápida de socorro a náufragos. 
Contudo, infelizmente, no ano seguinte (2015), continuou sem obter do governo os meios para a disponibilidade contínua, 24 horas por dia, de pessoal para os serviços locais do ISN.
Em 10.04.2013, deu-se o duplo naufrágio, na barra do porto fluvial da Figueira da Foz, do veleiro alemão de recreio "Meri Tuuli" e da lancha da Capitania figueirense que o havia ido socorrer. Morreram dois (2) homens: um dos tripulantes, velejador alemão, e um dos agentes da Polícia Marítima, militar português, que o estava a tentar salvar. 
O iate alemão estava a tentar entrar a barra, falhou a entrada, e foi arrojado à praia do lado de fora do molhe sul.
Em 25.06.2013, deu-se o naufrágio da motora poveira "Cambola" (depois de falhar a entrada da barra), junto ao molhe sul do porto fluvial da Figueira da Foz. Nenhum tripulante se perdeu, pois foram salvos pela Marinha. Mas essa pequena embarcação de pesca costeira era a mesma que, já antes disso, em Janeiro do ano anterior (2012), havia falhado a entrada da barra e, por isso, havia encalhado no areal junto ao molhe norte desse mesmo porto fluvial (!)… E, depois disso, em Agosto desse mesmo ano de 2012, em mau estado, havia-se afundado quando estava atracada no interior deste mesmo porto…(!). 
Em 25.10.2013, deu-se a tragédia do naufrágio da motora "Jesus dos Navegantes", na saída da barra do porto fluvial da Figueira da Foz. Morreram quatro (4) dos oito pescadores, poveiros (das Caxinas), que vinham a bordo. No seguimento desse naufrágio, e da afirmação logo então feita pelo Secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, na Assembleia da República (que negou qualquer relação com o assoreamento da barra, e "salientou que é necessário que os pescadores promovam a sua própria segurança"), e após o relatório produzido pelo então capitão do porto, o mestre dessa pequena embarcação de pesca poveira, Francisco Fortunato, veio a ser perseguido, pelo Ministério Público português, criminalmente (!), com quatro acusações de "homicídio por negligência" [sic].
Em 19.08.2015, deu-se o naufrágio da motora "Ruben e Bruna", ao largo da Figueira da Foz, com um (1) morto, numa tripulação de cinco pescadores poveiros. Este naufrágio foi ao largo, e não na barra.
Em 06.10.2015, deu-se a tragédia do naufrágio do arrastão "Olívia Ribau", na entrada da barra do porto fluvial da Figueira da Foz. Morreram cinco (5) dos sete pescadores (seis figueirenses, e um da Praia de Mira).
Pouco depois (menos de uma semana depois…!) em 12.11.2015 esteve iminente um novo naufrágio (que, felizmente, não chegou a acontecer, pois foi impedido por outros barcos de pesca que se encontravam nas imediações), de um arrastão espanhol "Catrua", com pescadores galegos de Vigo, nessa mesma barra do porto fluvial da Figueira da Foz.
Por tudo isto e por muito mais, a meu ver, é importante esta exposição de um jovem figueirense (ele prefere covagalense), que tem feito do profissionalismo, da honestidade, da competência e da coerência a maneira de estar numa profissão de risco, como é ser um profissional da fotografia numa cidade "pequena" como a Figueira da Foz.
Somos memória. 
É a partir dela que tudo pode ser refeito. 
A nossa memória é o nosso sustentáculo. 
Preservá-la não é sinónimo de saudosismo, mas uma atitude de sobrevivência. 
Até as más memórias nos são úteis... 

A memória que estas fotos nos trazem, é a memória  de um futuro que terá que ser muitíssimo diferente do presente.
Também por isso: obrigado Pedro Agostinho Cruz.

sábado, 26 de junho de 2021

Que foto e que texto: para além da política, existe a beleza!..

Declaração de interesses:
1. Nas autárquicas 2021 não vou votar na candidatura do PSD.
2. Todavia, isso não me impede de constatar que, para já, Pedro Machado tem estado a fazer uma campanha fora do normal, surpreendendo pela positiva. 
"As pessoas são o património mais importante de uma cidade e de um concelho. E há pessoas que fazem parte de uma forma de estar muito própria da Figueira da Foz, como o Zé Petinga. Não há nada mais importante do que nunca nos esquecermos delas. Serei o presidente de todas."
Esta foto, demonstra que beleza e discurso podem ser realidades muito semelhantes. É impossível ficar indiferente a esta beleza argumentativa, transmitida pela foto e pelo texto.
A beleza argumentativa provoca geralmente, tal como a beleza física, reacções nos dois extremos: ou nos apaixonamos ou nos irritamos de morte com tanta argumentação ou com tanta beleza.
Em geral, e vamos ao que interessa, a pessoa normal não sabe argumentar. Foge com frequência para o conforto dos seus preconceitos, aninha-se nas miudezas curriculares de belo efeito e, não raro, escarafuncha nas partes perdendo completamente a noção do conjunto, ou ataca o conjunto esquecendo-se autisticamente das partes que o definem. 
Cada vez acredito mais na provocação como fonte de sobressalto.
E, esta foto, assim como o texto, sobressalta-nos.
Fazer uma boa fotografia é dificílimo. É preciso estar no controlo de tanta coisa... 
Até hoje não sei de onde vêm as boas fotografias. Se soubesse, fazia muitas. Talvez, ou apesar disso, eu, nunca consegui fazer uma. Já consegui algumas engraçadas, mas grandes fotografias, como esta, é de outro campeonato...
Na poesia é bom não saber de onde os versos vêm. Rende. Mas na fotografia nunca é assim. Há toda uma encenação complexa na realidade, nua e crua. Manipular essa realidade, ou não, é uma opção. A técnica fotográfica é a coisa de menor importância. Ninguém faz boas fotografias conscientemente. E raramente vejo uma fotografia, que foi totalmente pensada, que seja boa. Se isso acontecer, o que é um milagre, ficamos a pensar na mensagem, ou a admirar o virtuosismo da composição, a inteligência do autor, e lá se vai a emoção. 
Uma boa fotografia tem um dado qualquer de acaso. De anónimo e universal. De sorte. De emoção. De profundo e subjectivo.
Isto pode ser campanha política - e é. Mas, também é competência, profissionalismo, criatividade e talento.
A nível mundial, podemos usar apenas uma mão para contar os grandes fotógrafos. Como os poetas. São raríssimos.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

A verdade

Cito o jornal AS Beiras.
"O cientista Paulo Trincão coordena a equipa que está a elaborar a candidatura que a câmara vai apresentar à Unesco para a classificação do geoparque jurássico do Cabo Mondego como património mundial. Em declarações a este jornal, adiantou que aquele organismo das Nações Unidas já elogiou, em público, o processo da Figueira da Foz. 
A representação da Unesco em Portugal só pode sugerir duas candidaturas por ano. 
Neste momento, no entanto, há pelo menos três: Figueira da Foz, Região Oeste e Viana do Castelo. A primeira avaliação deverá ser feita no início de 2018. Paulo Trincão, contudo, sossegou os figueirenses: “Estamos à frente das outras candidaturas”. Por outro lado, acrescentou aquele responsável, “a autarquia assumiu a candidatura como um desígnio”. Portanto, sublinhou: “Estamos a trabalhar para fazermos um geoparque”. Ou seja, mesmo que, na remota hipótese da Unesco não aprovar a candidatura, afiançou o cientista, “a Figueira da Foz já tem um geoparque”. “Há 100 anos que o monumento natural do Cabo Mondego é um geoparque de grande referência para académicos de todo o mundo”, enfatizou Paulo Trincão. 
Por seu lado, o Prego de Ouro, atribuído em 2016, é mais um importante elemento para convencer a Unesco. 
Estudo único no país 
Paulo Trincão pediu seis especialistas em regime de avença, mas a Câmara da Figueira da Foz só disponibilizou verbas para dois. Os restantes 12 elementos da equipa são quadros da autarquia. Um dos avençados é o arquiteto João Sebastião Ataíde Goulão, autor de uma tese de mestrado sobre o edificado do Cabo Mondego, que concluiu com 19 valores. Ao que se sabe, aquele é o único estudo sobre o tema, que o autor entretanto ofereceu ao município figueirense. Aquele avençado é sobrinho do presidente da câmara, João Ataíde, e filho da chefe de divisão do Departamento de Urbanismo da autarquia, Maria Manuel Ataíde. O contrato tem duração de um ano, auferindo 900 euros por mês. “O Sebastião Goulão foi-me sugerido pela minha colega Helena Henriques e só pus uma condição: ver 
a tese e conhecê-lo. Gostei muito da tese e do seu autor. Sem a sua contratação, o processo sofreria um atraso de, pelo menos, seis meses”, declarou Paulo Trincão, garantindo que os laços familiares do contratado não influenciaram a decisão.
Contrato controverso 
Quem assinou o despacho foi o vice-presidente da câmara, António Tavares, porque o avençado é familiar do presidente. A proposta partiu da vereadora Ana Carvalho. “As pessoas não podem estar impedidas por terem laços familiares. Não ficam diminuídas por causa disso, mas devia evitar-se, porque, geralmente, estas situações trazem adversidades por parte da opinião pública”, declarou António Tavares. Contactado pelo Diário As Beiras, o gabinete de João Ataíde respondeu que o presidente, “quando lhe foi colocada a questão, demonstrou o máximo de reservas”. No entanto, acrescentou: “Desde que a equipa entendesse que a sua contratação era imprescindível e indispensável, não seriam as reservas do Sr. presidente que iriam por em causa o mérito do contratado, pelo que, nesses termos, nada teria a opor”

Nota de rodapé.
“Na roça com os tachos”, é uma série em exibição na Figueira há 40 anos...
Na Figueira, lida-se com muita dificuldade e muito mal com a verdade.
A acreditar na caixa de comentários deste blogue, só existem duas maneiras de dizer toda a verdade.
1. Anonimamente.
2. Postumamente.
Mais de 11 anos decorridos, posso afirmar que este é um blogue, que é verdadeiramente um blogue.
11 anos decorridos resiste.
Já assisti, falando apenas na Figueira, ao nascimento, à agonia e à morte de muitos blogues. Isso, pode querer dizer que os promotores desses blogues tinham poucas coisas e pouca coragem para as dizer. 
Por aqui há sempre - e cada vez mais - verdades para dizer e coragem para escrever.
Quanto mais não seja, para tentar contrariar a Figueira das convenções e dos arranjinhos. 
Odeio convenções. Odeio arranjinhos. Aborrecem-me.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

"Este texto.. Para sermos rigorosos... So tem um problema... Quais plátanos?"

"Recentemente, a Figueira da Foz foi notícia por todo o país, por causa de um anunciado abate de árvores, entre elas plátanos, na freguesia de Buarcos.
Esta decisão camarária está na base de uma obra de intervenção urbana (aprovada por unanimidade em reunião de Câmara e Assembleia Municipal), que pretende requalificar uma determinada zona, transformando-a em área pedonal e de lazer. 
As árvores em causa têm motivado grandes discussões e debates por toda Europa. Através de uma pesquisa na Web, chegamos à rápida constatação que se criaram inúmeros movimentos, não contra o corte das mesmas, mas sim a reivindicar a sua substituição por outras espécies. 
Para ser correto na análise deste tema, tenho de revelar que existe uma informação da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clinica, desmentindo os perigos desta espécie na Saúde Pública. No entanto, são muitos os artigos, pareceres e informações pela Europa fora, que afirmam exatamente o contrário.
De entre as dezenas de documentos que afirmam o contrário, destaco o texto da Dra. Iolanda Miró i Vinaxia, da Academia de Ciências Médicas e da Saúde da Catalunha e Baleares, Associação Catalã de Comunicação Cientifica, Associação Espanhola de textos médicos e Associação Nacional de Informadores da Saúde, que põe bem claro os efeitos dos plátanos na saúde pública. Segundo a mesma, a polinização nestas árvores, apesar de ser curta é muito intensa, chegando a níveis elevados que podem ultrapassar os 2.000 grãos de pólen por metro cúbico de ar. Tal situação provoca um conjunto de alergias em diversas partes do corpo, bem como episódios de asma.
Em Portugal, em Maio deste ano num concelho a sul do país, a comunicação social noticiava o transporte para as urgências de 15 crianças de uma escola do ensino básico e 1º Ciclo, devido a alergias provocadas por exposição ao pólen de plátanos.
Têm sido muitas as cidades europeias, que têm optado por outras espécies de árvores em detrimento dos plátanos, única e exclusivamente por este fator.
No caso concreto da nossa cidade é importante esclarecer a população, que as intervenções urbanas em curso, vão duplicar os espaços arborizados e não diminuir. 
Quanto à contestação que todos vimos na comunicação social, é notório que existiram dois grupos. Um primeiro associado ao Movimento Parque Verde, a quem reconheço legitimidade pois ao longo dos anos têm estado na primeira linha de causas ambientais e um segundo que se aproveitou da situação para politizar o caso e angariar votos através de um possível descontentamento da população.
Apesar desta minha modesta opinião, qualquer um destes grupos, antes de vir para rua manifestar-se, deveria ter solicitado uma audiência ao Presidente na Câmara, por forma a sensibilizar o mesmo para o assunto em causa. Só depois disto e caso a posição se mantivesse, faria sentido a dita manifestação.
João Ataíde esteve bem, pois apesar de um político ter de ser firme nas suas decisões, também tem de ouvir a vontade das populações e saber recuar se necessário.
Para já o processo está suspenso para melhor análise do mesmo, mas tenho a certeza que depois de vistos os prós e os contras do referido abate e a verdadeira vontade da população, se não fizer sentido o corte dos plátanos, os mesmos não serão cortados."
João Raul Moura Portugal

Nota de rodapé.
"Sem dar por ela...sem dar por ela", dou comigo a concordar com o Luís Fidalgo: "isto é o que dá quando não se tem opinião e então se age por reação. Era de estranhar que o PS não alinhasse na senda destrutiva do ambiente que se vive na nossa cidade. Agora são as alergias. Estas arvores estão plantadas há quarenta, cinquenta anos? Tem sido numerosos os casos de pessoas com rinites alérgicas? Que fraca argumentação. 
Este senhor está mal informado. O Sr Presidente agiu porque foi obrigado e esteve muito mal ao admitir que nem o projeto conhecia. Só falta mesmo conhecer a opinião do sr. presidente da junta de Buarcos. Deve estar a arranjar outro tipo justificações para o abate das árvores que não sejam as alergias . 
Estamos bem entregues."
João Portugal, aceite o conselho do Pedro Silva: "se calhar já chega de tentar defender o indefensável, sob pena de se cair no disparate de ficar agarrado a... um plátano. Louve-se o esforço criativo e siga-se em frente, que esta poeira também não faz nada bem à saúde."

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Figueira da Foz, uma cidade com tradições no ciclismo: de José Bento Pessoa à Figueira Champions Classic

A Figueira Champions Classic, corrida de ciclismo de estrada na Figueira da Foz, agendada para 12 de fevereiro, é a principal novidade no calendário de provas portuguesas de escalão internacional para 2023.

Esta prova, uma clássica de nível mundial, com a participação de grandes ciclistas oriundos de vários países, vai ter como palco o nosso concelho. A Figueira Champions Classic corre-se numa extensão de 190 quilómetros, com partida na zona do Relógio, na cidade da Figueira da Foz, e percorre as 14 freguesias.

Haverá cobertura televisiva, através da Eurosport, no dia 12  (com transmissão para mais de meia centena de países) e da CMTV.


Entre muitos outros, farão parte do pelotão da “Figueira Champions / Casino Figueira” dia 12 de fevereiro, Fabio Jakobsen e Kasper Asgreen.  A Soudal Quick-Step já confirmou a presença de ambos, tal como Remi Cavagna, um dos melhores contrarrelogistas do mundo, a par de Asgreen. 

Por parte da Team DSM, o ciclista alemão John Degenkolb é outro dos nomes já confirmados.

O neerlandês Fabio Jakobsen, actualmente um dos melhores sprinters mundiais, em 2022 provou o seu poderio ao sagrar-se Campeão Europeu de Estrada e será com essa camisola que vai desfilar nas estradas da Figueira da Foz. Múltiplo vencedor de etapas na Volta ao Algarve, fazem parte do seu palmarés vitórias na Vuelta e no Tour de France, assim como em outras corridas do circuito World Tour.

Kasper Asgreen é um ciclista todo o terreno e bastante vocacionado para as clássicas. Certamente terá uma palavra a dizer na “Figueira Champions / Casino Figueira”. Contudo, também se destaca no contrarrelógio, sendo campeão dinamarquês desta especialidade, sendo também  dono do título em estrada. Já venceu uma etapa na Volta ao Algarve e várias clássicas belgas, como é o caso da Volta a Flandres, em 2021.

O francês Remi Cavagna, também ele da formação belga, já conquistou o título de campeão francês em contrarrelógio, tal como em estrada. Do seu palmarés consta uma vitória de etapa na Vuelta e foi medalhado em Europeus de contrarrelógio.

Por sua vez, a equipa da Soudal Quick-Step que vem mostrar-se à Figueira da Foz fica completa com gregários como Tim Declercq, Dries Devenys, Casper Pedersen e Ilan Van Wilder, este último um jovem em quem os belgas depositam muita esperança para o futuro.

Por parte da Team DSM, o alemão John Degenkolb, também ele vencedor de etapas na Volta ao Algarve, é outro dos nomes confirmados na Figueira da Foz. Destacam-se vitórias deste corredor em etapas nas três grandes voltas – Giro, Tour e Vuelta –, bem como em dois dos cinco monumentos (Milão-São Remo e a Paris-Roubaix).


A Figueira é uma Terra  com tradições muito antigas no ciclismo.

Desde logo, o enorme e espantoso atleta, que foi o figueirense José Bento Pessoa, nascido a  7 de Março de 1874, campeão mundial e o maior ciclista de velocidade do seu tempo.

"No final do século XIX, o homem da Figueira tinha um carácter forte, independente, mas aberto às influências do estrangeiro.

A foz do Mondego, era um porto de mar aberto ao comércio internacional, o que propíciava a convivência com os povos mais evoluídos do Norte da Europa.

A Figueira, então uma pequena cidade com cerca de 5 000 habitantes, vai viver por volta de 1895, uma época áurea. Local privilegiado à beira mar plantado, a sua praia, então  "a mais bela de Portugal",  e a lhaneza da sua gente, atraem veraneantes de vários cantos da Península Ibérica. Nos meses de verão, isso é decisivo para o desafogo financeiro e novos conhecimentos que marcam o figueirense. Todavia, como tudo na vida, também tem um ponto menos positivo: a instabilidade e a incerteza profissional."


Não esquecer, porém, a importância da influência inglesa no desenvolvimento da Figueira do final do século dezanove, tanto a nível comercial, como desportivo. 

Um porto de mar que permitia a entrada dos maiores barcos comerciais de então, quase todos de pequeno calado, teria de receber a visita dos britânicos. 

Recorde-se: "o tratado comercial luso-britânco 1703, conhecido por Tratado de Metwen, nome do negociador inglês, permitiram a vinda de britâncos a Portugal e à Figueira. 

Havia permutas comerciais que englobavam os nossos vinhos e os têxteis ingleses."

É neste contexto, por influência dos povos do Norte da Europa, que os figueirenses começam a ver o desporto como uma necessidade. 

Surgem as regatas realizadas na foz do Mondego. Criam-se os primeiros Clubes:  Associação Naval Figueirense, Clube Ginástico e a Associação Naval 1º. de Maio.

No S. João de 1893, realiza-se um festival velocipédico. "O entusiasmo provocado pela prova leva à criação de mais uma colectividade: o Clube Velocipédico Figueirense, mais tarde designado por Ginásio Figueirense." 

Progressivamente, foi assim que a Figueira, rapidamente, se torna a terceira potência desportiva do nosso País. 

A par do remo e da canoagem, a vitalidade desportiva da Figueira, passa pela ginástica, esgrima, futebol, tiro, hipismo e ciclismo.


A bicicleta era, então, uma maravilha criada pelo Homem. Depois do balão de hidrogénio e do comboio (o irmão mais velho da bicicleta, como então se dizia) a bicicleta é encarada como a resolução dos problemas de locomoção do homem, relegando a tração animal para um plano secundário.  

É no contexto vivido no último quartel do século XIX na Figueira da Foz (porto marítimo e comercial aberto ao mercado internacional, estância balnear a crescer e a ter cotação a nível da Península Ibérica e, ainda, como potência desportiva a seguir a Lisboa e Porto), que nasce o desportista José Bento Pessoa. 

Nadou, remou, defendeu bolas no futebol, mas acabou por preferir a novidade dos velocípedes. Após as primeiras vitórias na Figueira da Foz, com apenas 20 anos de idade, José Bento Pessoa fica lançado no meio desportivo português, como um extraordinário atleta. 

O ciclismo, na altura, era um desporto de elite. Comprar uma bicicleta só estava ao alcance de uma minoria.  

José Bento Pessoa vai para Lisboa trabalhar para um comerciante com uma loja de bicicletas - Manuel Beirão de seu nome.

É a partir daí que Bento Pessoa tem a oportunidade de viver do ciclismo.

Profissionaliza-se. É inscrito na União Velocipédica Espanhola (não estava ainda fundada a União Velocipédica Portuguesa) e começa uma carreira que espantou Portugal e o Mundo.

Correu em Espanha, França (Paris) Bélgica (Gand), Suiça (Genebra), Itália (Turim) Alemanha (Berlim) e Brasil (Pará). 

Em Espanha, torna-se um ídolo: nas 68 corridas que lá fez, venceu-as todas. 

A 10 de Abril de 1898, no Velódromo de Genebra, na Suíça, perante 20.000 pessoas, bate o invencível campeão suíço Théodore Champion. Em Berlim a 8 de Maio de 1898, talvez o ponto mais alto da sua carreira, no decorrer do  Grande Prémio Zimmerman, à época a prova velocipédica mais importante da Europa, em honra de Arthur Augustus Zimmerman, vence o campeão do mundo Willy Arend. 

Quando as notícias das suas vitórias chegavam à sua terra, o entusiasmo dos figueirenses expandia-se em manifestações ruidosas e festivas: saíam as filarmónicas, a fachada do Teatro Príncipe iluminava-se, havia marchas, au flambeaux – uma loucura. 

Quando o campeão vinha descansar – meia Figueira ia festejá-lo. Chegou a ir da estação do caminho-de-ferro para casa aos ombros dos mais entusiastas. 

Em 1 de Setembro de 1901, os clubes ciclistas do país prestaram uma homenagem ao grande campeão. Para lhe ser entregue uma mensagem e um brinde, organizou-se a estafeta ciclista Lisboa-Figueira. 

José Bento Pessoa morreu na Figueira da Foz, a 7 de Julho de 1954.

A Câmara da nossa cidade, em 1955, prestou-lhe uma homenagem ao atribuir o seu nome ao Estádio Municipal.


Outro ciclista de envergadura e que atingiu grande nome no panorama velocipédico nacional, foi  António Alves Barbosa, um dos maiores desportistas figueirenses de todos os tempos.   

António Alves Barbosa nasceu em 24 de dezembro de 1931, na Fontela, freguesia de Vila Verde, concelho de Figueira da Foz.

Foi o maior ciclista português da década de 50 do século XX. 

Era filho de José Alves Barbosa, que foi contemporâneo e amigo de outro ciclista figueirense: o já atrás referido José Bento Pessoa, o melhor ciclista do mundo de 1892 a 1902.

Poucos recordarão a loja onde José Alves Barbosa alugava bicicletas, na actual Avenida 25 de Abril, na Figueira da Foz, junto do Grande Hotel, por debaixo da Piscina Praia. 

Em 1947, com 16 anos de idade, António Alves Barbosa iniciou-se no ciclismo, filiando-se na Associação de Ciclismo do Norte, como aluno. 

Começou a usar o nome do pai, tornando-se conhecido por ALVES BARBOSA. Em Portugal representou o Sangalhos. Em França a Rochet e a Rapha-Gitane. Em Espanha a Faema. Correu de 1949 a 1962. Foi 3 vezes vencedor da Volta a Portugal (1951, 1956 e 1958), 2 vezes Campeão Nacional de Fundo/Estrada (1954 e 1956), 5 vezes Campeão Nacional de Velocidade/Pista (1954, 1955, 1956, 1958 e 1959) e duas vezes Campeão Nacional de Ciclo-cross (1961 e 1962).

Participou 4 vezes na Volta a França, 3 na Volta a Espanha, 2 na Volta a Marrocos, 2 na Volta à Andaluzia, 2 no Paris-Nice e em muitas, muitas outras corridas no estrangeiro.

Foi o primeiro ciclista português a vencer três vezes a Volta a Portugal, em 1951, 1956 e 1958. É o ciclista com mais etapas ganhas na Volta a Portugal (Alves Barbosa 33; Cândido Barbosa 25 e Joaquim Agostinho 24).

Em 1951, com apenas 19 anos de idade, cometeu a proeza de vencer a Volta a Portugal com a camisola amarela do primeiro ao último dia.

Em 1956 ganhou a Volta a Portugal, triunfando em 10 das 23 etapas.

Em 1958, envergou a camisola amarela na 2ª. etapa da Volta a Portugal, entre Lisboa e Alpiarça. Nunca mais a despiu, como já tinha feito em 1951.

Na década de 50, provavelmente,  teria ganho todas as Voltas a Portugal, não fossem as mais diversas vicissitudes:

- Em 1952 foi impedido de participar porque estava a cumprir o serviço militar;

- Em 1953 e 1954 a Volta não se realizou;

- Em 1955 foi agredido por espectadores, perto da cidade do Porto, quando já era camisola amarela e ia ganhar a etapa e a Volta com um avanço significativo (desta forma perdeu para Ribeiro da Silva).

Ainda em 1955 obtém mais uma vitória no estrangeiro, na “Corrida 9 de Julho”, em São Paulo (Brasil), então a maior prova ciclista da América do Sul, que registou a participação de 500 concorrentes. 

Alves Barbosa disputou a Volta a França em 1956, 1957, 1958 e 1960 e a Volta a Espanha  em 1957, 1958 e 1961. Foi o primeiro ciclista português a ficar colocado nos primeiros dez da Volta à França.

O cinema aproveitou-se da sua popularidade. Em 1958, foi rodado o filme "O HOMEM DO DIA",  em que Alves Barbosa foi protagonista e motivo temático para captar um público que começava a fugir das salas de cinema para a recém-chegada televisão. 

Em 1961 iniciou uma carreira de treinador de ciclismo, no Sport Lisboa e Benfica.

De 1975 a 1978 e de 1989 a 1992 foi director técnico nacional da modalidade.

Alves Barbosa foi ainda comentador de ciclismo na rádio, na televisão e em diversos jornais. 

Em 1990 recebeu a medalha de mérito desportivo.

Em 2007 foi condecorado com a Medalha de Ouro da Juventude e dos Desportos de França.

Alves Barbosa faleceu no dia 29 de setembro de 2018.


A Volta dos Campeões, que se realizou a partir de 1931 e durou até atá à década de sessenta do século passado, é outro marco da relevância do ciclismo no concelho da Figueira da Foz

Teve como vencedores nomes famosos do panorama ciclista português: por exemplo, em 1932 José Maria Nicolau, ganhou a 2ª. edição da Volta dos Campeões. Em 1961, um ano antes de terminar a sua carreira, o vencedor foi o nosso Alves Barbosa. 


São inúmeras as chegadas da Volta a Portugal à Figueira da Foz.

Porém, a chegada à nossa cidade da  edição desta prova, em 1973,  ficou célebre.

Nesse ano, Joaquim Agostinho, na opinião de muitos, o maior ciclista português de todos tempos, cometeu, talvez, a sua maior proeza desportiva em Portugal. 

Aconteceu na etapa que trouxe a caravana voltista de Abrantes até à Figueira da Foz. Nessa etapa, que teve lugar ao sexto dia da prova, Joaquim Agostinho isola-se ao pelotão logo no início da tirada. Num autêntico contrarrelógio, de quase 200Km, finaliza uma das mais épicas etapas da Volta a Portugal, com 13 minuto de avanço sobre o pelotão.


A importância duma prova de um desporto que movimenta muita gente, como o ciclismo, ficou plasmada na reunião da Câmara da Figueira da Foz que aprovou,  por unanimidade, um apoio à realização de uma prova clássica internacional de ciclismo, em fevereiro de 2023.

Esse investimento, vai ser compensado, não só pela  “muitíssima gente”  que a  Figueira Champions Classiccidade vai trazer à ciade, como também pela promoção que a cobertura televisiva vai fazer em 11 e 12 de Fevereiro de 2023. 

NOTA DE RODAPÉ.

Bibliografia: José Bento Pessoa (Biografia) – Romeu Correia; A Bola; consultas bibliográficas de notícias da imprensa local existentes na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz e Figueira Champions Classic.