terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Deputados do PS, PCP e BE apelam a cessar-fogo imediato no Médio Oriente

Via Jornal Público

Os deputados apoiam uma resolução da ONU de 27 de Outubro que pede uma trégua humanitária EPA/MOHAMMED SABER

«Mais de 20 deputados do PS, PCP e Bloco de Esquerda (BE) subscreveram esta segunda-feira um apelo por um cessar-fogo “imediato, duradouro e sustentado” na Palestina e em Israel para acabar com a “actual escalada de violência”.»

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

A frágil casa comum

Paula Ferreira, directora-executiva-adjunta do Jornal de Notícias

«No país do Tio Sam, a prioridade é o financiamento da guerra israelita. A política mais cínica não muda, quer se trate do futuro do Planeta ou de um povo. 

Os mais frágeis perderão sempre».

"O Bypass Político na Figueira da Foz: Entre as Ondas do Mar e as Correntes Políticas"

Miguel Pereira, ex-vereador da Câmara Municipal da Figueira da Foz


"A política é uma arte complexa, onde não há verdades absolutas, mas escolhas a serem feitas. Enquanto as ondas do mar continuam a bater nas praias da Figueira da Foz, a comunidade observa atentamente, esperando que as águas políticas se acalmem, trazendo consigo uma nova era de transparência e colaboração na construção do futuro do concelho. O futuro da política figueirense permanece incerto, e a comunidade aguarda não apenas palavras, mas ações concretas que acompanhem as necessidades urgentes da proteção costeira. O povo merece uma navegação política que não só apazigue as águas turbulentas, mas que também construa um futuro sustentável e resiliente para a Figueira da Foz.

Pessoalmente, teria votado a favor da proposta da inclusão do Bypass no orçamento de Estado de 2024, para o bem do país e principalmente pelo bem do concelho da Figueira da Foz."

A propósito da homenagem a Mário Soares: para que serve uma vida?

A carreira política de Soares é única e incomparável: encabeçou a candidatura a 11 actos eleitorais, dos quais venceu seis (constituintes de 1975, legislativas de 1976 e 1983, presidenciais de 1986 e 1991 e europeias de 1999) e perdeu cinco (legislativas de 1969, 1979, 1980 e 1985 e presidenciais de 2006). 
Mário Soares teve um percurso político que foi, digamos assim, pragmático: "foi comunista antes de ser anticomunista, foi contra a NATO antes de subscrever a Carta do Atlântico, foi defensor da nacionalização de sectores económicos estratégicos antes de condenar a sua execução, foi aliado da administração norte-americana antes de se tornar adversário de Washington, foi contra governos de iniciativa presidencial antes de advogar um executivo de salvação nacional promovido por Belém, foi contra a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antes de rejeitar a procura no hemiciclo de uma solução governativa e, pelo contrário, dissolver a Assembleia da República e convocar eleições, foi o introdutor em Portugal de dois pacotes de austeridade antes de tomar posição contra um terceiro, foi pró-ocidental antes de desfilar ao lado de companhias altermundialistas, foi o homem público reformado que prometeu não regressar à política activa meses antes de se apresentar como candidato presidencial".

Sabendo-se, como se sabe, o lugar que Mário Soares ocupa na História de Portugal, uma homenagem promovida por iniciativa de um Presidente de Câmara da Figueira da Foz, merece especial atenção de quem vive e sente a Figueira.
Temos um ano pela frente.
Santana Lopes tem muito a ver com Mário Soares.
Vejo em ambos algo em comum: a capacidade de chegar aos eleitores, mais pela sua maneira de ser do que pela ideologia. E, ao mesmo tempo, pelo menos em determinado períodos - nomeadamente, eleições - serem capazes de mostrarem uma moderação e um equilíbrio que sensibeliza os votantes quando têm de escolher.
Mário Soares no País. Santana Lopes, sobretudo na Figueira.

A definição de Liberdade, enquanto grau de independência legítimo que um cidadão, um povo ou uma nação elege como valor supremo e como ideal, bem como a condição de não submissão a qualquer força constrangedora, física ou moral, remete-nos para a obra de Agostinho da Silva, que nos fala da missão de Portugal: "libertar-se e libertar o mundo, cumprindo-se, assim, na sua identidade universal e fraterna."
Todavia, Liberdade é, igualmente, a possibilidade que um indivíduo tem de se exprimir de acordo com a sua vontade, a sua consciência e a sua natureza.
Daí que Agostinho da Silva "apele ao não conformismo e ao pensamento próprio e proponha uma reflexão aprofundada sobre a importância da liberdade". Isto é: "fazer coincidir o pensar com o ser."
Agostinho da Silva ensinou (a quem quis aprender) "que a utopia não é o impossível, mas somente aquilo que ainda ninguém conseguiu fazer."
Num mundo sufocado pelos actuais modelos económicos, políticos e sociais, baseados no lucro e na concorrência selvagem, quer sejam vividos em democracias ou autocracias, para alguns existe a consciência da limitação de liberdade.
Numa sociedade em que se vive oprimido por diversos constrangimentos e os direitos de cada de cada um de nós são reprimidos, Agostinho da Silva sublinhava: «não basta para ser livre, que se tenha liberdade política. A liberdade política é perfeitamente ilusória enquanto se não tem liberdade económica».
Agostinho da Silva foi um homem muito à frente do seu e não era ingénuo. Sabia dos riscos que se corriam, já que ao mesmo tempo que se cria tecnologia, se pode fazer com ela coisas terríveis para a humanidade. 
Nunca  deixou de reforçar a ideia: «o caminho é o de pegar na máquina e pô-la ao serviço, não de uma nova escravidão, mas dos homens. Meter homens a servir as máquinas e com essas máquinas e com esses homens servir outros homens e outras máquinas, mas para efectivamente nos dar a tal liberdade de ser poeta à solta».

Mário Soares foi um “cidadão do mundo, e no mundo era conhecido como um líder marcante, democrata e socialista”
Por conseguinte, foi um cidadão poderoso. E o que fez com o Poder?
Continuando a citar Agostinho da Silva.
«Vamos ver como é isso da entrada de Portugal na CEE. Se é um bebé que se vai acolher nas mãos de uma ama ou se é, pelo contrário, alguém, a Península, que vai dizer à Europa como é que ela se tem de humanizar».
A União Europeia foi pelo caminho do federalismo criado apenas numa base utilitarista e economicista. Daí a fragilidade da sua construção, o presente difícil e o futuro desconhecido.
Vivemos num mundo obcecado com a produtividade, a eficiência e os lucros. Perdeu-se em humanização e em  liberdade cultural de cada um de nós.

Nos últimos anos de vida, dizem que "Mário Soares radicalizou à esquerda".
O PS, em 25 de Abril de 1974, "intitulava-se um partido à esquerda".
Todavia, nunca houve politicamente uma “maioria de esquerda”, apesar de ela existir aritmeticamente, nem houve qualquer tipo de entendimento à esquerda minimamente durável. Houve sim uma coligação com o CDS, o único que não votou favoravelmente a Constituição.  
Porquê? Porque o PS de Mário Soares tinha uma estratégia muito clara da qual não nunca se afastou um milímetro: institucionalizar em Portugal uma democracia representativa, se possível de base exclusivamente parlamentar, sem qualquer tipo de cedências a qualquer outra forma de poder que não a resultante do voto popular.
«Mário Soares seguiu à risca esta estratégia, fazendo as alianças de ocasião que lhe pareceram as necessárias para a consolidar e recusando, sem problemas de consciências ou hesitações, qualquer tipo de entendimento à esquerda.
Mário Soares acreditava na solidariedade dos partidos socialistas e social-democratas europeus, acreditava no “socialismo em liberdade” e acreditava acima de tudo na Europa como palco ideal de concretização das suas ideias políticas. E continuou a acreditar, nos anos imediatamente subsequentes à Queda do Muro e à desagregação da URSS, que estavam, finalmente, reunidas as condições ideais para pôr em prática aquele ambicioso projecto político.»
Aliás, "é bom que se recorde que não foi sob o comando executivo de Soares à frente do PS que a organização económica consagrada na Constituição Portuguesa foi revista e completamente descaracterizada, mesmo tendo em conta a Lei n.º 77/77. Soares patrocinou e promoveu, juntamente com o PSD, a revisão de 1982, que no essencial consagrou aquilo que fora a sua estratégia politica depois do 25 de Abril. Mas foi com a revisão de 1989, promovida pelo cavaquismo com o apoio do PS de Constâncio que se abriu à porta às privatizações e tudo o mais que elas trouxeram. Cumprida a tarefa, Constâncio demitiu-se de secretário-geral do PS por divergências insanáveis com a família Soares, na altura centradas em João Soares."

“Portugal teve a sorte de, a seguir ao 25 de Abril de 1974, ter um homem com a visão política e o conhecimento do mundo de Mário Soares”.
Mas, para o Povo português em geral, em 2023, para que serviu isso?
Somos livres? Vivemos com confiança no futuro? Somos felizes?
Para o bem e para o mal, a carreira política de Mário Soares foi única e incomparável. A tal ponto que, como ele próprio confessou, deu para perder muitas outras coisas.
“Lembro-me que, uma vez, ainda vivia na casa da Rua Gomes Freire, teria, talvez, seis anos, fiquei estranhamente seduzido pelas pernas de uma garota de doze ou treze, filha da nossa mulher-a-dias. Comecei subitamente a acariciar-lhe as pernas e levei logo uma bofetada. Foi, que me recorde, a primeira manifestação de um interesse que, mais tarde, se manifestaria com força. Sempre fui particularmente  sensível aos encantos femininos: as pernas, os cabelos, a voz, os olhos. Às vezes, quando estava já metido na política, num elétrico ou num cinema, via uma mulher que me agradava e perguntava a mim próprio: que ando eu a fazer nesta vida, a tentar salvar o mundo, desperdiçando oportunidades tão mais interessantes? (…)”
Imagem via Diário as Beiras. Para ler melhor, clicar na imagem.

domingo, 10 de dezembro de 2023

Figueira da Foz vai ter a Movistar em estreia

"A equipa espanhola Movistar confirmou a sua primeira presença na “Figueira Champions/Casino Figueira”, que se irá realizar no dia 10 de fevereiro de 2024. A mais antiga das formações do World Tour – criada em 1980, como Reynolds – vai aumentar para sete as equipas do escalão máximo do ciclismo já inscritas para a clássica da Figueira da Foz, que terá ainda três da categoria seguinte, as Pro Teams."

As lógicas partidárias no recrutamento político numa democracia que sucedeu a uma "boa ditadura"

Olhando para os partidos com alguma atenção, vê-se que os mecanismos tendem a favorecer as classes superiores da sociedade, a posição social e a origem, nas escolhas das lideranças partidárias.
Actualmente, a Assembleia da República é composta por 230 Deputados.
Os Deputados são eleitos por listas apresentadas por partidos, ou coligações de partidos, em cada círculo eleitoral. A conversão dos votos em mandatos faz-se de acordo com o sistema de representação proporcional e o método da média mais alta de Hondt.
Os Deputados representam todo o país e não apenas os cidadãos do círculo eleitoral pelo qual foram eleitos. 
A erosão costeira é um problema nacional.
Estende-se do Minho ao Algarve.
Portanto, porque carga de água é que uma deputada figueirense, representante de  todo o país e não apenas dos cidadãos do círculo eleitoral pelo qual foi eleita, não deveria respeitar a disciplina de voto numa votação, embora tendo acompanhado a análise dos guiões de votações no dia 17 de novembro, guião onde constava a proposta de aditamento «lançar o concurso de concessão/construção e respetiva obra do sistema fixo de transposição sedimentar (bypass) da Barra da Figueira da Foz» e teria de votar a favor de uma solução “já avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”, que apenas iria resolver um problema do concelho da Figueira, quando em todo o País existe o mesmo problema?

Há, apenas a sublinhar o seguinte:
1. Porque é que o Governo do partido da senhora deputada Raquel Ferreira, em Agosto de 2021, antecipou a divulgação do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para setembro, mês de eleições autárquicas, quando o estudo do by pass tinha sido adiado durante 20 anos?
2. Porque é que o ministro do Ambiente, na altura Matos Fernandes, de um governo do partido da senhora deputada, disse o que disse?
“Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”.
O “Estudo de Viabilidade de Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz”, apresentado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), avalia quatro soluções distintas de transposição de areias e conclui, para a Figueira da Foz, que embora todas as soluções sejam “técnica e economicamente viáveis”, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.
Recorde-se: o estudo situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros. 

Portanto, a deputada Raquel Ferreira (sublinhe-se, eleita por uma  lista apresentada pelo círculo eleitoral por Coimbra, mas que na Assembleia da República da República representa todo o país, e não apenas os cidadãos do círculo eleitoral pelo qual foi eleita), esteve muito bem ao acompanhar o PS na votação de uma proposta que apenas iria beneficiar uma parte ínfima de eleitorado necessário para manter a senhora deputada na Assembleia da República (eu sei que terá de passar ainda pelo crivo do partido, mas com este desempenho penso que não haverá dificuldade na sua continuidade nas listas candidatos a deputados do PS à Assembleia da República na próxima lista). 
Repito: esteve bem a deputada Raquel Ferreira, pois a erosão costeira é um problema nacional. Estenda-se: do Minho ao Algarve.
Por conseguinte, enquanto não houver  uma solução nacional, o quinto molhe irá continuar a servir como zona de peregrigação de todos os partidos na caça ao voto em períodos eleitorais, como o que está à porta.

Parvo é o Zé Povinho, que só olha para o seu umbigo.
Penso que já todos percebemos que se o Partido do Poder fosse o PSD e o deputado ou deputada da Figueira, a disciplina de voto funcionaria na mesma.
Vivemos num País onde o respeitinho é muito bonito, onde, neste momento, o "exemplo de «fucked up dad» é o senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa"
Para mim já é tarde.
Mas, vocês jovens, não estará na hora de começarem a refletir a respeito do que têm que fazer para sobreviver no país em que vivemos?
Não se esqueçam - pois isso é importante para o vosso futuro - que a Igreja Católica está nas origens do salazarismo«o Estado Novo Salazarista era visto, nos círculos conservadores europeus, como um exemplo de uma “boa ditadura”, uma ditadura que se conseguira resguardar dos elementos totalitários e pagãos que caracterizavam outros regimes congéneres do período».

Apesar de em Abril de 1974 ter havido uma rutura política seguida, de revolução social, passados quase 50 anos o país recusa-se a interpretar o passado, deixando-o onde esteve sempre: a fazer o seu caminho num lugar recôndito e silencioso.
Qualquer dia, pode acontecer uma surpresa. 
fascismo não se está a fazer anunciar de botas cardadas, com marchas militares e mecanismos repressivos como os do passado...

sábado, 9 de dezembro de 2023

Lídio Lopes: a caminho dos 30 anos como Presidente dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz

Lídio Lopes, Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Figueira, desde 1997, foi reeleito “com o maior número de votos nos 140 anos [da associação humanitária] em actos eleitorais com lista única de forma pacífica”, frisou o próprio ao DIÁRIO AS BEIRAS. 
Votaram 89 sócios e não houve votos em branco ou nulos.
Como sócio dos Voluntários figueirenses, desde 1976, de Lídio Lopes espero apenas que continue, durante mais 4 anos, o excelente trabalho que tem vindo a fazer ao serviço dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz, há mais de 25 anos.
Lídio Lopes, como Presidente dos Bombeiros Voluntários da Figueira, a meu ver, continua a ser o homem certo no lugar certo.
 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

A diferença que faz andar a "virar frangos" há quase 50 anos...

Via SOS Cabedelo, dia 8 de Dezembro de 2023

"Querem o BYPASS mas votam contra. Justificam o chumbo da implementação do BYPASS com o facto de não terem o projecto e o modelo de gestão que não fizeram. Não explicam porque o processo do BYPASS está parado desde Março de 2021 - data do estudo que o valida como a melhor solução para a transposição sedimentar."

Via OUTRA MARGEM, dia 2 de Dezembro de 2023.

A deputada Raquel Ferreira foi apanhada na curva apertada que o PS nacional está a percorrer.  

Pimenta Machado, vice-presidente da APA, foi claro há um ano e 16 dias no Auditório Municipal: como estratégia de longo prazo  apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A memória serve mesmo para isto: para recordar a verdade.

Nota de rodapé.

A propósito deste assunto, continuo com a esperança de ainda ver algo vindo da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, da Câmara Municipal da Figueira da Foz ou da Junta de Freguesia de S. Pedro.

Decisões tomadas em reunião de Câmara realizada ontem

Expansão do Parque das Abadias, para Norte, foi aprovada com os votos da FAP e do PSD
A vereação do PS absteve-se.
O documento vai ser votado na sessão do dia 15 deste mês da Assembleia Municipal.
O protocolo entre o Município da Figueira da Foz e a produtora dos festivais RFM Somnii e BR Fest, a MOT, foi aprovado por unanimidade.
Segundo o DIÁRIO AS BEIRAS, «a expansão do Parque das Abadias, para Norte, poderá arrancar “muito em breve”. Foi o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, quem o disse, ontem, aos jornalistas, no final da reunião de câmara. Trata-se de uma área de 11,3 hectares, incluindo 5,5 hectares de zonas verdes. Nos restantes hectares, alguns proprietários dos terrenos abrangidos poderão construir, mas sujeitos a diversas restrições. 
A expansão do parque terá dois troços, o primeiro até aos terrenos situados em frente ao Ginásio Clube Figueirense e o segundo até à Serra da Boa Viagem. 
Em vez de seguir o caminho das expropriações, o executivo camarário da Figueira da Foz optou pela constituição de uma Unidade Operativa de Planeamento e Gestão. Deste modo, a autarquia negociou com os 12 proprietários das 19 parcelas de terrenos e isentou o município de pagar aos privados pelos terrenos que serão utilizados na expansão do parque. 
Naquela modalidade, os proprietários que podem urbanizar os seus terrenos pagarão aos que não podem construir nas áreas que cederam. Esta solução entre privados envolve valores de cerca de 800 mil euros. 
O município ainda não definiu o orçamento para a expansão do parque, uma vez que, neste momento, ainda decorre a elaboração dos projetos. Santana Lopes defendeu que o prolongamento do Parque das Abadias “será algo muito importante para a cidade e enquadra-se nos objetivos da Europa Verde”. E acrescentou: “É uma obra a que damos importância, e espero que possa arrancar muito em breve”.
Em setembro passado, numa entrevista ao DIÁRIO AS BEIRAS, Santana Lopes tinha admitido que a expansão das Abadias deverá pôr em causa a execução do projeto do Parque Verde, na Várzea de Tavarede. Este processo foi herdado dos mandatos do PS. Indagado sobre se mantém o projeto, o autarca sustentou que a sua execução implica um suporte financeiro “muito pesado” - estão em causa entre cinco e seis milhões de euros. 
No entanto, parte da área verde deverá ser incluída na regeneração da entrada da cidade. 
“O parque urbano que vamos fazer é continuar o parque das Abadias, que é um parque verde urbano excecional. Aquele [a Várzea] tem outras componentes: divisão de propriedades, solo agrícola… Não se justifica. Falei com o professor Sidónio Pardal [paisagista e autor do projeto] e sei o que ele me diz sobre os custos do projeto, que é interessante, mas é muito pesado em termos financeiros”, frisou Santana Lopes, na entrevista de Setembo do corrente ano.
Voltando à reunião de ontem (imagem via DIÁRIO AS BEIRAS).

"Soares é fixe": em 2024, na Figueira, ninguém se vai esquecer de Mário Soares

Mário Soares, de seu nome completo Mário Alberto Nobre Lopes Soares, nasceu em Lisboa, em 7 de Dezembro de 1924, filho de João Lopes Soares, professor, pedagogo e político da Iª República, e de Elisa Nobre Soares. Casou com Maria de Jesus Simões Barroso Soares em 1949, falecida em 7 de julho de 2015. Tiveram dois filhos, Isabel Soares, psicóloga e directora do Colégio Moderno, e João Soares, advogado e deputado à Assembleia da República, e cinco netos - Inês, Mafalda, Mário, Jonas e Lilah. Faleceu no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, às 15:28 do dia 7 de Janeiro de 2017.
As comemorações do centenário do nascimento de Mário Soares, na Figueira, tiveram ontem início com a inauguração da exposição de fotografia “Mário Soares – 100 Anos, 100 Fotografias – Democracia”, de Alfredo Cunha, no Centro de Artes e Espetáculos, e uma declamação de poesia e dança. 
O programa vai prolongar-se até dezembro de 2024, com um conjunto de actividades e mostras documentais e fotográficas, atravessando as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974. 
Na sessão inaugural, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, sublinhou que Mário Soares (fundador e primeiro líder do PS, opositor ao regime de Salazar/Caetano, após o 25 de Abril de 1974, ministro dos negócios estrangeiros, primeiro-ministro - entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, Presidente da República entre 1986 e 1996) foi um líder marcante, com a democracia “nas entranhas” e uma grande capacidade de lutar sem preconceitos nem vaidades. 
“No tempo em que vivemos precisamos de inalar exemplos destes para podermos ter força para lidar com este mundo complicado em que vivemos”, disse ainda Santana Lopes.
No evento de ontem, participaram também os socialistas Carlos Beja e António Campos. Para Carlos Beja, amigo do homenageado, Portugal “teve a sorte de a seguir ao 25 de Abril de 1974 ter um homem com a visão política e o conhecimento do mundo de Mário Soares”. Para António Campos, também fundador do PS, deve-se a Mário Soares “a liderança e capacidade para segurar e consolidar a democracia” no país. 

"O programa das comemorações dos 100 anos do nascimento de Mário Soares será retomado a 21 de março. É o Dia Mundial da Poesia, que o Município da Figueira da Foz assinala com os “poemas de vida de Mário Soares”, por António Durães, acompanhado ao piano por Luís Pipa, no CAE. 
Abril é o mês da conquista da liberdade em Portugal e o início do processo democrático do país. Mário Soares, opositor ao regime totalitário do Estado Novo, não podia ser esquecido. No dia 18, as 5ªas de Leitura, com David Castaño, realizam-se sob o signo “Mário Soares e a revolução”. No dia 20 do mesmo mês e no mesmo local, realiza-se um colóquio sobre Mário Soares, com a participação de Santana Lopes, António Campos, António Valdemar, Fernando Rosas, Carlos Ascenso André e Jaime Gama (este sujeito a confirmação). 
No dia 25 de abril, o município figueirense assinala os 50 anos da Revolução dos Cravos com o concerto Sin+fonia pela Paz, no CAE. 
Estão ainda agendados eventos para 11 de junho, 1 e 22 de outubro, 23 de novembro (colóquio com Santana Lopes, António Campos, António Valdemar, Carlos Gaspar, José Luís Cardoso, e Mota Amaral (este, a confirmar) e 3 de dezembro."

Em Dezembro de 2016, estava Mário Soares internado no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, a jornalista Maria Elisa que entrevistou muitas vezes o antigo Presidente da República, deu um testemunho emocionado sobre o papel de Soares na história da Democracia portuguesa. 
Disse aos jornalistas: “tenho medo que as gerações mais novas não percebam o quão importante foi Mário Soares”.
No Portugal de hoje, em que os cidadãos têm medo do futuro, talvez esse seja o ponto mais relevante desta iniciativa de Pedro Santana Lopes: relembrar o enorme contributo de Mário Soares para o Portugal em que vivemos em 2023.

Era eu muito novo, alguém me disse que "velhice é posto".
Agora que cheguei, confirmo: é um posto, mas muito ingrato.
Sem me vangloriar disso, sou do tempo: 
- do Salazar. - do Marcelo Caetano. - do Palma Carlos. - do Vasco Gonçalves. - do Pinheiro de Azevedo. - do Sá Carneiro. - do Pinto Balsemão. - do Ramalho Eanes. - do Sócrates. - do Passos Coelho. - do António Costa - do Toni de Matos. - do António Calvário. - do Artur Garcia. - da Madalena Iglésias. - da Simone de Oliveira. - da Shirley Bassey... 
- do escudo. - dos surtos de cólera. - dos chiqueiros e esgotos a céu aberto. - dos filmes e livros proibidos. - da guerra colonial. - das barracas nas dunas da Cova . - da miséria. - da fome. - do pé descalço.
- em que se morria por falta de cuidados médicos. - do trabalho escravo, no mar e em terra. - da obrigatoriedade da disciplina de Religião e Moral no ensino secundário...
- do 25 de Abril de 1974.
E, também, sou do tempo de Mário Soares. 
O 25 de Abril de 1974 permite que ande por aqui.
A  nossa Pátria, em oito séculos de história, portou-se quase sempre mal com as suas gentes.
Reconheçamo-lo...
Quem somos nós para o contestar?..
Nos dias que passam, a injustiça, o silêncio, o medo e a fome  aumentam neste velho País.
Sente-se e, por vezes, ouve-se,  aqui e ali, um soluço que risca o frio muro da tristeza – o que, mesmo para gente com muita lata, mas pouca vergonha, não deixa de causar incómodo.
Mas, o pano de fundo é desolador: Portugal, quase moribundo e arfante, parece estar a morrer devagar.

"Soares é fixe". Continue, pois, a comemorar-se Mário Soares, que desde o dia 24 de Junho de 2010, uma quinta-feira, pelas 12h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, tem a Chave de Honra da Cidade da Figueira da Foz.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

"A Figueira da Foz é um dos poucos concelhos da região Centro que não dispõe de cuidados continuados integrados"

 Via Diário as Beiras

Para ler melhor, clicar na imagem

A contradição deve ser algo embaraçoso: no mínimo, divide a própria pessoa...

 Via Campeão das Províncias

Nota de rodapé.
Sobre este assunto, OUTRA MARGEM publicou algumas postagens que podem ser conferidas aqui, aqui, aqui, aqui.

Mário Soares foi um político humano: não teve sempre razão e enganou-se muitas vezes

Hoje, pelas 18h00, no Centro de Artes e Espectáculos, vai decorrer a apresentação pública do programa comemorativo do centenário do nascimento de Mário Soares.
Na oportunidade, decorrerá também a inauguração da exposição de fotografia de Alfredo Cunha «Mário Soares- 100 anos 100 Fotografias- Democracia».
Mário Soares foi uma grande vedeta política. No País e na Figueira.
Encheu a Fonte Luminosa em Lisboa. Mas, mais difícil ainda, também encheu a Fonte Luminosa na Figueira.
Mário Soares, consta,  continua a ser  uma referência. Foi  o homem a quem Portugal deve não ter sido arrastado para o bloco comunista em 1975, tendo como expoente mais visível a manifestação da Fonte Luminosa, em Lisboa, no chamado Verão Quente.
Na altura, Portugal dirimiu. Portugal sentiu. Portugal decidiu.
Entretanto, Portugal deprimiu. Portugal ressacou. Resultado: Portugal recuou.

"O tempo de Mário Soares", um texto Eduardo Lourenço, publicado em 18 de Janeiro de 2006, no Jornal Público, lido nos dias de hoje, "é os olhos da história".
Foi publicado no tempo do fim de mandato do Presidente Jorge Sampaio e da realização das sétimas eleições presidenciais portuguesas, após o 25 de Abril de 1974, que tiveram lugar a 22 de Janeiro de 2006.
Como sabemos os resultados foram estes: Cavaco Silva, com 2.758.737 votos, ganhou com uma percentagem de 50,64%.  Manuel Alegre, com 1.127.472 votos e uma percentagem de 20.70%, ficou em segundo lugar. Mário Soares, com 781.513 votos e uma percentagem de 14.35%, ficou em terceiro lugar. De registar ainda os 467.360 votos e a percentagem de 8,28% alcançada por  Jerónimo de Sousa nesse acto eleitoral. 
Continuemos em 2006. Vamos ao texto de Eduardo Lourenço.
«A campanha eleitoral não tem sido exactamente aquele torneio político exemplar que alguns idealistas impenitentes sonharam. Faltou-lhe paixão e sobraram escusadas flechas em forma de boomerang. [...] Trazer para esta sociedade, mais do que nunca sociedade de espectáculo, o eco da antiga paixão portuguesa, quer a recalcada do antigo regime, quer a exaltada e exaltante das duas décadas após Abril, era uma aposta arriscada, para muitos perdida e, em todo o caso, objectivamente quixotesca. Filho desses dois tempos, de que foi actor político precoce e, depois, personagem histórico, Mário Soares ousou trazer de novo para uma arena pública, já longe desses tempos turbulentos, essa antiga paixão política, sem querer saber se estaria ou não fora de estação. Passada a surpresa, esta audácia quase juvenil do antigo Presidente da República foi recebida com cepticismo por muitos, com sarcasmo por outros e, sobretudo, como uma ocasião inesperada para ajustar contas antigas e menos antigas com o homem que, melhor do que ninguém, de entre os activos, se identificou e é identificado com a Revolução de Abril e, em particular, com o tipo de democracia que ela instaurou em Portugal. [...] O mundo é que não é exactamente o mesmo mundo onde essa aventura pessoal e transpessoal foi possível. E esse mundo tinha de mudar, não o homem Mário Soares, mas a imagem dele no espelho alheio. O mesmo homem que, em tempos, passou entre nós como “o amigo americano” quando isso significava que o destino da nossa frágil democracia implicava alinhamento com a primeira das democracias ocidentais, aparece, hoje, aos olhos dos que têm interesse em cultivar essa vinha, como “antiamericano”, o que é, naturalmente, ainda mais simplista do que a antiga etiqueta. A única verdade desta valsa ideológico-mediática é clara: o antigo mundo que foi, durante décadas, o do horizonte da luta política de Mário Soares, funciona em termos de repoussoir — e Mário Soares, mais fiel aos seus ideais de sempre do que se diz, aparece, em fim de percurso, mais à “esquerda” do que nunca o foi. [...] Este tempo de Mário Soares não é apenas o tempo de Mário Soares. É o de várias gerações que, como ele, num mundo então histórica, ideológica e culturalmente dividido entre “direita” e “esquerda”, não apenas no Ocidente mas à escala planetária, escolheu um campo, numa época em que não escolher era ficar fora, não apenas do combate político, mas do combate da vida. É inócuo e só na aparência, prova de imaginária lucidez, pensar que esse comportamento releva de uma versão simplista e maniqueísta do mundo. Essa era a textura do mundo e da história que nos coube viver e só quem pretende viver fora deles se imagina sobrevoá-los como os anjos. É uma bela aposta a de Mário Soares, perdida ou ganha. Com a sua carga romanesca e a sua trama paradoxal. Mário Soares não é — nem a título histórico, nem ideológico — toda a esquerda portuguesa, mas nunca foi mais representativo dela, da sua utopia e das suas inevitáveis miragens, do que hoje, quando, aos oitenta anos, se apresenta como alguém, dentro dessa escolha, susceptível de incarnar ainda, melhor do que ninguém, essa velha aposta que entre nós nasceu com Antero e teve em António Sérgio, entre outros, as suas referências culturais, infelizmente mais vividas com sugestões poéticas do que propriamente políticas. Dizem-me que os dados há muito estão lançados e mesmo que os jogos estão feitos. Não o duvido. [...] Os seus adversários neste combate inglório e soberbo foram sempre outros. Não só os que se lembram do seu militantismo juvenil, como os que não esquecem a sua conversão definitiva ao socialismo democrático, mas, sobretudo, os que nunca lhe perdoaram o ter lutado pela democracia em Portugal, antes e depois de Abril. É isso que a verdadeira direita não esquece. É muito mais gente do que se supõe. É a mesma que põe na sua conta, como uma mancha indelével, a absurda culpa de ter “perdido” uma África que ninguém “perdeu” senão ela. [...] A esquerda não o traiu, nem ele se traiu nela. O drama é que essa esquerda de que pela última vez se faz paladino é, ao mesmo tempo, uma realidade — embora ideologicamente recente — e uma quimera. O problema da esquerda nunca foi a direita [...] mas a esquerda mesmo como pura transparência da história. A esquerda, sendo em intenção mais virtuosa, não é menos opaca, no seu angelismo imaginário, que a mais obtusa direita. Sobretudo quando não se dá conta disso. Em alegoria caseira, estas nossas eleições tão consensualmente democráticas, ilustraram com suavidade à portuguesa esta fatalidade. O combate no interior da nossa suicidária esquerda foi, à sua maneira incruenta, uma espécie de Alfarrobeira política. Talvez algum cronista, no futuro se inspire nela para nosso ensino inútil. Ou um poeta. Mas não terá Mário Soares.»

Voltando a 2023. Basta ver televisão para perceber que a matriz da democracia, que é a liberdade, é algo sistematicamente "esquecido": no panorama da comunicação social portuguesa e no comentário político não há pluralismo.
Esta constatação simples, facilmente visível por qualquer um de nós, se estiver minimamente atento ao que o rodeia, é um exemplo de como corre perigo a liberdade e a democracia.
Para quem goste ou não do político, foi isto que Mário Soares deixou como legado: a capacidade de saber quando a liberdade corre perigo. Ninguém como ele identificou os responsáveis, denunciando-os na praça pública, alguns até do seu partido. Enquanto a vida lhe deu forças, nunca pactuou com os inimigos da liberdade. 
A democracia portuguesa vive tempos difíceis. Daí, em 2023, a importância de recordar Mário Soares e, sobretudo "a herança que deixou"
Esta "nova" (velha) direita portuguesa, que se auto-considera intelectual e liberal, pratica um  liberalismo, que continua a "não enjeitar a teta do orçamento".
Sempre foi assim: quer antes quer depois do 25 de Abril .
Desta nova direita, composta maioritariamente por políticos nascidos depois do 25 de Abril de 1974, esperava-se mais: que tivesse novas ideias e dispensasse o obscurantismo como arma política. 
Mas, citando Vasco Pulido Valente: "a referência ideológica da direita portuguesa continua a ser Salazar, o que lhe confere um inequívoco certificado de origem."
Nas elites desta "nova" (velha) direita, quase 50 anos depois da censura ter terminado numa manhã de Abril, o obscurantismo continua a fazer o seu caminho. 
Para esta "nova" (velha) direita, "Mário Soares nunca será um homem de coragem e muito menos um grande político."
Para eles o que o moveu "foi a vaidade e a soberba."
Estamos num País livre, onde se pode dizer tudo e mais alguma coisa. Basta passar os olhos pelas redes sociais.
Mas que moral tem esta rapaziada? Sabem o que foi a luta pela Liberdade e pela dignidade que levou muitos a ter passar pela prisão política?
Esta "nova" (velha) direita é perigosa.
Podia não ter respeito por Mário Soares. Mas, há mínimos que os manipuladores da história deveriam respeitar: nomeadamente a verdade histórica.
Tentar utilizar a ignorância arrogante como uma mais-valia eleitoral é insurportável.

Mário Soares não é um político da minha especial simpatia.
Porém, foi um político humano: não teve sempre razão e enganou-se muitas vezes.
Espero que as comemorações que hoje se iniciam na Figueira contribuam para clarificar isso.
Para quem está atento e vive em 2023 num País chamado Portugal, isso é importante: "quem o diz é a História"

Nota de rodapé.
Nos bastidores da política figueirense, elementos ligados ao PS/Figueira, acusam-me de várais coisas. Entre elas, de não gostar do PS. 
E, se calhar, têm razão. 
Previno, desde já, que a explicação é longa. 
Quem tiver curiosidade, continue. Basta clicar aqui.
Para mim será um gosto visitarem esta reflexão que publiquei em 13 de Junho do corrente ano.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Primeira reunião de câmara de Dezembro realiza-se amanhã

Realiza-se amanhã, quinta-feira, dia 07 de dezembro, pelas 10h00, no Salão Nobre dos Paços do Município, a primeira Reunião de Câmara Reunião do mês de dezembro.

A ordem de trabalhos pode ser consultada, clicando aqui.

141º aniversário da AHBVFF

Programa:

Estruturante

Em 23 de Novembro de 2018, ao iniciar uma colaboração como cronista no Diário as Beiras, publiquei o seguinte texto:

Passados 5 anos, o texto no esssencial continua actual.
Apenas precisa de 2 actualizações. A saber:
1ª. 
"Entre 1958 e 2020,  Portugal continental perdeu 1313 hectares de costa, o equivalente a 1313 campos de futebol, com recuos da linha de costa entre 0,5 e 9 metros por ano", segundo informações da Agência Portuguesa do Ambiente.
Na década de 2010/2020, "o agravamento das taxas de erosão foi de um terço entre a Costa Nova (Ílhavo) e Mira, duas vezes entre Castelo do Neiva e Esposende, Ofir (Esposende) e Estela (Póvoa de Varzim), Cortegaça e Furadouro e a sul do Torrão do Lameiro (Ovar) e, pior, três vezes entre Cova-Gala e Lavos (Figueira da Foz)."

Recorde-se que o estudo do by pass foi adiado durante anos.
De palpável e positivo, temos o estudo que situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros.
“Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, conforme disse o ministro do Ambiente em Agosto de 2021.

Passados mais de 2 anos, nada mais aconteceu.
Assim ficámos: o sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz continua a ser uma miragem.
E assim vai continuar. A prova disso é que, há poucos dias, O Livre viu “chumbada” a proposta sobre a inscrição da instalação do bypass (sistema mecânico de transposição de areia) na barra da Figueira da Foz no Orçamento do Estado de 2024. 
Penso que presumem quem evitou isso: os votos contra da maioria absoluta do PS na Assembleia da República. O PAN absteve-se e os restantes grupos parlamentares votaram a favor.

Voltando à minha crónica publicada no Diário as Beiras em 23 de Novembro de 2018.
No terreno, de concreto nada se avançou.
A ferida está cada vez mais aberta a sul do Quinto Molhe.
É triste, mas parece que nesta cidade, isso é encarado como normal. 
É triste, mas é daquelas coisas tristes que entraram no dia a dia dos figueirenses.
E era fácil de resolver. 
Resolvia-se com cidadania. Resolvia-se com solidariedade entre todo o concelho: o do norte e do sul do estuário do Mondego. Resolvia-se com sentido de responsabilidade, educação e valores morais sólidos. Resolvia-se com respeito pela liberdade, pela segurança e pela  dignidade de todos os habitantes do concelho: os que habitam a norte e a sul do estuário do Mondego. Resolvia-se  com amor por nós próprios e pela vida de todos os figueirenses.
Ser Homem ou Mulher livre, quer dizer ser responsável.
Liberdade é isto. 
O resto é medo, covardia e dependência.

Os números falam por si: Portugal é um país víciado nos jogos de fortuna e azar

«O dinheiro, enquanto dinheiro, não rende nada, ele não se multiplica nem se reproduz.» Paulo Nakatani, economista
Notícia Jornal de Notícias de hoje: 
Portugueses gastam quase 400 mil euros por dia no Eurodreams.
"São pessoas que são maioritariamente operários, comparativamente com os trabalhadores dos serviços que têm um padrão de jogo muito menos frequente". 
Só França e Espanha superam Portugal nas vendas do novo jogo. Foram apostados 14 milhões de euros e atribuídos quatro milhões em prémios. No primeiro mês de comercialização, os portugueses gastaram por dia 388 mil euros com o novo jogo de apostas, o Eurodreams, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. 
Portugal ocupa o terceiro lugar nos países com mais vendas e já foram atribuídos no nosso país mais de um milhão de prémios, no valor de quatro milhões de euros, embora nenhum jackpot. O prémio mais alto pago em Portugal foi de 173,92 euros, mas a maioria é de 2,50 euros."

Segundo um estudo publicado em Setembro passado, "em Portugal, perto de 100 mil pessoas têm problemas de dependência em relação às raspadinhas. Trinta mil desenvolveram mesmo uma perturbação de jogo patológico, segundo um estudo do Conselho Económico e Social. Quem mais joga são indivíduos com menor instrução social, poucos rendimentos e mais vulneráveis. 
O estudo Quem Paga a Raspadinha, apela a maior regulamentação, a começar pela criação um cartão de jogador que permita identificar padrões de uso de jogo que possam ser patológicos. Só este ano, os apostadores já gastaram 1,4 mil milhões de euros em raspadinhas, o que equivale a quatro milhões por dia. 
"As pessoas que jogam mais frequentemente raspadinhas são pessoas com baixa instrução, com rendimentos mais baixos, nomeadamente entre os 400 e 650 euros mensais, e também pessoas que têm outros problemas de saúde como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas", explicou à RTP Pedro Morgado, coordenador do estudo.
Os mais idosos têm mais probabilidade de se transformarem em jogadores dependentes que os jovens. "É um vício que afeta os mais velhos, os mais pobres, os menos instruídos e os mais vulneráveis da sociedade"
Segundo Pedro Morgado, o estudo conclui ainda que "existem piores indicadores de saúde mental, nomeadamente sintomas de ansiedade, depressivos e de stress, nas pessoas que têm estes problemas com o uso de raspadinhas". O estudo não encontrou diferenças "entre os homens e as mulheres, o que também é significativo"
"Em todas as outras modalidades de jogo, os homens tendem a gastar mais e a ter mais problemas de jogo patológico. Portanto, essa ausência de diferenças, é um sinal de que, neste jogo em particular, as mulheres são mais afetadas do que noutros tipos de jogo"
O autor do estudo defende que uma das formas de combater o vício é, primeiramente, "aumentar o debate público acerca da regulamentação deste tipo de jogo"
"Uma vez que é um jogo interpretado, pela maioria das pessoas como não tendo consequências potencialmente negativas. Necessitamos de aumentar a literacia e criar medidas que ajudem os que não conseguem controlar a perturbação, a limitar o acesso ao jogo", acrescentou. 
Pedro Morgado defende a criação de "um cartão de jogador" e frisa que "não está em causa, de maneira nenhuma, proibir este tipo de jogo. Porque a proibição traz outros problemas, nomeadamente o jogo ilegal"
"É também importante dizer que este é um problema significativo em Portugal, tendo em conta a popularidade das raspadinhas, mas há outras modalidades que também estão a crescer e também nos preocupam, como o jogo online. É preciso uma política que olhe, de forma integrada, para todos estes problemas que têm consequências muito nefastas para a nossa sociedade".

João Henrique Silva, na crónica "Raspar o pobre", publicada no Diário de Notícias, considera, que, "para lá dos estudos, necessários e sempre importantes, já podemos dar um nome a essa “doença”: ela chama-se... pobreza! A sedução de um jogo fácil e barato, com eventual gratificação instantânea, contribui para os mais pobres criarem uma idealização, alienada e viciante, do seu “status”, em busca de uma vida diferente. Como resistir à tentação, se a publicidade assedia os incautos por todos os lados? E, lá no fim da engrenagem, é sempre o Estado “glutão” que fica a ganhar. Todavia, a realidade não melhora: subsiste desigualdade, economia débil, défice geracional, e a pobreza endémica que atasca na inércia um país há 50 anos prometido.
“Quem paga a raspadinha?”, pergunta o estudo do CES. A Santa Casa não será, com certeza: o pobre bem raspa, mas afunda-se cada vez mais…Marx dizia: “o homem pobre tem um deus rico”
Diríamos agora: um pobre país de pobres, tem uma Misericórdia rica!"