Segundo o jornal Sul Informação, Margarida Tengarrinha estava internada no hospital de Faro, onde veio a falecer. A notícia da morte foi também confirmada pelo Público junto de fonte do PCP e da família.
Margarida Tengarrinha nasceu em Portimão, a 7 de maio de 1928. Iniciou a sua atividade política organizada em 1948, integrada no MUD Juvenil, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL).
Conhecida por muitos nomes, a resistente antifascista Margarida Tengarrinha faleceu esta quinta-feira, dia 26, aos 95 anos. A notícia foi confirmada pelo PCP, partido em que militou desde os 24 anos. Professora, artista e escritora, Margarida Tengarrinha ficou conhecida pelo trabalho na clandestinidade onde ajudou a falsificar documentos para os militantes comunistas no tempo da ditadura – incluindo Álvaro Cunhal. Foi casada com José Dias Coelho, assassinado pela PIDE em 1961, de quem tem duas filhas, Teresa e Margarida.
Margarida Tengarrinha trocou a vida pacata de quem nasceu numa família de classe média no Algarve, pelo isolamento da clandestinidade – que a fez despedir de uma filha e viver o luto de um marido. Mas para saber toda a história desta resistente antifascista é preciso recuar no tempo. Com o país mergulhado numa ditadura sem aparente fim à vista, o espírito revolucionário de Margarida revelou-se logo nos tempos em que frequentava a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa – onde conheceu José Dias Coelho, com quem vem a casar já na clandestinidade. À frente do Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD), as manifestações contra as armas nucleares e a NATO levaram-na a ser expulsa da escola onde lecionava. Nesse mesmo ano, de 1952, juntou-se ao PCP e, com ajuda da conhecida feminista Maria Lamas, começou a escrever e ilustrar um suplemento do jornal O Século, sob um pseudónimo.
O talento para as artes dos dois jovens levam-nos a ser convidados pelo partido para uma posição que a obrigava à clandestinidade: a falsificação de documentos necessários aos militantes para circularem sem serem apanhados pela PIDE. O “romantismo revolucionário”, como conta numa das últimas entrevistas ao Expresso , levou-os a aceitar os riscos e a aceitar a missão.