quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Foi mal conduzido sim senhor: "salvaram" Coimbra, mas "abandonaram" os igualmente "perdedores" Cidade e Monteiro...

 Via Diário as Beiras

Os deputados que elegemos

Fica um texto oportuno, que se lê em poucos minutos, sobre um problema que nos afecta, enquanto cidadãos. De forma simples e clara, ficam elencados alguns dos problemas básicos que a democracia que temos não conseguiu resolver. Um deles, tem a ver com a classe política que nos tem governado e que tem sido sucessivamente escolhida por nós. O texto é de uma actualidade que dispensa mais qualquer palavra e é publicado hoje no jornal Campeão das Províncias.

Concerto e fogo-de-artifício nos festejos de fim de ano na Figueira

«
O município da Figueira da Foz vai manter a festa de passagem de ano, com fogo de artifício e o espectáculo do cantor Matias Damásio, cancelando apenas a atuação dos DJ, anunciou ontem o presidente da autarquia.
Para já, mantém-se o programa do ‘réveillon’, com a actuação do cantor Matias Damásio a ser transferida para o Coliseu Figueirense, “com o devido distanciamento e sujeito a monitorização constante”.
“Num panorama em que os cinemas continuam abertos, é possível ir ao futebol, ao teatro e a todos os espectáculos, entendemos, com testes e entradas controladas, que podemos manter [o concerto]”, disse o autarca.
O presidente da autarquia figueirense salientou que o município terá “realizações que continua a haver no país”, mas salvaguardou que as decisões serão sempre tomadas em articulação com as autoridades.
“Pretendemos proteger a economia local, mas o principal foco é a saúde”, frisou Santana Lopes, referindo que a autarquia está atenta à evolução da pandemia da covid-19, pelo que houve já algumas alterações ao programa da festa de fim ano.
Para evitar aglomerados de jovens, que, segundo Santana Lopes, são a faixa etária [20-30 anos não vacinados] mais infetada no concelho, foi cancelada a atuação os DJ.
O fogo de artifício mantém-se, com lançamentos nas quatro freguesias com frente de mar – Buarcos, Quiaios, Leirosa e Costa de Lavos – embora com apelos do município para que não haja ajuntamento de pessoas.
O concerto de Matias Damásio, inicialmente agendado para o ar livre, foi transferido para o Coliseu Figueirense, em que o preço de bilhete terá um custo simbólico de dois euros, cuja receita reverte para uma instituição, que inclui teste covid-19.
Até ao último dia do ano, o presidente Santana Lopes espera “não ter razões para mudar o programa”.»

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Legislativas 2022

 Via Diário as Beiras

Orçamento camarário para 2022 está difícil de negociar...

Via Diário as Beiras, com LUSA

"O presidente da Câmara da Figueira da Foz disse hoje que as negociações com a oposição para a aprovação do Orçamento para 2022 “não estão fáceis”, mas admitiu que o documento ainda pode ser votado esta semana.
O líder do executivo figueirense acrescentou que o Orçamento “não contém novidades, nem médias nem pequenas, e traduz os compromissos assumidos”, sendo “muito idêntico” ao de 2020."

Politicamente incorrecto

Ricardo Silva, vereador PSD:

... “nos últimos 4 anos a despesa corrente, por via das despesas com pessoal e aquisição de serviços, subiu 21,2 milhões de euros”...

Uma questão de atitude


«O presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Coimbra, Carlos Cidade, demitiu-se ontem do cargo após “negócios de mercearia” na constituição de listas para deputados às legislativas de janeiro de 2022.

Carlos Cidade, antigo vice-presidente da Câmara nos dois mandatos de Manuel Machado, aparecia em quinto lugar numa primeira lista, que foi chumbada na sexta-feira, sendo substituído, numa segunda, por José Carlos Alexandrino, ex-presidente do Município de Oliveira do Hospital, numa lista que foi então aprovada um dia depois.»

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Ventura, candidato a deputado....

... apesar de querer aldrabar, afirmando que é a primeiro-ministro, não por ignorância mas por estratégia, face a um eleitorado-alvo de fraca ou nula cultura cívica e democrática...

Francisco Assis estava disponível, mas António Costa recusou...


Tavarede viveu noite de vandalismo

Via Diário as Beiras

"... mercearia dos lugares"

«No nosso sistema representativo, os deputados só respondem realmente perante os chefes partidários. Não havendo dois círculos, um nacional e outro uninominal, o método de Hondt permite extravagâncias como os “deputados não inscritos” que entram pela porta de um partido e saem pela janela para se representarem a si mesmos. Os que ficam já sabem. Sentam-se e levantam-se quando lhes mandarem. Qualquer atrevimento “independentista” não autorizado, ou não coberto pela “liberdade de voto” previamente autorizada, é punido.»

"Sacrifício" de Carlos Cidade ajuda a viabilizar lista PS por Coimbra

O projeto de lista a submeter à Comissão Política Nacional do PS, tem nos sete primeiros lugares Marta Temido (ministra da Saúde), Pedro Coimbra (anterior líder partidário distrital), Tiago Martins, Raquel Ferreira, José Carlos Alexandrino (ex-presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital), Ricardo Lino e Rosa Isabel Cruz.
Os quatro primeiros nomes transitaram do anterior para o actual projeto de lista. Sexto nome do anterior projeto, Cristina de Jesus ficou à margem da que hoje à noite será definitivamente aprovada durante uma reunião da Comissão Política Nacional do Partido Socialista, que decorrerá em Lisboa
A entrada de José Carlos Alexandrino para o lugar que era ocupado, sexta-feira, por Carlos Cidade no projeto de lista do PS de candidatos a deputados à Assembleia da República pelo círculo de Coimbra explica, em parte, a aprovação do elenco, pela Comissão Política da Federação (CPF).
Acresce que a minoria federativa, liderada por João Portugal, conseguiu o ingresso de Ricardo Lino (6º.) no elenco de putativos parlamentares socialistas por Coimbra.
Segundo o que veio nos jornais, a CPF do PS/Coimbra, órgão máximo entre congressos socialistas de âmbito distrital, rejeitou, sexta-feira, uma proposta de elenco de potenciais deputados ao conceder-lhe 37 votos favoráveis e 41 contra.
José Carlos Alexandrino tinha descartado figurar na nona posição da lista, alegando insuficiente representação dos concelhos serranos do círculo eleitoral de Coimbra.
A lista que acabou por ser aprovada mereceu 55 votos a favor e 19 contra.
Em 2019, o PS conquistou cinco dos nove mandatos correspondentes ao círculo de Coimbra, tendo cabido três ao PSD e um ao Bloco de Esquerda.

domingo, 12 de dezembro de 2021

Isto é grave


Se é verdade, é grave. Se é mentira, grave é...

A vidinha...

O poder anestesia. Agora, o pessoal quer é sossego. E tratar da sua vidinha. Vamos ver o que isto ainda dá...

A Liberdade

"Sérgio Godinho sabia do que falava, do ponto de vista histórico-filosófico, quando escreveu a canção inspirado por uma revolução, numa altura em que mais pessoas viam melhor as conexões: «A paz, o pão, habitação / Saúde, educação / Só há liberdade a sério quando houver / Liberdade de mudar e decidir / Quando pertencer ao povo o que o povo produzir».
A ideologia da IL, associando menos Estado a mais liberdade, é duplamente ofuscadora. Em primeiro lugar, os liberais assumem querer um vago «Estado forte», até porque no fundo sabem que não se trata de mais ou de menos Estado, mas de um certo tipo de Estado. 
Criar mercados para quase tudo, expurgar o capitalismo dos seus elementos sociais-democráticos, dá sempre imenso trabalho político. Na história da economia política, está estabelecida a ligação entre os processos de neoliberalização e a emergência de um Estado penal musculado e de um Estado bombeiro para acudir às crises cada vez mais frequentes. 
O Chega tem a virtude de ser mais claro do que a IL: repressão para institucionalizar uma certa forma de capitalismo e «guerras culturais» para distrair e alienar. Daí que talvez tenha mais campo para progredir. Juntos desempenham a função de anular a esquerda."

«... urge ocupar a liberdade. Já é óbvio que, nas eleições legislativas de 30 de Janeiro, o voto no «arco da governação» constituirá a única opção amplamente apresentada como responsável, ainda que tenha sido esse «arco da governação» a criar condições restritivas de governabilidade que esgotam qualquer solução democrática para lá dos seus horizontes gestionários e estultos.

Se os combates pela igualdade são o passado e o presente dessas esquerdas, importa levar os combates pela liberdade aos espaços monopolizados por quem se diz guarda e vigilante da liberdade, começando pela disputa da hegemonia que o liberalismo ainda mantém sobre os sentidos e possibilidades da liberdade. Se o 25 de Abril foi, é e será o Dia da Liberdade, a pressão pandémica convida-nos a contestar o liberalismo, a invadir os seus domínios protegidos, a expor e erodir as suas hierarquias implícitas. Com ferramentas cristalizadas nos combates intelectuais da Guerra Fria, o liberalismo, incluindo as variantes portuguesas, não se coíbe de tecer considerações moralistas sobre a falsa equivalência entre as esquerdas inconformadas e a extrema-direita. Como bons sacerdotes seculares, os visionários do liberalismo recorrem constantemente à cartilha aprendida nos seus espaços protegidos...

O poder do fundamentalismo de mercado continua a ser notório: o mercado resolverá o problema; o mercado determinará a melhor solução; a concorrência é o mecanismo adequado para solucionar os problemas históricos do país. A reivindicação de uma existência digna, assente na fruição de um direito fundamental como a soberania sobre o tempo de que dispomos — um direito ainda mais precioso no mundo pandémico —, é vista como dislate filosófico ou loucura política. Levar o combate pela liberdade ao trono dos seus autoproclamados guardiães e vigilantes significa exigir a sua prestação de contas.

Afinal, de que liberdade falam? Do direito à contratualização de qualquer relação humana? Do direito à venda do tempo em condições coercivas? A reivindicação do direito ao tempo e da soberania sobre a finitude, em tempos pandémicos, é ainda mais uma orientação à esquerda. É por essa razão que as lutas pela habitação digna, pela mobilidade, pela justiça climática ou pela igualdade interseccional são hoje tão relevantes como a dignidade salarial. Em todos estes domínios, fruir do tempo de que precisamos para aquilo que quisermos significa contestar conformismos lógicos e rotinas opressivas. Temos direito à fruição do nosso tempo em liberdade. Também por isso, o problema que se colocará nas eleições do próximo dia 30 não será o da orientação. As esquerdas inconformadas mantêm, na intensa variedade dos seus projectos emancipatórios, visões plurais das orientações que as norteiam. A imaginação e a tenacidade não são recursos escassos e as esquerdas inconformadas não precisam de promover concursos internacionais ou competições com prémios chorudos para imaginar tenazmente. O problema será, em vez disso, o da clareza.

Não é claro, por agora, para muitos, que as lutas pela gratuitidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou do ensino superior sejam lutas pela liberdade. Mas são. Levar o combate pela liberdade às zonas sacrificiais e às pessoas sacrificadas pelo ultraliberalismo, forçando os cães de guarda de uma liberdade mirrada a defender-se, implica uma clarificação. O apego colectivo que continuamos a ter aos grandes projectos de libertação civilizacional, como o SNS ou a Segurança Social — malgrado a sua incompletude, os seus defeitos, as suas ineficiências — mostram como esses projectos só podem ser vistos como armas de servidão por blocos históricos concentrados em impedir que a liberdade seja um bem verdadeiramente comum. A estratégia é evidente e eficaz: continuam (e continuarão) a insistir na tese de que as suas ideias só não produzem uma utopia porque não se levam à sua conclusão final. Essa é a essência do fundamentalismo de mercado. No caminho para 30 de Janeiro, voltaremos a ouvir comparações pífias com a Irlanda ou com as repúblicas bálticas. Voltaremos a ouvir falar das «reformas» do «sistema» nacional de saúde. Ouviremos falar de liberdade sem que nos expliquem como se viverá essa liberdade determinada pelo tamanho da carteira accionista. É a especialidade do ultraliberalismo tardio. Compete às esquerdas inconformadas disputar esse espaço. A recusa foi um começo.»

Luís Bernardo, Ocupar a liberdade e ganhar o tempoLe Monde diplomatique - edição portuguesa, Dezembro de 2021.