domingo, 15 de novembro de 2020
Comissão Nacional de Protecção de Dados já recebeu algumas queixas sobre violação de dados de saúde, tendo aberto pelo menos um processo
«Há resultados de testes à covid-19, que constituem dados de saúde pessoais, a serem comunicados às entidades que os financiaram, sejam câmaras municipais ou entidades patronais, o que pode constituir uma violação muito grave das normas da protecção de dados. A confirmar-se a infracção, esta deve dar origem a uma multa que pode atingir os 20 milhões de euros. A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) já recebeu algumas queixas neste âmbito, estando, neste momento, a instruir um processo que envolve uma entidade pública. Não recebeu, no entanto, qualquer participação de um caso que chegou ao conhecimento do PÚBLICO.»
sábado, 14 de novembro de 2020
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
Cais comercial a sul? Como ficaria feliz...
Imagem via Diário as Beiras
Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização, é uma postagem que publiquei neste blogue há mais de 10 anos.Estávamos a 28 de Julho de 2010. Recordo algumas passagens, pois mantém-se mais do que actuais. Passo a citar-me.
O rio e o porto estão associados ao crescimento da Figueira e são factores de desenvolvimento concelhio, pelo que deveria ter havido o máximo de cuidado e planeamento na execução e expansão das obras portuárias.
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto na margem norte é um condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.
Duas razões simples:
1ª. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro na ponte da Figueira.
2ª. Principalmente no inverno, os navios atracados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda de navios à barra da Figueira.
Tempo é dinheiro no competitivo mercado dos transportes marítimos. O mal, está feito, mas não pode ser escamoteado, até porque a vinda para a margem sul do porto de pesca não foi inocente. Era poluente...
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto na margem norte é um condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.
Duas razões simples:
1ª. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro na ponte da Figueira.
2ª. Principalmente no inverno, os navios atracados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda de navios à barra da Figueira.
Tempo é dinheiro no competitivo mercado dos transportes marítimos. O mal, está feito, mas não pode ser escamoteado, até porque a vinda para a margem sul do porto de pesca não foi inocente. Era poluente...
Contudo, também podemos aprender com os erros. E erro estratégico foi, igualmente, a implantação da zona industrial logo a seguir à zona habitacional da Gala, quando teria sido perfeitamente possível e fácil a sua deslocação mais para sul, possibilitando assim a criação de uma zona tampão entre as fábricas e as residências.Com erros, ou sem erros, porto comercial e zona industrial são estruturas complementares no progresso e desenvolvimento do nosso concelho. Contudo, convém que o planeamento seja devidamente sustentado, pois erros já foram cometidos bastantes. Apesar dos alertas feitos em devido tempo.
Agora, ao que parece (espero que não seja apenas de haver eleições no próximo ano...) estão a pensar nisso. Oxalá seja verdade, são os meus votos.
A possibilidade de areia proveniente de dragagens vai servir para quê?..
Via Diário as Beiras
"A concretizar-se, serão projetados cerca de cerca
de 50 mil metros cúbicos de
areia para o Cabedelinho, e
dali serão transportados, por
camiões, para o Cabedelo.
Para o reforço da duna do
Cabedelo, são necessários 80
mil metros cúbicos de areia.
A autarquia já extraiu mais de
20 mil do Cabedelinho, mas
esta praia não tem tanta areia
para tamanha quantidade de
camiões.
As dragagens, que
começam em breve, deverão
extrair, do canal e da barra,
130 mil metros cúbicos de
inertes."
Já tinha percebido há muito que a prioridade da Câmara é o Cabedelo.
A câmara municipal cancelou a animação da época natalícia
*. A “Feirinha de
Natal” e a pista de gelo já não
serão instaladas no Parque das
Gaivotas.
*. Os espetáculos de fim de ano
já haviam sido cancelados.
*. O fogo de
artifício mantém-se.
*. Também poderá haver
animação itinerante.
*. A iluminação de Natal, que foi reforçada, será ligada na próxima
semana, prevendo-se que isso aconteça no dia 20.
*. Fim de ano não vai ter o Rali Fim de Ano. No entanto, o Clube de Automóveis
Antigos da Figueira da Foz, que
organiza o evento, tem em agenda alternativas simbólicas, para
não deixar arrefecer o motor da
tradição.
*. Isto ainda não é definitivo: dependerá da evolução da pandemia.
A Comissão Municipal de Protecção Civil, depois de avaliar a evolução da situação epidemiológica no concelho, decidiu aplicar novas medidas
«A Comissão Municipal de Proteção Civil da Figueira da Foz reuniu, ontem, para fazer a “análise da evolução da pandemia e determinar um conjunto de ações para entrarem em vigor no imediato”.
Uma das medidas é a criação de zonas
de concentração e apoio,
com 67 camas no Colégio
de Quiaios, 22 no Centro
Social Cova-Gala e 15 nos
bangalôs do Parque de
Campismo de Quiaios. Encontra-se
em fase de adaptação a
Casa de Nossa Senhora
do Rosário, “onde existirá
um acréscimo significativo das capacidades de
apoio, em caso de necessidade”.
Os profissionais
de saúde, à semelhança
do que aconteceu na primeira vaga da pandemia,
têm à sua disposição bangalôs do Parque de Campismo Municipal.
“Para a colaboração na
execução e/ou implementação dos planos de
contingência, a autarquia
destacou visitas técnicas
conjuntas da Autoridade
de Saúde, Segurança Social e Proteção Civil às estruturas residenciais para
idosos e visitas técnicas da
Autoridade de Saúde e da
Proteção Civil aos agrupamentos de escolas".
A autarquia figueirense, diz ainda em nota enviada ao Diário as Beiras, que entre
os meses de outubro e novembro, foram realizados
1125 testes serológicos
aos ajudantes de acção direta dos lares, bombeiros
e Cruz Vermelha.
O município, informa também, que disponibiliza aos testes rápidos de
antigénio, em colaboração com a saúde pública
local.
Está, também, a articular com o ACES do Baixo Mondego o reforço da
equipa de saúde de apoio
ao município.»
A homenagem de «O Sítio dos Desenhos» a Gonçalo Ribeiro Telles
Gonçalo Ribeiro Telles, teve uma vida de luta pela defesa do ambiente, que durou 70 anos. Morreu com noventa e oito.
Fernando Campos, no O Sítio dos Desenhos, prestou-lhe aquela que, para mim, foi a melhor homenagem que vi prestar ao militante do ambiente, que teve a infelicidade de viver num "País onde o absurdo faz sentido".
"Em 2016 já lhe tinha desenhado este “retrato”, aqui, quando me referi a ele a propósito das tragédias ambientais de verão, de planeamento florestal e de desenvolvimento rural. Continuo a subscrever todas as considerações que me permiti então.
Tal como referi, “a Portugal nunca faltaram homens bons e sábios, como Gonçalo Ribeiro Telles. O problema é que num país povoado por uma maioria esmagadora de idiotas eles são vistos, e tratados, como pobres lunáticos.”
Por isso hoje foi decretado luto nacional e a bandeira está a meio-pau. Mas amanhã continua certamente o plantio anual do eucalipto.
Estamos em plena estação.
Há que aumentar o produto interno bruto. Até á desertificação total. Depois da brutalização consumada, decreta-se outra vez luto nacional. Não hão de faltar paus para bandeiras nem para passadiços, de onde turistas alarves possam apreciar devidamente a, digamos assim, paisagem."
Para JMT, já "Chega" de PSD?..
Não se conseguiu melhor que isto, não é João Miguel Tavares?
"Com a provocação leviana no Público de ontem, João Miguel Tavares não só tenta, com a sonsice habitual, esquivar-se ao que está em causa - o abrir de portas do PSD à extrema-direita (e não a legitimidade de o Chega defender as suas posições abjetas) - como relativiza, de forma repugnante, a gravidade da proposta de castração química de pedófilos (equiparando-a às 35 horas da função pública). Terá tentado e não conseguiu, evidentemente, encontrar melhor termo de comparação. E por isso não se surpreendam, como compreensivelmente admite Pedro Marques Lopes, que Tavares venha num próximo artigo a fazer equivalências entre «pena de morte e multas de trânsito»."
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
Já cheira e poder e eles estão a chegar-se à frente!..
Em entrevista ao jornal Público, «o vice-presidente do PSD, Nuno Morais Sarmento, não tem dúvidas que Chega tem “posições xenófobas e racistas”, mas o PSD admite apoio do Chega a nível nacional. “O apoio às nossas propostas não se recusa”...
Pergunta:«André Ventura disse na quarta-feira: “Temos aqui um caminho aberto para podermos fazer um verdadeiro percurso de transformação em Portugal”, saudando Rui Rio. Que caminho é esse?»
Resposta: «Nos termos que descreve, é um caminho que tem de perguntar ao dr. André Ventura. Não faço a menor ideia qual é o caminho. Aliás, faço. Todos conhecemos o programa do Chega. É um caminho comum com o PSD? Não. Se me pergunta se o Chega tem posições xenófobas, tem. Tem posições racistas? Tem.»
"Falta de articulação entre ministérios", disse a senhora vice-presidente...
"Elementos da Câmara Municipal vão reunir hoje com responsáveis dos Ministérios do Ambiente e do Mar, para conversarem sobre o problema da erosão costeira na zona Sul do concelho e tentar que haja «articulação».
«Esta foi uma obra bem feita (sacos de areia), mas pressupunha uma alimentação permanente, através das dragagens e isso foi feito uma vez e não de forma sistemática», disse ao Jornal Diário de Coimbra, a vice-presidente da autarquia, que ontem esteve em S. Pedro, na zona a sul do 5.º molhe, acompanhada pelos autarcas da freguesia, que lhe manifestaram a sua preocupação, com a erosão da costa."
Aos 98 anos morreu o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles
A sua luta pelo ambiente durou mais de 70 anos.
Foi um dos principais responsáveis pelo desenho das áreas verdes de Lisboa, de Monsanto às zonas ribeirinhas, oriental e ocidental, do Vale de Alcântara, ao Jardim Amália, no Parque Eduardo VII, sem esquecer o mais antigo Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, que fez em parceria com Viana Barreto, pelo qual recebeu o Prémio Valmor, em 1975, nem projetos noutras zonas do país, como o Vale das Abadias, na Figueira da Foz.
Gonçalo Ribeiro Telles nasceu a 25 de maio de 1922, em Lisboa.
Formou-se em Agronomia e Arquitetura Paisagista em 1950, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa.
Desempenhou diversos cargos políticos e participou na fundação de instituições na área da cultura, como é o caso do Centro Nacional de Cultura, lançado em 1945. Anos mais tarde, em 1969, viria a co-fundar o Partido Popular Monárquico e, em 1993, o Movimento Partido da Terra. Foi o responsável pelo lançamento da política de ambiente em Portugal, cuja legislação incentivou quando passou por vários cargos públicos.
O governo decretou um dia de luto nacional marcado para hoje, quinta-feira.quarta-feira, 11 de novembro de 2020
As «peocupadíssimas» preocupações dos autarcas do sul, passam pelo silêncio perante as «prioridades» do executio camarário...
VIA DIÁRIO DE COIMBRA
«Os autarcas do sul do concelho dizem-se "peocupadíssimos"»...
Deixem-se mas é de paleio de chacha e actuem. Mas, para isso era preciso ter estofo, coragem e ter como desiderato defender as populações que vos elegeram.
Por exemplo, desconhecem isto:
O povo não abre a pestana e os políticos continuam a fazer o que querem, sem que se consiga perceber as suas prioridades?.. Apesar de indo sendo avisados...
A constante presença dos políticos nos jornais locais chega a roçar a obscenidade
Lido no Diário as Beiras, edição de hoje.
Nota de rodapé.
Permitam uma sugestão: porque é que os senhores autarcas, antes de falarem nas sessões de câmara, não vão ao terreno, para saberem do que falam.
Eu sou utente do Posto Médico da Cova e Gala e, neste momento, não tenho médico de famíla atribuído.
Para pedir medicamentos, tenho de ir ao Posto Médico, onde me dão um impresso para preencher com os medicamentos de que tenho necessidade, colocá-lo num envelope, e ficar à espera que me mandem a receita para o telemóvel.
Depois é aguardar pacientemente. Hoje dia 11 de Novembro de 2020, estou a aguardar a receita referente à solicitação que fiz no passado dia 5 de Novembro de 2020.
E não há falta de médicos na douta e sabedora opinião do vereador Miguel Babo!..
Acesso a consultas nem é preciso acrescentar nada, pois toda a gente sabe o que se passa a nível nacional.
O que não seria se houvesse falta de médicos no concelho da Figueira?
Não há falta de médicos, nem vacinas para quem, prejudicando quem respeita as regras, segue por esquemas baseados em conhecimentos, também políticos, para ter acesso aos serviços do SNS...
"Portugal não será excepção"
«O acordo que o PSD-Açores fez com o Chega inaugura uma etapa crítica na vida política nacional. O PSD percebeu que só chegaria ao poder em aliança com o segundo partido da direita, e esse partido é o Chega. Para isso, seria preciso que ele se tornasse respeitável, e a oportunidade surgiu com estas eleições nos Açores. Aberto o precedente, agora é só esperar pela oportunidade no Continente, e ela virá na sequência da pandemia.
A ascensão de um partido da extrema-direita era previsível porque o PS apenas faz a gestão, é certo que com alguma sensibilidade social, do capitalismo selvagem instituído na UE, o capitalismo da austeridade inscrita nos tratados. A verdade é que gerir um sistema podre não trava a extrema-direita. Hoje há muitíssima gente farta de esperar por melhores dias, há muitas vidas abandonadas, não reconhecidas, invisíveis, há muitos desiludidos com as promessas não cumpridas da democracia, muitos eleitores dispostos a votar em alguém que dê expressão à sua raiva.»
Nota de rodapé.
Deixo, se assim o entenderem, para uma merecida leitura atenta, um magnífico e lúcido texto de Luís Osório.
Comparar o Chega ao Partido Comunista ou ao Bloco de Esquerda é pornográfico
«1.
Mais pornográfico do que o acordo PSD com o Chega nos Açores – e do reiterar por parte de Rui Rio da disponibilidade para que esse acordo possa ser nacional – é o repetir do argumento de que não faz sentido criticarem o PSD por se aliar ao Chega quando o PS se aliou ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda.
Um argumento ensaiado por vários comentadores dispersos por aqui e por ali. E repetido até à náusea nas redes sociais por pessoas comprometidas com a possibilidade de uma nova ordem à direita.
O Partido Comunista e o Bloco de Esquerda são tão maus ou piores do que o Chega é o mantra que passou a ser uma palavra de ordem. E é isso que iremos ouvir nos próximos larguíssimos meses.
2.
Comparar um partido com simpatias pelo fascismo, um partido que faz pactos com movimentos populistas em toda a Europa, um partido que deseja o regresso da pena de morte, que quer vigiar muçulmanos e expulsar ciganos, que grita aos quatro ventos que deseja instaurar uma “quarta República” e um partido em que militantes chegaram a defender que as mulheres que abortam deveriam ficar sem ovários não pode ser comparável – nem por brincadeira – ao Partido Comunista.
3.
E o simples facto de isso ser ensaiado por gente do PSD – em nome da ambição do poder, é a triste prova de que em nome da vingança em relação a António Costa irá valer tudo – até um pacto com o demónio.
Vamos lá a ver.
O Partido Comunista é um partido com 100 anos. Ao longo da sua história viu largas centenas de militantes morrerem em nome de uma ideia de libertação do fascismo salazarista.
Enquanto os outros desistiam o PCP manteve-se na luta.
Não desistiu.
Não se rendeu.
Milhares foram torturados, centenas mortos, quase todos viram as famílias ser atingidas, chantageadas, todos deixaram de ter a possibilidade de trabalhar ou de existir como seres humanos.
E nesse combate inclemente contra a ditadura estiveram ao lado e participaram em campanhas políticas de apoio a figuras que não eram comunistas.
Norton de Matos e Humberto Delgado foram apoiados fortemente pelo PCP.
Da mesma maneira que estiveram ao lado de projetos que aglutinavam muitos outros democratas não-comunistas como a CDE (apenas para dar um exemplo)
Já agora, em 1975, no final do PREC, quando todos vaticinavam que o PCP iria tomar o poder por ter, aparentemente, o controle do poder militar e das armas, foi Álvaro Cunhal e o seu secretariado quem travou a possibilidade.
E essa foi a razão para que Melo Antunes, o ideólogo do 25 de Novembro, tenha ido à televisão defender os comunistas e defini-los como essenciais à democracia.
Na história da democracia portuguesa nunca existiu, e já lá vão quase 50 anos, o mínimo deslize institucional. Nos sindicatos ou nas câmaras municipais os comunistas deixaram a sua marca sem nunca colocarem em causa a democracia que ajudaram a fundar.
4.
É chocante ver alguma gentalha comparar os comunistas com o Chega.
Chocante comparar homens e mulheres que se sacrificaram e ofereceram a sua vida, com pessoas como André Ventura e os que o seguem.
Gente como António Dias Lourenço (e poderia falar de tantos outros ou outras), sempre de sorriso franco, sempre capaz e disponível para um abraço, mas sempre com o ímpeto da luta, do combate por uma revolução em que acreditou até regressar à clandestinidade aos 95 anos.
É o que penso quando nele penso. Regressou à clandestinidade, nunca me passa pela cabeça que tenha morrido.
É o que penso, sim.
No seu regresso a Vila Franca e ao Alentejo onde conseguiu que tantas centenas acreditassem que era possível derrubar Salazar (Saramago dedicou-lhe Levantado do Chão). No seu regresso a Peniche onde voltará a dar um salto de 30 metros para as águas de onde nenhum cabrão de nenhum PIDE acreditou que fosse possível escapar. No seu reencontro com o filho de dez anos, António como ele, que viu morrer com uma leucemia. Estava na cadeia e Salazar concedeu-lhe dez minutos para se despedir da criança.
Contou-me, sabem?
É como se o ouvisse. “Custou-me tanto. Queria bater aos guardas, mas seria a última imagem que o filho levava do pai. Tive de me fazer de forte, sorrir e dizer ao António que brevemente nos iríamos voltar a ver”.
Como é possível comparar?
5.
E como é possível comparar o Chega e tudo o que defendem com um partido como o Bloco de Esquerda?
Um partido maioritariamente composto por gente que não viveu em ditadura, composto por jovens anticapitalistas (é certo), mas que mantém na sua matriz o idealismo de Miguel Portas, Fernando Rosas ou Luís Fazenda. E será André Ventura comparável a estes três fundadores ou a Francisco Louçã?
6.
Não sou comunista ou bloquista, mas este é um tempo em que as pessoas têm de perceber muito bem o que está em jogo.
Faz sentido que o PSD esteja magoado com a “geringonça”, sou capaz de compreender com facilidade a acidez. Deve ter custado.
Mas há limites.
E Rui Rio acabou de passar esses limites.
Um partido democrático não se pode coligar ou entender com um partido como aquele.
Não é simplesmente possível.
Porque se for possível então tudo é possível.»
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