terça-feira, 20 de outubro de 2020
A birra
A complicação que é mudar uma lâmpada dum equipamento fundamental na Figueira...
Pelo concelho das ironias trágicas: tuk-tuk eléctricos e teleféricos e uma lagoa artificial de água natural no areal da praia...
A realidade, no país e no nosso concelho, é a que sabemos: o desafio colocado pela pandemia é enorme.
Ninguém, no país e no concelho, está preparado para o enfrentar. Não se fez o que deveria ser feito ao longo dos últimos meses e que era essencial: reforçar com meios humanos e técnicos o SNS. No país do faz de conta o entretenimento é a intenção de obrigatoriedade de instalação de telemóveis, mais inútil que útil.
No país (e no concelho) real há pessoas a morrer por falta de assistência, não só ao covid-19, mas também por degradação do seu estado de saúde, sem os adequados diagnósticos. Há pessoas em dificuldade porque já o estava ou passou a estar com os impactos da crise pandémica. Há pessoas a precisar de respostas em vez de mais do mesmo ou de entretenimentos.
Ninguém está interessado em discutir a realidade. Ninguém se interessa pela insuficiência, a impreparação e o esgotamento das respostas de saúde no terreno.
Por exemplo: para tomar uma vacina os velhos como eu, têm de ir para uma fila, com o céu como teto, todos os dias, a partir das 8 e meia da manhã, sujeitos às condições de tempo como as que estão hoje, quando era simples e fácil os serviços calendarizarem os dias e as horas para evitar ajuntamentos e facilitar a vida dos utentes e dos profissionais de saúde.
Na Figueira, neste momento, dizem (enquanto esperamos pelo resultado do sistema de transposição de areias, da praia da Figueira para as praias da margem sul do Mondego, o famoso bypass) que podemos vir a ter tuk-tuk eléctricos e teleféricos e uma lagoa artificial de água natural no areal da praia.
Já agora: já tivemos palmeiras no oásis, porque não utilizar camelos no cada vez mais extenso areal?
Não consideram que tudo isto é demasiada demagogia e escassa capacidade de concretização no terreno?
Ao menos, cumpram uma ironia antiga, que já é trágica: acabem de uma vez por todas as obras da Rua dos Combatentes.
Imagem via Diário as Beiras |
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Primeira fase de vacinação contra a gripe iniciou-se nos centros de saúde esta segunda-feira, dia 19 de Outubro de 2020: da propaganda à realidade...
PROPAGANDA:
"O Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, apresentou, em conferência de imprensa de actualização dos dados da pandemia de Covid-19 em Portugal, a campanha «Vacine-se por si, vacine-se por todos».
No dia em que começou a primeira fase de vacinação contra a gripe, pela primeira vez em setembro para minimizar a circulação simultânea do vírus da gripe sazonal e do SARS-CoV-2, o governante destacou esta campanha, que une as ordens dos Enfermeiros, Farmacêuticos e Médicos ao Ministério da Saúde, em «prol do sucesso desta campanha vacinal», agradecendo aos três bastonários pelo empenho demonstrado.
Com o mote «Vacine-se por si, vacine-se por todos», esta campanha tem como objetivo chegar de «forma muito particular aos profissionais de saúde, cuja necessidade de proteção é este ano ainda mais necessária, mas também aos idosos, às grávidas aos doentes crónicos e a todos os que devem ser protegidos na primeira e na segunda fase da vacinação», que começa a 19 de outubro.
António Lacerda Sales destacou, ainda, que «além da vacinação nos centros de saúde este ano, cerca de 10% das vacinas reservadas à população com mais de 65 anos poderão ser administradas em 2.000 farmácias de todo o país graças também a um esforço e empenho» da Associação Nacional de Farmácias e da Associação de Farmácias de Portugal, «em regime de complementaridade ao Serviço Nacional de Saúde».
Esta primeira fase da campanha de vacinação é constituída por 335 mil doses de vacinas, que se destinam aos profissionais de saúde que prestam serviços ao público, grávidas e idosos residentes em lares.
O Secretário de Estado lembrou que Portugal vai ter dois milhões de vacinas, que chegarão em tranches, e que «as pessoas não serão vacinadas todas de uma vez, é um processo organizativo dos cuidados de saúde primários que decorrerá com serenidade até ao final do ano»."
REALIDADE:
Deparei-me com uma fila de pessoas de idade avançada, algumas com dificuldades motoras, no exterior à mercê das condições atmosféricas que o dia de hoje nos está a proporcionar.
Permaneci dentro do carro largos minutos à espera que a fila diminuísse. Quando estavam apenas duas pessoas avancei em direcção do edifício do centro de saúde. Devo ter estado mais de 25 minutos no exterior, à espera que fossem atendidas as duas senhoras que estavam à minha frente.
Quando chegou a minha vez, ao ser atendido pela funcionária administrativa, que veio até à entrada do edifício, disse ao que ia: pretendia, dado que não consegui via telefone, que me fosse marcada a data e a hora para tomar a vacina. Considerando que não são aconselháveis ajuntamentos de pessoas, era assim que pensava que as coisas funcionariam...
Que ingénuo que eu sou!..
Disse-me, com toda a amabilidade deste mundo e arredores a funcionária: "tem de vir amanhã, a partir das 8 e meia, pois hoje já terminou o números de doses da vacina que podiam ser aplicadas".
Ingénuo como sou, ainda tentei argumentar: "minha senhora, não é possível marcar um dia e uma hora. Assim evitavam-se ajuntamentos de pessoas como recomenda o Governo?..".
A resposta deixou-me sem argumentos: "isso não está previsto: tem de vir amanhã a partir das 8 e 30 a ver se consegue ser atendido".
Os médicos do posto médico estão fechados nos gabinetes há largos meses. Os funcionários estão protegidos dentro do gabinete. Os enfermeiros idem...
Os utentes, têm de ficar cá fora, ao sol, ao vento ou à chuva, ainda por cima sem terem a certeza se serão atendidos...
Algo está a falhar em tudo isto... E, como tenta dizer o "nosso" primeiro, não são os utentes dos centros de saúde que são relaxados.
Eu, seguramente, em questões de saúde não sou "relaxado" senhor primeiro-ministro.
O marginal, na marginal...
A marginal, ainda sem as torres Atlântico, o Titanic e a J. Pimenta |
domingo, 18 de outubro de 2020
Um contributo para a homenagem à "figueirense" Teresa Coimbra
«O Município da Figueira da Foz homenageou a figueirense Teresa Coimbra, antiga professora e deputada da Assembleia da República, com a Medalha de Mérito Técnico/Científico em Prata Dourada, numa cerimónia realizada no Auditório Municipal, na noite de sexta-feira.
"A homenagem que hoje tornamos pública é reflexo da consciência de todos de que o seu nome marca de forma indelével a vida do nosso concelho e, particularmente, da nossa cidade", começou por referir o presidente da autarquia, Carlos Monteiro, destacando ainda que as áreas em que se envolveu, desde a "educação, a ciência, à política activa, passando pelo associativismo e pela ação social, atestam a sua versatilidade e a sua disponibilidade para abraçar as mais diversas causas".
O edil reforçou ainda, na sua intervenção, que são exemplos como o de Teresa Coimbra que devem inspirar a fazer "mais e melhor".»
Para quem tem a memória curta, recordo um desses exemplos dados pela Professora Teresa Coimbra, a que na devida altura, Maio de 2009, dei o devido destaque, como se pode comprovar, clicando aqui.
A política é uma actividade nobre. Para isso, porém, tem de ser objectiva. A acção dos partidos políticos, entidades congregadoras de vontades e portadoras de projectos de sociedade, por natureza contraditórios entre si, é fundamental.
Nos últimos tempos, na Figueira e em Portugal, a actividade partidária tem vindo a ser denegrida. Para além do simplismo de um discurso de matriz populista, no essencial mero exercício de lóbi, como espaço para o carreirismo pessoal, para a concretização de algumas negociatas e para agendas que, muitas vezes, estão longe da prossecução do interesse público, que deveria ser o centro da sua actividade.
Esta forma de estar na política nada tem a ver com a minha antiga Professora Teresa Coimbra. A melhor homenagem que poderia ser feita a antigos políticos e "figueirenses" ilustres como Teresa Coimbra, Luís de Melo Biscaia, Mário Neto, Abel Machado, Joaquim Namorado, Gilberto Vasco, entre outros, era começar uma verdadeira regeneração do sistema partidário na Figueira.
Como escreveu um dia António Augusto Menano, outro ilustre figueirense e antigo político, "a amizade vive sempre no coração e a eternidade também é termos vivido de acordo com a nossa consciência."
Todavia, uma coisa nunca pode ser esquecida: sem os partidos políticos, estes ou outros, não há democracia.
Por último fica o agradecimento pelo convite para estar presente na cerimónia de homenagem à Professora Teresa Coimbra. Não compareci por razões do meu foro pessoal, que expliquei a quem tinha de explicar.
Ainda há blogues que continuam a incomodar por ajudarem a pensar...
«Convém "rastrearmos" os jornais», por Pedro Correia, em 18.10.20 no Delito de Opinião
Até os diários desportivos A Bola, o Record e O Jogo receberam este brinde - o que deve dar imenso jeito ao conjunto dos periódicos, vários dos quais têm salários em atraso enquanto outros têm despedido dezenas de trabalhadores.
Fica um teste à perspicácia dos leitores. É interessante "rastrearmos" as posições editoriais destes jornais sobre o controverso tema "app Stayaway" nos tempos que vão seguir-se. Aposto desde já que alguns não tardarão a bater palminhas."
sábado, 17 de outubro de 2020
A VIDA É MESMO PARA REPENSAR...
Pode ser preciso “repensar o Natal em família”, avisou um dia destes o presidente Marcelo.