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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A Serra da Boa Viagem...

Em 2005, o fogo destruiu mais de mil hectares de floresta na serra da Boa Viagem, 400 dos quais, de floresta pública.
No ano seguinte, no dia 13 de junho de 206,  foi assinado um protocolo entre a Câmara Municipal e a Direcção Geral de Recursos Florestais (DGRF) para a recuperação daquela serra.
O ministro Jaime Silva apresentou então o Plano de Recuperação da Serra da Boa-Viagem, que previa "um novo ordenamento”, tornando o espaço mais resistente ao fogo e capacitando-o para recuperar mais rapidamente. O plano previa também a transformação dos resíduos florestais em biomassa.
"O Plano de Recuperação da Serra da Boa-Viagem visava aproveitar tudo o que ardeu, transformando os restos em biomassa para produção de energia na Portucel (Figueira da Foz)", adiantou na altura o titular da pasta da Agricultura, sublinhando que "este é um exemplo concreto do que poderá ser no futuro uma nova actividade económica da floresta portuguesa".
Em plena serra da Boa-Viagem, o ministro assistiu à demonstração de colheita e processamento de biomassa florestal, através de unidades automatizadas da Portucel, que são pioneiras na península ibérica.
"Com o lançamento do concurso de novas centrais de biomassa, o Governo vem claramente dizer que há uma nova oportunidade de sustentabilidade económica da floresta, que é a limpeza e a utilização dos restos para produção de energia", sublinhou Jaime Silva.
"A prevenção estrutural na floresta não foi feita durante anos e anos. Não fizemos o trabalho de casa e hoje temos o problema do combate". Para o ministro, a maioria dos fogos resulta da negligência e do comportamento incorrecto dos cidadãos e de causas intencionais, onde se incluem as queimadas.
Na sua deslocação à Serra da Boa Viagem, o ministro procedeu ainda à apresentação das equipas de vigilância móvel de bicicleta, que incorporam 60 jovens em acções de vigilância até Setembro a Casa da Protecção Civil, e à inauguração da Casa do Sapador Florestal.
Lídio Lopes, vereador da Câmara Municipal da Figueira Foz, disse então que o protocolo assinado com a DGRF vai permitir que o Exército participe na recuperação da rede viária florestal da serra, através de uma unidade de engenharia civil!..

Sendo do conhecimento publico o abandono a que está votada a Serra da Boa Viagem, dez anos decorridos, é preciso acrescentar mais alguma coisa?..
Reflorestar e recuperar continuam a ser  as palavras chave para salvaguardar o futuro do "pulmão verde" da Figueira da Foz.
Mas, isso, não tenhamos ilusões, só poderá ser conseguido com a força dos cidadãos figueirenses e com a sua consciência. 
Por isso,  enquanto pudermos e soubermos,  é o que todos teremos de continuar a fazer. Temos de fazer tudo o que estiver ao alcance das nossas possibilidades, para contribuir para o despertar do povo figueirense que, diga-se em abono da verdade, está um pouco letárgico.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Serra de Monchique / Serra da Boa Viagem: a história repete-se.

Imagem sacada daqui
E o que é que isto tem a ver com Monchique? Tudo.
Numa altura em que na Serra de Monchique lavra um incêndio há já 7 dias, é inevitável olhar para a Serra da Boa Viagem, e apercebermo-nos das semelhanças.
A Serra da Boa Viagem foi palco de 2 grandes incêndios nos últimos 25 anos: 1993 e 2005.
Lá, como cá, não foi feita uma intervenção pensada para evitar que o coberto vegetal crescesse desenfreada e desreguladamente desde o último grande incêndio ( 2003 ), e segundo as opiniões que vou ouvindo e lendo, tal acumulação de combustível - leia-se, vegetação - tornou-se um desastre à espera de acontecer. Demorou 15 anos. Mas não falhou.
E a serra da Boa Viagem?
Na minha pouco técnica opinião, está carregadinha com o tal combustível que vem a acumular desde 2005 ( 13 anos ), e basta que um qualquer pirómano, são ou maluco, coloque o fogo no sítio certo,  para que, com as condições de vento que se fazem sentir hoje, num ápice a serra volte a 1993 e 2005, e se coloquem vidas e bens em perigo.
Esta é obviamente uma questão a resolver por instituições da administração central e pelo Governo, mas é algo que a CMFF da Figueira da Foz devia ter como prioridade desde o momento em que o incêndio de 2005 ( e especialmente o de 1993 ) foi dado como extinto.

Haverá quem veja nos meus textos uma grande dose de negativismo e morbidez, mas eu é que sei o que gosto desta terra, e a frustração que tenho em ver que se podia fazer tanto e se faz tão pouco.
Passo muitos dias a palmilhar esta terra, seja à borda do mar seja nos caminhos da serra, de carro, a pé, de bicicleta, e isso dá uma perspectiva mais próxima, e que permite que me aperceba do que não é feito e que devia sê-lo, não porque eu acho, mas porque é uma necessidade para a comunidade, e faz parte do dever de um autarca eleito.

Infelizmente, é muito provável que o futuro próximo me dê razão, e que tenha de andar de mangueira de jardim na mão, a tentar proteger do fogo aquilo que é de família, amigos, conhecidos e até de estranhos. 

Via BUARCOS BLOG

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Serra da Boa Viagem

 João Vaz, via Diário as Beiras:

"A Serra da Boa Viagem faz parte de um contínuo ecológico e deve ser gerida como parte de um todo. Municipalizar a Serra não faz muito sentido, porque iria levar a uma gestão fragmentada e provavelmente sem a necessária visão de conjunto. Nota-se ainda na atitude diversos vereadores da Câmara a tentação de instrumentalizar a Serra em seu benefício político, desrespeitando o seu carácter ecológico. Inclusivamente na parte da Serra onde houve uma gestão territorial da Câmara, zona urbanizada e acessos, observa-se um certo caos e falta de qualidade da infraestrutura. Arruamentos sem passeios, casas e anexos de génese ilegal, cérceas desencontradas, iluminação de caminhos onde não passa ninguém, deposição de lixo, etc., um rol de erros urbanísticos que desvalorizaram a Serra e a cidade. 

O objetivo da gestão da Serra da Boa Viagem deve ser a criação de uma área de fomento da biodiversidade e da beleza paisagística. E sempre que possível também um lugar de encontro entre as pessoas e a natureza, num compromisso delicado. Neste âmbito os especialistas defendem uma pedonalização maior da Serra, retirando até alguns troços de estrada e descolonizando a paisagem, tornando-a mais próxima do “original”. No mesmo sentido é necessário retirar espécies infestantes (acácias) e propensas a incêndios (eucaliptos, pinheiros), agindo de forma proactiva num quadro de alterações climáticas. 

Dito isto, uma palavra de apreço para o trabalho do vereador Miguel Pereira, da Câmara Municipal da Figueira da Foz, muito ativo na reflorestação da Serra, pondo em prática um programa de replantio assertivo, com a colaboração ativa dos munícipes e voluntários. Oxalá este seu entusiamo se contagie a outros atores políticos."

domingo, 11 de novembro de 2018

Ainda a " visita do Secretário de Estado das Florestas" à Serra da Boa Viagem

foto sacada daqui
Em comunicado, o PSD recorda que, "no Concelho da Figueira da Foz, na área de jurisdição do ICNF, a tempestade “Leslie” também afectou gravemente a Mata Nacional de Leirosa, a Costa de Lavos e S. Pedro, para não falar no incêndio de 2017, durante o qual ardeu grande parte da Mata Nacional de Quiaios e da Zona da envolvente à Lagoa da Vela."
Amanhã, segunda-feira, "a Câmara Municipal e o ICNF preparam-se para mais uma acção de mera Propaganda Política, não se percebendo para quê tanto aparato, quando o que vão anunciar é apenas o que é da sua competência - fazer a limpeza que se impõe!"

Para o PSD, "é tempo de dar respostas directas e concretas às seguintes questões:

1 - Para quando o Plano de Ordenamento Florestal da Serra da Boa Viagem e das Matas Nacionais?

2 - Para quando o início da intervenção de fundo na Serra da Boa Viagem? (Delimitação da área do ICNF, limpeza de espécies invasoras, novas plantações e respetivo ordenamento). É que, desde os incêndios de 1993 e de 2005, nada foi feito...

3 - Para quando a intervenção nas Matas Nacionais, na Leirosa, na Costa de Lavos e em S. Pedro?

4 - Para quando a Pavimentação da Estrada Florestal 1 (Quiaios - Praia da Tocha) e da Estrada das Lagoas?

5 - Para quando uma calendarização da reflorestação da Mata Nacional de Quiaios e zona envolvente da Lagoa da Vela, fustigada pelos incêndios de 2017? que já passou um ano!

6 - Para quando a resposta à pergunta de somente se anunciar a plantação de 32 mil pinheiros na Zona Oeste da Lagoa da Vela? E quando será essa plantação? Ou será que esse anúncio do ICNF e da Câmara Municipal, serve somente para camuflar a trapalhada da encenação dos pinheiros marítimos oriundos de França?"

A terminar este comunicado, o PSD recorda "que o Partido socialista Governa o concelho da Figueira há 9 anos, durante os quais só temos assistido a... promessas!"

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel João de Freitas, esteve ontem na Figueira da Foz

Visitou a zona da Serra da Boa Viagem mais atingida pela passagem da tempestade “Leslie”.
Este membro do Governo central, reuniu-se com o presidente da câmara, João Ataíde, presidente da Câmara Municipal da Figuiera da Foz e seu anfitrião na visita.
Esta deslocação deste representante do governo central foi mantida em segredo e decorreu longe dos jornalistas.
No final da tarde, o gabinete da presidência da câmara enviou uma nota de imprensa sobre a deslocação do governante, que se fez acompanhar pelo anfitrião João Ataíde, pelo presidente Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), Rogério Rodrigues, e elementos da autarquia.
Desta reunião de trabalho, segundo o que se pode ler na edição de hoje do DIÁRIO AS BEIRAS, "resultou o anúncio de que o Plano de Intervenção Conjunta para a Serra da Boa Viagem será apresentado na próxima segunda-feira, pelas 12H00, no salão nobre dos paços do concelho. O plano de acção envolve o ICNF e a Câmara da Figueira da Foz.
«A intervenção na Serra da Boa Viagem será coordenada e executada pelo ICNF, com a colaboração das equipas de Sapadores Florestais da Câmara Municipal da Figueira da Foz, de forma faseada, para que a circulação possa ser progressivamente restabelecida. Ao longo do período de trabalhos, será apresentado um relatório mensal de execução», adianta a nota do gabinete de João Ataíde.
Os pinheiros oferecidos pela Câmara de Nogentsur-Marne, oferta resultante de uma campanha de recolha de fundos liderada por uma associação de emigrantes portugueses residentes naquele município francês, por seu lado, «serão plantados em diversas zonas do concelho da Figueira da Foz, fora da Rede Natura 2000».

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Rotunda da Serra da Boa Viagem: em 2009 - 4 PINHEIROS. Em 2011 - 3 PINHEIROS. Resultado: em 2016, 2 pinheiros que eram 4!..

A Câmara Municípal da Figueira da Foz decidiu, um dia destes, destruir um pinheiro manso. 
Porquê? 
Segundo o ambientalista João Vaz, ainda não se sabe. 
Mas, sabia-se que aquele pinheiro estava ali, sem incomodar ninguém, há mais de 40 anos... 
Sabe-se, também, que há falta de transparência na gestão das árvores da cidade - corta-se a torto e a direito sem que sejam apresentadas razões técnicas evidentes. 

Ora, dado que o pinheiro manso está na ordem do dia na Figueira, venho contar-vos uma história verídica. 
Para abreviar, recuemos a 2009.
A imagem mostra que na Rotunda da Serra da Boa Viagem, como homenagem àquele ex-libris figueirense, estavam lá plantados 4 pinheiros mansos
Esse, foi espólio o arbóreo herdado, naquele local, em 2009, pelo presidente Ataíde
Em 2011, porém, como a foto abaixo mostra, já só lá estavam 3!..
E em 2016, hoje, também como a foto mostra, já só lá estão estão 2!.. 
Recordemos aqui as palavras de Carlos Monteiro, ontem publicadas no jornal AS BEIRAS, na notícia do impedimento do corte de um pinheiro manso pelos moradores de uma praceta que conflui com a rua Dr. Luís Carriço. 
Passo a citar.
"A Associação Recreativa da Malta do Viso, com instalações naquela zona, fez, através de nota de imprensa, denúncia pública da ocorrência, considerando-a “um crime ambiental” e reivindica que a Câmara da Figueira da Foz “encontre formas para minimizar este crime”
Devido ao protesto da vizinhança, o pinheiro não foi totalmente cortado. 
“Houve uma informação dos serviços da câmara que, atendendo a um ramo que já tinha caído e que fragilizou outro ramo, a árvore colocava em risco pessoas e bens, e decidiu-se cortá-la, tendo em vista o aviso amarelo anunciado para o fim de semana”, justificou o vereador Carlos Monteiro. 
O titular do pelouro do ambiente acrescentou que “a política da autarquia não é a de cortar árvores, mas sim plantá-las”
E deu os exemplos do parque municipal de campismo, junto à rotunda Baden Powell, e no Saltadouro, onde foram plantadas várias dezenas de árvores. 

Perante estas palavras do vereador Carlos Monteiro, a Figueira tem mais um mistério dos mistérios: o desaparecimento dos pinheiros mansos da Rotunda da Serra da Boa Viagem!...

domingo, 28 de agosto de 2016

Para quê a critica construtiva?.. Os ignorantes não lhe darão atenção...

"Serra da Boa Viagem", uma crónica com a assinatura de João Vaz, ontem publicada no jornal AS BEIRAS, onde fica demonstrado como nas pequenas voltinhas do dia a dia nos podemos surpreender com coisas que estão à vista, mas que quem tem a obrigação de o fazer nunca repara! 


"Dezenas de famílias aproveitaram o sábado solarengo para um “picnic” na serra. Os parques de merendas mais próximos da estrada, e mais centrais, estavam cheios. Conseguimos lugar num local mais afastado.
Surpresa: o sítio das merendas estava limpo. Contentores para o lixo não havia. Informação, também não. Cuidados a ter: perigo de incêndio. Nada sobre o assunto.
Nota-se trabalho florestal, árvores cortadas, reduzindo as “infestantes“ (acácias). Os caminhos estão arranjados, permitindo o acesso à mata e descobertas bizarras. Uma torre de betão, com data de 1926, coberta de trepadeiras e fungos, sem indicação da “história”. Um enigma. Logo a seguir, uma vedação delimita uma pequena “gruta” que esconde algum veio de água. Informação? Nada.
Esta lacuna, a falta de informação, persiste no site da Câmara da Figueira da Foz. A descrição da serra é tecnocrática: “A rede viária tem 26,57 quilómetros de estradas”, repetindo-se a expressão “rico património natural”, mas sem conteúdo. Através do site, não sabemos o mais importante: nada é dito sobre flora e fauna; percursos, rotas, cuidados a ter, etc.
Quem escreveu o texto parece que nunca visitou a Serra da Boa Viagem, ou só passou de carro, foi à Bandeira e voltou. Se queremos informação sobre o património natural, temos os artigos do biólogo Horst Engels, que trabalhou este assunto, durante anos, sem qualquer apoio. A Serra da Boa Viagem merece mais atenção por parte do município."

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Buracos nas estradas da Serra da Boa Viagem

“Há muito tempo que eu não ia à Bandeira, na Serra da Boa Viagem. Hoje fui lá, com o Diogo e com o Francisco. Já não me lembrava de ver as estradas em tão mau estado. Enormes buracos resultantes deste inverno que ninguém tapou e que vão alargando cada vez mais. Perigoso para quem anda na estrada e nada bom para os automóveis. Será que foi "rasgado" o Protocolo que ajudei a criar e que renovou literalmente a serra, há cerca de 8 anos, numa positiva relação entre a Câmara e os serviços florestais?
Aquele espaço deve assumir-se como o Parque Florestal da cidade da Figueira da Foz e não vejo o interesse político no efeito no terreno.”

Post publicado pelo ex-vereador PSD, LÍDIO LOPES, ontem.

Já agora, eu que até costumo ir de vez em quando à Serra da Boa Viagem, aproveito para complementar a informação do ex-vereador, e informo que conheço lá estradas com buracos há vários anos.
Dois exemplos: a estrada onde, há uns anos, se disputaram uns campeonatos nacionais de rampa em ciclismo, entre o Farol e a estrada que dá acesso à Bandeira; a estrada que vai da casa do guarda florestal, junto ao cruzamento que vai para Quiaios, até à estrada que dá acesso à Bandeira.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Tempestade "Leslie"...

Duas perguntas regimentais colocadas pela deputada Ana Oliveira a vários Ministros, com a subscrição de todos os deputados do PSD por Coimbra, acerca da devastação existente no concelho da Figueira da Foz, resultado da tempestade "Leslie", ocorrida no passado dia 13 de outubro.

Primeira. Assunto: Destruição da Serra da Boa Viagem Figueira da Foz
Destinatário: Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

Já passaram quase 15 dias após o temporal e ainda não existiu qualquer intervenção naquele espaço, apresentando uma situação de caos, onde nem sequer existem avisos que impeça a circulação naquela zona, avisos que protejam inclusivamente as pessoas que vivem nas povoações mais próximas.
Perante esta realidade, os deputados do PSD eleitos pelo círculo eleitoral de Coimbra, reforçam a exigência da atuação do Governo nesta matéria.
Assim, ao abrigo, das normas constitucionais e regimentais, solicita-se a V. Exa., que se digne a obter junto do Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, resposta à seguinte questão:
Para quando a limpeza e organização da Serra da Boa viagem?

Segunda. Assunto: Apoios urgentes para fazer face aos prejuízos causados pela passagem da tempestade “Leslie” pelo concelho da Figueira da Foz
Destinatários: Ministro da Economia, Ministro da Planeamento e Infraestruturas, Ministro do Ambiente, Ministra do Mar, Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ministro da Educação, Ministra da Saúde.

De acordo com a informação disponibilizada publicamente, o maior impacto dos estragos ocorreram em muitas habitações, em vários equipamentos públicos, nomeadamente escolas, em empresas públicas, como é o caso da Docapesca - Portos e Lotas, SA, assim como grande parte do tecido empresarial foi afetado estruturalmente.
Referimos que o concelho da Figueira da Foz apresenta na sua atividade empresarial muitos negócios familiares em que já enfrentam dificuldades diárias e com esta calamidade coloca muitas destas pessoas em situação verdadeiramente precária, pelo facto de muitos destes empresários nem sequer serem detentores de seguros ou até mesmo não terem dinheiro para proceder à recuperação imediata dos danos causados, colocando severamente em causa a sua atividade futura.
Existem também diversas coletividades e associações do concelho da Figueira da Foz que contabilizam danos avultados nos seus equipamentos e infraestruturas.
Nestes termos, considerando os elevados prejuízos registados, urge encontrar soluções efetivas e urgentes de apoio às populações afetadas e também à recuperação de infraestruturas públicas e privadas, reforçando que estamos a entrar no inverno, onde a chuvas e os ventos fortes irão intensificar drasticamente a dimensão desta atual realidade.
Sabendo que foi publicado em Diário da República, em 25 de outubro, a resolução do Conselho de Ministros nº140/2018, que aprova as medidas de apoio que serão implementadas para apoiar todos os distritos afetados, nomeadamente para a recuperação de habitações de particulares, infraestruturas municipais e públicas, retoma das atividades económica das micro, pequenas e médias empresas e no apoio de infraestruturas e equipamentos ligados a associações, coletividades e IPSS’s, os deputados do PSD ao abrigo do disposto na alínea d) do artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa, e da alínea d) do n.º 1 do art.º 4.º do Regimento da Assembleia da República, através de V. Exa, perguntar aos Senhores Ministros:
Qual a calendarização prevista para a implementação das medidas aprovadas no Conselho de Ministros nº140/2018?

domingo, 19 de junho de 2016

A luz coada do mar da Cova...

Depois de passar pelo Largo Aguiar de Carvalho,
estendo o olhar até à encosta sul da Serra da Boa Viagem...
Todas as manhãs, logo pela fresquinha, gosto de caminhar, para perder peso e ganhar energias para o dia. 
Em relação ao primeiro objectivo, está a ser difícil averbar vitória.
Quanto ao segundo, a vitória foi automática...

Normalmente, vou pela Rua das Indústrias, olho para as antigas instalações do Alberto Gaspar, passo o Mercado e subo até ao Largo Aguiar de Carvalho, onde estendo o olhar até à encosta sul da Serra da Boa Viagem e sigo pelo passadiço que liga a Praia da Cova à Praia do Hospital. 
Depois, tenho de descer ao lado do relvado sintético - os passadiço entre o Hospital e o Cabedelo estão impraticáveis...  -  e sigo até ao Cabedelo pela estrada que ficou entalada entre a duna, cada vez a minguar mais, e  as instalações do porto de pesca, passo ao lado da antiga Foznave e inicio o regresso. Antes, porém, percorro o paredão até à ponta do molhe sul
Quando inverto a marcha, reparo que
 a Gala está a receber os primeiros raios de sol..


Quando inverto a marcha, reparo que a Gala está a receber os primeiros raios de sol.
Dá para imaginar alguém que se terá esquecido de fechar as persianas a acordar irritada com a primeira luz a bater-lhe na cara. 
Resmunga com o marido e diz-lhe para ir fechar as persianas
E ele vai, porque gosta dela.
Pudera: ela é bonita e irresistível.

E assim começa o dia: com o mar e a luz coada do mar da minha Aldeia.
Os primeiros raios da luz do sol aquecem-me a face e fazem despontar mais um dia perante os meus olhos, agradados por mais esta dádiva. 
No ar, a presentear-me fica o odor da areia e da maresia, o vento suave na cara e o rumor da onda.
A natureza na minha Aldeia é uma coisa bela.
E nós tão pequeninos em relação a ela!..

Uma explicação necessária.
Todos somos vulneráveis e precisamos de nos resguardar. 
Entendam esta crónica, como um momento de felicidade de alguém que, após mais de ano sem poder fazer aquilo de que gosta de poder fazer muito - caminhadas matinais -, constatou que a arreliadora lesão no "calcante" esquerdo foi debelada.
...aí está o voo de uma gaivota culta,  que é aquela
que faz o que alguns figueirenses  gostariam de fazer,
mas não fazem:  por falta de coragem e  outras coisas...
Duas semanas depois de retomar o ritmo normal, sinto o  conforto de caminhar sem dor.

Eu sei que não há vida sem dor, como ensinam os livros!.. 
Para o saber, bastou  olhar para a minha vida, que não é muito diferente da dos demais mortais...
Terão, pois, razão os livros, mais uma vez... 
Mas que era chato caminhar com dor no "calcante" esquerdo, lá isso era!..
Sabe-me tão bem caminhar agora com todo este conforto, que resolvi partilhar convosco este momento de felicidade!..

Desculpem lá a franqueza, mas, neste momento, depois da caminhada que antecedeu a feitura do texto acima, sinto-me tão feliz como uma gaivota culta depois de cagar na cabeça de muita boa gente que, por vezes, se lembra de vir ao Cabedelo...

sábado, 30 de abril de 2011

Cidadania

Luís Carlos, cidadão figueirense que não conheço, mas, ao que li no Diário de Coimbra, fiquei a saber que é um atleta que integrou a equipa portuguesa que,  na categoria de corta-mato M35, ganhou a medalha de bronze no Campeonato da Europa de Veteranos de Pista Coberta e Corta-Mato, na Bélgica, foi ontem à sessão da Assembleia Municipal da Figueira da Foz e falou…
Lamentou que, mesmo representando a Figueira e Portugal, não tenha tido qualquer apoio, viajando a expensas próprias, pelo facto de não integrar qualquer clube.
E aproveitou para dizer o quanto se sente «desolado», pelo estado a que a Figueira chegou. «A praia está imunda, os contentores cheios de lixo, os passadiços levantados e com falta de ripas». O mesmo se aplica, adiantou, «à Serra da Boa Viagem, às Abadias, onde tudo está cheio de lama e onde não há um único corrimão nas escadas», mas onde existem «casas de banho abertas, onde não vai ninguém», quando, em contrapartida, «as de Buarcos estão fechadas e tinham movimento». O atleta falou ainda na «ciclovia, cheia de interregnos», da inexistência «de espaços para estacionar bicicletas», do rio «subaproveitado», do Forte de Santa Catarina «abandonado e cheio de carros estacionados», entre outros reparos.
Esta intervenção foi “elogiada” até por deputados do PS, com João Carronda a considerar que as críticas «feitas em perspectiva de amor ao concelho, devem ser acatadas».
O dr. João Ataíde, o presidente da câmara,  esclareceu que o munícipe «pode dispor de patrocínio, se tiver contabilidade organizada compatível com o procedimento administrativo», que a Serra da Boa Viagem é da responsabilidade da Autoridade Florestal, mas que procurará «intervir», agradecendo que os cidadãos vão dando conta «das fragilidades que encontram».
Quanto à praia, informou ainda o presidente da edilidade figueirense, «estamos num processo de tentar recuperar alguma área territorial a favor do município», e recordou que já decorreu o processo de adjudicação da limpeza. No que diz respeito à ciclovia, «o processo vai ser retomado segunda-feira, para análise de candidatura ao QREN» (evocando o projecto integrado entre os municípios da Figueira, Montemor-o-Velho e Coimbra), e que o assunto «não foi esquecido».
Fica o registo, com o devido agradecimento à jornalista do Diário de Coimbra, Bela Coutinho, pela bela peça jornalística que produziu e pelo relevo dado ao exercício do direito de cidadania exercido pelo munícipe figueirense na reunião de ontem da Assembleia Municipal da Figueira da Foz.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Fogo de artifício em agosto licenciado na encosta sudoeste da serra da Boa Viagem!...

PSP resgata seis pessoas em praia em Buarcos enquanto bombeiros combatiam fogo...

Segundo o Correio da Manhã, "seis pessoas foram ontem domingo resgatadas na praia do Cabo Mondego, Figueira da Foz, por elementos do Corpo de Intervenção (CI) da Unidade Especial de Polícia (UEP) da PSP, enquanto os bombeiros combatiam um incêndio florestal a poucos metros. 
A situação de emergência aconteceu às 18h10, quando seis pessoas, todas adultas, ficaram presas num areal entre rochas, sem poderem sair face à subida da maré, ao mesmo tempo que do outro lado da via de acesso à antiga fábrica do Cabo Mondego, bombeiros e outros operacionais combatiam um incêndio florestal na encosta sudoeste da serra da Boa Viagem. 
Uma equipa de nove elementos do CI da UEP, destacada para o local para auxiliar as operações de segurança na avenida marginal, face à proximidade do incêndio, acabou por resgatar seis pessoas, incluindo uma mulher com mobilidade reduzida, retiradas da praia por uma encosta com cerca de 10 metros de altura com recurso a escadas dos bombeiros. 
"Estávamos aqui a auxiliar o incêndio, foi-nos comunicado que estavam pessoas na praia e como a maré subiu não tinham acesso cá acima [à estrada]. Fomos pedir escadas aos bombeiros e tirámos as pessoas. Estavam seis, uma delas com escoriações [uma mulher, ferida ligeira do incidente]", disse à Lusa no local Nuno Santorum, chefe da equipa do Corpo de Intervenção da PSP. 
O incêndio, cujo alerta foi dado para os bombeiros por outros dois elementos do CI da Unidade Especial de Polícia que, na altura, passavam no local numa viatura e assinalaram "muito fumo" na zona florestal, terá sido provocado por um dispositivo de lançamento de fogo-de-artifício, que estaria licenciado, instalado naquele mesmo terreno e relacionado com festividades populares que decorriam nas imediações."

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Já agora, era o que faltava na Figueira: será que temos na forja um cacique trauliteiro?..

"Em tempos em que a intervenção cívica na Figueira da Foz está na ordem do dia, deixo aqui um exemplo de efectiva acção do Município da Figueira da Foz - quer dizer, de parte dele, mas já lá vamos.. - naquilo que à segurança das pessoas diz respeito: com efeito, desde o passado dia 16 de Agosto, quem circula na serra da Boa Viagem é avisado do estado absolutamente deplorável do troço de dois quilómetros e picos entre o farol do Cabo Mondego e o entroncamento com a estrada que liga ao miradouro da Bandeira. Como apareceram lá as referidas placas? Já que ninguém deu nota pública disso... aqui está! 
A referida estrada sofre, há anos e anos, de uma degradação galopante, com cinco ou seis crateras onde cabe um carro, de onde o alcatrão há muito desapareceu, 'substituído' por terra e pedras soltas! O perigo de um acidente grave é real, especialmente no Verão, em que circulam centenas, milhares de viaturas - incluindo autocaravanas e autocarros de turismo - na serra da Boa Viagem. Com este panorama em mente, certo de que aquela via tem jurisdição do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), entidade estatal que não consegue tomar conta da mata, quanto mais das estradas... e muitas vezes não faz nem deixa fazer... abordei, a 01 de Agosto, o vice-presidente da Câmara Municipal, Carlos Monteiro, vereador com os pelouros do Ambiente e Espaços Verdes, Obras Municipais e Trânsito, exortando-o a resolver a questão, nomeadamente a colocar lá placas avisadoras do mau estado da estrada (valha a verdade que a estrada tem é de ser arranjada, mas se o ICNF não o faz, como seria normal e até urgente, a Câmara que o faça e mande a conta, que exemplos desses há alguns pelo país). Mas, ciente de que o bom, na administração pública, tantas vezes é inimigo do óptimo... Ao menos que pusessem umas placas a avisar!
A resposta do senhor vice-presidente, confesso, surpreendeu-me! A resposta, e vou qualificá-la, de propósito, venha lá quem vier, é UM INSULTO a um munícipe, a todos os munícipes, a quem gosta da sua terra e a todos os que a visitam. Pois que não ia fazer nada porque "AQUILO NÃO É NOSSO"! 
Eu ainda argumentei, que era uma questão de segurança, que é território municipal, que as pessoas votaram no executivo municipal, não no ICNF... sem resultado! "Aquilo não é nosso!!" 
Ponto final? Não... parágrafo!!
Foi o vereador Carlos Monteiro à sua vida e, minutos depois, tive conversa idêntica com o senhor presidente da Câmara Municipal, João Ataíde! Foi uma conversa breve... porque a páginas tantas, à minha frente e alto e bom som, João Ataíde telefonou ao comandante da Protecção Civil municipal, Nuno Osório e ordenou a colocação das placas, com carácter de urgência, por ser uma questão de segurança, assinalando que embora não tendo jurisdição sobre a estrada, o município assumia essa intervenção! As placas foram feitas, os serviços camarários cumpriram a ordem e colocadas estão!!
Moral da história?? Cada um que conclua como quiser! 
Cá eu, que tenho opinião - mesmo que isso custe a uns quantos - limito-me a assinalar que quando criticamos este ou aquele, devemos estar na posse da informação toda! Ah... e admito que a gestão autárquica é algo muito difícil. Mas mesmo!"
José Luís de Sousa

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Limpeza da Serra da Boa Viagem pode começar a qualquer momento...

"A Câmara da Figueira da Foz contratou uma máquina pesada para a limpeza da Serra da Boa Viagem e os 10 sapadores florestais da autarquia estão prontos para iniciar os trabalhos de remoção das árvores que estão a obstruir as vias rodoviárias. A operação deverá realizar-se esta semana. O DIÁRIO AS BEIRAS apurou que o início da operação de limpeza apenas estará pendente da visita à serra do presidente do Instituto Nacional da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Rogério Rodrigues, para avaliar a situação, o que poderá acontecer hoje."

Via AS BEIRAS

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Serra da Boa Viagem pode vir a ter novo modelo de gestão

 Via Diário as Beiras

«O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) está disponível para aplicar um novo modelo de gestão ao parque florestal da Serra da Boa Viagem em acordo com o município da Figueira da Foz.

Esta possibilidade, avançada à agência Lusa por Nuno Banza, presidente do ICNF, agrada ao presidente da autarquia, Pedro Santana Lopes, que assumiu que a Figueira da Foz “quer, em condições a acordar, como é evidente”, passar a ter a gestão do parque florestal Manuel Alberto Rei.

“Acho que não seria digno das funções que exerço se não aproveitar essa oportunidade, se ela se confirmar”, declarou Pedro Santana Lopes.

“Seria muito importante, porque, obviamente, é muito difícil os organismos da administração central assegurarem a gestão de todo o território, nomeadamente de um parque/serra com estas características. É quase um prolongamento da malha urbana, faz a interface entre duas áreas do concelho. Tem todas as razões para a autarquia ter responsabilidades, não tenho dúvida nenhuma disso”

sábado, 25 de janeiro de 2014

Uma coisa é certa: é um texto com muita piada...

“As estradas e a Serra”, uma crónica de João Vaz, consultor de ambiente e sustentabilidade, publicada hoje nas Beiras:
“Há ainda ruas e estradas municipais esburacadas e em mau estado de conservação, algumas mal sinalizadas e perigosas.
Os prejuízos são evidentes, a mecânica do carro sofre, o bolso do contribuinte também, aumenta a insegurança rodoviária.
A Câmara é responsável por tapar buracos, mas não o consegue fazer a tempo e horas. Faltará mais organização (tapar o buraco antes que surja a cratera, fechar fissuras para que não entre água) e, acima de tudo, não há dinheiro. O serviço da dívida é um garrote: 8 milhões de euros por ano, fruto de vários anos de “buracos” e má gestão (1997-2009).
Uma parte dos 28 quilómetros das estradas da Serra Boa Viagem também estão em mau estado, há mais de 20 anos, apesar do reduzido tráfego e uso. A Autoridade Nacional da Floresta (o Estado central) deveria reparar uma parte destas vias, tornando-as transitáveis, mas não o faz, por falta de recursos, imagino eu.
Quem poderá fazer algo para melhorar as estradas da Serra são os deputados na AR, influenciando o Governo (PSD/CDS) para que haja verba.
A oposição (PSD) insiste desde a campanha eleitoral que as estradas da Serra não são reparadas porque alguém (quem será?), na estrutura dirigente da Câmara, bloqueia esta pretensão.
Hipoteticamente teríamos um ”ecologista profundo” descolonizando-a da presença humana! Contudo, tal pessoa não existe na Figueira. Todos queremos passear pelas estradas da Serra, sem buracos, entre as folhas no chão e as giestas selvagens.”

Depois de ler esta crónica, o que aconteceu há segundos, confesso:
1. Fiquei espantado por haver  “estradas municipais esburacadas”;
2. Fiquei espantado “por a Câmara ser responsável por tapar buracos”;
3. Fiquei espantado por haver “a necessidade de mais organização – tem-se de tapar o buraco, antes que surja a cratera”;
4. Fiquei espantado por “uma parte dos 28 quilómetros das estradas da Serra Boa Viagem também estarem em mau estado, há mais de 20 anos, apesar do reduzido tráfego e uso”;
5. Fiquei espantado “com a falta de empenho dos deputados da AR”;
6. Fiquei espantado com “a insistência da oposição (PSD)”;
7. Fiquei espantado por “todos querermos passear pelas estradas da Serra, sem buracos, entre as folhas no chão e as giestas selvagens.”
8. Fiquei espantado, sobretudo, com a inexistência de um ”ecologista profundo”.

Resumindo e concluindo.
Alguma vez sentiram, ao ler um romance traduzido para português, que simplesmente não o conseguem compreender?
Por mais vezes que o releiam, ele é incompreensível, ilógico ou não se enquadra no contexto em que está inserido.
Tratando-se de uma obra literária de qualidade, o mais provável culpado será o tradutor. 
No caso da crónica acima, porém, o mais provável culpado pela incompreensão, só posso ser eu – leitor impreparado e limitado.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

O que é que não está a falhar?..

Via Diário as Beiras
Carlos Monteiro afirmou que, na sequência do incêndio ocorrido no domingo no Cabo Mondego, na encosta sudoeste da serra da Boa Viagem, a autarquia deu instruções à Protecção Civil municipal para que, em futuras ocasiões, se “avalie o espaço previamente e, sempre que possível, acompanhe o lançamento de pirotecnia”. Sempre a correr atrás do prejuízo: “estamos a fazer um reforço da segurança”, disse o presidente.
Recorde-se. O incêndio aconteceu num dia bastante quente, na encosta sudoeste da serra da Boa Viagem – uma das zonas mais sensíveis do concelho em termos de risco de fogo florestal –  terreno de mato e canaviais, com o vento a soprar a 30 km... 
Porém, para o presidente da câmara, "o problema ali foi o sítio, aquele local não parece ter condições para o lançamento”.
Governar é prever e antecipar medidas. Não é correr atrás do prejuízo.
Na Figueira, neste momento, Carlos Monteiro é o rosto do verdadeiro Partido de Protesto Local, que é este PS no poder autárquico  há 10 anos consecutivos
Isto é fácil de explicar: Carlos Monteiro, o ícone da superficialidade reconfortante da mediocridade da Figueira em que vivemos…nunca vai executar as medidas que na oposição preconizou. Mais: nunca irá alcançar os fins que prometeu, quando era oposição.
Veja-se, decorridos estes 10 anos, a falange de protestantes dentro do próprio Partido Socialista na Figueira, à política que o seu partido tem concretizado!..
Isto é fácil de explicar: é, ao mesmo tempo, uma esquizofrénica demonstração de fidelidade "canina" ao partido da "mãozinha" e, por outro lado, de contestação partidária ao mesmo partido da "mãozinha"!..
Entenderam? Claro, é tão fácil...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Energia eólica na Serra da Boa Viagem, o PDM, os PU´s e a prática do eng. Duarte Silva…

Da NEWSLETTER JULHO 2009 II dos Vereadores do PS, que tive o prazer de receber por email, cito: “sem estudos que suportassem uma decisão séria sobre o assunto, a Câmara apresentou uma proposta da EFACEC para instalação, na Serra da Boa Viagem, de três geradores de energia eólica.
Obviamente que os instrumentos de ordenamento do território (PDM) nada prevêem sobre este tipo de estruturas e, portanto, existe um vazio regulamentar.
Diga-se que a Câmara nem sequer apresentou uma simulação em 3D da situação por forma a se poder aquilatar do impacto visual destes equipamentos, sabendo-se de antemão que serão visíveis a partir da cidade. Da mesma forma, não se sabe o nível de ruído que será emitido e se este será prejudicial às populações.
A proposta da Câmara tem esta redacção singular: “Não havendo ainda uma estratégia definida para a localização de parques eólicos proponho que seja tomada uma decisão sobre a emissão de parecer favorável”.
Os vereadores socialistas votaram a decisão com duas condições: primeira, que os pareceres das diferentes entidades que venham a pronunciar-se sejam positivos; segunda, que a decisão camarária, agora tomada, constitui apenas uma decisão prévia, devendo a autarquia ser chamada de novo a pronunciar-se sobre o assunto.”

Recordo, uma outra situação, esta porventura muito mais grave, onde também "obviamente os instrumentos de ordenamento do território (neste caso o PU) nada previam sobre o tipo de estruturas que lá se pretendiam edificar".
Ou já se esqueceram que neste mandato uma “construtora vendeu apartamentos na Figueira da Foz em terrenos de uso industrial”, os tais terrenos que, em tempos, foram vendidos à Alberto Gaspar para a instalação de uma fábrica, e que após a falência e encerramento da mesma, deviam ter sido reclamados pela autarquia junto dos tribunais, “pois os terrenos são industriais e foram vendidos para esse fim”.
Senhor Presidente e candidato Eng. Duarte Silva: é este um dos “projectos que traçou e que neste mandato não foi possível concluir”?..
E o que é que pensam todos os outros candidatos disto?...

segunda-feira, 17 de julho de 2017

O Colóquio "Florestas, prevenção, limpeza e ordenamento: Que futuro para a Serra da Boa Viagem?", realizou-se ontem na UIR...

Foto Rui Torres
A sala encheu-se, o que demonstra que as pessoas estão atentas e comparecem, quando os temas em debate são apelativos e a discussão tem a ver com o seu dia a dia.
Os oradores convidados, eng. José Carlos Morgado e Dr. Ricardo Oliveira, procuraram ser explícitos nas suas intervenções, apesar da complexidade das matérias, o que prendeu a atenção das dezenas de pessoas que estiveram presentes.
A moderação de João Saltão,  membro do Fórum Cívico Figueira 2017, que em boa hora organizou este evento, foi eficiente, se tirarmos o pequeno pormenor da sua intrevenção na abertura dos trabalhos, ter sido desnecessariamente algo longa e pormenorizada. 
De lamentar, que na discussão e debate público de matérias tão importantes como o planeamento e gestão da prevenção de fogos florestais, em geral, e da Serra da Boa Viagem, em particular, as entidades oficiais, nomeadamente a CMFF  e juntas de freguesia, assim como a comunicação social figueirense, tivessem primado pela ausência.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Assembleia Municipal de 28 de Abril de 2017

Hoje, a cidadania fez ouvir a sua voz no decorrer da Assembleia Municipal da Figueira da foz.
Oito cidadãos usaram da palavra. Sete para falarem sobre o  PDM e um para abordar o tema do Orçamento Participativo.
O responsável por este blogue foi um deles. Fica a minha intervenção.


Boa tarde a todos.

Não tenho partido, nem religião, nem pertenço a nenhuma sociedade secreta, também não tenho terrenos para urbanizar, nem nunca fui trabalhador, nem tive qualquer familiar a trabalhar na antiga fábrica Alberto Gaspar e, muito menos, tenho interesses no Cabedelo. Dou-me ao incómodo de estar aqui hoje porque acredito que só em Liberdade e com o exercício da cidadania, Portugal e a Figueira poderiam evoluir no sentido do progresso, da democracia e duma sociedade com oportunidades para os cidadãos.

Mas vamos ao concreto que o tempo é escasso.
Em novembro de 2006, em plena reunião de câmara realizada no dia 6, o então vereador PSD Paulo Pereira Coelho, manifestou-se contra a urbanização dos terrenos da Alberto Gaspar. 
Mas, sublinhou na altura, se tiver de ser feita, “que seja a autarquia a ganhar dinheiro a favor dos munícipes”.
Nessa reunião de câmara, o vereador da então maioria Paulo Pereira Coelho mostrou-se contra a alteração do Plano de Urbanização (PU) nos terrenos da Alberto Gaspar, em S. Pedro. 

No essencial, o PS, à época na oposição,  defendeu a mesma posição. 
Em 6 de novembro de 2006, já há dois anos, que os cerca de 70 trabalhadores tinham rescindido os contratos de trabalho com a empresa, alegando salários em atraso.
Passado todo esse tempo a administração da empresa pressionava os políticos com o argumento de que o dinheiro (perto de seis milhões de euros) da alienação dos terrenos a um grupo espanhol, que pretendia construir cerca de mil fogos em altura, era para pagar aos credores, incluindo os antigos trabalhadores. Mas Paulo Pereira Coelho defendia que “a câmara não teve culpa” que a Alberto Gaspar tivesse chegado à situação em que se encontrava.
Se os terrenos (de 12 mil metros quadrados) estão na massa falida, a câmara que vá lá e que os valorize, que os venda e que ganhe dinheiro com eles a favor dos munícipes”, sugeriu Pereira Coelho. 
Isto, no contexto de o antigo presidente  Duarte Silva manter a decisão de avançar com a alteração ao PU, porque Pereira Coelho deixou claro estar contra a transformação de terrenos industriais numa área de “especulação imobiliária”.
Como era óbvio,  a situação dos trabalhadores estava a ser usada como modo de pressionar a câmara de então a tomar decisões.

Agora, em finais de Abril de 2017:
Dado que os terrenos foram cedidos pelo Estado para a implantação de uma indústria, acabada que está a função para a qual os terrenos foram cedidos à Alberto Gaspar, não estará na escritura de venda então feita, salvaguarda uma  cláusula de reversão dos terrenos?

Em 2005, como membro da Direcção de uma instituição de solidariedade desta cidade, assinei uma escritura com o Estado, que vendeu os terrenos à Instituição, onde ficou salvaguardado que aqueles terrenos eram para ser utilizados pelo Centro Social da Cova e Gala para fins sociais. Se a instituição, por qualquer motivo acabar, os terrenos voltam  à posse do estado e não podem ser vendidos pelo actual proprietário, por exemplo, para a especulação imobiliária.

Será justo, depois da forma vergonhosa como foi resolvido em desfavor dos trabalhadores o caso da falência da firma Alberto Gaspar,  que venham a ser os herdeiros do Alberto Gaspar a beneficiar com as mais valias que a transformação de terrenos, que foram cedidos em condições especiais para uso industrial, em terrenos para a especulação imoblilária, vão proporcionar?

Neste executivo camarário, está um membro há quase 8 anos, que antes de estar no poder, tinha uma posição claríssima sobre isto e passo a citar:

Os terrenos foram vendidos a preço muito baixo para a actividade industrial; uma vez abandonada esta, era natural que os terrenos pudessem reverter para os seus proprietários, o Estado e a autarquia” (in Figueira da Foz- Erros do passado, Soluções para o Futuro, pág. 49, obra publicada em Setembro de 2009)

Pergunto: em 8 anos teve alguma iniciativa para ver se a reversão a favor do Estado dos terrenos da firma Alberto Gaspar era possível?
O que vai ser permitido construir nos terrenos da Alberto Gaspar?
Para além da permeabilização dos solos, que é preciso preservar, a falta de inserção do que esteve previsto construir naquela zona (por exemplo, um hotel com 18 pisos...) na malha urbana era evidente, o que tornaria aquele local numa "ilha" na estrutura sociocultural da Aldeia, vai ser impedida?
Isto é importante, porque para alguns o desenvolvimento ainda continua a ser a construção e avanço do betão...

Dado que tenho de terminar a intervenção, peço só mais um minuto de atenção.

Sobre o Cabedelo quero saber tudo. Num dia da outra semana, com o arquitecto Miguel Figueira e o Eurico Gonçalves, fui à junta de freguesia de S. Pedro para tentar ver o Projecto do Cabedelo e não pudemos, pois o presidente não estava e o projecto estava no seu gabinete. Eu pensava que um projecto daqueles, deveria estar acessível, por exemplo exposto no hall de entrada do edifício para análise.
Como não é assim um vulgar cidadão, como eu, só encontra dificuldades... Mas, isso nunca me irá desanimar: a minha vida tem tido sempre muitas dificuldades...  
Tenho dito. 
António Agostinho

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O discurso que o dr. Delmar Damas não teve a hipótese de concluir na Assembleia Municipal fica aqui na íntegra.
Uma intervenção magnífica hoje na Assembleia Municipal da Figueira da Foz, digna de ser publicada em toda a sua extensão e lida com atenção:

A Urbe Figueirense e o seu desenvolvimento sustentável - Assembleia Municipal de 28 Abril 2017

Senhor Presidente da Assembleia Municipal; Senhoras Deputadas e Senhores Deputados Municipais; Senhor Presidente da Câmara Municipal; Senhoras Vereadoras e Senhores Vereadores, e demais presentes, os meus respeitosos cumprimentos.

A Carta de Aalborg, teve a sua génese na 1ª Conferência Europeia das Cidades e Vilas Sustentáveis, evento ocorrido naquela localidade dinamarquesa em Maio de 1994, e traduz-se numa Campanha para a real vinculação política das autoridades locais na adopção de políticas de desenvolvimento sustentável das cidades, vilas e comunidades rurais, a fim de se comprometerem com as melhores práticas para a sustentabilidade do ambiente da urbe, reflectindo e fazendo intercâmbio de experiências para que sirvam para a elaboração de recomendações que possam influir nas políticas europeias de desenvolvimento sustentável local. Como objectivos, pretendia-se uma reflexão séria e responsável das autoridades locais sobre, por exemplo:

- economia urbana com a conservação do seu capital natural;

- correcto ordenamento do território;
- mobilidade urbana;
- a equidade;
 - participação das comunidades locais nas tomadas de decisão e alcance de consensos;
- conservação da natureza, etc.

Por capital natural, entende-se, mais do que o conjunto dos recursos naturais, o valor que a natureza tem para as comunidades.

A ela aderiu o Município da Figueira da Foz em Agosto de 1996.

A 8 de Outubro de 1996, no âmbito da 2ª Conferência Europeia das Cidades e Vilas Sustentáveis, que teve lugar na nossa capital, surge o “Plano de Acção de Lisboa: da Carta à Acção”, visando a aplicação efectiva da referida Carta de Aalborg, passando-se da fase da reflexão para a fase da concretização, lançando-se a Agenda Local 21.

Isto para dizer que as autoridades do município da Figueira da Foz estão comprometidas com as boas práticas da gestão urbana no que concerne à observância dos objectivos da Carta de Aalborg.

Ora bem, as autoridades dos municípios que aderiram, em especial as nossas, não podem fazer letra morta destes objectivos e seus compromissos numa rede de comunidades europeias. Razão pela qual, entre nós, as autoridades locais criaram o Plano Estratégico de Desenvolvimento da Figueira da Foz, que incorpora aqueles objectivos.
Hoje, que discutimos as alterações ao PDM, instrumento magno da gestão do ordenamento do território municipal, não podemos ficar insensíveis a decisões de gestão local que causam polémica e fricção com as comunidades locais e sobre as quais, pela sua dimensão e consequências, não há possibilidade de consensos e põem em causa a economia da cidade e seu capital natural; o correcto ordenamento do território e a conservação da natureza. Numa frase: o seu desenvolvimento sustentável.
Considerando que no fulcro do desenvolvimento sustentável estão as comunidades locais e sua relação harmoniosa com o seu espaço local, constatamos que se nas comunidades rurais, por hoje existir saneamento básico nas mesmas, resulta polémica e de nenhuma compreensão a quase impossibilidade de os filhos construírem as suas casas nas localidades onde nasceram e onde viveram com seus pais, e onde têm terrenos, empurrando-os para as freguesias urbanas, repletas de construção vazia, e contribuindo para a desertificação das rurais, já de si envelhecidas e desmotivadas nos projectos agrícolas; por outro lado, temos que considerar, na civitas, stricto sensu, atento os graves erros urbanísticos do passado com a edificação urbana, a necessidade de preservação de espaços verdes para fruição pública, de relevante importância, como é o caso do tão falado e vetusto “Corredor Verde”, que vai desde o Jardim, junto à foz do Mondego, seguindo pelas Abadias até ao Parque de Campismo e deste à Serra da Boa Viagem.
Lembro que aquando do terrível incêndio ocorrido no Verão do longínquo ano de 1993, em que ardeu a Serra da Boa Viagem, deixando uma mancha cinzenta no chão, onde subsistiam em pé medonhos espectros negros do que foram árvores, surgiu em defesa da sua reflorestação o Movimento Serra Verde, de que tenho o grato prazer de ter sido um dos seus fundadores. Tivemos, conjuntamente com toda a comunidade local, uma actuação relevante até em pedagogia, com milhares de crianças, das diversas escolas do nosso concelho, a deslocarem-se à Serra e a participar, durante vários dias, na sua reflorestação; e o mais gratificante foi ver depois esses alunos (hoje mulheres e homens feitos e com memória!) a voltar lá aos fins-de-semana com os pais, levando água e regando, num compromisso tocante com a Natureza. Hoje está lá uma enorme mancha de pinheiros e uma pedra comemorativa do evento.
Em 1997 voltámos para defender o espaço do Parque de Campismo e Horto Municipal que o Executivo de então pretendia alienar para construção, o que foi evitado pela oposição enérgica de milhares de munícipes numa petição então apresentada e que teve também por grande impulsionador o meu amigo e Colega Dr. Luís Pena, entre outros, Colegas e amigos que também a assinaram. Lembro-me que na altura surgiu a candidatura de Santana Lopes que, colando-se a esse movimento de oposição, defendeu publicamente a manutenção daquela área; porém, depois das eleições ganhas, veio defender, através da sua Vereadora Rosário Águas, que não fazia sentido um parque de campismo no meio da cidade, demonstrando interesse em o alienar… adivinhámos que para construção! Na altura era o vibrante “Linha do Oeste” o nosso “combóio” que nos levava na pulsante viagem contestatária, e onde publiquei, em resposta, um extenso artigo de opinião dirigido ao Chefe do Executivo lembrando-o que o que estava em causa não era a existência ou não de um parque de campismo no meio da cidade (o qual poderia estar noutro lado qualquer), mas a preservação daquele espaço arbóreo intacto para fruição pública, como Parque da Cidade ou outra valência ecológica. A “coisa” ficou por ali, mas a tentativa ficou registada.
Em 2007, face à possibilidade de aptidão construtiva, nova petição, também com milhares de assinaturas, desta feita a requerer, na revisão do PDM, a preservação de todo o espaço envolvente do parque de campismo: o próprio parque, o prédio confinante a Norte/Nascente, e o Horto Municipal.
Hoje, 2017, tudo se repete. Conclui-se que os anos terminados em 7, e num ciclo de 10 em 10 anos, são funestos para o espaço do parque de campismo e áreas contíguas.
Hoje temos a singular, insólita e paradoxal particularidade de termos signatários dessas petições no actual Executivo que, entretanto, entendem que as circunstâncias se alteraram e se justifica o sacrifício de “uma dentada” no Horto, pois que é essencial que assim seja em prol do desenvolvimento económico do nosso concelho. E explicam: O Jumbo tem necessidade de se alargar, não tem para onde, e quer trazer aquilo que hoje muito avançadamente chamam de “lojas âncora”. Ou seja, lojas de marcas mundialmente famosas que, na óptica do Executivo e de quem o convenceu da ideia, atraem à nossa cidade clientes de outras bandas e fixam (daí o nome âncora) os de cá, que, deste modo, não vão fazer compras a outros lugares fora do concelho. Isto cria riqueza na economia local e estima-se que se crie, por consequência directa, cerca de 2.000 postos de trabalho.
São estes os argumentos, grosso modo, para o sacrifício do perseguido Horto Municipal. Perseguido e sacrificado, pois aquando da construção do Jumbo já havia levada uma “dentadinha”. Pelo que, com mais esta dentada que pretendem dar, estamos bem em crer que o pobre Horto de perseguido e sacrificado passará, definitivamente, a finado. Daí a dar-se uma dentadinha no parque de campismo é coisa de tempo, não importando que Executivo, e bem se vê onde tudo irá parar.
Eu compreendo o argumento do Executivo, e todos nós o percebemos e, secretamente e num primeiro impulso, até somos levados a concordar. É que isto de 2.000 empregos, numa terra onde há míngua de trabalho e nesta crise que atravessamos, a uma dentadinha, ou mesmo uma dentada mais saciante, nós, olhando cumplicemente para o lado, nem sentíamos… e apenas lhe desejávamos ao Horto uma morte serena, indolor.
O problema é que o argumento não é sério!
Ninguém acredita que se criem 2.000 postos de trabalho. Isso é uma falácia, uma impossibilidade lógica. Se fosse a Mega Tesla a instalar-se no Horto ainda vá que não vá, mas não o Jumbo, pois se com aquela superfície toda já em funcionamento nem de perto nem de longe os emprega, como se daria esse milagre no Horto? Onde estão os estudos que o comprovam?
Se calhar nem 200, nem 100, muito provavelmente.
Quando eu digo que o argumento não é sério vale dizer que o argumento não é válido. Mas isto não implica, de modo nenhum, que o Executivo que o apresenta não seja sério. É sério, com certeza. Mas o Executivo não tem experiência empresarial; não domina as rebuscadas técnicas do mercado da construção civil, do interesse imobiliário das grandes superfícies. O Executivo está, e bem, mais preocupado em gerir, da melhor forma possível, a coisa pública. O Executivo, naturalmente, quer o bem do seu concelho. O Executivo, qualquer Executivo, quereria um investimento para o seu concelho que gerasse 2.000 empregos. Isso é o sonho de qualquer Executivo camarário. Pelo que compreendo que, numa abordagem, ao incutirem no Executivo a possibilidade de, com um investimento desses, se criarem 2.000 empregos, este, de boa-fé, se entusiasmasse a tal ponto que até antigos e férreos defensores do Horto, ora Vereadores aqui presentes, agora entendam que uma “dentada” a mais ou a menos pouca diferença fará, que diacho. Venham os empregos! E, já no reino da semântica, das palavras que permitem defender com toda a elegância e convicção uma coisa e o seu contrário, numa aperaltada argumentária desculpante, já dirão que, afinal, não passa de um horto, meio enfezado até, e nem há já jardineiros municipais para dele cuidar, e tem lá uns armazéns feios e um canil degradado, uma coisa pavorosa. Um bem de Deus que desaparecesse, que assim não definhava tanto e ia num sopro. Leve-o Deus.
Todos nós compreendemos o legítimo entusiasmo do Executivo e, portanto, também compreendemos que, levado por aquele equívoco, lhe queira dar capacidade construtiva nesta revisão do PDM. Mas, não se deixe o Executivo arrastar nesta ilusão dos 2.000 empregos que mais se tornou numa questão de fé, de ingénua crença, do que propriamente algo objectivo e que lhe toldou o espírito. Que faça uma pausa para reflexão, uma fria pausa, para que arrefeça no entusiasmo, e peça (nem era preciso tanto!) a um economista da câmara que faça as contas dos empregos, sob pena de continuarmos a olhar para o Executivo com a mesma postura com que se olhou para o célebre e embaraçante momento em que o Eng. António Guterres, atrapalhadinho com os cálculos que o teimavam em afligir recusando-se a vir à luz do dia, pois por vezes os números são mais matreiros que as palavras, soltou a aliviante e gaguejante expressão que ficou para a história: “Bem... é…é… é só fazer as contas.”
Melhor fora que subisse o Jumbo em altura, sendo que mais um piso em nada destoava e muito menos comparando com o que destoaria o acimentar do Horto. E se o argumento for o do PDM o não permitir, então melhor fora que se propusesse a sua alteração nesse particular. Assim tudo se resolvia a contento de todos.

Os poucos espaços verdes existentes na urbe são de preservar! Ainda ontem o nosso caríssimo amigo Engº Daniel Santos, na sua intervenção no debate sobre o PDM, promovido pela Associação FigueiraViva, dizia que, por princípio, era a favor da preservação dos poucos espaços verdes ainda existentes na cidade, até como forma de compensação pelos graves erros urbanísticos cometidos no passado. E quanto ao Horto, não abdicando desse mesmo princípio de preservação, referiu que só se sabendo previamente o que para lá se pretendia fazer e que área ocupava é que se poderia avaliar da justificação ou não do seu sacrifício. E este é um dos erros do actual Executivo: previamente não nos diz nem que área nem o que concretamente ali se pretende ao certo fazer, de modo a se avaliar, com clareza, da justificação do seu sacrifício. Pelo que, ao se inserir o Horto, na actual revisão do PDM, em área com capacidade construtiva, é passar-se um cheque em branco para se usar quando e como bem se entender. E isso, com todo o respeito e com toda a frontalidade, não pode ser! E não pode ser porque se assim fosse se desvirtuava a relação de confiança com a comunidade. Ninguém deve passar cheques em branco a ninguém. É uma questão de mero bom senso e prudência. E ninguém de bem pode querer aceitar cheques em branco de quem quer que seja, pois a honradez lho impede.

Resultou ainda, desse debate de discussão do PDM, o apontamento de uma exagerada malha de grandes superfícies comercias na periferia da urbe, justificando-se mais a aposta do comércio, mesmo o das grandes superfícies como é o caso do Jumbo, no coração da cidade, o qual anda deserto, esquecido, degradado, e já não bate.

O Horto, esse invulgar espaço verde, campo de cíclicas contendas e que vive em permanente sobressalto, para o qual alguns olham, quais “lagartas” cheias de larica, com irresistível vontade de o dentar, deve ser considerado para futuro, e de modo definitivo, como parte integrante da área do Parque de Campismo, e este da grande área do “Corredor Verde”. Mantendo-se um grande espaço verde necessário ao bem-estar da comunidade que, após a destruição do Pinhal Sotto Mayor e agora a extinção da emblemática Quinta de Santa Catarina e sua extensão a Nascente, vê nesse “Corredor” o símbolo de uma natureza mínima presente numa cidade de betão, cada vez mais descaracterizada e de tantos prédios vazios que, pelo menos, manteria assim o resquício dos objectivos assumidos na Carta de Aalborg que se voltam aqui a lembrar, por nunca ser demais fazê-lo:

- economia urbana com a conservação do seu capital natural;

- correcto ordenamento do território;

- equidade;

- participação das comunidades locais nas tomadas de decisão e alcance de consensos;
- conservação da natureza.
Senhor Presidente da Assembleia Municipal; Senhoras Deputadas e Senhores Deputados Municipais; Senhor Presidente da Câmara Municipal; Senhoras Vereadoras e Senhores Vereadores, e demais presentes,
termino dizendo que, na reunião de Câmara de 17 de Abril de 2017, o meu amigo e Colega Dr. Luís Pena, na sua intervenção chamava a esta casa a “Casa da Democracia”. Eu não tenho esse seu agudo espírito político/filosófico, sou mais do género contemplativo, pelo que a chamaria, no objecto desta minha intervenção, de “Casa do Silêncio”. Do Silêncio porque tantas vezes aqui se decide o destino de tanta coisa que não tem, nem ninguém lhe dá voz, mas que a deveria ter. E só percebemos que há coisas que não têm voz mas a deveriam ter, quando, superando a azáfama anestesiante do nosso dia-a-dia, tivermos a capacidade, por exemplo, de parar e olhar em nosso redor. Veríamos a natureza fascinante que, já em tão poucos redutos, ainda subsiste na nossa cidade de betão e cada vez mais abandonada de gente que parte por, lamentavelmente, não haver o que cá a fixe. Reparem nas árvores verdejantes, nas flores que despontam na força maternal da Primavera; nos pássaros que agora nidificam e enchem os nossos céus de chilreios e movimentos de vida graciosos; reparem no pequeno corgo que passa pelas Abadias como um fino espelho onde o céu se reflecte e as aves saciam a sua sede e as libelinhas pairam com asas de finas rendas e as rãs coaxam.
Quando acordamos das nossas vidas agitadas deparamo-nos com um mundo mágico que sempre esteve ao nosso lado… mas que já não temos a capacidade de o ver.
Sabem que tudo isto vive e não tem aqui voz?!
A voz que tem é apenas a dos milhares que ao longo de décadas o têm defendido.
Quantas petições entraram nesta casa com 4.000 assinaturas? Quantas?!
Percebem, então, a importância “espiritual”, chamemos-lhe assim, que este mundo mágico representa para tanta gente?!
Hoje, eu trouxe-vos a esta “Casa do Silêncio” a voz desse mundo mágico e das vozes dos ausentes que sempre o defenderam. Hoje, vocês ficam com a responsabilidade de cuidar ou destruir esse mundo.
Lembrem-se que é de mundos mágicos que nascem os sonhos das nossas crianças. De crianças que também os ajudaram a criar (recordo aquelas milhares da Serra da Boa Viagem!) e hoje, já adultos, talvez pais, esperam de vós que tenham a coragem de permitir que as nossas crianças continuem a sonhar. A sonhar na nossa cidade!
Cabe-vos a vós decidir enviar para o Horto Municipal ou um jardineiro, que dele cuide, ou uma máquina que a ele o arrase.
Despeço-me, pedindo a cada um de vós que hoje, se possível, no you tube, vejam o pequeno filme sobre um livro infantil de José Saramago chamado “A Maior Flor do Mundo”. Compreenderão o espírito desta minha intervenção e o quanto é necessário salvaguardar todos estes preciosos e já poucos espaços verdes que referi, de um mundo de apetência desenfreada pelo estéril betão que nos esmaga e acinzenta… porque nos rouba os sonhos!
Encheu-me de esperança a recente deliberação da Assembleia de Freguesia de Buarcos e S. Julião, a uma proposta apresentada, sem nenhum voto contra, no sentido de que “toda a área que compõe o Horto Municipal e terrenos adjacentes a norte/poente do Parque de Campismo seja afecta e integrada no terreno do Parque de Campismo”.
Ou seja, aquilo que, afinal tanta gente vem defendendo há mais de 20 anos; gente que mostra assim coerência. Coerência que, para outros já moldados pelo implacável Tempo, e que eu, apesar disso, muito estimo, não passará, erradamente, de mera obstinação.
Dizia então, em extracto da acta de Reunião de Câmara Municipal de 06/06/2008, um nosso muito querido e estimado Vereador, aqui presente, relativamente ao Horto: “A educação das crianças e jovens faz-se cada vez mais em espaços fechados, fora dos ambientes naturais e na ausência duma sã conjugação com a natureza; Por esta razão, a natureza está cada vez mais distante dos espaços de aprendizagem e convívio, dando lugar a outros, mais artificiais e mais desumanos; proximidade da natureza e a educação ambiental são assim um imperativo da formação das crianças e dos jovens, sobretudo daqueles que crescem e vivem dentro dos espaços urbanos. Percepcionar os ciclos de vida e a dependência e ligação do homem a estes, contribui para a construção de seres mais sensibilizados para a real posição do ser humano no planeta.
Assim, com os objectivos e nos termos abaixo indicados, os Vereadores do Partido Socialista propõem a esta Câmara a criação de uma horta/quinta pedagógica a funcionar no local do actual Horto Municipal. Com esta proposta, o Horto passa a ter uma nova valência, permitindo retirar do seu funcionamento uma mais-valia acrescentada que, de outra forma, se perderia. A sua situação privilegiada e o know-how que já detém, fazem dele o local por excelência dos objectivos que se pretendem atingir.
Ao mesmo tempo, os professores e a comunidade educativa em geral têm necessidade de um laboratório desta índole, pois está-se perante uma valência educativa e uma infra-estrutura com uma funcionalidade que hoje inexistem;
O Horto Municipal e a Horta/Quinta Pedagógica prestarão também um serviço até agora inexistente, estando abertos e disponíveis para as horas de lazer das famílias”.

Senhor Vereador, Senhor Vereador… isso que disse e defendeu é Belo, é isso mesmo que sempre e agora defendemos. O Belo é imutável, é eterno, é intemporal… e carente de defesa constante! Quem lhe abandona a defesa?!

Saibam, que contra o Belo não se vence; perde-se mesmo vencendo!
Bem-haja.
Delmar Damas