quinta-feira, 7 de maio de 2020

Bom dia e cuidado...


Qualquer  um de nós tem o direito de ficar melindrado, chateado, aborrecido, magoado, pouco feliz, etc.,etc., etc, quando na sua acção, enquanto político, ou outra exposição pública, é alvo de uma crítica. 
Esse, é um direito que cada um de nós tem. Porém, não pode é pretender que a crítica seja remetida, por qualquer meio, ao silênco. 
Isso, seria estarmos perante algo de muito grave, numa sociedade que se quer composta por cidadãos responsaáveis, exigentes e livres.

Por experiência própria, sei que numa pequena Aldeia como a Figueira, os políticos sempre lidaram mal com a triagem feita pela comunicação social.
Nas décadas de 70, 80 e 90 do século passado, senti isso: primeiro no Barca Nova e depois no Linha do Oeste. Desde Abril de 2006, aqui no OUTRA MARGEM
É uma coisa com que lido perfeitamente, o que não quer dizer que não considere o facto de alguém querer poder controlar o que é dito e escrito, uma  perversão da democracia.

O que os "nossos" políticos gostariam - mas gostariam mesmo - era de terem o poder de fazer uma lista das pessoas autorizadas a emitir opiniões.
Qualquer político, antes de o ser, é um homem ou uma mulher. Portanto, está na génese de  qualquer político ter tentações ditatoriais. Contudo, muitos conseguem reprimi-las. Uns para preservar a imagem, outros por decência. 
Outros, nem disfarçar conseguem: não se contentam com a tentação de  controlar a informação, o que constitui uma perversão democrática  - o seu sonho era mesmo conseguiram uma ditadura muda e silenciadora.

Para seu desespero e desconforto, porém, em Portugal e na Figueira, há o direito constitucional garantido aos cidadãos a emitir opiniões.
Se esse direito é muito ou pouco usado pelos portugueses e pelos figueirenses, e porquê, isso já é outra conversa.
Tem a ver com o medo. Sim com o medo.
Medo de perder o emprego, medo de não ter dinheiro para as despesas, medo do presente e medo do futuro.
Como diria o falecido Aleksandr Solzhenitsyn: «Quando privais alguém de tudo, ele deixa de estar sob o vosso poder. Ele volta a ser inteiramente livre.»
Existe, portanto, alguma razão para ceder ao medo?
Claro que não. Vivemos num Estado Democrático e de Direito.

"A solução é mesmo não renovar a concessão e voltar aos Serviços Municipalizados"

"A FIGUEIRA É DAS ÁGUAS", via Nelson Fernandes



FOTO DB/JOT’ALVES
"A posição do Sr. Vereador Ricardo Silva sobre a concessão dos serviços de água à empresa Águas da Figueira é uma infantilidade política, e uma mentira descarada, de que a imprensa local faz eco. Infantilidade porque sabe que a concessão só pode ser resgatada no final do contrato. Descaramento porque foi o PSD, partido do qual é presidente da Concelhia, que fez e prolongou o contrato inicial. Mentira porque desde sempre a CDU não só se opôs, como sempre denunciou a concessão, sobretudo a iniquidade vigente em que a empresa paga à Câmara anualmente, pela concessão, trezentos mil euros, e cobra à Câmara, também anualmente, mais de quinhentos mil euros. Isto é, um único cliente, o concedente, paga a concessão e ainda sobram mais de duzentos mil euros. Isto é negócio bem feito, para a concessionária, é evidente.

Mas vamos á história:
Nos idos de 1998 o Eng.º Aguiar de Carvalho, no último ano do seu mandato deixou de acreditar nos totolotos (aeroporto, ou eliminação de resíduos por pirólise) e converteu-se às privatizações como recurso de tesouraria, a exemplo aliás daquilo que acontecia nos governos do bloco central. Vendeu os Serviços Municipalizados de Águas e o Parque Industrial da Gala. O Parque Industrial da Gala vendeu-se rápido. Só apareceu um comprador, e era exatamente aquele que se desejava. O Sr. Aprígio Santos.
Para as Águas o concurso era mais apetecível. A Câmara tinha acabado de construir e inaugurar a ETA de Vila Verde e a ETAR da Fontela, o abastecimento estava em cerca de 85%, e portanto o investimento para a cobertura total era residual. O problema estava na rede de esgotos, com uma cobertura de cerca de 40%, mas para esta, estava assegurado financiamento europeu, inicialmente a fundo perdido e depois a 75%. Aliás no contrato de concessão as candidaturas eram da responsabilidade da Câmara. O Eng.º Aguiar de Carvalho e seus vereadores (Dr. Melo Biscaia, Dr.ª Virgínia Pinto e o Eng.º Casimiro Terêncio) excluíram do concurso duas empresas, e determinaram um vencedor, que só não recebeu a concessão porque, as empresas excluídas, recorreram da decisão de exclusão.
É sabido que o Eng.º Aguiar de Carvalho não foi o candidato do PS e que o PS perdeu essas eleições para o Dr. Santana Lopes e para o PSD. Remunicipalizou o Parque Industrial da Gala, o que foi uma boa decisão, e anulou o concurso para as águas, abrindo novo concurso, de que saiu vencedora a empresa que o Eng.º Aguiar de Carvalho tinha excluído. Foi pois o Dr. Santana Lopes, e os seus vereadores (Eng.º Daniel Santos, Dr.ª Rosário Águas, Dr. Pereira da Costa, Eng.º Casimiro Terêncio, etc.) que fizeram já em 1999 a concessão definitiva á empresa que se chama hoje Águas da Figueira.

Este contrato de concessão deveria ter terminado em 2020, portanto este ano. Não terminou porquê? Porque foi prorrogado. A primeira prorrogação aconteceu porque alguém na Câmara, e não foram os serviços, não entregou a tempo os documentos necessários para receber a comparticipação da construção da ETAR de Vila Verde. Foi já o Eng.º Duarte Silva que tirou o coelho da cartola. Sem dinheiro para pagar a ETAR negociou a extensão do contrato e o tarifário. Mais um negócio bem feito, para a concessionária, pois acrescentou anos, creio que cinco, e um tarifário absolutamente leonino.
O segundo mandato do Eng.º Duarte Silva, é já um descalabro financeiro de tal ordem que os fornecedores, sobretudo os fornecedores de obras públicas, já não se candidatavam às obras municipais. E então muitas dessas obras deixaram de ser ajustadas pela Câmara, e passaram a ser ajustadas como obras da responsabilidade das Águas da Figueira, tendo como pagamento um segundo prolongamento da concessão.
Á época são conhecidas as valiosas intervenções do deputado Municipal do PS Dr. Carlos Monteiro, não contra a concessão, entenda-se, mas por um tarifário mais ajustado à realidade dos consumidores. A negociação já com o Dr. Carlos Monteiro como vice-presidente da Câmara fez-se mas os resultados tal como os conhecemos hoje são pífios. A Figueira da Foz continua a ter dos tarifários mais caros do país.

A solução é mesmo não renovar a concessão e voltar aos Serviços Municipalizados. Mas ninguém de boa-fé acreditará que o PSD, (e já agora também o PS) uma vez no poder determine o fim da concessão. Na realidade está na moda substituir a «quadratura do círculo» pela «circulatura do quadrado». Mas com os mesmos protagonistas só são de esperar os mesmos resultados. As privatizações (com ou sem «regulador»), como diria o escorpião ao coelho antes de o morder, é que são a sua natureza.

À parte. Fez-me bem este bocadinho de história. Desabafei!"

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Confesso-me comovido e cheio de pena dos Ricardos Salgados deste país...

Estudo do banco central, foi liderado por Carlos Costa...

"Banco de Portugal diz que pandemia prejudicou mais as famílias mais ricas"...

Pedro Nuno dos Santos

Uma pesada herança que poderia ser uma janela de oportunidade... (3)

"Falo de prioridades e no caso o seu apurado estudo assume-se como incontornável. Só o estabelecimento de rigorosas políticas públicas minorando as dificuldades já vividas e que o serão de modo ainda mais trágico por tantas famílias, pode ajudar a resolver a crise iminente. Esta é a prioridade. Mas volta e meia, surge a questão do Edifício O Trabalho. Perguntam o que fazer daquele mamarracho sem préstimo. Até porque já ninguém, nomeadamente os vizinhos, aguenta aquela desgraçada “visão”. Quem nasce torto tarde ou nunca se endireita e este mastodonte não tem qualquer hipótese de viabilização. É uma das “peças” com que a cidade foi sendo brindada, num caminho ínvio de descaracterização do espaço urbano. Lembro as “rolhas” colocadas “estrategicamente”a tapar a vista à Bernardo Lopes, obra de responsabilidade central, e mais a implantação de prédios execráveis e a destruição de vitais manchas verdes. Em cada caso há responsáveis, lembremos! Aventa-se a implosão mas segundo especialistas não será possível. Era precisa uma forte carga de explosivos que abalaria os alicerces do frágil bairro antigo. Recuperar é impensável: na construção do monstro foram utilizadas areias salgadas e o prédio está irremediavelmente cheio de humidade. Acresce o facto da empreitada das fundações ter ferido linhas de água, agora sugadas pela estrutura. Se não oferece mesmo perigo, deixem estar que coisas bem importantes há para fazer, mas opiniões apontam para risco de ruína. Se assim é, o LNEC terá de opinar, e aquilo ser destruído à marretada. Vidas em risco não! E após? Linda seria a ressurreição do Parque Cine, que saudades deixou. Uma ideia de que gosto por nova na cidade: um jardim de Inverno, espaço coberto de lazer, convívio e contacto com a Natureza, voltado para as famílias e não para a “ganhuça” de empreendedores, a cobrar para se espreitarem os miosótis e as joaninhas. Impossível? Nada é impossível, quando alguém se põe a pensar."
Via Diário as Beiras

A Figueira e "o fututro"...

Uma câmara municipal como a da Figueira, ainda que com recursos limitados, terá sempre uma palavra a dizer no domínio do desenvolvimento económico do concelho. 
O problema é que apostar no desenvolvimento, isso quereria dizer que se apostava  a longo prazo.
Uma boa parte dos autarcas deste país, porém, gasta o seu tempo, a sua argúcia e a sua imaginação em busca de projectos para encher o olho ao povinho eleitor. 
A  lógica é a de fazer obra. 
Esta lógica política conduz a estratégias aberrantes que comprometem o futuro.
Quando se gastam fortunas para trazer reis do carnaval, patrocinar sunset´s, realizar grandes festas de fim-de-ano, fica para trás, por exemplo, a cultura, a educação e o desporto. 
Quando se aposta no espectáculo estagna-se o desenvolvimento.
Ainda bem que na Figueira não é assim, como o texto publicado no Diário as Beiras, assinado pelo presidente Carlos Monteiro, amplamente demonstra. 
Para ler, clicar aqui.
Nada como pensar o futuro com pessoas de futuro.
Mudar já, é necessário.
Isso, implica pensar e mobilizar gente. Gente capaz de manter o poder.
Os votos (alguns de oportunistas...) não hão-de faltar, assim como certamente não há-de faltar dinheiro para uma campanha eleitoral abonada...

Estejam tranquilos, se descompensarem há o plano b: se o "chapéu" da doença crónica não chegar a tempo, a quinta das tabuletas espera-nos...

A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) manifestou-se hoje “negativamente surpreendida” com a “exclusão propositada” dos diabéticos e hipertensos do regime excecional de proteção relativo à covid-19, alertando que deixa estas pessoas numa situação de “vulnerabilidade ainda maior”.

E se fizéssemos pela vida?

O poder sabe, que sem as correias de transmissão da propaganda oficial, os politicos têm mais dificuldade em controlar a gestão da governaça. 
Isso até nem é muito difícil. O bom portugês não se importa que o calquem... Basta acenarem-lhe com uma cenoura...

O fascismo, a escola de André Ventura, nunca apreciou a coragem de assumir as convicções

A Selecção Nacional sempre que jogava em Portugal, porque havia sempre alguém na tribuna que pertencia a uma entidade oficial, era obrigada a fazer a "saudação fascista". Esta, que a imagem mostra, foi feita num Portugal vs Espanha, em 30 de Janeiro de 1938, quando os espanhóis vieram a Lisboa.
Recordo,  três jogadores que, na altura, incomodaram o regime fascista, como agora o Quaresma, incomoda o André Ventura: o guarda-redes Azevedo, do Sporting; e os belenenses Mariano Amaro e Manuel Quaresma (
tio avô do actual Quaresma). 

Azevedo seria o guarda-redes da famosa equipa do Sporting que contou com os Cinco Violinos na linha de ataque. Quaresma viria a ser um dos campeões do Belenenses de 1946: driblador exímio, ficou conhecido pela sua habilidade e pelo seu repentismo. Mas Amaro foi, seguramente, a maior figura humana de todos eles.
Os três ficaram ligados a um dos acontecimentos marcantes da história da nossa seleção. No dia 30 de janeiro de 1938, na recepção à Espanha, no momento de cumprimentarem o público com a saudação fascista, Azevedo esticou o braço mas manteve os dedos encolhidos, Quaresma limitou-se a ficar em sentido e José Simões, também do Belenenses, e Mariano Amaro levantaram os punhos. Os jornais dos dias seguintes procuraram não tocar no assunto, a revista “Stadium” chegou mesmo a retocar a fotografia das equipas alinhadas de forma a que nada se notasse. Mas nenhum deles escapou às incómodas perguntas da PVDE, tendo José Simões e Mariano Amaro sido mesmo presos para interrogatório. Uma exibição pública de coragem e de convicção que marcava a sua personalidade.

André Ventura, só engana quem quiser ser enganado...

Ventura ao seu melhor nível: um futebolista não pode falar de política, mas um político pode falar de futebol!..

Foto: Pedro Rocha / Global Imagens
Na sequência da mensagem deixada por Ricardo Quaresma, André Ventura considerou, em declarações ao "Correio da Manhã", que "é lamentável que um jogador da seleção nacional se envolva em política". "Espero que as autoridades do futebol não deixem que isto se torne o novo normal", acrescentou o deputado único do Chega, que o JN tentou contactar, sem sucesso.

Ricardo Quaresma:

"populismo racista do André Ventura apenas serve para virar homens contra homens".

Quando um homem se ajoelha na frente de Deus devia olhar para Deus com o mesmo amor com que Deus olha para nós, sem distinção de raça ou cor.
Triste de quem se ajoelha só para ficar bem na fotografia, para enganar os outros e parecer um homem de bem aos olhos do povo.
A seleção nacional de futebol é de todas as cores, pretos, brancos e até ciganos. Em todos bate no coração a vontade de dar a glória ao país e no momento de levantar os braços e celebrar um golo acredito que nenhum português celebre menos porque o jogador é preto, branco ou cigano.
Eu sou cigano. Cigano como todos os outros ciganos e sou português como todos os outros portugueses e não sou nem mais nem menos por isso.
Como homem, cigano e jogador de futebol já participei em várias campanhas de apelo contra o racismo, não porque parece bem mas porque acredito que somos todos iguais e todos merecemos na vida as mesmas oportunidades independentemente do berço em que nascemos.
O populismo racista do André Ventura apenas serve para virar homens contra homens em nome de uma ambição pelo poder que a história já provou ser um caminho de perdição para a humanidade.
Olhos abertos amigos, o populismo diz sempre que é simples marcar golo mas na verdade marcar um golo exige muita tática e técnica.
Olhos abertos amigos, o racismo apenas serve para criar guerras entre os homens em que apenas quem as provoca é que ganha algo com isso.
Olhos abertos amigos, a nossa vida é demasiado preciosa para ouvirmos vozes de burros...isto se queremos chegar ao céu."

Depois de 2 meses de paragem, escolheram o dia da abertura dos comerciantes!..

Imagem sacada daqui

Ontem na Figueira, cerca de dois meses depois do encerramento forçado pela pandemia, o  pequeno comércio tradicional voltou a abrir as portas.
No regresso, os comerciantes deram conta que a autarquia tinha colocado,  vasos com flores no passeio na rua da República e entre a rua Dez de Agosto e a praça 8 de Maio, numa zona onde se estacionava no passeio. Segundo o Diário as Beiras, edição de hoje, os recipientes, que estavam no antigo terminal rodoviário, alguns deles em mau estado...
Ainda segundo o mesmo jornal, os comerciantes não gostaram da solução, muito menos do momento escolhido para a recolocação dos vasos numa zona mais próxima da via rodoviária. Enquanto os trabalhos decorreram, durante mais de uma hora, a rua esteve fechada ao trânsito de viaturas. Foi na segunda-feira, de manhã, no dia em que o comércio reabriu. “Foi falta de sensibilidade mudar os vasos na altura em que os comerciantes estavam ansiosos para retomar a actividade. Os comerciantes sentiram-se desrespeitados”, lamentou-se o presidente da Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz, Nuno Lopes. 
“O momento não foi o adequado. Provavelmente, foi a hora possível, mas não foi a hora indicada”, reconheceu o presidente da câmara, Carlos Monteiro.
“Era bom existir uma simbiose que permitisse o estacionamento e os peões poderem circular, porque o passeio é largo. Aquilo que pedimos à câmara é estacionamento de curta duração”, acrescentou o empresário. A autarquia está a tentar chegar a acordo com o proprietário de uma parcela contígua ao terreno da antiga sede da Naval 1.º de Maio para fazer um parque de estacionamento.
Carlos Monteiro sustentou que a colocação das floreias no passeio “consegue compatibilizar os interesses”. Mas, salvaguardou, quem parar naquela zona comercial, terá de ser por “um período de tempo curto”. E indicou que há lugares de estacionamento nos extremos daquela zona da rua e “várias dezenas” a 50 metros de distância. “A questão é termos um passeio suficientemente largo onde possam passar cadeiras de rodas e carrinhos de bebé. As viaturas podem parar em frente às lojas por períodos de tempo curtos. O passeio nunca foi para estacionar, sempre foi um passeio”, esclareceu Carlos Monteiro.

É assim que a Figueira Vale Mais?

Figueira Vale Mais é uma das  respostas sociais apresentadas pela câmara municipal, como resposta à crise económica provocada pela pandemia. Trata-se de ajudar munícipes carenciados através da entrega de vales de 50 euros para compras de bens essenciais e estimular a actividade do comércio tradicional, uma vez que as compras só podem ser feitas naquele tipo de estabelecimentos do concelho. 
A medida foi aprovada por unanimidade na reunião de câmara realizada na passada segunda-feira. Na ocasião, Carlos Monteiro esclareceu que o programa beneficiará cerca de 400 pessoas e tem um custo de 25 mil euros por mês.
Na edição de hoje do Diário as Beiras, o presidente da ACIFF, Nuno Lopes, elogia e aplaude o Figueira Vale Mais: “aplaudimos a medida, assim como aplaudimos todas as medidas de apoio ao comércio local”
Aquela resposta social consiste em entregar vales de 10 euros a cada um dos elementos do agregado familiar com carência económica conjuntural até um máximo de 50 euros por mês e por pessoa, destinando-se à compra de bens essenciais no comércio tradicional. O programa arranca com 400 destinatários e um orçamento de 25 mil euros por mês, podendo ser renovado ao fim de três meses. 

terça-feira, 5 de maio de 2020

Uma pesada herança que poderia ser uma janela de oportunidade... (2)

"Pensado e construído numa época em que a tradição, a história e a memória nada valiam (até o Mercado Engenheiro Silva teve a sentença de morte assinada…) em relação aos compadrios, aos esquemas e aos supremos e confortáveis interesses e consequentes mordomias do “pato-bravismo” instalado (hoje tudo isto tem um nome: corrupção), o Edifício “O Trabalho” é, desde há vários anos, um problema, tão grande quanto a sua dimensão e volumetria físicas.
Penso que este problema tem uma quádrupla dimensão: antes de mais, envolve questões jurídicas (de posse efetiva, e portanto também de legitimidade da solução a encontrar – o próprio nome do edifício é hoje revelador da sua inconsequência…).
Depois, não é possível encontrar o caminho da resolução do problema sem atender às questões técnicas: é possível a revitalização? Uma intervenção no edifício é tecnicamente possível? E obrigará a que tipo de obra? Uma eventual demolição colocará em perigo os edifícios circundantes e as populações residentes?
Também não há qualquer solução que não compatibilize a fórmula custo-benefício: quanto vai custar cada opção a considerar? Quem vai pagar/financiar? Há a possibilidade de se enquadrar alguma ação em programas financiados – ou pelo Estado português, ou pela União Europeia, ou por um qualquer Organismo Internacional, ou por alguns, ou mesmo por todos?
Finalmente, a questão política (aqui entendida enquanto organização, direção e administração da polis, e não como ação partidária, ainda que estas duas dimensões da intervenção pública sejam obviamente necessárias e, mesmo, recomendáveis): face aos consecutivos anúncios, ao longo dos últimos anos, da solução afinal sempre adiada para o Edifício “O Trabalho”, não há mais tempo a perder, sobretudo por duas ordens de razões: a primeira é de higiene e de saúde públicas – aquele espaço tornou-se perigoso, inseguro e nauseabundo.
A segunda é simbólica: o Bairro Novo lembra a época áurea da cidade rainha das praias de Portugal, das elegantes e belas moradias e casas de inícios do século XX, das varandas e beirais à portuguesa ao estilo Arte Nova ou Art Déco. A solução? Ao trabalho."
Via Diário as Beiras

Falta-nos um cidadão inteiro

 Teófilo Luís Alves Marques da Silva (1940 –2020)


"Ontem, a cidade foi surpreendida pela infausta notícia do falecimento do Dr. Teófilo Marques Silva, figura incontornável da cultura figueirense. Não tendo nascido aqui, cedo o Dr. Teófilo e a sua companheira de sempre, também ela uma insigne mulher de cultura, adoptaram esta terra e a amaram como verdadeiramente sua. 
Professor de História, investigava com paixão o passado mas projectando os seus ensinamentos no Futuro, um sonho pelo qual lutou. Nesta tarefa nada fácil, teve sempre a companhia e o apoio da esposa, Dra Isabel, por muitos anos conservadora do Museu Municipal e igualmente apaixonada pelo passado e pelo Futuro da Humanidade. Um Futuro que queriam mais justo, mais igualitário e pacífico. Exerceu cargos de direcção na Escola Secundária Joaquim de Carvalho, tendo sido, entre outras funções, Presidente do Conselho Directivo, quando a gestão democrática das escolas era ainda uma realidade e não um anseio ou miragem.
Integrando por diversas vezes as listas autárquicas da CDU, o Dr Teófilo foi um esforçado e ilustre vereador desta força política, cujos ideais comungava e defendia. Exerceu o papel em dois mandatos, um a tempo parcial, por substituição, outro em templo completo, tendo sido nessa altura o cabeça de lista à Câmara Municipal. Deteve o pelouro da Habitação Social, onde desenvolveu notável trabalho, sempre de modo empenhado e com ardor. Em 1987, por força de perda de população no concelho e regimentais ajustes em matéria eleitoral, a CDU perdeu o seu vereador, precisamente o vereador Teófilo, nosso último vereador até à data, e de quem guardam os comunistas, simpatizantes e activistas da CDU, os seus amigos afinal, uma saudade que não passará e um elevadíssimo apreço pela sua figura, os seus valores, a sua amizade e constante empenho pela causa política, antevendo o Futuro que acalentava. Descanse em Paz, Professor, Amigo, Companheiro de lutas. À família, o abraço virtual, já que por força das circunstâncias não poderemos estar presentes. E como o lamentamos! Tanto merecia que nos despedíssemos de si. Falta-nos um homem inteiro! Fica no nosso coração."

Fica a homenagem. Texto de Silvina Queiroz. 

Reunião de Câmara de ontem: antes da ordem do dia, momento Figueira Domus...

O problema da Leirosa

Aquilo que se passou sábado passado na Leirosa e  todo o País viu em directo na CMTV e na TVI24, foi ontem debatido politicamente na sesssão de câmara.
Citando o Diário as Beiras.
"O presidente da autarquia, Carlos Monteiro, justificou a sua deslocação àquela localidade, para falar com os manifestantes: “Entre cumprir o isolamento e ouvir a população, achei que era mais importante ir lá”. O autarca revelou que contactou com a GNR no sentido de manter “vigilância activa” e que pediu reunião com responsáveis daquela força de segurança para saber que queixas foram apresentadas e se têm nomes das pessoas [suspeitas]. Isto “porque na manifestação apontavam a uma família”, esclareceu. Contudo, ressalvou: “Não é possível retirar pessoas de um bairro social só porque alguns dizem que não gostam delas, tem de haver provas”. “Não vamos deixar que aquele bairro social se transforme num barril de pólvora. E vamos acompanhar o bairro social de Brenha, [onde] as pessoas também estão a ficar saturadas de comportamentos menos próprios e atitudes mesmo cívicas”, garantiu Carlos Monteiro.
Para o vereador da oposição Miguel Babo, o que se passa na Praia da Leirosa são “problemas de ordem pública que não têm sido resolvidos pelas forças de segurança”. Carlos Tenreiro deu “nota 10” à intervenção do seu colega de vereação, igualmente eleito pelo PSD.
“Já no ano passado dei conta, na reunião de câmara, de problemas de segurança em Brenha, Maiorca e Leirosa”, atirou, por seu lado, Ricardo Silva, do PSD, que acusou a maioria socialista de estar confinada nos gabinetes. “Só o seu populismo pode dizer que o executivo está confinado no gabinete e quando saímos somos humilhados. Fica-lhe bem…”, reagiu Carlos Monteiro."
Remeter a solução do problema para a GNR, é intelectualmente desonesto. O problema da habitação social no nosso concelho, para além da Leirosa, tem outros pontos quentes. Termos de recuar duas dezenas de anos e ver o que se passou: assistiu-se à construção massiva de bairros sociais, uma solução que não é utilizada na Europa desde os anos 70. Isso, potenciou os casos de criminalidade violenta, como é do domínio público e não pode ser ignorado pelos políticos. 

A concentração de população socialmente homogénea, mesmo quando é culturalmente heterogénea, traz problemas de socialização negativa, sobretudo entre os mais novos, gerando abandono escolar precoce e predominância de comportamentos menos disciplinados, entre outras atitudes. São comportamentos que acabam por ter um efeito colectivo visível. Situações como a que sucedeu na Leirosa acabam por ter um efeito perverso que é marcar negativamente o bairro, quer para quem lá habita, quer para a imagem pública da Leirosa. E há muitas famílias que habitam naquele bairro social que têm um comportamento ordeiro no seu dia-a-dia.
"Os estudos dizem que as pessoas têm um grande prazer pela casa, mas um grande desgosto pelo bairro. A passagem de barracas a alojamento em altura em bairros sociais permite melhores condições de habitação, mas muito piores condições de sociabilidade, vizinhança e integração".

Passados todos estes anos existe alguma equipa multidisciplinar na Câmara Municipal da Figueira da Foz,  para intervir rapidamente no terreno, de forma a conter o aumento deste tipo de criminalidade?
Esta criminalidade cada vez mais violenta não se resolve apenas com a polícia de proximidade, mas passa por as câmaras terem primeiro a coragem e a ousadia de disponibilizarem verbas para contratarem equipas multidisciplinares, suficientemente apetrechadas e capazes de trabalhar em bairros problemáticos. Isto é: os técnicos do gabiente social da Câmara há muito que deveriam estar no terreno.
Estas equipas deveriam ser constituídas por "especialistas em comportamentos que sejam capazes de trabalhar ao nível da inclusão e exclusão social, psicólogos clínicos e outro pessoal especializado", e não apenas por "meros assistentes sociais".

A "criminalidade  cada vez mais violenta" assenta num denominador comum: "a falta de estruturação das cidades".
"Em Portugal temo-nos esquecido, regra geral, de resolver os problemas dos realojamentos antes de os fazermos. Imaginamos que as pessoas querem todas ir para bairros de pedra e cal, com mais cimento e betão armado, e esquecemo-nos que muitas dessas pessoas são integradas em espaços urbanos sem serem incluídas. Há uma integração forçosa, exógena e não há uma inclusão".
Este modelo de "reprogramação das pessoas" utilizado pelas autarquias, que "não atende à verificação de quem se vai incluir", poderá contribuir eventualmente acarretar problemas  entre as comunidades que se vão incluir, contribuindo para o desencadear de problemas de violência.
No início deste século, Santana Lopes fez o habitual: começou a criar anéis populacionais problemáticos à volta da cidade da Figueira (S. Pedro, Brenha, Vila Verde e Leirosa), como estava a acontecer na grande Lisboa. Até ao momento, depois de Santana, e já passaram 20 anos, nenhum executivo foi capaz foi capaz de criar uma estrutura capaz de prevenir e trabalhar estas situações.
Fotos Pedro Agostinho Cruz. Para ver melhor clicar na imagem.

Virem, agora, como fizeram os políticos figueirenses, exigir que seja a  GNR a resolver o problema da Leirosa, é colocaram-se ao nível de um populista como o André Ventura. Chega.

"Antes da crise económica provocada pelo novo coronavírus, havia 70 dívidas de consumidores e, ontem, revelou João Damasceno, eram 500."

Imagem via Diário as Beiras. Para ler melhor, clicar na imagem.
Ontem, a proposta de isenção de pagamento da água e saneamento para consumidores domésticos residentes no concelho e empresas foi reprovada na reunião de câmara. Votaram contra os seis vereadores do PS e o vereador eleito pelo PSD Miguel Babo (com a confiança política retirada pelo partido). Carlos Tenreiro (cabeça de lista do PSD à autarquia, também com a confiança política retirada) absteve-se. 
Contudo, o problema mantém-se. As pessoas não têm dinheiro para pagar a água! "Antes da crise COVID-19 eram 70 consumidores. Já são 500."
Dizer, sem fazer a demonstração, que a medida tinha um impacto de 2,5 milhões de euros para o município, como argumento, é redutor. Afirmar, como o faz hoje o gestor da àguas da Figueira, João Damasceno, que a medida “tem alguns problemas de ilegalidade e acaba por ser discriminatória” para a vetar, sem sem fazer a demonstração (a ser assim, algumas autarquias no País estariam fora da lei) acaba por, a meu ver, ser igualmente redutor.
A proposta, eventualmente, se tivesse havido interesse nisso, poderia ter alguma coisa a alterar, tendo em vista a sua melhoria. Se houvesse vontade política, houve mais do que tempo para isso. Todavia, esse nunca foi o objectivo da maioria, como ficou amplamente demonstrado ontem no decorrer da decisão. O objectivo era só um: chumbá-la.
Mas, a realidade é a realidade. O problema existe - "antes da crise eram 70 famílias. Neste momento já são 500". Amnhã, logo se verá.
Governar, é antecipar a resolução dos problemas. Pelos vistos o PS prefere  que  as pessoas, em desespero, vão pedir para não cortar a água.
Sempre poderão ser mais uns votos em 2021... Continuamos a "brincar à caridadezinha, festa, canasta e boa comidinha", como cantava José Barata Moura em tom de crítica àquele tipo de senhora que "passa a tarde descansada, mastigando a torrada, com muita pena do pobre, coitada!"  "Continua a sede dos «Fernandinhos Pobres»". E continua a haver "dirigentes e benfeitoras dos «Fernandinhos Pobres»"... Lá cantava José Barata Moura, que "o pobre, no seu penar, habitua-se a rastejar e, no campo ou na cidade, faz da sua infelicidade algo para os desportistas da caridade".