Dignidade e ambiente
"O ano de 2020 poderia ser o ano em que os trabalhadores noturnos e por turnos da Figueira, fundamentais aos setores do turismo, da saúde ou da indústria do concelho, pudessem ter uma vida mais digna e fossem devidamente reconhecidos o desgaste a que a sua atividade os expõe bem como as respetivas consequências no seu meio familiar e social.
Poderia ser o ano em que as empresas do concelho deixassem de usar o instrumento da subcontratação para esmagar salários e direitos dos trabalhadores, em vez de recorrerem a esta forma de contratação apenas quando é estritamente
necessária.
Poderia ser o ano em que todos os comerciantes da Figueira transmitissem um
exemplo de civismo ao resto do país e fizessem desaparecer todos os sapos das montras, que apenas servem para insultar a comunidade cigana e todos os figueirenses que rejeitam o preconceito e o racismo.
Poderia ser o ano em que os figueirenses rejeitassem em definitivo a realização de touradas do concelho.
Poderia ser um ano virado para o futuro, em que o vento, as marés e a energia das ondas pudessem estar na génese de projetos inovadores de produção de energia que se instalassem no nosso concelho.
Poderia ser o ano em que o património verde fosse valorizado e ampliado e que as valas fossem reconhecidas como vias fundamentais para escoar as águas pluviais com eficácia e segurança até ao rio e ao mar.
Poderia ser o ano em que a ferrovia voltasse a ser uma prioridade e se aumentasse a frequência de ligação a Coimbra, se eletrifi casse a Linha do Oeste
e se recuperasse a ligação à Linha Beira Alta.
Poderia ser um ano de viragem em que se travasse a expansão da ocupação e da impermeabilização de solos resultantes do grande negócio imobiliário das
grandes superfícies, num concelho sem necessidade de mais supermercados, cujo comércio local foi arruinado, apesar de pagar cá os seus impostos e não
na Holanda, e cujo centro de gravidade do comércio foi desviado para as avenidas periféricas, tendo estas sido concebidas para escoar o trânsito à volta da
cidade e não para o comércio.
Via Diário as Beiras