domingo, 11 de agosto de 2019
As novas funções das autarquias: os eventos/espectáculos de diversão...
O papel do jornalismo que se publica na Figueira, sobre o concelho da Figueira, um dia, será alvo de escrutínio e de estudo. Espero que esse trabalho mostre e prove como jornalismo local abdicou de ser um contrapoder e, por isso, abdicou de ser democrático. E se tornou dependente do poder local, a "voz" do poder local.
É absolutamente ridícula a quantidade de notícias que são publicadas, todos os dias, sobre os políticos locais. Qualquer pretexto, serve. Até uma Feira promovida por uma junta de freguesia transformada em promotora de eventos.
É absolutamente ridícula a quantidade de notícias que são publicadas, todos os dias, sobre os políticos locais. Qualquer pretexto, serve. Até uma Feira promovida por uma junta de freguesia transformada em promotora de eventos.
Via Diário as Beiras
Há uma nova realidade na maioria das autarquias figueirenses, que começa na câmara e se prolonga pelas juntas de freguesia: a promoção de eventos de diversão e de entretenimento, substituindo os promotores profissionais e asfixiando o tradicional associativismo (remetido à subsidiodependência).
O abandono a que algumas autarquias votaram as necessidades básicas das populações - mobilidade (rede viária; transportes públicos; rede integrada e segura de ciclovias), higiene pública (recolha indiferenciada e separada de resíduos; limpeza do espaço público (saneamento básico (em todas as povoações) e espaços verdes (criação; requalificação; manutenção) -, tem sido compensada na aposta em diversão, para além do que é razoável, normalmente contratada por ajuste directo, ou nas avenças anuais continuadas, a meu ver, muito discutíveis.
Gastam-se largos milhares de euros nisto, que depois faltam para o essencial.
Todas estas festas e carnavais também servem para que os munícipes ao votar se esqueçam do que ficou por fazer. É o conhecido «pão e circo» do tempo dos Romanos, hoje apenas «circo» pela escassez de recursos.
No final, sobra a ausência de pensamento estratégico sobre o futuro do concelho e a definição de grandes objectivos para o médio e o longo prazos.
Na Figueira é cada vez mais visível a falta de massa crítica que, além das vitórias eleitorais, pense na qualidade de vida das pessoas.
O que não se estranha: a falta de massa crítica apresenta-se como natural, pois cada vez mais os candidatos autárquicos são qualificados apenas pelo cartão partidário.
A propósito deste regabofe (muito generalizado no país), era bom que os candidatos autárquicos se pronunciassem e os munícipes não se ficassem pela abstenção em valores obscenos: mais de 50%.
Na minha família seria difícil compreender que, primeiro, não se comprasse pão, roupa e medicamentos e se gastasse os parcos recursos em bilhetes de futebol, passeios ou perfumes.
Por isso, como querem que compreenda que nas autarquias o regabofe seja coisa normal?
E como querem que compreenda que a comunicação social não questione isto?
Para a história dos aterros sanitários na Figueira: um problema que vem de longe... (II)
Na sequência da postagem ontem publicada neste espaço, fica um resumo da opinião de um profundo conhecedor desta matéria, o eng. Casimiro Terêncio. Por ser do interesse público e dos leitores deste espaço segue-se a sua publicação, com o devido agradecimento e reconhecimento ao seu autor:
"Em 80 a única lixeira oficial era ao pé da Carreira de tiro, na EN 109 a seguir à Orbitur, do lado direito.
A lixeira, uns anos mais tarde, estava a rebentar pelas costuras e era preciso encontrar uma solução
Essa solução surgiu porque no Cabo Mondego acabou a extracção de inertes para fabrico do cimento
Através do eng. Moreira dos Santos juntou-se o útil ao agradável: a Câmara precisava dum sítio para descarregar os entulhos e a Cimpor precisava de colocar o terreno igual ao que encontrou
Atenção: no Cabo Mondego não era um Aterro Sanitário era uma lixeira a seu aberto.
Mais tarde, fez-se o primeiro Aterro Sanitário com a Ersuc. O Aterro seria para Câmara e Soporcel, já com lexiviantes, chaminés para os gases e compactacao por estratos. Só que a previsão para a longevidade do Aterro foi atingida muito rapidamente.
Por último, se calhar por isso não se consegue a posse daqueles terrenos para a Câmara.
A Câmara tem que retirar todo o lixo que lá pôs à balda e selar as paredes laterais e isso custa milhões largos de euros!"
Foto via O AMBIENTE NA FIGUEIRA DA FOZ. |
"Em 80 a única lixeira oficial era ao pé da Carreira de tiro, na EN 109 a seguir à Orbitur, do lado direito.
A lixeira, uns anos mais tarde, estava a rebentar pelas costuras e era preciso encontrar uma solução
Essa solução surgiu porque no Cabo Mondego acabou a extracção de inertes para fabrico do cimento
Através do eng. Moreira dos Santos juntou-se o útil ao agradável: a Câmara precisava dum sítio para descarregar os entulhos e a Cimpor precisava de colocar o terreno igual ao que encontrou
Atenção: no Cabo Mondego não era um Aterro Sanitário era uma lixeira a seu aberto.
Mais tarde, fez-se o primeiro Aterro Sanitário com a Ersuc. O Aterro seria para Câmara e Soporcel, já com lexiviantes, chaminés para os gases e compactacao por estratos. Só que a previsão para a longevidade do Aterro foi atingida muito rapidamente.
Por último, se calhar por isso não se consegue a posse daqueles terrenos para a Câmara.
A Câmara tem que retirar todo o lixo que lá pôs à balda e selar as paredes laterais e isso custa milhões largos de euros!"
sábado, 10 de agosto de 2019
Esperemos então por melhores dias... Por enquanto, "não há ainda razões para alarme"...
"A Figueira da Foz é uma praia histórica, apesar de não ser das mais quentes do país. Mas nem os frequentadores habituais se convencem com este verão incerto e tímido. Os comerciantes registam uma significativa quebra nos negócios."
Para ver o vídeo clicar aqui.
Para a história dos aterros sanitários na Figueira: um problema que vem de longe...
Figueira da Foz, situação dos aterros sanitários da câmara municipal em antigas pedreiras da CIMPOR. Para ver o vídeo, clicar aqui.
Vasco Trigo, jornalista entrevista Manuel Aguiar Carvalho, Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, e Amadeu Soares, Departamento de Zoologia da Faculdade de Ciências de Coimbra, em directo dos estúdios do Porto, sobre os aterros sanitários instalados em antigas pedreiras da CIMPOR pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, nomeadamente o perigo de contaminação das águas de escorrência e consequente impacto ambiental. Para ver o vídeo clicar aqui.
sexta-feira, 9 de agosto de 2019
BLOGS FIGUEIRENSES
Inicialmente publicado aqui.
Na Figueira ainda resistem alguns blogs que, com mais ou menos regularidade, vão publicando: "O Limonete", "O Sítio dos Desenhos", "O Palhetas", "Marcha do Vapor", "Voando nas Asas do Vento...", "O AMBIENTE NA FIGUEIRA DA FOZ", "Chá de Limonete", "Pedro Agostinho Cruz", "Cova d'oiro", "COVA GALA...entre o rio e o mar", "SOS Cabedelo / Cidade Surf", "Buarcos Blog" e o "LINDA FIGUEIRA!".
Contudo, já existiram muitos outros que, pouco a pouco, por diversas razões, foram ficando pelo caminho. Recordo "Lugar para Todos", do Dr. Luís de Melo Biscaia, o "quintopoder", do Eng. Saraiva Santos, "Política de Choque", de António Jorge Pedrosa, "CONFRARIA DAS BIFANAS", do Paulo Dâmaso, "AMICUS FICARIA" (o primeiro Blog Figueirense criado para debater o concelho da Figueira da Foz, o Distrito, a Região e Portugal), "À Beira Mar", "O CU DO MUNDO", "diário de um quiosque", do Pedro Silva, "DASS - ABREVIATURA DE «HÁ DIAS ASSIM»", "ALDEIA OLÍMPICA", "FIGUEIRAOLHAR", "Os Meninos da Naval", "O que eu penso...", e mais alguns que, de momento, não me lembro.
Há poucos dias, surgiu o "pedro xavier silva | segunda temporada", um espaço inovador na blogoesfera figueirense, de que não perco uma postagem.
E há o meu blog, o OUTRA MARGEM.
Criado a 25 de Abril de 2006, vai resistindo. Quando resolvi criar o OUTRA MARGEM, sinceramente o afirmo, nunca esperei assistir ao sucesso que tem e à mobilização que desencadeou, tornando-se numa referência intransponível da vida política e social na Figueira. A minha motivação de blogger continua a ser a de sempre: denunciar os abusos, a prepotência, a repressão activa, a incompetência, o oportunismo e outras coisas do género, que quase se transformaram em normalidade, ao ponto de terem levado o concelho da Figueira da Foz "ao estado a que isto chegou."
Mas, se não se previa o sucesso que o OUTRA MARGEM tem tido no plano social e político, também não era suposto que as pessoas esperassem tanto de mim: chegam-me pedidos de apoio, denúncias de abusos de poder, de assédio sexual, de assédio moral, de violências várias e incompetências múltiplas, muitos desabafos, algumas (poucas) incompreensões e alguns (escassos) ódios de estimação.
Como autor do blog, nunca recorri a pedidos de informação, mas a verdade é que o OUTRA MARGEM é actualmente muito visto e lido, e é, talvez, uma fonte das mais bem informadas sobre o que se vai passando na vida pública e política figueirense. Através do blog, temos conhecido uma Figueira menos bonita e menos airosa, do que aquela que alguns nos tentam impingir nas páginas de propaganda oficial.
Esta relação de confiança com os leitores do blog OUTRA MARGEM foi conquistada, ao longo de mais de 13 anos. O autor do OUTRA MARGEM nunca tratou no seu espaço de problemas pessoais, nem nas diversas intervenções, que ao longo dos anos tem feito nas sessões da Câmara Municipal ou Assembleia Municipal, tratou de algum assunto pessoal ou familiar. As questões colocadas tiveram sempre a ver com a polis.
Fica uma palavra de reconhecimento e de gratidão pela confiança que têm depositado no OUTRA MARGEM, e um muito obrigado à nova página “Na Ponta Da Língua” que me deu a oportunidade de escrever sobre o meu blog .
Tenhamos esperança no futuro da Figueira da Foz, ainda que haja fortes sinais de destruição na cidade e no concelho.
Se o poder político não muda de atitude, ouvindo os cidadãos, tudo acabará por se extinguir.
Há poucos dias, surgiu o "pedro xavier silva | segunda temporada", um espaço inovador na blogoesfera figueirense, de que não perco uma postagem.
E há o meu blog, o OUTRA MARGEM.
Criado a 25 de Abril de 2006, vai resistindo. Quando resolvi criar o OUTRA MARGEM, sinceramente o afirmo, nunca esperei assistir ao sucesso que tem e à mobilização que desencadeou, tornando-se numa referência intransponível da vida política e social na Figueira. A minha motivação de blogger continua a ser a de sempre: denunciar os abusos, a prepotência, a repressão activa, a incompetência, o oportunismo e outras coisas do género, que quase se transformaram em normalidade, ao ponto de terem levado o concelho da Figueira da Foz "ao estado a que isto chegou."
Mas, se não se previa o sucesso que o OUTRA MARGEM tem tido no plano social e político, também não era suposto que as pessoas esperassem tanto de mim: chegam-me pedidos de apoio, denúncias de abusos de poder, de assédio sexual, de assédio moral, de violências várias e incompetências múltiplas, muitos desabafos, algumas (poucas) incompreensões e alguns (escassos) ódios de estimação.
Como autor do blog, nunca recorri a pedidos de informação, mas a verdade é que o OUTRA MARGEM é actualmente muito visto e lido, e é, talvez, uma fonte das mais bem informadas sobre o que se vai passando na vida pública e política figueirense. Através do blog, temos conhecido uma Figueira menos bonita e menos airosa, do que aquela que alguns nos tentam impingir nas páginas de propaganda oficial.
Esta relação de confiança com os leitores do blog OUTRA MARGEM foi conquistada, ao longo de mais de 13 anos. O autor do OUTRA MARGEM nunca tratou no seu espaço de problemas pessoais, nem nas diversas intervenções, que ao longo dos anos tem feito nas sessões da Câmara Municipal ou Assembleia Municipal, tratou de algum assunto pessoal ou familiar. As questões colocadas tiveram sempre a ver com a polis.
Fica uma palavra de reconhecimento e de gratidão pela confiança que têm depositado no OUTRA MARGEM, e um muito obrigado à nova página “Na Ponta Da Língua” que me deu a oportunidade de escrever sobre o meu blog .
Tenhamos esperança no futuro da Figueira da Foz, ainda que haja fortes sinais de destruição na cidade e no concelho.
Se o poder político não muda de atitude, ouvindo os cidadãos, tudo acabará por se extinguir.
António Agostinho
É o jornalismo que escrutina e incomoda todos os poderes que precisamos de ter...
O jornalismo precisa de incomodar
Felisbela Lopes
"O jornalismo convencional é uma das maiores ameaças para uma democracia madura, atenta ao bem público... Por muito que custe aos poderes dominantes e às fontes oficiais, os jornalistas devem ser incómodos. Nem sempre assim é. E isso não nos traz boas notícias."O ridículo não mata... Na Figueira, está provado...
Imagem via Diário de Coimbra
Notas:
Via Notícias de Coimbra de 24 de Setembro de 2018
"Intervindo ontem na reunião do executivo, o presidente da câmara, João Ataíde (PS), explicou que a empresa Tratofoz demandou a autarquia no pagamento de cerca de 4,5 milhões de euros por o município, em 2003, não ter prorrogado a licença de construção de um aterro de resíduos industriais banais na freguesia de Maiorca.
De acordo com João Ataíde, o processo intentado pela empresa em 2014 está em fase de pré-julgamento.
“Podemos resolver isto de forma consensual, há mais de um ano que temos essa vontade”, argumentou o autarca, adiantando que o acordo com a Tratofoz pressupõe o pagamento faseado de 600 mil euros em três anos.
João Ataíde esclareceu que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra considerou a decisão camarária de não renovar a licença de obra, em 2003, como “um acto arbitrário”, abrindo caminho à indemnização à empresa, que poderia chegar a alguns milhões de euros, a maioria por eventuais lucros cessantes (danos emergentes).
“O processo [na fase em que está, prévia a julgamento] pode ser atendido até por má-fé da própria câmara, reconhecido de forma flagrante pelo tribunal. Não temos muitas dúvidas de que inevitavelmente podemos ser condenados nos dados emergentes”, frisou o autarca, propondo ao executivo a aceitação do pagamento faseado de 600 mil euros.
De acordo com João Ataíde, a proposta de acordo com a Tratofoz seguirá para ratificação na Assembleia Municipal e será, igualmente, enviada ao Tribunal de Contas “para ter crivo de análise, legalidade e rigor”.
A proposta foi aprovada com oito votos a favor – seis do PS e dois do PSD – e o voto contra do vereador social-democrata Ricardo Silva que, em declarações à Lusa, disse não conhecer a contestação camarária em tribunal, nem lhe terem sido facultadas todas as informações que requereu sobre o processo.
“E do que sei, entendo que não tem de ser a câmara a pagar um erro de José Sócrates, que licenciou o aterro”, sublinhou.
O processo de instalação de um aterro de resíduos industriais banais numa pedreira da freguesia de Maiorca começou em março de 2000, há 18 anos, ainda no mandato de Pedro Santana Lopes (PSD) como presidente da câmara.
Na altura, Daniel Santos, que era vice-presidente do município, assinou uma certidão a certificar que a obra era compatível com o Plano Director Municipal (PDM) então em vigor e que a eventual instalação do aterro teria de ser analisada pelas entidades competentes, nomeadamente o Ministério do Ambiente, então tutelado por José Sócrates.
Em janeiro de 2003, já com a contestação ao aterro no auge – reunindo habitantes de Maiorca e de freguesias vizinhas, ambientalistas e responsáveis políticos, centenas de pessoas que se manifestaram contra a instalação da infraestrutura, temendo pelo futuro das plantações de arroz e da água naquela zona do Baixo Mondego – o então presidente da câmara, Duarte Silva (PSD), já falecido, explicou numa sessão pública que quando tomou posse, um ano antes, o processo já tinha sido iniciado e contava com pareceres positivos do Ministério do Ambiente, Direção Regional do Ambiente e Ministério da Economia, entre outras entidades.
Na altura, Duarte Silva frisou que o aterro de resíduos banais seria instalado num terreno privado e por uma empresa privada – a Tratofoz, que integra o grupo Mota Engil – “que detém todas as licenças necessárias”.
Na mesma ocasião, a instalação do aterro foi suspensa por duas semanas – em acordo entre a autarquia e a empresa responsável -, na sequência da contestação popular, período durante o qual foi solicitado à Direcção Regional do Ambiente “uma reavaliação exaustiva e profunda da situação”.
Seis meses mais tarde, em junho, a autarquia viria a embargar os trabalhos e a recusar renovar a licença de obra – depois desta ter caducado – sem que as dúvidas e críticas da população fossem esclarecidas pelo Ministério do Ambiente.
O processo envolveu pelo menos uma providência cautelar em tribunal, colocada pela então comissão anti-aterro e uma manifestação de 200 tractores agrícolas que entupiu a entrada da cidade da Figueira da Foz, tendo o protesto chegado igualmente a uma Presidência Aberta do então chefe de Estado Jorge Sampaio."
"Intervindo ontem na reunião do executivo, o presidente da câmara, João Ataíde (PS), explicou que a empresa Tratofoz demandou a autarquia no pagamento de cerca de 4,5 milhões de euros por o município, em 2003, não ter prorrogado a licença de construção de um aterro de resíduos industriais banais na freguesia de Maiorca.
De acordo com João Ataíde, o processo intentado pela empresa em 2014 está em fase de pré-julgamento.
“Podemos resolver isto de forma consensual, há mais de um ano que temos essa vontade”, argumentou o autarca, adiantando que o acordo com a Tratofoz pressupõe o pagamento faseado de 600 mil euros em três anos.
João Ataíde esclareceu que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra considerou a decisão camarária de não renovar a licença de obra, em 2003, como “um acto arbitrário”, abrindo caminho à indemnização à empresa, que poderia chegar a alguns milhões de euros, a maioria por eventuais lucros cessantes (danos emergentes).
“O processo [na fase em que está, prévia a julgamento] pode ser atendido até por má-fé da própria câmara, reconhecido de forma flagrante pelo tribunal. Não temos muitas dúvidas de que inevitavelmente podemos ser condenados nos dados emergentes”, frisou o autarca, propondo ao executivo a aceitação do pagamento faseado de 600 mil euros.
De acordo com João Ataíde, a proposta de acordo com a Tratofoz seguirá para ratificação na Assembleia Municipal e será, igualmente, enviada ao Tribunal de Contas “para ter crivo de análise, legalidade e rigor”.
A proposta foi aprovada com oito votos a favor – seis do PS e dois do PSD – e o voto contra do vereador social-democrata Ricardo Silva que, em declarações à Lusa, disse não conhecer a contestação camarária em tribunal, nem lhe terem sido facultadas todas as informações que requereu sobre o processo.
“E do que sei, entendo que não tem de ser a câmara a pagar um erro de José Sócrates, que licenciou o aterro”, sublinhou.
O processo de instalação de um aterro de resíduos industriais banais numa pedreira da freguesia de Maiorca começou em março de 2000, há 18 anos, ainda no mandato de Pedro Santana Lopes (PSD) como presidente da câmara.
Na altura, Daniel Santos, que era vice-presidente do município, assinou uma certidão a certificar que a obra era compatível com o Plano Director Municipal (PDM) então em vigor e que a eventual instalação do aterro teria de ser analisada pelas entidades competentes, nomeadamente o Ministério do Ambiente, então tutelado por José Sócrates.
Em janeiro de 2003, já com a contestação ao aterro no auge – reunindo habitantes de Maiorca e de freguesias vizinhas, ambientalistas e responsáveis políticos, centenas de pessoas que se manifestaram contra a instalação da infraestrutura, temendo pelo futuro das plantações de arroz e da água naquela zona do Baixo Mondego – o então presidente da câmara, Duarte Silva (PSD), já falecido, explicou numa sessão pública que quando tomou posse, um ano antes, o processo já tinha sido iniciado e contava com pareceres positivos do Ministério do Ambiente, Direção Regional do Ambiente e Ministério da Economia, entre outras entidades.
Na altura, Duarte Silva frisou que o aterro de resíduos banais seria instalado num terreno privado e por uma empresa privada – a Tratofoz, que integra o grupo Mota Engil – “que detém todas as licenças necessárias”.
Na mesma ocasião, a instalação do aterro foi suspensa por duas semanas – em acordo entre a autarquia e a empresa responsável -, na sequência da contestação popular, período durante o qual foi solicitado à Direcção Regional do Ambiente “uma reavaliação exaustiva e profunda da situação”.
Seis meses mais tarde, em junho, a autarquia viria a embargar os trabalhos e a recusar renovar a licença de obra – depois desta ter caducado – sem que as dúvidas e críticas da população fossem esclarecidas pelo Ministério do Ambiente.
O processo envolveu pelo menos uma providência cautelar em tribunal, colocada pela então comissão anti-aterro e uma manifestação de 200 tractores agrícolas que entupiu a entrada da cidade da Figueira da Foz, tendo o protesto chegado igualmente a uma Presidência Aberta do então chefe de Estado Jorge Sampaio."
COMUNICADO do PSD/FIGUEIRA DA FOZ
"O PSD da Figueira da Foz entende, face às notícias que têm vindo a público relativamente à indemnização que a Câmara Municipal se propõe pagar à empresa Tratofoz, S.A. relacionadas com o Aterro na Freguesia de Maiorca, ser seu dever esclarecer o seguinte:
1. A licença ambiental que deu origem ao processo de licenciamento foi emitida no consulado do Partido Socialista (sendo Ministro do Ambiente o Eng.º José Sócrates);
2. O licenciamento camarário – inicialmente aceite – foi posteriormente rejeitado, tendo em conta não só a posição da população de Maiorca como outras informações técnicas relevantes que no início não existiam;
3. Posteriormente, decisões dos Tribunais deram razão à posição da CMFF;
4. O senhor Presidente da Câmara da Figueira da Foz e o Partido Socialista são responsáveis desde 2009 por este processo.
Assim, não é admissível pretender que o PSD aceite votar ou participar em discussões sobre indemnizações a pagar sem estar na posse de toda a informação; isto mesmo foi transmitido ainda antes da reunião de Câmara 24 Setembro e nada foi entregue (com exceção de duas ou três folhas com opinião).
Pelo menos tão grave como a falta de informação é o facto de, quer o senhor Presidente da Câmara (que até pelas funções que ocupou anteriores à política deveria ter em conta), quer pessoas com responsabilidades políticas passadas e presentes, em declarações prestadas aos órgãos de Comunicação Social e em artigos de opinião, defendam publicamente a alegada (mas não fundamentada) falta de razão da Câmara Municipal da Figueira da Foz quanto ao pedido de indemnização deduzido pela Tratofoz.
Ao invés de andarem a fazer de advogados da Tratofoz S.A., seria melhor que entregassem a documentação solicitada (pedido reiterado na Assembleia Municipal) por forma a que todos – incluindo os cidadãos deste concelho - pudessem formar a sua opinião.
O Partido Social Democrata abstêm-se, para já, em nome dos interesses da Câmara Municipal, que o atual Executivo se esqueceu de defender, de se pronunciar sobre este assunto até que lhe seja entregue toda a documentação solicitada."
1. A licença ambiental que deu origem ao processo de licenciamento foi emitida no consulado do Partido Socialista (sendo Ministro do Ambiente o Eng.º José Sócrates);
2. O licenciamento camarário – inicialmente aceite – foi posteriormente rejeitado, tendo em conta não só a posição da população de Maiorca como outras informações técnicas relevantes que no início não existiam;
3. Posteriormente, decisões dos Tribunais deram razão à posição da CMFF;
4. O senhor Presidente da Câmara da Figueira da Foz e o Partido Socialista são responsáveis desde 2009 por este processo.
Assim, não é admissível pretender que o PSD aceite votar ou participar em discussões sobre indemnizações a pagar sem estar na posse de toda a informação; isto mesmo foi transmitido ainda antes da reunião de Câmara 24 Setembro e nada foi entregue (com exceção de duas ou três folhas com opinião).
Pelo menos tão grave como a falta de informação é o facto de, quer o senhor Presidente da Câmara (que até pelas funções que ocupou anteriores à política deveria ter em conta), quer pessoas com responsabilidades políticas passadas e presentes, em declarações prestadas aos órgãos de Comunicação Social e em artigos de opinião, defendam publicamente a alegada (mas não fundamentada) falta de razão da Câmara Municipal da Figueira da Foz quanto ao pedido de indemnização deduzido pela Tratofoz.
Ao invés de andarem a fazer de advogados da Tratofoz S.A., seria melhor que entregassem a documentação solicitada (pedido reiterado na Assembleia Municipal) por forma a que todos – incluindo os cidadãos deste concelho - pudessem formar a sua opinião.
O Partido Social Democrata abstêm-se, para já, em nome dos interesses da Câmara Municipal, que o atual Executivo se esqueceu de defender, de se pronunciar sobre este assunto até que lhe seja entregue toda a documentação solicitada."
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
A um executivo autárquico figueirense esgotado, que não tem nada para oferecer em termos de ideias, conteúdo e substância, o que resta fazer e deixar fazer?
Imagem via o sítio dos desenhos |
Aos indignados, resta estar atentos: também às obras, mas mais do que com as obras, têm de estar atentos à falta de ideias, conteúdo e substância de quem tem poder para fazer obra e deixar obrar...
Pessoas...
"Existe uma coisa que se chama Verão. Todos os anos há Verão. Atípico ou não. Existe!..
As páginas dos jornais regionais nesta manhã (de verão) estão pintadas com justificações e alternativas. A Ausência é perturbadora. Não a do calor/sol. Ok! Também (um pouco) Mas, para mim profundamente inquietante é ausência das pessoas. De conceito de cidade (...)
Será que alguém já percebeu que a cidade são as pessoas?!..
Desconfio que é disso que precisamos. Até porque verão temos todos os anos (...)"
As páginas dos jornais regionais nesta manhã (de verão) estão pintadas com justificações e alternativas. A Ausência é perturbadora. Não a do calor/sol. Ok! Também (um pouco) Mas, para mim profundamente inquietante é ausência das pessoas. De conceito de cidade (...)
Será que alguém já percebeu que a cidade são as pessoas?!..
Desconfio que é disso que precisamos. Até porque verão temos todos os anos (...)"
Via Pedro Cruz
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