sexta-feira, 11 de abril de 2014

O problema foi "nosso"

"A presidente da Assembleia da República disse que se os militares da Associação 25 de Abril não forem ao Parlamento nas comemorações do aniversário dessa data "o problema é deles".
A dra. Assunção Esteves está equivocada. O problema não é "deles". O problema é da senhora presidente da Assembleia da República que não quer ser incomodada...
Pensando melhor, contudo, talvez o problema não seja da senhora presidente da Assembleia da República. Talvez o problema seja do país que tem como segunda figura do Estado a dra. Assunção Esteves, que já demonstrou por várias vezes não ter um pingo de bom senso. E seguramente que essa tem de ser uma das qualidades exigidas para se ser a segunda figura do Estado português."

Paulo Portas, talvez na última vez que foi sincero...



Em tempo.
DEPUTADO DO CDS, COM O 12º ANO,  ACHA QUE OS PROFESSORES DEVEM SER TESTADOS?

Na Figueira, nunca serei turista

foto António Agostinho
Quem vive e escreve com autenticidade expõe-se e corre riscos.
Escrever com autencidade sobre uma terra e os seus habitantes, não é apenas dizer "coisas bonitas e agradáveis”.
É também revelar matéria desagradável e sombras. É também falar das contradições das pessoas e das sociedades. É também focar  atitudes e nomear gestos que podem estragar a fotografia a alguém.
Quem só escreve o bonitinho - no romance, na poesia, no ensaio, na crónica, no blogue, no facebook - está a desrespeitar a vida e aquilo que merece consagrar: o caos de existir.
A capacidade que cada um tem de se superar num gesto e de se despenhar no gesto seguinte. De gostar e de não cumprimentar o vizinho. Desde os gregos que é assim. A maior armadilha da vida e da arte acontece quando quer ser uma forma de dourar a pílula.
O escritor não é o turista. A literatura nunca foi  mandar postais.  Eça, por exemplo, nunca mandou as nódoas para debaixo do tapete.
O artista inofensivo tem sempre votos de louvor da câmara municipal ou da junta de freguesia. Esse, nunca foi o meu objetivo...

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Sou do contra, porque sim...

Rui Curado Silva, investigador, no jornal AS BEIRAS.
“Recentemente em Pequim, durante uma visita a um laboratório cruzei-me com uma fotocopiadora ao lado da qual se empilhavam várias caixas de papel Navigator.
No país onde supostamente se inventou o papel, não resisti e confirmei aquilo que já sabia no cantinho de uma das faces: “Made in Portugal by Soporcel Portucel”.
No outro lado do mundo, naquela metrópole de mais de 20 milhões de habitantes fui transportado para a distante e pequenina Figueira da Foz.
Quando se fala entre a elite figueirense em “colocar a Figueira no mapa” é este tipo de colocação no mapa que me interessa.
Interessa-me menos aquela festa cara organizada na década anterior que endividou fortemente a Figueira, durante a qual comensais embriagados nos juravam que tinham colocado a Figueira no mapa.”

Tal como ao Rui Curado da Silva “interessa-me menos aquela festa cara organizada na década anterior que endividou fortemente a Figueira, durante a qual comensais embriagados nos juravam que tinham colocado a Figueira no mapa.”
Sempre me interessou. Tenho textos no Linha do Oeste e neste blogue que atestam isso.
Porém,  eu não acho que a Figueira tenha mudado assim tanto - muito menos para melhor.
Mais:  à sua maneira,  as alegadas mudanças  dão-nos um excelente retrato do que está mal na Figueira em 2014.
O quer era bom,  continua cá. O quer era mau, agravou-se.
Não ganhámos liderança, não mudou o espírito, não mudou a filosofia - mudou a casca,  pela força das circunstâncias - na Figueira e no País.

As “mudanças”, na Figueira,  não são diferentes das “reformas”  do Passos no País – mais um retrato da indigência nacional.
Vejamos o IMI e o preço da água pago pelos figueirenses...
Para quê?..
Dou só um exemplo: o estado das estradas do concelho em locais fundamentais para a promoção do turismo figueirense. 
Duvidam?.. Circulem, por exemplo, pela  Serra da Boa Viagem ou pelas Lagoas de Quaios...
E depois é o que sabemos com os dinheiros gastos nos carnavais e noutros festivais...
Como não há a mínima ideia do que é administrar uma autarquia, faz-se mais do mesmo. Gasta-se menos, porque não há dinheiro...
A mim, como figueirense, interessava-me  que tivesse mudado a filosofia e o espírito.  No fundo, é uma questão de visão, de disciplina - enfim, de um somatório de coisas, que não se “vendo”, se sentissem no dia a dia.
Pergunto: “vendo-se”  muita coisa, sente-se o quê?
Modernidade? Originalidade ? Aumento de qualidade/profundidade? 
Qual é o valor acrescentado?
O que é que a Câmara e os figueirenses lucraram com as reuniões à porta fechada?.. Ou com a intromissão da Câmara, via Figueira Parques, na gestão do parque de estacionamento do Hospital Distrital da Figueira da Foz?
Ser teimoso, às vezes, não é mesmo uma virtude, mas agora já não estou só a falar da Figueira...

Dito isto, a Figueira mudou?
Se assim foi, viva a Figueira. 
Afinal ter razão antes do tempo, é tão mau como estar errado...
Eu, é que sou do contra, porque sim.
Termino como comecei...Volto a Rui Curado da Silva...
“Nos tempos que correm as exportações da Soporcel são importantíssimas tanto para o município como para o país. Este caudal exportador significa empregos e significa riqueza criada por produtos transacionáveis, com existência real, não são swaps nem festas cor de rosa.
Quando uma empresa atinge este patamar de grandeza deve manter essa grandeza na relação com os trabalhadores. Não existe nenhuma razão para que o litígio entre os trabalhadores e a actual direcção da Soporcel em torno da questão das pensões não seja ultrapassado com dignidade, sem  pressões ou represálias sobre os operários mais reivindicativos. Ao sucesso exportador exige-se o sucesso na concertação com os trabalhadores.”

A Noite

«Estar desempregado pode, em certas condições, tornar-se estimulante. De repente, encontramo-nos fora do sistema, não fazemos parte do mundo, ninguém nos quer, batemos às portas e as portas não se abrem, os conhecidos mudam de passeio quando nos vêm a tempo, ou então enchem-se de piedade, o que ainda é pior. É uma boa altura para sabermos se somos apenas o que fazemos, ou se vamos mais longe do que esse pouco.»
José Saramago, A Noite (1979), p. 66/Ed. Caminho, 2009 (4ª edição)

Em tempo.
“A Noite” é a primeira peça de teatro escrita pelo único prémio Nobel da Literatura da língua portuguesa, José Saramago.
Na redacção de um jornal, em Lisboa, na noite de 24 de Abril de 1974, a rotina vai ser interrompida pela discussão entre o Redactor da Província, Manuel Torres (Paulo Pires), um jornalista de alma e coração que defende a verdade jornalística acima de qualquer outro interesse, com o seu Chefe de Redacção, Abílio Valadares (Vítor Norte), homem submisso ao poder político, que aceita a censura nos textos do jornal sem questionar, e que conta com o apoio incondicional de Máximo Redondo, o director do jornal.
O conflito ganha uma dimensão ainda mais dramática quando surge na redacção o boato de que poderá estar a acontecer uma revolução na rua.
Um espectáculo intemporal… 
A não perder, SÁBADO, 12 de ABRIL, 21h30 NO CAE!

O que é que falta perceber?..

Reduziram-se os dias de férias, eliminaram-se dias feriados, proibiram-se as pontes e as tolerâncias de ponto, excepto no dia de Natal amém, aumentou-se o horário de trabalho, reduziu-se o preço da hora extra e a produtividade não aumenta para se aumentarem salários e o salário mínimo nacional?

A erosão nas praias

“Tanto mar…”  e tão pouca areia... 
Um dossiê hoje publicado no jornal AS BEIRAS a não perder na edição impressa.
A protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...
Como escrevemos em 11 de dezembro de 2006,  o processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.
Entretanto, a praia da Figueira da Foz, o maior areal urbano do país, está a crescer, em média, 40 metros por ano, devido ao prolongamento do molhe norte do rio Mondego...
Repito, mais uma vez, a pergunta que coloquei neste blogue antes da execução da obra, mas que ainda ninguém respondeu:será que alguém sabe, porque estudou, as REPERCUSSÕES QUE MAIS 400 METROS NO MOLHE NORTE vão ter na zona costeira na margem a sul do Mondego?

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O inglês é sempre útil, mas...

Por cá, são os polícias a aprender para melhor informar os turistas...
No Brasil, são as putas...
Quem acham que os turistas vão preferir?..

Circo há...

...  falta o pão.
“Roma falou, a questão está decidida”.

Plano de Pormenor do Bairro Novo encontra-se suspenso

Na passada segunda-feira, no decorrer da reunião realizada à porta fechada, foi aprovada a suspensão do Plano de Pormenor do Bairro Novo da Câmara Municipal da Figueira da Foz, publicado pela Deliberação n.º 441/2008, DR N.º35, 2.ª Série, de 19/02/2008, com cinco votos a favor da maioria socialista e quatro votos contra da oposição Somos Figueira.
Este  Plano de Pormenor encontrava-se em vigor desde 2008 e “visava definir as orientações necessárias à preservação e valorização do património edificado”.
Segundo a autarquia, em nota de imprensa tornada pública, foram detectadas “situações de falta de adequação das normas  do plano à realidade”, bem como a “incapacidade” do mesmo em “responder  às novas intenções de uso e ocupação decorrentes de um novo contexto sócio-económico”.
Desta forma, com a suspensão “pretende-se agilizar as intervenções urbanísticas no Bairro Novo, aproximando-as das novas realidades salvaguardando a preservação cultural e patrimonial daquela área”, refere a câmara.
O vereador da oposição João Armando Gonçalves, contactado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, afirmou: “parece-nos que a identidade do Bairro Novo é uma das grandes mais-valias que a cidade tem. Importa preservar essa identidade e o plano que existia assegurava essa missão, apesar de sabermos que tem alguns erros. A suspensão do plano aumenta o risco de se desvincular essa identidade do Bairro Novo”, disse ainda o vereador da oposição. 

O equívoco

“Com a frequência com que se comemoram  eventos relacionados com as freguesias do concelho, agitam-se as bandeiras da reorganização administrativa que o actual governo incompetentemente levou por diante, “para satisfação das imposições da troika”.
Populisticamente, brande-se na direcção da oposição local, “esses canalhas”, responsáveis pelas alterações a que a mesma deu origem, como se da total inacção, nada acontecesse!
Qualquer reforma administrativa, local ou regional, deverá obrigatoriamente ser precedida de estudos técnicos profundos que proporcionem aos decisores políticos as bases que fundamentem as melhores soluções.
A lei que lhe serviu de base não o permitiu. Tão só, era preciso fazer qualquer coisa!
E como a lei, não tendo sido revogada, teria que ser cumprida, restou procurar o caminho menos prejudicial.
“De nada serve ao homem conquistar a Lua se acaba por perder a Terra”, disse François Mauriac em 1952.
Convém recordar que no início do mandato anterior, aquando da criação das célebres, improdutivas e caras equipas de planeamento, foi  recomendado ao executivo que iniciasse tal trabalho, antes mesmo de o governo decidir sobre a matéria. Lisboa e a Covilhã, por exemplo, fizeram-no.
Se o governo foi incompetente, o executivo local não o foi menos!
O alarido vai porém ter fim!
Quando o Dr. Seguro chegar a 1º ministro, ao mesmo tempo que acaba com os sem-abrigo, revogará a reforma administrativa.
Helás! Está o problema resolvido! Não será melhor a autarquia começar já a trabalhar, ocupando os seus inúmeros quadros técnicos na preparação de uma reforma  condigna?”
Daniel Santos, engenheiro civil, hoje no jornal AS  BEIRAS

Em tempo.
O eng. Daniel dos Santos, enquanto vereador e presidente dos 100% deixou-se, por razões que só ele saberá, enredar  num  vespeiro, onde havia, como certamente terá conhecimento muito melhor do que eu,  muita hipocrisia...
Sobre a lei que serviu de base e é a sua desculpa para se ter deixado enredar...
Os tribunais é que têm de obedecer cegamente à lei.  
Mas, procuram  fixar-lhe os contornos, porque a Lei escreve-se em artigos indefinidos, plurais, numa abstração que obriga os tribunais a moldá-la aos casos concretos.
Esta operação deve ser feita  por especialistas.
O que se exigia então, a quem  tomou decisões sem estudos técnicos profundos que tivessem proporcionados aos  políticos as bases que fundamentam-se  as melhores soluções? 
Imparcialidade, claro. Isenção nas opiniões e fundamentações, também, particularmente nas que conduziam directamente às decisões. Sabedoria técnica, de preferência elevada. E  sabedoria da vida, conhecida como experiência. 
E já agora,  a integridade de carácter, a honestidade e ainda a sensatez em estado sólido.
A administração da lei não é o mesmo que democracia, nem uma coisa garante necessariamente a outra. A administração da lei é a aceitação de que são as leis regulamentadas, não por uma autoridade suprema, mas pelos cidadãos, que governam todos – os que estão no poder, os que e estão na oposição e os que estão fora do jogo do poder...

"Em vez de se manter à margem, [a Comissão] escolheu estrategicamente alinhar-se com a Alemanha"...

"Ex-conselheiro de Durão Barroso acusa-o de aliança com Merkel contra devedores". 

Tenham um bom verão!

Equipamento para bombeiros só chega após época de fogos...

terça-feira, 8 de abril de 2014

"O meu país não é deste Presidente, nem deste Governo"

Alexandra Lucas Coelho recebeu ontem o prémio literário  da APE, pelo romance "E a Noite Roda"
Tal como acontecera aquando da entrega dos prémios Gazeta de Jornalismo 2013, Cavaco Silva não esteve presente. Foi a primeira vez, desde 1987, que um PR  se escusou a estar presente na entrega dos prémios gazeta, os mais prestigiados atribuídos em Portugal. 
Toda a gente percebeu que a recusa se deveu ao facto de o premiado ser António José Cerejo, um dos ódios de estimação de Cavaco.
Ontem, para a entrega do prémio APE a Alexandra Lucas Coelho, o presidente Aníbal mandou um amanuense qualquer representá-lo.
No momento de discursar, Alexandra Lucas Coelho  foi frontal.
"Eu gostava de dizer ao actual Presidente da República, aqui representado hoje, que este país não é seu, nem do governo do seu partido. É do arquitecto Álvaro Siza, do cientista Sobrinho Simões, do ensaísta Eugénio Lisboa, de todas as vozes que me foram chegando, ao longo destes anos no Brasil, dando conta do pesadelo que o governo de Portugal se tornou: Siza dizendo que há a sensação de viver de novo em ditadura, Sobrinho Simões dizendo que este governo rebentou com tudo o que fora construído na investigação, Eugénio Lisboa, aos 82 anos, falando da “total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página.”
O discurso, na íntegra,  pode ser lido aqui.

Fixe, meus!..

“Há, em toda esta história, outra coisa que não se percebe. Como é possível que Durão e Constâncio possam contar estas histórias de forma tão imprecisa, baseando-se na sua memória? A Presidência do Conselho de Ministros não guarda registos? O Banco de Portugal não guarda registos? As reuniões não dão origem a actas? Nos Estados Unidos, uma história destas teria trinta memos escritos a sustentá-la, sete actas de reuniões, as agendas de todos os participantes, entradas nos diários dos intervenientes, dias e horas das reuniões e respectivas ordens de trabalhos, registos do que se disse e do que foi pedido e do que foi garantido e por quem.

Mas em Portugal, no meio político, a regra é a informalidade e isso é apresentado como um sinal dos nossos brandos costumes. O problema é que a informalidade é a arma de eleição dos corruptos e dos aldrabões. Os políticos não têm agendas, as reuniões não tem actas, as declarações não têm testemunhas. E, nos raros casos em que esses documentos existem, os protagonistas levam-nos para casa no fim da legislatura como se fossem propriedade sua e não património público e um elemento essencial da responsabilização dos agentes políticos.”
 -  José Vítor Malheiros, colunista do jornal Público

Jornalismo e "poesia rigorosa"

Li este título, hoje, no jornal As Beiras.
Perante o facto interroguei-me: o jornalismo é uma aldrabice?
Confesso que não sou mestre suficiente na matéria, para sustentar tal afirmação.
Gosto do jornalismo porque me parece uma profissão útil.
Modéstia à parte, porém, considero-me possuidor de alguma capacidade analítica - aliás, reconheço, um dos meus grandes defeitos.
Por outro lado, encaro o jornalismo como uma actividade com rigor. Defendo, aliás, que é preciso acabar com a ideia de que o jornalismo é uma aldrabice.
Porém, no tempo que passa, constato que o povo até tem alguma razão - em grande parte, por diversas razões, que não vou aqui e agora esmiuçar, é mesmo aldrabice.
O jornalismo, tal como eu o entendo, obriga a um enorme rigor e isso traduz-se, também, na busca de uma “poesia rigorosa”. 

Maria Filomena Mónica

... "não é possível substituir o papel do professor de carne e osso (...). A escola é para ensinar a pensar. É um crime o que se fez com o alargamento de 20 para 30 alunos":  - Maria Filomena Mónica, no Casino, via Figueira na  Hora.

Em tempo.
Parece que foi muita gente...

A Praça Velha

Durante anos,  tal como no País, aqui pela Figueira, vivemos uma ilusão: governos de várias cores políticas e executivos camarários  locais laranja, fizeram-nos crer que vivíamos num país rico e numa cidade «na moda».
A Figueira, tal como o país, vivia para o consumo, para o despesismo para a ostentação.
A construção  de imóveis disparou. Agimos como ricos. Convencidos, de facto, que éramos ricos, havia piscinas, oásis, CAE, para construir, só por construir, Olaias, Palácio de Maiorca e Mosteiro de Seiça, para comprar, só por comprar, complexo desportivo de Buarcos e campo de golf para implementar, só por implementar, carnaval e festival de bikini para promover e financiar, só por financiar...
E havia novas habitações prontas a erguer numa cidade com milhares de fogos vazios, indiferente à necessidade da reabilitação urbana.
Tudo isto, numa cidade em que se fechavam fábricas e estaleiros, o comércio tradicional definhava, se desmantelava a frota pesqueira e a agricultura era abandonada...
Deixámos, como é óbvio, de produzir. Fomos, aliás, incentivados para isso, na Figueira e no País. Importávamos 80% do que comíamos, com recurso a dinheiro emprestado, vivíamos na ilusão de que éramos ricos.
E assim fomos vivendo, na Figueira e no País! 
Até um dia...
Um dia, primeiro na Figueira, depois no País, lá tivemos de abrir os olhos para a realidade.
O rei ia nu:  somos uma cidade e um país pobre e a era das ilusões tinha chegado ao fim.
Gostei imenso, por isso, de ler a crónica realista e assertiva do vereador e militante PS, António Tavares, publicada no jornal AS BEIRAS, de que destaco esta parte:
“Foi com satisfação que verifiquei a abertura de um novo estabelecimento de restauração situado na Praça Velha e instalado num edifício recentemente reabilitado. A praça afirmou-se durante muito tempo como um espaço público de excelência.
Relatos de há 100 anos descrevem-na como um ponto de encontro dos figueirenses, de atracção do comércio e de vivências várias – foi terminal de autocarros e ali funcionou, por exemplo, a biblioteca municipal.
Depois, a praça, no seguimento do abate quase completo da baixa histórica, viu encerrarem-se os estabelecimentos e desaparecerem os residentes. Hoje, com a recuperação dos edifícios e a sua subsequente ocupação, a praça poderá ser, de novo, encarada como um interessante conjunto patrimonial.”

Declaração de interesses.
A Praça Velha é o local de que mais gosto na Figueira.
Sempre que lá vou, praticamente todos  os dias, não dispenso  uma visita ao local onde se toma a melhor bica na nossa cidade – o café Brasil.