“... na Figueira, a
blogosfera acéfala chamou todos os nomes reais e imaginários a João Ataíde
quando uma das reuniões foi encerrada ao público! Ditador foi a adjectivação
mais simpática que lhe atribuíram...
A maioria da blogosfera
figueirense não reflecte, não é séria nem tenta ser isenta... Pior: argumenta,
frequentemente, recorrendo ao insulto pessoal; uma vergonha...
Recentemente, o vereador
da cultura e vice-presidente da autarquia, António Tavares, passou a ser
cronista do diário As beiras; os seus textos têm versado os temas candentes da
actualidade: o desemprego, a educação, etc, etc, etc. Pois bem, imaginem como a
blogosfera reles e rasca classificou os textos de António Tavares: são uma
“merda”...
Reparem nisto: António
Tavares é um homem das letras, com várias peças de teatro, ensaios e livros
editados. Em 2013, concorreu com um romance inédito ao prémio literário Leya, o
maior prémio literário da lusofonia, com um prémio monetário de 100 mil euros.
Concorreram 491 romances, provindos de 14 países – esta foi a edição mais
concorrida e internacional de todas, com romances oriundos da Alemanha, Angola,
Brasil, Espanha, E.U.A, França, Guiné-Bissau, Itália, Luxemburgo, Macau,
Moçambique, Portugal, Reino Unido e Suécia. O Júri do concurso inclui gente tão
distinta como Manuel Alegre, Nuno Júdice, Pepetela, o Reitor do Politécnico e
Universitário de Maputo, Lourenço do Rosário, ou uma professora universitária
da Universidade de São Paulo, Rita Chaves, entre outros.
Pois bem, das 491 obras,
este ilustre júri seleccionou 7 romances, entre eles, “As palavras que me hão-de
guiar um dia”, de António Tavares...
Palavras para quê?!
Afinal, as “merdas” escritas por Tavares têm algum valor, pelo menos, para um
júri internacional...
Mas não há nada a fazer:
esta blogosfera rasca recorre à maledicência para sublimar as suas frustrações;
vai continuar por aí, na maior impunidade, a insultar tudo e todos...
A internet é, de facto, o
repositório de tudo o que é bom e mau na sociedade; é pena a Figueira não ter
sido bafejada pela sorte,” também neste caso, teria escrito eu...
Todavia, como não leio a blogosfera “acéfala, reles e rasca” , não estou em condições de comentá-la. Mas comento o processo de intenção sobre o imputado despeito.
Por que razão menor deveria um comentador maior, despeitar-se
com o sucesso da blogosfera “acéfala, reles e rasca”?
Por não o ter conseguido,
mesmo, como sabemos, tendo-o tentado?
Lembro-me de o Vasco Pulido ter dito, em tempos já recuados, que
era muito difícil escrever romances. Aposto que o Pulido Valente gostaria de
escrever um a sério, daqueles que moldasse o espírito de quem lê, como é o caso
dos romances queirosianos, rothianos ou de outros que marcam uma vida e uma carreira.
Contudo, como
esse “standard” é realmente elevado, não estando ao alcance de qualquer
cronista de terça-feira, percebe-se muito bem a superior indiferença - sem qualquer ponta
de despeito...
Cronistas há muitos, mas não é escritor quem quer.
O que me espantou, neste caso, foi a ligeireza da análise bejiana.
Contudo, gostei de ter ficado a saber que a Figueiral tem, finalmente, um novo rumo e um
vereador que não anda ao sabor de sondagens ou de populismo bacoco.
E tudo isto
promovido com a prata da casa, sem recurso a consultorias milionárias dadas aos
amigalhaços...