sábado, 19 de julho de 2008
O que se passa com esta democracia?...
Valentim Loureiro, condenado pelos crimes de abuso de poder e de prevaricação, no âmbito do processo Apito Dourado, viu o presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Gondomar, Arménio Martins, pedir a sua «demissão imediata».
Reagiu de pronto: “no mesmo dia em que foi condenado por um tribunal anunciou que se tenciona recandidatar e que vai ganhar.”
E é capaz de ter razão!..
Nem de propósito: ao mesmo tempo que estou a trabalhar neste post, ouço na Antena 1, que Avelino Ferreira Torres vai ser o próximo candidato do CDS à Câmara do Marco de Canaveses...
E, de certeza, convencido que também vai ganhar.
E é capaz de também ter razão!..
Lembrei-me do que li, há uns meses, no DN.
“A qualidade da democracia portuguesa está longe de ser comparar às melhores democracias europeias. Ao invés, encontra-se bastante abaixo da média, situando-se ao nível de países como a Lituânia e a Letónia, e só acima da Polónia e da Bulgária.”
O 25 de Abril de 1974 começou por oferecer liberdade, igualdade, fraternidade e justiça.
O Povo, que não reflecte sobre as lições da história, foi na cantiga e acomodou-se.
Será que, depois de 40 anos de ditadura, a democracia portuguesa já amadureceu demais?
Reagiu de pronto: “no mesmo dia em que foi condenado por um tribunal anunciou que se tenciona recandidatar e que vai ganhar.”
E é capaz de ter razão!..
Nem de propósito: ao mesmo tempo que estou a trabalhar neste post, ouço na Antena 1, que Avelino Ferreira Torres vai ser o próximo candidato do CDS à Câmara do Marco de Canaveses...
E, de certeza, convencido que também vai ganhar.
E é capaz de também ter razão!..
Lembrei-me do que li, há uns meses, no DN.
“A qualidade da democracia portuguesa está longe de ser comparar às melhores democracias europeias. Ao invés, encontra-se bastante abaixo da média, situando-se ao nível de países como a Lituânia e a Letónia, e só acima da Polónia e da Bulgária.”
O 25 de Abril de 1974 começou por oferecer liberdade, igualdade, fraternidade e justiça.
O Povo, que não reflecte sobre as lições da história, foi na cantiga e acomodou-se.
Será que, depois de 40 anos de ditadura, a democracia portuguesa já amadureceu demais?
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Será que isto não irá ter consequências cá pela parvónia?
A Martinsa Fadesa, uma das maiores imobiliárias de Espanha, tem uma dívida superior a cinco mil milhões de euros. Ontem, a comissão nacional de mercado de valores suspendeu o título, depois do seu valor ter diminuído para menos de metade, desde quinta-feira, a maior queda sofrida por uma empresa na história de Espanha.
"Há vários meses que eram conhecidas os problemas de liquidez da Martinsa Fadesa.
Na semana passada, a empresa pediu para adiar o prazo de pagamento de um crédito de 150 milhões de euros.
Um pedido negado pela banca que exigia o pagamento dessa quantia como aval para um contrato de refinanciamento da dívida."
Entretanto, na edição de hoje, o diário "as Beiras" dá conta que a filial portuguesa continua a garantir a urbanização em S. Pedro, apesar de o gigante espanhol do ramo imobiliário encontrar-se em processo de insolvência.
Recorde-se, que já foram aceites reservas para esta urbanização na Freguesia de S. Pedro, para um projecto que ainda não foi aprovado.
Contudo, ainda de acordo como o que se pode ler no diários “as Beiras” de hoje, no stand de vendas que a empresa espanhola que pretende urbanizar os terrenos do Alberto Gaspar tem no antigo Casino Oceano, as reservas a 2 500 euros encontram-se suspensas...
"Há vários meses que eram conhecidas os problemas de liquidez da Martinsa Fadesa.
Na semana passada, a empresa pediu para adiar o prazo de pagamento de um crédito de 150 milhões de euros.
Um pedido negado pela banca que exigia o pagamento dessa quantia como aval para um contrato de refinanciamento da dívida."
Entretanto, na edição de hoje, o diário "as Beiras" dá conta que a filial portuguesa continua a garantir a urbanização em S. Pedro, apesar de o gigante espanhol do ramo imobiliário encontrar-se em processo de insolvência.
Recorde-se, que já foram aceites reservas para esta urbanização na Freguesia de S. Pedro, para um projecto que ainda não foi aprovado.
Contudo, ainda de acordo como o que se pode ler no diários “as Beiras” de hoje, no stand de vendas que a empresa espanhola que pretende urbanizar os terrenos do Alberto Gaspar tem no antigo Casino Oceano, as reservas a 2 500 euros encontram-se suspensas...
quinta-feira, 17 de julho de 2008
O poço do Tzé Maia
"O seu nome não vem no mapa nem a terra tem qualquer referência, de área ou de população, nas enciclopédias. E, embora real, porque existe, vive e pulsa, parece não ter tido passado, nem presente. Contudo, não é terra morta que se possa assim, tão facilmente, ignorar.
Chama-se Gala. É uma aldeia de pescadores. Ou melhor: pouco mais é do que uma rua, que vai da Estrada ao Mar, e tem casas de um lado e do outro. Ao fundo e antes das dunas, que a separam do grande areal da praia, junta-se intimamente – quer dizer: sem uma nítida separação – a um lugar que tem o nome de Cova, embora a designação não seja exacta ou própria: as duas terras estão ao mesmo nível – o das águas do mar, quando estas andam calmas ou só bramem na ressaca.
Muito embora sem nome no mapa, a Gala está bem situada. Fica do lado sul da foz do Mondego. E, como as terras que seguem um rio até ao mar, é um prolongamento do Cabedelo – ou seja, aquele cabo de areia que se forma à barra dos rios. Do lado norte, há uma cidade e essa vem registada nos mapas de terra e nas cartas de mar – chama-se Figueira da Foz.
Mas não é de geografia que se trata.
Pouco mais de cem anos
Apesar de tudo e para situar o que se pretende dizer, vai bem um pouco de história, embora seja difícil precisar quando é que a aldeia nasceu ou porque se lhe deu aquele nome que tem.
Gala, aqui, não é vestuário de cerimónia, nem nada que se lhe compare. Em terra de pescadores e de embarcadiços, Gala é termo náutico ou expressão, marítima. Na verdade, com esse nome se designa uma vela à ré do galeão, mas também se indica o balanço de galear, que levanta e baixa o barco, da proa à proa.
É natural, portanto, que o nome da terra seja, na voz dos que lho deram, a imagem de um interior de barco, com os seus convés e cobertas, galeando entre o mar, por um lado, e as águas do rio, por outro.
De resto, Gala é nome recente. Tem pouco mais de cem anos. Para aí, cento e cinquenta, talvez.
Que se saiba, era terra despovoada, por altura das invasões francesas. Sem ponte, que só veio muito mais tarde, nem passagem expedida para a outra margem do rio, onde ficava a cidade, aquelas terras de areia e juncal logo pareceram aos invasores um bom sitio para o desembarque de tropas que lhe dessem luta.
Por isso, na sua política de ter as costas portuguesas guardadas por franceses, Junot, ou alguém por ele, mandou soldados para aquele bico de terra que só dava passagem pela foz difícil do rio ou pelas lodosas águas do estuário – naquela zona, ainda hoje, conhecidas pela corrente do canal.
Deste modo e desde a parte desabitada do Cabedelo, até às terras, ao sul, da Costa de Lavos e da Leirosa, onde já havia condições para «tomar casa e trabalho», andaram os franceses.
Por ali, patrulharam, assustaram e viveram com a gente da areia, segundo dizem, fazendo fugir os homens e deixando barrigas nas mulheres.
É de registar que, ainda hoje, os velhos, de hábitos e de linguagem mais castiça, usam uma expressão que se justifica na sua própria origem francesa e que é esta: sanfariem – que quer dizer «não tem importância» ou «não é nada». Enfim, «ça ne fait rien.
Teimosia de Gandarês
Claro que, para além das más condições de vida numa terra de dunas, havia ainda um factor que evitava a expansão dos povos vizinhos para aquela nesga de areia, postada à margem sul do Mondego. É que, ali, não havia água doce, potável. De beber.
Os franceses bem esquadrinharam todos os caminhos que levavam a terra ao mar, mas não encontraram mais do que reentrâncias onde abundava a água salgada do canal. Nem nascente, nem bica de água mansa.
Por isso, se bem que patrulhassem o quebra-mar da Cova, acampavam longe, pelo menos, em Lavos, que sempre era terra de verdes, mais do que de salinas.
Mas nem a obstinação do invasor – diz-se na região – é mais forte que a teimosia de um gandarês, tido, no litoral, como homem de terra-dentro.
Não há documentos –senão do que contam os velhos – mas parece que terá sido um rude machadeiro, vindo do interior daquela gândara, quem descobriu um fio de água doce a aflorar as areias cobertas de pinho, musgo, camarinhas e ervas ralas e agrestes.
O homem instalou-se no local, cortando lenha e vivendo da pesca.
Não consta nem o seu nome, nem que tenha formado família, mas, ao morrer deixou a outros, generosamente, o segredo da nascente. Foram estes – sabe-se que povoaram aquela terra, cabendo a alguns a aparelhagem da madeira, para fazer as primeiras casas; a outros, o desenvolvimento das artes de pescar ou de armar, no rio, á caça do borrelho e do maçarico; enquanto a tarefa de abrir um poço, no lugar da descoberta de água, ficou para o mais velho do grupo, homem já feito e com vasta família: o Tzé Maia.
Pelo cálculo dos antigos, tomando a memória das várias famílias que chegaram a este tempo, o poço ficou concluído entre 1815-1825. Vem daí, o povoamento. A Gala.
E, de facto, de muito pouco precisa o Povo para ter a sua terra. Na Gala, não foi preciso mais do que um poço!».
Só por uma simples coisa
Depois correram os tempos e as gerações. Uns ficaram do lado das águas do canal; outros foram povoar a Cova, do lado do mar.
Pela Gala, passou tudo o que abalou, perturbou ou redimiu este País: as conspirações, as revoluções, as Juntas; os liberais, os vintistas, os cartistas; os abrilistas, os caceteiros, os insurrectos. Mais tarde, os cabralistas e o início da ditadura, com o apuro do primeiro caciquismo. Depois, a Maria da Fonte, o degredo dos prisioneiros, a «lei da rolha», a luta dos regeneradores e dos progressistas.
Entretanto, aquela nesga de terra que parecia sobrar da corrente do canal, que puxava para o Sul, apenas tinha gente de trabalho: pescadores de companha e salgadeiras de pescado.
Depois da Carta e da política educacional que a acompanhou, a Gala conseguiu uma Escola. A catraiada aprendeu a ler, a escrever e contar.
Tanto daquela aldeia, como do lugar da Cova, muita gente foi para a vida do mar: pesca ou longo curso. Alguns emigraram, para a América e foram pescadores em Nova York ou calafates em S. Diego.
Pela Gala, passou a República, ainda no tempo em que se atravessava o rio numa barca de passagem. Só mais tarde veio a ponte, que está condenada, em breve, à substituição.
E tudo isto – lutas e tristezas, trabalhos e alegrias – só foi possível por uma simples coisa: o facto do poço do Tzé Maia pertencer, por ordem do que o abriu e murou, a toda a gente da região, levasse ela a água em bilha, talha, balde ou púcaro, e precisasse dela para beber ou cozinhar.
Mata até o que rega
E, assim, depois de uma longa digressão pelo passado, chego ao que verdadeiramente queria narrar.
Estive, há dias, na Gala e vim a saber que a água do poço do Tzé Maia está inquinada: mata até as couves que rega.
Perguntei: porquê? Explicaram-me que a construção e fixação, na Gala, de uma indústria de plásticos não foi tão perfeita que preservasse as infiltrações químicas nos terrenos de areia, onde está situado o poço.
Disseram-me que a fábrica, claro, já vem do fascismo e que de nada valeram, na altura, os protestos do Povo. O habitual.
Muita gente acha que a coisa não tem grande importância, porque o sítio já tem água canalizada e aquela da nascente não passa de um recurso dispensável.
Mas não é bem assim.
O poço deu mais do que água à terra, deu-lhe o nascimento. É por um lado a matriz e, por outro, a origem. Ao mesmo tempo, é a própria raiz da aldeia: sem o poço do Tzé Maia, a Gala e a Cova estavam ainda por existir. Como é, portanto, que isso não seja nada?
Claro que, também, na pequena terra de pescadores que não tem nome no mapa nem referência nas enciclopédias, mas vive, existe e pulsa, o capitalismo já destruiu o que pôde – até o passado de que passa a vida a dizer-se defensor.
O Povo da Gala tinha um monumento – que era um poço – e, pelo lucro, o capital envenenou-o.
O costume."
Adelino Tavares da Silva
Notas de António Agostinho, bisneto do Tzé Maia:
1 - Adelino Tavares da Silva, foi meu Amigo e um grande jornalista deste País, tendo chegado a ser Director do extinto «O Século», a seguir ao 25 de Abril de 1974. Quando morreu pertencia ao quadro de jornalistas do também já extinto «O Diário». Adelino Tavares da Silva tinha raízes familiares no nosso concelho, pois o seu Pai – o Comandante Rainho – era da Gala.
2 - O Tzé Maia, «o dono do poço que pertencia a toda a gente que precisasse de água para beber ou cozinhar», era o meu bisavô materno. Tenho uma pena imensa de não ter conhecido o meu bisavô Tzé Maia, pai de uma mulher extraordinária: a minha avó Rosa de Jesus Reis – a Ti Maia, que morreu «de velhice», a um mês de perfazer cem anos de vida.
3 - Esta história do jornalista Adelino Tavares da Silva, já falecido, foi publicada no Jornal "O Diário", no dia 20 Janeiro de 1978. «O Poço do Tzé Maia», eventualmente, pode não ter total rigor histórico, mas que é uma bela história, lá isso é. Como diria Adelino Tavares da Silva, «é a contar estórias que a gente se entende».
Chama-se Gala. É uma aldeia de pescadores. Ou melhor: pouco mais é do que uma rua, que vai da Estrada ao Mar, e tem casas de um lado e do outro. Ao fundo e antes das dunas, que a separam do grande areal da praia, junta-se intimamente – quer dizer: sem uma nítida separação – a um lugar que tem o nome de Cova, embora a designação não seja exacta ou própria: as duas terras estão ao mesmo nível – o das águas do mar, quando estas andam calmas ou só bramem na ressaca.
Muito embora sem nome no mapa, a Gala está bem situada. Fica do lado sul da foz do Mondego. E, como as terras que seguem um rio até ao mar, é um prolongamento do Cabedelo – ou seja, aquele cabo de areia que se forma à barra dos rios. Do lado norte, há uma cidade e essa vem registada nos mapas de terra e nas cartas de mar – chama-se Figueira da Foz.
Mas não é de geografia que se trata.
Pouco mais de cem anos
Apesar de tudo e para situar o que se pretende dizer, vai bem um pouco de história, embora seja difícil precisar quando é que a aldeia nasceu ou porque se lhe deu aquele nome que tem.
Gala, aqui, não é vestuário de cerimónia, nem nada que se lhe compare. Em terra de pescadores e de embarcadiços, Gala é termo náutico ou expressão, marítima. Na verdade, com esse nome se designa uma vela à ré do galeão, mas também se indica o balanço de galear, que levanta e baixa o barco, da proa à proa.
É natural, portanto, que o nome da terra seja, na voz dos que lho deram, a imagem de um interior de barco, com os seus convés e cobertas, galeando entre o mar, por um lado, e as águas do rio, por outro.
De resto, Gala é nome recente. Tem pouco mais de cem anos. Para aí, cento e cinquenta, talvez.
Que se saiba, era terra despovoada, por altura das invasões francesas. Sem ponte, que só veio muito mais tarde, nem passagem expedida para a outra margem do rio, onde ficava a cidade, aquelas terras de areia e juncal logo pareceram aos invasores um bom sitio para o desembarque de tropas que lhe dessem luta.
Por isso, na sua política de ter as costas portuguesas guardadas por franceses, Junot, ou alguém por ele, mandou soldados para aquele bico de terra que só dava passagem pela foz difícil do rio ou pelas lodosas águas do estuário – naquela zona, ainda hoje, conhecidas pela corrente do canal.
Deste modo e desde a parte desabitada do Cabedelo, até às terras, ao sul, da Costa de Lavos e da Leirosa, onde já havia condições para «tomar casa e trabalho», andaram os franceses.
Por ali, patrulharam, assustaram e viveram com a gente da areia, segundo dizem, fazendo fugir os homens e deixando barrigas nas mulheres.
É de registar que, ainda hoje, os velhos, de hábitos e de linguagem mais castiça, usam uma expressão que se justifica na sua própria origem francesa e que é esta: sanfariem – que quer dizer «não tem importância» ou «não é nada». Enfim, «ça ne fait rien.
Teimosia de Gandarês
Claro que, para além das más condições de vida numa terra de dunas, havia ainda um factor que evitava a expansão dos povos vizinhos para aquela nesga de areia, postada à margem sul do Mondego. É que, ali, não havia água doce, potável. De beber.
Os franceses bem esquadrinharam todos os caminhos que levavam a terra ao mar, mas não encontraram mais do que reentrâncias onde abundava a água salgada do canal. Nem nascente, nem bica de água mansa.
Por isso, se bem que patrulhassem o quebra-mar da Cova, acampavam longe, pelo menos, em Lavos, que sempre era terra de verdes, mais do que de salinas.
Mas nem a obstinação do invasor – diz-se na região – é mais forte que a teimosia de um gandarês, tido, no litoral, como homem de terra-dentro.
Não há documentos –senão do que contam os velhos – mas parece que terá sido um rude machadeiro, vindo do interior daquela gândara, quem descobriu um fio de água doce a aflorar as areias cobertas de pinho, musgo, camarinhas e ervas ralas e agrestes.
O homem instalou-se no local, cortando lenha e vivendo da pesca.
Não consta nem o seu nome, nem que tenha formado família, mas, ao morrer deixou a outros, generosamente, o segredo da nascente. Foram estes – sabe-se que povoaram aquela terra, cabendo a alguns a aparelhagem da madeira, para fazer as primeiras casas; a outros, o desenvolvimento das artes de pescar ou de armar, no rio, á caça do borrelho e do maçarico; enquanto a tarefa de abrir um poço, no lugar da descoberta de água, ficou para o mais velho do grupo, homem já feito e com vasta família: o Tzé Maia.
Pelo cálculo dos antigos, tomando a memória das várias famílias que chegaram a este tempo, o poço ficou concluído entre 1815-1825. Vem daí, o povoamento. A Gala.
E, de facto, de muito pouco precisa o Povo para ter a sua terra. Na Gala, não foi preciso mais do que um poço!».
Só por uma simples coisa
Depois correram os tempos e as gerações. Uns ficaram do lado das águas do canal; outros foram povoar a Cova, do lado do mar.
Pela Gala, passou tudo o que abalou, perturbou ou redimiu este País: as conspirações, as revoluções, as Juntas; os liberais, os vintistas, os cartistas; os abrilistas, os caceteiros, os insurrectos. Mais tarde, os cabralistas e o início da ditadura, com o apuro do primeiro caciquismo. Depois, a Maria da Fonte, o degredo dos prisioneiros, a «lei da rolha», a luta dos regeneradores e dos progressistas.
Entretanto, aquela nesga de terra que parecia sobrar da corrente do canal, que puxava para o Sul, apenas tinha gente de trabalho: pescadores de companha e salgadeiras de pescado.
Depois da Carta e da política educacional que a acompanhou, a Gala conseguiu uma Escola. A catraiada aprendeu a ler, a escrever e contar.
Tanto daquela aldeia, como do lugar da Cova, muita gente foi para a vida do mar: pesca ou longo curso. Alguns emigraram, para a América e foram pescadores em Nova York ou calafates em S. Diego.
Pela Gala, passou a República, ainda no tempo em que se atravessava o rio numa barca de passagem. Só mais tarde veio a ponte, que está condenada, em breve, à substituição.
E tudo isto – lutas e tristezas, trabalhos e alegrias – só foi possível por uma simples coisa: o facto do poço do Tzé Maia pertencer, por ordem do que o abriu e murou, a toda a gente da região, levasse ela a água em bilha, talha, balde ou púcaro, e precisasse dela para beber ou cozinhar.
Mata até o que rega
E, assim, depois de uma longa digressão pelo passado, chego ao que verdadeiramente queria narrar.
Estive, há dias, na Gala e vim a saber que a água do poço do Tzé Maia está inquinada: mata até as couves que rega.
Perguntei: porquê? Explicaram-me que a construção e fixação, na Gala, de uma indústria de plásticos não foi tão perfeita que preservasse as infiltrações químicas nos terrenos de areia, onde está situado o poço.
Disseram-me que a fábrica, claro, já vem do fascismo e que de nada valeram, na altura, os protestos do Povo. O habitual.
Muita gente acha que a coisa não tem grande importância, porque o sítio já tem água canalizada e aquela da nascente não passa de um recurso dispensável.
Mas não é bem assim.
O poço deu mais do que água à terra, deu-lhe o nascimento. É por um lado a matriz e, por outro, a origem. Ao mesmo tempo, é a própria raiz da aldeia: sem o poço do Tzé Maia, a Gala e a Cova estavam ainda por existir. Como é, portanto, que isso não seja nada?
Claro que, também, na pequena terra de pescadores que não tem nome no mapa nem referência nas enciclopédias, mas vive, existe e pulsa, o capitalismo já destruiu o que pôde – até o passado de que passa a vida a dizer-se defensor.
O Povo da Gala tinha um monumento – que era um poço – e, pelo lucro, o capital envenenou-o.
O costume."
Adelino Tavares da Silva
Notas de António Agostinho, bisneto do Tzé Maia:
1 - Adelino Tavares da Silva, foi meu Amigo e um grande jornalista deste País, tendo chegado a ser Director do extinto «O Século», a seguir ao 25 de Abril de 1974. Quando morreu pertencia ao quadro de jornalistas do também já extinto «O Diário». Adelino Tavares da Silva tinha raízes familiares no nosso concelho, pois o seu Pai – o Comandante Rainho – era da Gala.
2 - O Tzé Maia, «o dono do poço que pertencia a toda a gente que precisasse de água para beber ou cozinhar», era o meu bisavô materno. Tenho uma pena imensa de não ter conhecido o meu bisavô Tzé Maia, pai de uma mulher extraordinária: a minha avó Rosa de Jesus Reis – a Ti Maia, que morreu «de velhice», a um mês de perfazer cem anos de vida.
3 - Esta história do jornalista Adelino Tavares da Silva, já falecido, foi publicada no Jornal "O Diário", no dia 20 Janeiro de 1978. «O Poço do Tzé Maia», eventualmente, pode não ter total rigor histórico, mas que é uma bela história, lá isso é. Como diria Adelino Tavares da Silva, «é a contar estórias que a gente se entende».
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Água da foz do Mondego apaga fogo em Cantanhede
Em Portugal, os incêndios devem fazer a riqueza de muita gente.
A não ser assim, não se compreende a razão de ocorrerem tantos.
Um dia de calor e algum vento e a região centro ficou em brasa.
A não ser assim, não se compreende a razão de ocorrerem tantos.
Um dia de calor e algum vento e a região centro ficou em brasa.
Depois do Havaí o Chile
Jaime Jesus parte amanhã, dia 17 de Julho, para o Chile, País onde decorrerá a 5ª. Etapa do Circuito Mundial de Bodyboard - IBA, a partir de 1 de Agosto p.f.
Catorze horas de voo, separam Lisboa do Chile. Na bagagem, a par das inúmeras dificuldades com se tem de defrontar sempre qe se desloca ao estrangeiro para competir, este jovem atleta covagalense, leva a esperança de obter um bom resultado, resultado esse, que passa por “obter uma boa classificação e claro ganhar uns dólares”.
Segundo Jaime Jesus, “pontuar nesta etapa, assim como, ganhar algum dinheiro é bastante importante, pois em 4 etapas possíveis apenas realizei uma, a do Havaí, onde cheguei aos oitavos de final.”
No entanto, este jovem atleta (nadador salvador no Verão, para “tentar arranjar uns trocos para as viagens”, segundo confessou ao Outra Margem), irá competir nas restantes etapas do circuito. A saber: Espanha em Bilbau e Ferrol , Portugal em Sintra, Brasil e Canárias em Lanzarote e Gran Canária .
Boa sorte Jaime, ou melhor, boas ondas.
Catorze horas de voo, separam Lisboa do Chile. Na bagagem, a par das inúmeras dificuldades com se tem de defrontar sempre qe se desloca ao estrangeiro para competir, este jovem atleta covagalense, leva a esperança de obter um bom resultado, resultado esse, que passa por “obter uma boa classificação e claro ganhar uns dólares”.
Segundo Jaime Jesus, “pontuar nesta etapa, assim como, ganhar algum dinheiro é bastante importante, pois em 4 etapas possíveis apenas realizei uma, a do Havaí, onde cheguei aos oitavos de final.”
No entanto, este jovem atleta (nadador salvador no Verão, para “tentar arranjar uns trocos para as viagens”, segundo confessou ao Outra Margem), irá competir nas restantes etapas do circuito. A saber: Espanha em Bilbau e Ferrol , Portugal em Sintra, Brasil e Canárias em Lanzarote e Gran Canária .
Boa sorte Jaime, ou melhor, boas ondas.
Obrigado pela ajuda preciosa
Qualquer habitante do chamado terceiro mundo sabe isto
Num país pobre é natural que mesmo os que trabalham sejam pobres...
“Há dois milhões de pobres em Portugal”.
Muitos com emprego... E a receita do poder é sempre a mesma: "necessidade de contenção salarial", ou seja, de sacrifícios sim mas apenas para os trabalhadores.”
“Há dois milhões de pobres em Portugal”.
Muitos com emprego... E a receita do poder é sempre a mesma: "necessidade de contenção salarial", ou seja, de sacrifícios sim mas apenas para os trabalhadores.”
Caminhos ...
Foto Pedro Cruz
Num blogue, lidar com os comentários, é tarefa sensível e melindrosa.
Cá pela casa, de há uns tempos a esta parte, optámos por apertar a malha, não da censura, mas da inteligência e da educação.
Poderíamos fechar a caixa. Mas, não o faremos, apesar da paciência para aturar personagens cujo cérebro não será maior que um coliforme fecal, carregados de ódio cego e irresponsável, estupidez e falta de educação, ser cada vez menor. Mas, isso é uma questão que se resolve facilmente: quem os fez, que os ature.
Os outros, os que discordando ou não do teor dos escritos que aqui se vão deixando, contribuem, civilizada e educadamente, com as suas opiniões, para uma saudável e salutar troca de pontos de vista, é que são importantes.
Cá pela casa, de há uns tempos a esta parte, optámos por apertar a malha, não da censura, mas da inteligência e da educação.
Poderíamos fechar a caixa. Mas, não o faremos, apesar da paciência para aturar personagens cujo cérebro não será maior que um coliforme fecal, carregados de ódio cego e irresponsável, estupidez e falta de educação, ser cada vez menor. Mas, isso é uma questão que se resolve facilmente: quem os fez, que os ature.
Os outros, os que discordando ou não do teor dos escritos que aqui se vão deixando, contribuem, civilizada e educadamente, com as suas opiniões, para uma saudável e salutar troca de pontos de vista, é que são importantes.
Portanto, cá continuaremos com a caixa de comentários disponível, pois seria lamentável que por causa de atrasados mentais, fosse interrompido o diálogo com os visitantes civilizados e voluntariamente interessados neste espaço. Felizmente, a esmagadora maioria.
A impossibilidade da sua participação, se encerrássemos a caixa de comentários, essa sim, é que seria notada e sentida.
terça-feira, 15 de julho de 2008
Os figueirenses conseguirão vencer as autárquicas de 2009?
Foto sacada daqui
2009, vai ser ano de quase todas as eleições – legislativas, europeias e autárquicas.
As autárquicas, realizar-se-ão entre Outubro e Dezembro.
Como sempre, também estas serão eleições importantíssimas para o desenvolvimento do nosso concelho. Da escolha que então faremos, dependerá a formação da equipa que irá estar à frente da Figueira da Foz nos 4 anos subsequentes. E isso, acreditem, não será dispiciendo.
Conseguirão os figueirenses, no seu conjunto, distinguir o fundamental do acessório na escolha a efectivar?
Falta, ainda, mais de um ano. Desconhece-se muita coisa. Inclusive, o nome dos “cabeças de lista”.
Todavia, um ano e alguns meses, na actual conjuntura política figueirense, não é muito tempo.
A natureza, apesar de generosa (presenteou-nos com mar, rio, serra, lagoas, floresta e praia) não resolveu por si só os problemas de desenvolvimento da Figueira da Foz. Os homens, ao longo do tempo foram atrapalhando. Por sua vez, o Casino, o Oásis, o Centro de Artes e Espectáculos, o hotel Galante e a gente hospitaleira, também não conseguiram o milagre de ressuscitar a Praia da Claridade.
Agora, o tempo está contra. Quem conduziu os destinos do concelho, nos últimos anos, foi muito pouco competente ao fazer-nos interiorizar que sempre fomos perseguidos pelo poder central. Quanto a mim, isso não foi, nem de perto, nem de longe, como nos quiseram pintar, a questão essencial para justificar o atraso da “rainha das praias de Portugal”.
Quem está verdadeiramente contra os nossos interesses, enquanto concelho, sempre fomos nós próprios.
Os políticos que elegermos nas próximas autárquicas têm um tarefa gigantesca pela frente: convencer os figueirenses que ninguém faz nada por eles, a não ser eles mesmos.
Se isso não acontecer, tudo vai continuar no “rame-rame” tradicional.
O bem estar, o desenvolvimento e o progresso não caem do céu. Conquistam-se.
É, esse, na realidade, o problema fulcral: lutar por aquilo a que temos direito, não faz o género dos figueirenses.
Pelo menos, não tem feito...
O desenvolvimento de uma cidade como a Figueira da Foz, possuidora de condições naturais extraordinárias, não pode continuar a ser pensado e executado, como se estivéssemos nos primeiro anos do século passado.
Há factores importantes, que se não tivessem sido descurados – como a beleza da paisagem natural, constituiriam hoje uma mais valia fundamental no desenvolvimento do turismo figueirense, pela diferença.
Ao terem permitido as asneiras que autorizaram, nomeadamente na frente oceânica que é a Avenida entre a Torre do Relógio e o famoso prédio J. Pimenta, para não falar da encosta sul da Serra da Boa Viagem, os responsáveis por essas barbaridades cometeram uma traição irreversível à Figueira e às suas gentes.
Por isso, em 2009, todo o cuidado será pouco.
As autárquicas, realizar-se-ão entre Outubro e Dezembro.
Como sempre, também estas serão eleições importantíssimas para o desenvolvimento do nosso concelho. Da escolha que então faremos, dependerá a formação da equipa que irá estar à frente da Figueira da Foz nos 4 anos subsequentes. E isso, acreditem, não será dispiciendo.
Conseguirão os figueirenses, no seu conjunto, distinguir o fundamental do acessório na escolha a efectivar?
Falta, ainda, mais de um ano. Desconhece-se muita coisa. Inclusive, o nome dos “cabeças de lista”.
Todavia, um ano e alguns meses, na actual conjuntura política figueirense, não é muito tempo.
A natureza, apesar de generosa (presenteou-nos com mar, rio, serra, lagoas, floresta e praia) não resolveu por si só os problemas de desenvolvimento da Figueira da Foz. Os homens, ao longo do tempo foram atrapalhando. Por sua vez, o Casino, o Oásis, o Centro de Artes e Espectáculos, o hotel Galante e a gente hospitaleira, também não conseguiram o milagre de ressuscitar a Praia da Claridade.
Agora, o tempo está contra. Quem conduziu os destinos do concelho, nos últimos anos, foi muito pouco competente ao fazer-nos interiorizar que sempre fomos perseguidos pelo poder central. Quanto a mim, isso não foi, nem de perto, nem de longe, como nos quiseram pintar, a questão essencial para justificar o atraso da “rainha das praias de Portugal”.
Quem está verdadeiramente contra os nossos interesses, enquanto concelho, sempre fomos nós próprios.
Os políticos que elegermos nas próximas autárquicas têm um tarefa gigantesca pela frente: convencer os figueirenses que ninguém faz nada por eles, a não ser eles mesmos.
Se isso não acontecer, tudo vai continuar no “rame-rame” tradicional.
O bem estar, o desenvolvimento e o progresso não caem do céu. Conquistam-se.
É, esse, na realidade, o problema fulcral: lutar por aquilo a que temos direito, não faz o género dos figueirenses.
Pelo menos, não tem feito...
O desenvolvimento de uma cidade como a Figueira da Foz, possuidora de condições naturais extraordinárias, não pode continuar a ser pensado e executado, como se estivéssemos nos primeiro anos do século passado.
Há factores importantes, que se não tivessem sido descurados – como a beleza da paisagem natural, constituiriam hoje uma mais valia fundamental no desenvolvimento do turismo figueirense, pela diferença.
Ao terem permitido as asneiras que autorizaram, nomeadamente na frente oceânica que é a Avenida entre a Torre do Relógio e o famoso prédio J. Pimenta, para não falar da encosta sul da Serra da Boa Viagem, os responsáveis por essas barbaridades cometeram uma traição irreversível à Figueira e às suas gentes.
Por isso, em 2009, todo o cuidado será pouco.
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