Fernando Ruivo, sociólogo, respondeu assim à seguinte pergunta do
Campeão das Províncias:
Pergunta: "segundo o presidente da ANMP, Fernando Ruas, há 30 anos os portugueses viviam numa apagada atitude de não participação cívica no seu destino colectivo, mas hoje já têm todas as instituições para a sua realização individual em favor da comunidade. Concorda?"
Resposta:
"Não! Discursivamente é muito bonito, mas, como todos os outros políticos portugueses, os autarcas, salvo honrosas excepções, não gostam nada da participação. Os autarcas não gostam que as pessoas façam manifestações. Não gostam que as pessoas recorram aos jornais — ai dos jornais que publiquem determinadas coisas, que logo perdem subsídios. Não gostam que se mexa publicamente com os problemas. Os autarcas estão muitas vezes rodeados por um círculo íntimo e gostam de ser abordados privadamente." Mas, se os políticos não gostam que os portugueses recorram aos meios de comunicação para dar conta dos seus problemas e aspirações, não há político que se preze que não goste de sair no jornal.
Sem nada acrescentar ao que já se sabia, o presidente da Junta de Freguesia de São Pedro, lá deu mais uma entrevista. Desta vez, foi ao Correio da Figueira.
Todavia, para que ninguém fique ostracizado,
OUTRA MARGEM – passe a imodéstia – o meio de comunicação com maior audiência na Cova, Gala, Cabedelo e Morraceira, e ainda com relevante difusão nos núcleos de emigração de covagalenses espalhados pelo mundo, respiga, com a devida vénia, excertos da entrevista concedida pelo político covagalense ao semanário figueirense, e que veio a lume na edição de 1 de Fevereiro passado.
Aí vai:
(“O momento é de contenção e nós estamos com a Câmara e com o país...”)
(“... ainda bem que fez esta pergunta já era tempo de termos aqui um hotel com todo o conforto e serviços de apoio, piscina e todos os serviços de manutenção...”)
(“... estamos dispostos a colaborar com possíveis investidores...”)
(“... a freguesia de São Pedro à 20 anos era uma desgraça ...)
Nota: (bem sabemos que falta o h, mas é para respeitar o original...)
(“ ... Gosto das pessoas que habitam os povoados da Cova-Gala, hoje a nossa terra não envergonha ninguém, e em 14 anos penso que se deu o salto dos 8 para os 80, mas eu não sou um mega homem...”)
(... não gostaria de sair da junta, sem dar aos habitantes da minha terra uma boa piscina coberta, um bom campo de futebol, um hotel, campo de ténis, lar de 3º. idade, acabar o saneamento e tratar a rede viária como deve de ser.”)Esta entrevista, a este Correio da Figueira, está um autêntico mimo. Poderíamos fazer mais citações, como, por exemplo, esta pérola:
“as nossas Colectividades estão todas em plena actividade com uma criatividade fora do normal”.Isto, tem um nome: São Pedro, é a freguesia do faz de conta.
Só que os políticos podem viver no reino da fantasia, mas os covagalenses e sócios das Colectividades, não. E sabem bem qual é a realidade.
Adiante. Duas a perguntas a terminar:
1 – Será que teremos de aguentar este presidente de junta até ao décimo mandato?
2 – Será que todos os habitantes de São Pedro merecem que este político “continue a dar-nos música pimba”?
Nota explicativa (para não accionar susceptibilidades mais primárias ou emotivas...): “Música pimba” – tipo de música onde não há a preocupação de fazer diferente, explorar novos caminhos, ou pesquisar. Isto é: repete a mesma fórmula até à exaustão.