Uma semana depois de tentar
estancar a polémica no debate da moção de censura, dramatizando sobre as intenções
pessoais para criar a empresa
Spinumviva, ter descrito a
facturação anual e de se elevar ao
estatuto de impoluto em termos de
transparência, garantindo que a partir desse dia só responderia “a quem
for tão transparente” como ele, mas
recusando responder a perguntas
fulcrais, o primeiro-ministro acabou
por ceder.
Perante a confirmação da
Solverde, grupo hoteleiro de Espinho
concessionário de casinos, ao Expresso, de que, desde 2021, paga uma
avença mensal de 4500 euros à
empresa familiar de Luís Montenegro
por “serviços especializados de compliance e procedimentos na área dos
dados pessoais”, a Spinumviva fez
ontem um comunicado a identificar
os seus clientes, os serviços que presta e os dois colaboradores que tem.
Horas antes, porém, o primeiro-ministro insistira na recusa da existência de qualquer conflito de interesses e agitara o fantasma de uma crise
política ao empurrar para um pouco mais tarde o
resultado da “avaliação profunda das
condições” da sua “vida pessoal, profissional e política”: convocou, para
o efeito, um Conselho de Ministros
extraordinário para a tarde de ontem e
uma comunicação ao país para as 20h.
O primeiro-ministro fugiu a perguntas dos jornalistas.
Uma coisa é certa e é um facto decisivo e capital: nos 10 meses como Primeiro-Ministro acumulou o respectivo vencimento com os rendimentos das avenças (Solverde, etc.) da sua empresa (porque é casado com comunhão de adquiridos.)
O primeiro-ministro, ontem à noite, falou como se neste caso o seu comportamento tivesse sido sempre impecável.
Ao permitir, porém, a revelação dos clientes da sua empresa, depois de a ter recusado, e ao passar só agora a empresa apenas para os filhos acabou por reconhecer que algo não estava bem.
Acabou aqui o estado de graça de Montenegro, apenas por sua culpa e responsabilidade.
Para já sabemos duas coisas.
Uma: que o PCP respondeu com uma moção de censura.
Outra: que a iniciativa não contará com a viabilização do PS.
O PSD acredita que caso a moção de censura anunciada pelo PCP caia por terra pela mão do PS, o Governo assumirá que há "confiança" para permanecer em funções. Quem sinalizou a situação, na noite deste sábado, em entrevista à RTP, foi o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.
Há gente que nunca aprende.
Esta moção de censura anunciada pelo PCP já permitiu ver o óbvio.
Pedro Nuno Santos fez a mesma coisa ontem, que tinha feito em relação ao Orçamento: falou antes de tempo.
Que falta de jeito...
Quanto ao resto.
Montenegro caiu. "Quem conhece os bastidores sabe que as dúvidas sobre Luís Montenegro eram do conhecimento dos barões do PSD e do CDS/PP, basta lembrar 2016, com o escândalo das viagens dos deputados para ir ver a bola. Agora têm a paga, com os portugueses a pagar a factura, qualquer que seja a solução."
Sem comentários:
Enviar um comentário